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* BIOETICA: ASPECTOS ETICOS Enfa Paula Gonçalves * Profissional da Saúde Consciência VIDA * Toda possibilidade ética está colocada na existência humana * ORIGEM: Van R. Potter - 1970 – doutor em Bioquímica e pesquisador na área de oncologia da Universidade de Wisconsin/ EUA Livro “Bioethics: Bridge to the future * “A Bioética não possui novos princípios básicos fundamentais. Trata-se da ética já conhecida e estudada ao longo da história da filosofia, mas aplicada a uma série de situações novas, causadas pelo progresso das ciências biomédicas”. (Potter, 1970) O QUE É BIOÉTICA? * Bioética consiste na abordagem crítica dos assuntos relacionados com a vida sob perspectiva do que é bom e do que é ruim. (Clotet, 2005) O QUE É BIOÉTICA? * Não podemos esquecer... Código de Nuremberg,1947 Declaração Universal dos Direitos do Homem, 1948 Declaração de Helsinque, 1964; 1975; 1983; 1989; 1996; 2000; 2002 Relatório Belmont - 1978 * Em 1947 – Código de Nuremberg Primeiras normas reguladoras da pesquisa com seres humanos. Surge a partir da tomada de conhecimento das situações abusivas durante a II Guerra Mundial. * O Código de Nuremberg estabelece normas básicas tais como: - o consentimento voluntário; -a necessidade de estudos prévios em laboratórios e em animais; - a análise de riscos e benefícios; - a liberdade do sujeito da pesquisa em se retirar do projeto; - a adequada qualificação do pesquisador. * Em 1964 – Declaração de Helsinque - Introduz a necessidade de revisão dos protocolos por comitê independente; - Estabelece normas para pesquisas sem fins terapêuticos. * RELATÓRIO BELMONT Em 1974 – 11 profissionais de áreas diversas, nos EUA, eram membros da Comissão Nacional para a Proteção dos Sujeitos Humanos da Pesquisa Biomédica: Relatório Belmont * Três casos particularmente exigiram regulamentação ética: 1. 1963 no hospital israelita de doenças crônicas em NY, foram injetadas células cancerosas vivas em idosos doentes; 2. Entre 1950 e 1970 no hospital estatal de NY injetaram o vírus da hepatite em crianças retardadas mentais; * 3. Desde os anos 30, mas divulgado só em 1972 no caso de Tukesgee study, no estado do Alabama 400 negros sifilíticos foram deixados sem tratamento para a realização de uma pesquisa da história natural da doença. * Reagindo a esses escândalos o congresso Norte-Americano constituiu em 1974 a comissão nacional para a proteção dos seres humanos em pesquisa Biomédica e comportamental. O congresso solicitou um relatório de pesquisa envolvendo fetos humanos. Em 1978 foi oficialmente divulgado o relatório. Os 3 princípios apontados foram: O respeito pelas pessoas (autonomia), a beneficência e a justiça. * Em 1980 – Diretrizes Internacionais para Pesquisa Biomédica em Seres Humanos Elaborado pelo Council for International Organizations of Medical Sciences (CIOMS) juntamente com a Organização Mundial da Saúde * Em 1990 – International Guidelines for Ethical Review of Epidemiological Studies O CIOMS lança o primeiro documento especificamente voltado para a pesquisa em estudos de coletividade (estudos epidemiológicos). * PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA BIOÉTICA * Autonomia * Beneficência * Não-Maleficência (Beauchamps e Childress, Priciples of Biomedical Ethics, 1979) * Justiça * AUTONOMIA Grego auto (próprio) nomos (lei, norma regra): Significa auto-governo, autodeterminação da pessoa de tomar decisões que afetem na vida, sua saúde, sua integridade Físico – Psicológico, suas relações sociais. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA BIOÉTICA * Pessoa autônoma tem liberdade de pensamento, é livre de coações internas ou externas para escolher as alternativas que lhe são apresentadas. * O respeito à autonomia requer que se tolerem crenças inusuais desde que não constituam ameaça a outras pessoas ou à coletividade. Apesar de todos os condicionantes, o ser humano pode se mover dentro de uma margem própria de decisão e ação. OS PRINCÍPIOS * BENEFICÊNCIA Fazer o melhor, do ponto de vista ético e técnico-assistencial Mais relacionado ao profissional Tem limites, no sentido de não aniquilar a manifestação dos desejos e sentimentos do paciente * Dever de intencionalmente, não causar mal e/ou danos ao paciente NÃO-MALEFICÊNCIA * JUSTIÇA Equidade de bens e recursos considerados comuns: Saúde Educação Outros Objetiva evitar a discriminação, a marginalização e a segregação social * É a garantia do resguardo das informações dadas em confiança e a proteção contra a sua revelação não autorizada. * Princípios Gerais Se aplica a todo o paciente independentemente de sua idade; Prudência é necessária quando trabalhamos com crianças, adolescentes e idosos; A obrigação de preservá-la não cessa com a morte do paciente; É essencial como justificativa moral sólida para rompê-la. * Os profissionais da saúde que entram em contato com as informações têm apenas autorização para acesso às mesmas em função de sua necessidade profissional, mas não o direito de usá-las livremente. Aspectos Bioéticos Confidencialidade e Privacidade * A garantia da preservação do segredo das informações é um dever prima facie, ou seja, é uma obrigação que se deve cumprir, a não ser que conflite com outro dever de igual ou maior porte. Aspectos Bioéticos da Confidencialidade e Privacidade * A veracidade, a exemplo da confidencialidade, é também um dever prima facie. A única justificativa moralmente aceitável para que se omita a verdade é a de que o bem maior para o paciente naquela circunstância específica, é não ter acesso a uma dada informação. Aspectos Bioéticos da Confidencialidade e Privacidade * Cuidado porque as vezes é mais fácil manter a confidencialidade dos pacientes mais abonados e podemos ser mais “flexíveis” com os pacientes mais empobrecidos tanto social como intelectualmente. * O dilema ético não está entre revelar ou não o diagnóstico ao paciente, mas sim referente a forma e o momento de revelar. * Representa a limitação do acesso às informações de uma pessoa qualquer, bem como ao acesso a própria pessoa e a sua intimidade. Garantia de não revelação da identificação dos participantes; Utilização de imagens de sons só com autorização específica; Cuidado com a utilização de registros (laudos, exames, imagens) * As instituições têm a obrigação de manter um sistema seguro de proteção aos documentos que contenham registros com informações de seus pacientes. * SITUAÇÕES ESPECIAIS Testemunha em corte judicial Comunicar à autoridade competente a ocorrência de doença Maus tratos em crianças e adolescentes Abuso de cônjuge ou idoso Ferimento por arma de fogo ou outro tipo * CONFIDENCIALIDADE E PRIVACIDADE Diferentes formas de quebrá-las: Com permissão do paciente informações a familiares e amigos companhia de seguros atestados médicos * Resolução Conselho Nacional de Saúde nº 1/88 Primeiras normas Nacionais sobre ética na pesquisa em seres humanos aplicadas pela Comissão Intersetorial de Ciência e Tecnologia (CICT). * Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde Primeiro documento oficial brasileiro que procurou regulamentar as normas da pesquisa em saúde. * Diretrizes e Normas de Pesquisa em Saúde Resolução n°196/96 sobre pesquisas envolvendo seres humanos, CNS Código de Nuremberg, 1947 Declaração Universal dos Direitos do Homem, 1948 Declaração de Helsinque, 1964; 1975; 1983; 1989; 1996; (2000; 2002) Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, ONU, 1966 * Diretrizes e Normas de Pesquisa em Saúde Resolução n°196/96 CNS Propostas de Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisa Biomédicas envolvendo Seres Humanos, CIOMS/OMS, 1982; 1993; (2002) Diretrizes Internacionais para Pesquisas Biomédicas envolvendo Seres Humanos, CIOMS, 1991; (2002) Além destes... * Diretrizes e Normas de Pesquisa em Saúde Resolução n°196/96 CNS Código do Direito do Consumidor Códigos Civil e Penal Leis e decretos referentes ao funcionamento do sistema de saúde. Esta resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. * Destaques da Resolução 196/96: - Incorporação dos referenciais da Bioética; - Ampla abrangência no que se refere a pesquisa (todas as áreas do conhecimento) individual ou coletiva; - Conceituação de risco; - Necessidade de consentimento livre e esclarecido; * - Análise de riscos e benefícios da pesquisa; - A exigência de apresentação do projeto de pesquisa, por parte do pesquisador responsável ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP); * - A criação da Comissão Nacional de Ética em pesquisa (CONEP), órgão máximo na área, vinculado ao Conseho nacional de Saúde – Ministério da Saúde. * AUTONOMIA Agir intencionalmente Liberdade Mais relacionado ao paciente/pessoa Na pesquisa: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Princípio da * BENEFICÊNCIA Fazer o melhor, do ponto de vista ético e técnico-assistencial Mais relacionado ao profissional Na pesquisa: ponderação entre risco e benefício Princípio da * NÃO-MALEFICÊNCIA Dever de não causar mal ou danos ao paciente Na pesquisa: garantia de danos evitados Princípio da * JUSTIÇA Equidade de bens e recursos considerados comuns: Saúde Educação Outros Na pesquisa: relevância social do estudo, igual consideração aos sujeitos Princípio da * Vulnerabilidade origem latina- vulnus que significa "ferida" Relatório Belmont: nocão de vulnerabilidade mas como forma de classificar pessoas (órfãos, prisioneiros, idosos, diferentes raças, mulheres) Vulnerabilidade como adjetivo * Desenvolvimento da Bioética na Europa muda de adjetivo para substantivo. Não pode ser compreendida ou utilizada Com fator de diferenciação. * Vulnerabilidade - constitutiva do humano comum a todo existente. Há grupos especialmente vulneráveis Exemplos: pessoas que vivem com determinada doença (HIV/Aids), situação sócio-econômica baixa/pobreza, situação de rua, dentre outros. * 1998 - Barcelona Declaration Vulnerabilidade como autonomia, dignidade, integridade. “Princípios Éticos Básicos" * Termo de Consentimento Livre e Esclarecido O consentimento deve ser dado livremente, conscientemente, sem ser obtido mediante práticas de coação física, psíquica, moral ou por meio de simulação de práticas enganosas, ou quaisquer outras formas de manipulação impeditivas de livre manifestação da vontade pessoal * Livre de restrições internas, causadas por distúrbios psicológicos e livre de coação externa, por pressão de familiares, amigos e principalmente dos profissionais da saúde. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido * Linguagem acessível Descrição dos procedimentos, instrumentos Descrição de desconfortos e riscos Garantia de esclarecimento Liberdade Aprovado por um CEP Termo de Consentimento Livre e Esclarecido * O paciente tem o direito de ser esclarecido sobre: a natureza e os objetivos dos procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos; ser informado de sua invasibilidade; da duração dos tratamentos; dos benefícios; prováveis desconfortos; inconvenientes e possíveis riscos físicos, psicológicos, econômicos e sociais que possa ter. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido * Riscos e Benefícios Toda pesquisa envolvendo seres humanos envolve risco As pesquisas podem e devem ocorrer com: Elevado potencial de gerar conhecimento aos sujeitos ou outros Risco justifique o benefício Benefício maior ou igual a outras alternativas já estabelecidas Responsabilidade do pesquisador, instituição, patrocinador CEP * Referências Bibliográficas Albuquerque, M.C; Dias, E. (2003). Bioética e humanização: reflexões e vivência. Aurélio Molina (Org.). Recife: EDUPE. Anjos, M.F. (2006). A vulnerabilidade como parceria da autonomia. Revista Brasileira de Bioética. 2(2).pp.173-186. * Clotet, J. (2005). Bioética uma visão Panorâmica. Joaquim Clotet, Anamaria Feijó, Marília Gerhardt de Oliveira (Coordenadores). Porto Alegre: EDIPUCRS. Clotet, J. (2003). Bioética: uma aproximação. Porto Alegre: EDIPUCRS. * Freitas, C; Hossne,W. (1998). Pesquisa com seres humanos. Iniciação à Bioética. Sérgio Ibiapina Ferreira Costa. Gabriel Oselka, Volnei Garrafa (Org.). Brasília: Conselho Federal de Medicina. Goldim, J.R. (1997) Pesquisa em saúde: leis, normas e diretrizes. 3.ed. Porto Alegre: HCPA. International Ethical Guidelines for Biomedical Research Involving Human Subjects (2002). Direitos para a edição brasileira gentilmente cedidos pelo Dr. James Gallagher (secretaria do CIOMS) por meio da Unidade de Bioética da Organização Pan-Americana de Saúde (Santiago, Chile).Dr. Fernando Lollas – Diretor. * Kipper, D., Marques, C., Feijó, AM.(2003). Ética em Pesquisa: reflexões. Porto Alegre, EDIPUCRS. LO, B. (2001). Addresing Ethical Issues. In: Hulley, SB., Cummings, Steven R., Browner, WS., Grady, D., Hearst, N., Newman, T. B. Designing Clinical Research. Philadelphia, Lippincott, pp. 215-228. Moraes, J. F. D. (2006). A necessidade da adequação metodológica. Délio José Kipper (Org.). Ética teoria e prática: uma visão multidisciplinar. Porto Alegre: EDIPUCRS, pp. 57-65. * Oliveira, M.; Muller, M. C.; Zogbi, H. (2006). Dilémas éticos na pesquisa em psicologia. Délio José Kipper (Org.). Ética teoria e prática: uma visão multidisciplinar. Porto Alegre: EDIPUCRS, pp. 186-199. Souza, R. T. (2006). A dignidade da pessoa humana. Délio José Kipper (Org.). Ética teoria e prática: uma visão multidisciplinar. Porto Alegre: EDIPUCRS, pp. 100-132.
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