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REGIME JURÍDICO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ADM

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REGIME JURÍDICO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Conceito Serviço Público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado.
A atribuição primordial da Administração Pública é oferecer utilidades aos administrados, não se justificando sua presença senão para prestar serviços à coletividade.
Esses serviços podem ser essenciais ou apenas úteis à comunidade, daí a necessária distinção entre serviços públicos e serviços de utilidade pública; mas, em sentido amplo e genérico, quando aludimos a serviço público, abrangemos ambas as categorias.
Particularidades do Serviço Público 
são vinculados ao princípio da legalidade;
a Adm. Pública pode unilateralmente criar obrigações aos exploradores do serviço;
continuidade do serviço;
Características 
Elemento Subjetivo - o serviço público é sempre incumbência do Estado. É permitido ao Estado delegar determinados serviços públicos, sempre através de lei e sob regime de concessão ou permissão e por licitação. É o próprio Estado que escolhe os serviços que, em determinado momento, são considerados serviços públicos. Ex.: Correios; telecomunicações; radiodifusão; energia elétrica; navegação aérea e infra-estrutura portuária; transporte ferroviário e marítimo entre portos brasileiros e fronteiras nacionais; transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; portos fluviais e lacustres; serviços oficiais de estatística, geografia e geologia – IBGE; serviços e instalações nucleares;
Serviço que compete aos Estados  distribuição de gás canalizado;
 Elemento Formal – o regime jurídico, a princípio, é de Direito Público. Quando, porém, particulares prestam serviço em colaboração com o Poder Público o regime jurídico é híbrido, podendo prevalecer o Direito Público ou o Direito Privado, dependendo do que dispuser a lei.
Em ambos os casos, a responsabilidade é objetiva. (os danos causados pelos seus agentes serão indenizados pelo Estado)
Elemento Material – o serviço público deve corresponder a uma atividade de interesse público.
Princípios do Serviço Público Faltando qualquer desses requisitos em um serviço público ou de utilidade pública, é dever da Administração intervir para restabelecer seu regular funcionamento ou retomar sua prestação.
Princípio da Permanência ou continuidade - impõe continuidade no serviço; os serviços não devem sofrer interrupções;
Princípio da generalidade - impõe serviço igual para todos; devem ser prestados sem discriminação dos beneficiários;
Princípio da eficiência - exige atualização do serviço, com presteza e eficiência;
Princípio da modicidade - exige tarifas razoáveis; os serviços devem ser remunerados a preços razoáveis;
Princípio da cortesia - traduz-se em bom tratamento para com o público.
Classificação dos Serviços Públicos 
Serviços Públicos: são os que a Administração presta diretamente à comunidade, por reconhecer sua essencialidade e necessidade para a sobrevivência do grupo social e do próprio Estado. Por isso mesmo, tais serviços são considerados privativos do Poder Público, no sentido de que só a Administração deve prestá-los, sem delegação a terceiros.
Ex.: defesa nacional, de polícia, de preservação da saúde pública.
Serviços de Utilidade Pública:  Serviços de utilidade pública são os que a Administração, reconhecendo sua conveniência (não essencialidade, nem necessidade) para os membros da coletividade, presta-os diretamente ou aquiesce em que sejam prestados por terceiros (concessionários, permissionários ou autorizatários), nas condições regulamentadas e sob seu controle, mas por conta e risco dos prestadores, mediante remuneração dos usuários. Ex.: os serviços de transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone.
Serviços próprios do Estado: são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc.) e para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os administrados. Não podem ser delegados a particulares. Tais serviços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou de baixa remuneração.
Serviços impróprios do Estado: são os que não afetam substancialmente as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas (Ex.: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais), ou delega sua prestação.
Serviços Gerais ou “uti universi”: são aqueles que a Administração presta sem Ter usuários determinados, para atender à coletividade no seu todo. Ex.: polícia, iluminação pública, calçamento. Daí por que, normalmente, os serviços uti universi devem ser mantidos por imposto (tributo geral), e não por taxa ou tarifa, que é remuneração mensurável e proporcional ao uso individual do serviço.
Serviços Individuais ou “uti singuli”:  são os que têm usuários determinados e utilização particular e mensurável para cada destinatário. Ex.: o telefone, a água e a energia elétrica domiciliares. São sempre serviços de utilização individual, facultativa e mensurável, pelo quê devem ser remunerados por taxa (tributo) ou tarifa (preço público), e não por imposto.
Serviços Industriais: são os que produzem renda mediante uma remuneração da utilidade usada ou consumida. Ex.: ITA, CTA.
Serviços Administrativos: são os que a administração executa para atender as suas necessidades internas. Ex.: Imprensa Oficial.
Competências e Titularidades
interesses próprios de cada esfera administrativa
a natureza e extensão dos serviços
a capacidade para executá-los vantajosamente para a Administração e para os administrados.
Podem ser:
Privativos 
da União - defesa nacional; a polícia marítima, aérea e de fronteiras; a emissão de moeda; o serviço postal; os serviços de telecomunicações em geral; de energia elétrica; de navegação aérea, aeroespacial e de infra-estrutura portuária; os de transporte interestadual e internacional; de instalação e produção de energia nuclear; e a defesa contra calamidades públicas.
 dos Estados – distribuição de gás canalizado;
dos Municípios - o transporte coletivo; a obrigação de manter programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental; os serviços de atendimento à saúde da população; o ordenamento territorial e o controle do uso, parcelamento e ocupação do solo urbano; a proteção ao patrimônio histórico-cultural local.
Comuns 
serviços de saúde pública (SUS); promoção de programas de construção de moradia; proteção do meio ambiente;
Usuários
 o direito fundamental do usuário é o recebimento do serviço;
os serviços uti singuli podem ser exigidos judicialmente pelo interessado que esteja na área de sua prestação e atenda as exigências regulamentares para sua obtenção;
 A transferência da execução do serviço público pode ser feita por OUTORGA ou por DELEGAÇÃO.
 
OUTORGA: implica na transferência da própria titularidade do serviço.
Quando, por exemplo, a União cria uma Autarquia e transfere para esta a titularidade de um serviço público, não transfere apenas a execução. Não pode mais a União retomar esse serviço, a não ser por lei. Faz-se através de lei e só pode ser retirada através de lei.
Outorga significa, portanto, a transferência da própria titularidade do serviço da pessoa política para a pessoa administrativa, que desenvolve o serviço em seu próprio nome e não no de quem transferiu. É sempre feita por lei e somente por outra lei pode ser mudada ou retirada.
 DELEGAÇÃO: implica na mera transferência da execução do serviço. Realiza-se por ato ou contrato administrativo. São as concessões e permissões do serviço público.
Pode ser retirado por um ato de mesma natureza.
Deve ser autorizada por lei.
Concentração e Desconcentração ocorrem no âmbito de uma mesma pessoa.
DESCONCENTRAÇÃO: existe quando as atividades estiverem distribuídas entre os órgãos de umamesma pessoa – quando forem as atribuições transferidas dos órgãos centrais para os locais/periféricos.
CONCENTRAÇÃO: ocorre o inverso da desconcentração. Há uma transferência das atividades dos órgãos periféricos para os centrais.
Obs.: tanto a concentração como a desconcentração poderá ocorrer na estrutura administrativa centralizada ou descentralizada.
Ex.: o INSS é exemplo de descentralização.
A União é um exemplo de centralização administrativa – mas as atribuições podem ser exercidas por seus órgãos centrais – há concentração dentro de uma estrutura centralizada.
Desconcentração dentro de uma estrutura centralizada – quando há delegação de atribuição.
Administração Direta: corresponde à centralização.
Administração indireta: corresponde à descentralização.
	OUTORGA
	DELEGAÇÃO
	O Estado cria aentidade
O serviço é transferido por lei
Transfere-sea titularidade
Presunçãodedefinitividade
	o particular cria a entidade
o serviço é transferido por lei, contrato (concessão) ou por ato unilateral (permissão)
transfere-se a execução
transitoriedade
Concessão e Permissão de Serviços Públicos 
É incumbência do Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Existe a necessidade de lei autorizativa
A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
Concessão é a delegação contratual da execução do serviço, na forma autorizada e regulamentada pelo Executivo. O contrato de Concessão é ajuste de Direito Administrativo, bilateral, oneroso, comutativo e realizado intuito personae
Permissão é tradicionalmente considerada pela doutrina como ato unilateral, discricionário, precário, intuito personae, podendo ser gratuito ou oneroso. O termo contrato, no que diz respeito à Permissão de serviço público, tem o sentido de instrumento de delegação, abrangendo, também, os atos administrativos.
Doutrina  Ato Administrativo
Lei  Contrato Administrativo (contrato de Adesão);
Direitos dos Usuários participação do usuário na administração:
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas à manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo;
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
Política Tarifária os serviços públicos são remunerados mediante tarifa.
Licitação 
Concessão  Exige Licitação modalidade Concorrência
Permissão  Exige Licitação
Contrato de Concessão 
	Contratar terceiros 
	Atividades acessórias ou complementares
	Sub-concessão 
	Mediante autorização
	Transferência de concessão e
Controle societário 
	Só com anuência
Encargos do Poder Concedente regulamentar o serviço; fiscalizar; poder de realizar a rescisão através de ato unilateral;
Encargos da Concessionária prestar serviço adequado; cumprir as cláusulas contratuais;
Intervenção nos Serviços Públicos para assegurar a regular execução dos serviços, o Poder Concedente pode, através de Decreto, instaurar procedimentos administrativos para intervir nos serviços prestados pelas concessionárias.
Extinção da Concessão 
Advento do Termo Contratual  ao término do contrato, o serviço é extinto;
Encampação ou Resgate  é a retomada do serviço pelo Poder Concedente durante o prazo da concessão, por motivos de interesse público, mediante Lei Autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização.
Caducidade  corresponde à rescisão unilateral pela não execução ou descumprimento de cláusulas contratuais, ou quando por qualquer motivo o concessionário paralisar os serviços.
Rescisão  por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo Poder Concedente, mediante ação judicial.
Anulação  por ilegalidade na licitação ou no contrato administrativo;
Falência ou Extinção da Concessionária;
Falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual;
Autorização a Administração autoriza o exercício de atividade que, por sua utilidade pública, está sujeita ao poder de policia do Estado. É realizada por ato administrativo, discricionário e precário (ato negocial). É a transferência ao particular, de serviço público de fácil execução, sendo de regra sem remuneração ou remunerado através de tarifas. Ex.: Despachantes; a manutenção de canteiros e jardins em troca de placas de publicidade.
Convênios e Consórcios Administrativos 
Convênios Administrativos  são acordos firmados por entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas e organizações particulares, para realização de objetivos de interesse comum dos partícipes.
Agências Reguladoras  A Reforma Administrativa ora sendo implantada previu a criação de autarquias especiais que vão exercer o papel de poder concedente relativamente aos serviços públicos transferidos para particulares através do contrato de concessão de serviços públicos. Elas irão receber maior autonomia administrativa , orçamentária e financeira mediante contratos de gestão firmados pelos seus administradores com o poder público. Já foram criadas algumas Agências Reguladoras, como por exemplo: 
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica;
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações;
ANP – Agência Nacional do Petróleo
Agências Executivas  também são autarquias que vão desempenhar atividades de execução na administração pública, desfrutando de autonomia decorrente de contrato de gestão. É necessário um decreto do Presidente da República, reconhecendo a autarquia como Agência Executiva. Ex.: INMETRO.
Organizações Sociais (ONG´s) São pessoas jurídicas de Direito Privado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalização do Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído por meio de contrato de gestão.
Noções Gerais: Conceito
Segundo Hely Lopes Meirelles “serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado”. São exemplos de serviços públicos: o ensino público, o de polícia, o de saúde pública, o de transporte coletivo, o de telecomunicações, etc.
Classificação
Os serviços públicos, conforme sua essencialidade, finalidade, ou seus destinatários podem ser classificados em:
• 	públicos;
• 	de utilidade pública;
• 	próprios do Estado;
• 	impróprios do Estado;
•	administrativos;
•	industriais;
•	gerais;
• 	individuais.
Públicos
São os essenciais à sobrevivência da comunidade e do próprio Estado. São privativos do Poder Público e não podem ser delegados. Para serem prestados o Estado pode socorrer-se de suas prerrogativas de supremacia e império, impondo-os obrigatoriamente à comunidade, inclusive com medidas compulsórias. Exs.: serviço de polícia, de saúde pública, de segurança.
De Utilidade Pública
São os que são convenientes à comunidade, mas não essenciais, e o Poder Público pode prestá-los diretamente ou por terceiros (delegados), mediante remuneração. A regulamentação e o controle é do Poder Público. Os riscos são dos prestadores de serviço. Exs.: fornecimento de gás, de energia elétrica, telefone, de transporte coletivo, etc. Estes serviços visam a facilitar a vida do indivíduo na coletividade.
Próprios do Estado
São os que relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público. Exs.: segurança, política, higiene e saúde públicas, etc. Estes serviçossão prestados pelas entidades públicas (União, Estado, Municípios) através de seus órgãos da Administração direta. Neste caso, diz-se que os serviços são centralizados, porque são prestados pelas próprias repartições públicas da Administração direta. Aqui, o Estado é o titular e o prestador do serviço, que é gratuito ou com baixa remuneração. Exs.: serviço de polícia, de saúde pública. Estes serviços não são delegados.
Impróprios do Estado
São os de utilidade pública, que não afetam substancialmente as necessidades da comunidade, isto é, não são essenciais. A Administração presta-os diretamente ou por entidades descentralizadas (Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista, Fundações Governamentais), ou os delega a terceiros por concessão, permissão ou autorização. Normalmente são rentáveis e são prestados sem privilégios, mas sempre sob a regulamentação e controle do Poder Público. Exs.: serviço de transporte coletivo, conservação de estradas, de fornecimento de gás, etc.
Administrativos
São os executados pela Administração para atender às suas necessidades internas. Ex.: datilografia, etc.
Industriais
São os que produzem renda, uma vez que são prestados mediante remuneração (tarifa). Pode ser prestado diretamente pelo Poder Público ou por suas entidades da Administração indireta ou transferidos a terceiros, mediante concessão ou permissão. Exs.: transporte, telefonia, correios e telégrafos.
Gerais
São os prestados à coletividade em geral, sem ter um usuário determinado. Exs.: polícia, iluminação pública, conservação de vias públicas, etc. São geralmente mantidos por impostos.
Individuais
São os que têm usuário determinado. Sua utilização é mensurável. São remunerados por tarifa. Exs.: telefone, água e esgotos, etc.
Regulamentação e Controle
A regulamentação e o controle do serviço público cabem sempre ao Poder Público, o qual tem a possibilidade de modificação unilateral das cláusulas da concessão, permissão ou autorização. Há um poder discricionário de revogar a delegação, respondendo, conforme o caso, por indenização.
Princípios do Serviço Público (Requisitos e Direitos do Usuário)
Os requisitos do serviço público são sintetizados em cinco princípios:
1º) permanência (continuidade do serviço);
2º) generalidade (serviço igual para todos);
3º) eficiência (serviços atualizados);
4º) modicidade (tarifas módicas);
5º) cortesia (bom tratamento para o público).
Art. 6º (Lei nº 8.987/95)
Competência da União, Estados e Municípios
A Constituição Federal faz a partição das competências dos serviços públicos.
A matéria está prevista nos arts. 21, 25, §§ 1º e 2º, e 30 da Constituição Federal.
Competência da União (CF, art. 21 e incisos)
Competência dos Estados (CF, art. 25, §§ 1º e 2º)
“São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição”. Portanto, são da competência dos Estados a prestação dos serviços que não sejam da União e do Município. Os Estados têm competência residual.
Competência dos Municípios (CF, art. 30)
Aos Municípios compete a prestação dos serviços públicos de interesse local, incluindo o de transporte coletivo.
Competem-lhe também os serviços de educação pré-escolar e de ensino fundamental (com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado). Competem-lhe ainda os serviços de atendimento à saúde da população (com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado).
Diz a Constituição Federal:
Formas de Prestação
A prestação do serviço pode ser centralizada ou descentralizada. Será centralizada quando o Estado, através de um de seus órgãos, prestar diretamente o serviço. Será descentralizada quando o Estado transferir a titularidade ou a prestação do serviço a outras pessoas.
O serviço centralizado é o que permanece integrado na Administração Direta (art. 4º do Decreto-Lei nº 200/67). A competência para a prestação destes serviços é da União e/ou dos Estados e/ou dos Municípios. São da competência da União apenas os serviços previstos na Constituição Federal. Ao Município pertencem os serviços que se referem ao seu interesse local. Ao Estado pertencem todos os outros serviços. Neste caso, o Estado tem competência residual, isto é, todos os serviços que não forem da competência da União e dos Municípios serão da obrigação do Estado.
Os serviços descentralizados referem-se ao que o Poder Público transfere a titularidade ou a simples execução, por outorga ou por delegação, às autarquias, entidades paraestatais ou empresas privadas. Há outorga quando transfere a titularidade do serviço. Há delegação quando se transfere apenas a execução dos serviços, o que ocorre na concessão, permissão e autorização.
A descentralização pode ser territorial (União, Estados, Municípios) ou institucional (quando se transferem os serviços para as autarquias, entes paraestatais e entes delegados).
Não se deve confundir descentralização com desconcentração, que é a prestação dos serviços da Administração direta pelos seus vários órgãos.
A prestação de serviços assim se resume:
É possível descentralizar o serviço por dois diferentes modos:
Outorga
Transferindo o serviço à titularidade de uma pessoa jurídica de direito público criada para este fim, que passará a desempenhá-lo em nome próprio, como responsável e senhor dele, embora sob controle do Estado. Neste caso, o serviço é transferido para uma Autarquia, Empresa Pública ou Sociedade de Economia Mista. É a outorgada. Os serviços são outorgados. Exs.: Telebrás, Eletrobrás.
Delegação
Transferindo o exercício, o mero desempenho do serviço (e não a titularidade do serviço em si) a uma pessoa jurídica de direito privado que o exercerá em nome do Estado (não em nome próprio), mas por sua conta e risco. Esta técnica de prestação descentralizada de serviço público se faz através da concessão de serviço público e da permissão de serviço público. É a delegação. Os serviços são delegados, sem transferir a titularidade.
A concessão e a permissão podem ser feitas a um particular ou a empresa de cujo capital participe o Estado, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
Diz-se por outro lado que a prestação de serviço público é prestado de modo:
• concentrado – quando apenas órgãos centrais detêm o poder de decisão e prestação dos serviços. Ocorre em Estados unitários. Não ocorre no Brasil.
• desconcentrado – quando o poder de decisão e os serviços são distribuídos por vários órgãos distribuídos por todo o território da Administração centralizada. É o que ocorre no Brasil que é uma República Federativa.
A concentração ou desconcentração são modos de prestação de serviços pela Administração centralizada, União, Estados e Municípios.
Analisemos agora a distinção entre outorga e delegação.
 Outorga	 Delegação
• 	o Estado cria a entidade	•	o particular cria a entidade
• 	o serviço é transferido por lei	• 	o serviço é transferido por lei,
			contrato (concessão), ato unila-
			teral (permissão, autorização)
• 	transfere-se a titularidade	• 	transfere-se a execução
• 	caráter definitivo	•	caráter transitório
Outorga
Tecemos, agora, algumas considerações sobre os serviços sociais autônomos, ou Entes de Cooperação.
São pessoas jurídicas de direito privado, criados ou autorizados por lei, para prestar serviços de interesse social ou de utilidade pública, geridos conforme seus estatutos, aprovados por Decretos, e podendo arrecadar contribuições parafiscais. São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos. Podem receber dotações orçamentárias.
Geralmente se destinam à realização de atividades técnicas, científicas educacionais ou assistencial, como o Sesi, Sesc, Senai, Senac. Revestem a forma de sociedades civis, fundações ou associações.
Estes entes estão sujeitos à supervisão ministerial, nos termos do Decreto-Lei nº 200/67, e se sujeitam a uma vinculação ao ministério em cuja área de competência se enquadrar sua principal atividade.Utilizam-se de dinheiros públicos, como são as contribuições parafiscais, e devem prestar contas do regular emprego deste dinheiro, na conformidade da lei competente. Seus funcionários são celetistas e são equiparados a funcionários públicos para fins penais. Sujeitam-se a exigência de licitação.
Delegação
É o ato pelo qual o Poder Público transfere a particulares a execução de serviços públicos, mediante regulamentação e controle pelo Poder Público delegante.
A delegação pode ser feita por:
• concessão;
• permissão;
• autorização.
Concessão de Serviço Público
Concessão de serviço público é o contrato através do qual o Estado delega a alguém o exercício de um serviço público e este aceita prestá-lo em nome do Poder Público sob condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Estado, mas por sua conta, risco, remunerando-se pela cobrança de tarifas diretamente dos usuários do serviço e tendo a garantia de um equilíbrio econômico-financeiro.
A concessão pode ser contratual ou legal. É contratual quando se concede a prestação de serviços públicos aos particulares. É legal quando a concessão é feita a entidades autárquicas e empresas estatais.
A concessão é intuitu personae, isto é, não pode o concessionário transferir o contrato para terceiros.
A concessão exige:
• autorização legislativa;
• regulamentação por decreto;
• concorrência pública.
O contrato de concessão tem que obedecer à lei, ao regulamento e ao edital. Por este contrato não se transfere a prerrogativa pública (titularidade), mas apenas a execução dos serviços. As condições do contrato podem ser alteradas unilateralmente pelo Poder concedente, que também pode retomar o serviço, mediante indenização (lucros cessantes). Nas relações com o público, o concessionário fica sujeito ao regulamento e ao contrato. Findo o contrato, os direitos e bens vinculados ao serviço retornam ao poder concedente. O Poder Público regulamenta e controla o concessionário. Toda concessão fica submetida a normas de ordem regulamentar, que são a lei do serviço. Estas normas regram sua prestação e podem ser alteradas unilateralmente pelo Poder Público. Fica também submetida a normas de ordem contratual, que fixam as cláusulas econômicas da concessão e só podem ser alteradas pelo acordo das partes. A alteração das tarifas que remuneram os serviços concedidos se faz por decreto.
Garantia do concessionário
O concessionário tem a seguinte garantia: o equilíbrio econômico-financeiro do contrato (rentabilidade assegurada).
Poderes do concedente
A Administração Pública tem sobre o concessionário os seguintes poderes:
•	poder de inspeção e fiscalização sobre as atividades do concessionário, para verificar se este cumpre regularmente as obrigações que assumiu;
•	poder de alteração unilateral das cláusulas regulamentares, isto é, poder de impor modificações relativas à organização do serviço, seu funcionamento, e às tarifas e taxas cobradas do usuário;
•	poder de extinguir a concessão antes de findo o prazo inicialmente previsto.
A concessão é uma técnica através da qual o Poder Público procura obter o melhor serviço possível; por isto, cabe-lhe retomar o serviço sempre que o interesse público o aconselhar.
Remuneração
É feita através de tarifas e não por taxas. Esta tarifa deve permitir uma justa remuneração do capital. A revisão das tarifas é ato exclusivo do poder concedente e se faz por decreto.
Direito do concessionário
O concessionário tem, basicamente, dois direitos:
•	o de que não lhe seja exigido o desempenho de atividade diversa daquela que motivou a concessão;
•	o da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro.
Para que o equilíbrio econômico-financeiro se mantenha, o Estado, cada vez que impuser alterações nas obrigações do concessionário, deverá alterar a sua remuneração, para que não tenha prejuízos.
Direito do usuário (ver art. 7º da Lei nº 8.987/95)
Os usuários, atendidas as condições relativas à prestação do serviço e dentro das possibilidades normais dele, têm direito ao serviço. O concessionário não lhe poderá negar ou interromper a prestação. Cumpridas pelo usuário as exigências estatuídas, o concessionário está obrigado a oferecer, de modo contínuo e regular, o serviço cuja prestação lhe incumba.
Extinção da concessão (Ver art. 35 da Lei nº 8.987/95)
A extinção da concessão pode se dar por:
•	advento do termo contratual – é o retorno do serviço ao poder concedente, pelo término do prazo contratual. Abrange os bens vinculados ao serviço.
•	encampação – é o retorno do serviço ao poder concedente pela retomada coativa do serviço, antes do término do contrato mediante lei autorizadora. Neste caso, há indenização. A encampação pode ocorrer pela desapropriação dos bens vinculados ao serviço ou pela expropriação das ações.
•	caducidade – é o desfazimento do contrato por ato unilateral da Administração ou por decisão judicial. Há indenização. Ocorre rescisão por ato unilateral quando há inadimplência.
•	anulação – é a invalidação do contrato por ilegalidade. Não há indenização. Os efeitos são a partir do início do contrato.
Permissão
Permissão de serviço público é o ato unilateral, precário e discricionário, através do qual o Poder Público transfere a alguém o desempenho de um serviço público, proporcionando ao permissionário a possibilidade de cobrança de tarifa aos usuários.
A permissão pode ser unilateralmente revogada, a qualquer tempo, pela Administração, sem que deva pagar ao permissionário qualquer indenização, exceto se se tratar de permissão condicionada que é aquela em que o Poder Público se autolimita na faculdade discricionária de revogá-la a qualquer tempo, fixando em lei o prazo de sua vigência.
A permissão condicionada é usada geralmente para transportes coletivos. Neste caso, se revogada ou alterada, dá causas a indenização.
São características da permissão:
• 	unilateralidade (é ato administrativo e não contrato);
• 	discricionariedade;
• 	precariedade;
• 	intuitu personae.
A revogação da permissão pela Administração pode ser a qualquer momento, sem que o particular se oponha, exceto se for permissão condicionada.
Os riscos do serviço são por conta do permissionário. O controle do serviço é por conta da Administração, que pode intervir no serviço.
A permissão não assegura exclusividade ao permissionário, exceto se constar de cláusula expressa.
Assim como a concessão, a permissão deve ser precedida de licitação para escolha do permissionário.
Os atos praticados pelos permissionários revestem-se de certa autoridade em virtude da delegação recebida e são passíveis de mandado de segurança.
A responsabilidade por danos causados a terceiros é do permissionário. Apenas subsidiariamente a Administração pode ser responsabilizada pela culpa na escolha ou na fiscalização do executor dos serviços.
Autorização
É o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder Público torna possível ao particular a realização de certa atividade, serviço ou utilização de determinados bens particulares ou públicos, de seu exclusivo ou predominante interesse, que a lei condiciona à aquiescência prévia da Administração. Exs.: serviço de táxi, serviço de despachante, serviço de segurança particular.
Características
É ato unilateral da Administração:
• precário;
• discricionário;
• no interesse do particular;
• intuitu personae.
Cessação
Pode dar-se a qualquer momento, sem que a Administração tenha que indenizar.
Remuneração
Dá-se por tarifas.
Licitação
Exige-se se for para permissão de serviços públicos (CF, art. 175). Para a realização de atividade pelo particular ou para a utilização de certos bens, como regra não se exige a licitação, mas pode-se coletar seleção por outro sistema.
Há que se observar que os serviços autorizados não se beneficiam da prerrogativa de serviço público.
Os executores dos serviços autorizados não são agentes públicos, não praticam atos administrativos e, portanto, não há responsabilidade da Administraçãopelos danos causados a terceiros.
Tarifas
É o preço correspondente à remuneração dos serviços delegados (concessão, permissão e autorização). Seu preço é pago pelo usuário do serviço ao concessionário, permissionário ou autoritário, e é proporcional aos serviços prestados. Não é tributo. A tarifa deve permitir a justa remuneração do capital pelo que deve incluir em seu cálculo os custos do serviço prestado mais a remuneração do capital empregado, que vai-se deteriorando e desvalorizando com o decurso do tempo. As revisões das tarifas são de exclusiva competência do Poder Público.
Convênios e consórcios
Convênios
Convênios administrativos são acordos firmados por entidades públicas entre si ou com organizações particulares, para a realização de objetivos de interesses recíprocos.
São utilizados para a realização de grandes obras ou serviços.
Particularidades
a) Não é contrato. Não há partes. Há partícipes.
b) Os interesses são coincidentes e não opostos como no contrato.
c) Cada um colabora conforme suas possibilidades.
d) Não existe vínculo contratual.
e) Cada um pode denunciá-lo quando quiser.
f) É uma cooperação associativa.
g) Não adquire personalidade jurídica.
h) Não tem representante legal.
i) É instrumento de descentralização (art. 10, § 1º, b, do Decreto-Lei nº 200/67).
j) Não tem forma própria.
l) Exige autorização legislativa e recursos financeiros reservados.
m) Não tem órgão diretivo.
Consórcios
Consórcios administrativos são acordos firmados entre entidades estatais, autarquias ou paraestatais, sempre da mesma espécie, para a realização de objetivos de interesse comum dos partícipes.
Diferença com o Convênio
Convênio – é realizado entre partícipes de espécies diferentes.
Consórcios – é realizado entre partícipes da mesma espécie.
Término dos Convênios
Qualquer partícipe pode denunciá-lo e retirar sua cooperação quando quiser, ficando responsável pelas obrigações e auferindo as vantagens do tempo em que participou do Convênio.
	
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Responsabilidade – derivada do verbo latino respondere – responder, replicar. Alguém que responde perante a ordem jurídica em virtude de algum fato já ocorrido. Esse alguém deve ter capacidade jurídica de efetivamente responder perante a ordem jurídica pela ocorrência do fato. Quanto ao fato gerador da responsabilidade, este pode ser comissivo ou omissivo, e pode está ligado ao aspecto da licitude ou ilicitude. A regra é que o fato ilícito é que acarreta a responsabilidade. Deduz-se que a caracterização do fato como gerador da responsabilidade obedece ao que a lei estabelecer a respeito.
TIPOS DE RESPONSABILIDADE
	Como o fato gerador da responsabilidade obedece ao que a lei estabelecer a respeito, vê-se que a diversidade de norma faz nascer diversos tipos de responsabilidade.
		- natureza penal –> responsabilidade penal;
		- natureza civil –> responsabilidade civil;
		- natureza administrativa –> responsabilidade administrativa.
	Tratando-se de normas autônomas entre si, tem-se, em princípio, que a responsabilização também é independente, ou seja, a responsabilidade civil não acarreta, necessariamente, a responsabilidade penal e a administrativa; e esta última, por sua vez, independe da civil e da penal. (ex: um servidor que é impontual ao serviço gera responsabilidade apenas administrativa. Se um indivíduo causa dano a outrem, agindo com negligência, tem-se responsabilidade civil, e não penal ou administrativa).
	As responsabilidades só serão conjugadas se a conduta do agente violar, simultaneamente, normas de natureza diversas. Exemplo típico é o crime de peculato (quando o servidor se apropria de bem público sob sua custódia) que enseja responsabilidade civil, penal e administrativa.
2 RESPONSABILIDADE CIVIL
	É aquela decorrente de um fato que atribui a determinado indivíduo o caráter de imputabilidade dentro do direito privado.
	O Código Civil de 1916 aduzia no art. 159 que “aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.
	O Novo Código Civil foi mais preciso, desmembrando a questão do ato ilícito e da responsabilidade. No art. 186 ditou que “aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. No art. 927, dentro do capítulo destinado à responsabilidade civil e obrigação indenizatória, averbou que “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
	A regra abrange a responsabilidade contratual e extracontratual. A primeira é estudada na parte relativa aos contratos celebrados pela Administração (já estudado na 1ª unidade). A segunda deriva das várias atividades estatais sem qualquer conotação pactual (sobre ela é o estudo que ora se propõe).
3 O DANO E A INDENIZAÇÃO
	O sujeito só é civilmente responsável se sua conduta, ou outro fato, causar dano a terceiro, de onde se deduz que o dano (prejuízo) é o pressuposto da responsabilidade civil.
	Pode haver dano material (ou patrimonial) e dano moral. O primeiro é aquele que causa efetiva lesão ao patrimônio do indivíduo, enquanto com relação ao segundo tem-se que o responsável faz atingir a esfera interna, moral e subjetiva do lesado provocando-lhe um sentimento de dor.
	Toda responsabilidade enseja uma sanção, e já se sabe que a natureza sancionatória varia de acordo com o tipo de responsabilidade. No caso da responsabilidade civil, a sanção aplicável é a indenização – montante pecuniário para reparar (compensar) dos prejuízos causados pelo responsável, ou danos suportados pela vítima.
4 SUJEITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
	O Estado, como pessoa jurídica, só se faz presente no mundo jurídico através de seus agentes, pessoas físicas cuja conduta é a ele imputada. Isso porque o Estado, por si só, não pode causar danos a ninguém.
	Existem, pois, três sujeitos no cenário da responsabilidade civil: o Estado, o lesado e o agente estatal. Assim sendo, cabe ao Estado a obrigação de pagar as respectivas indenizações pelos danos que seus agentes causarem a terceiros.
5. EVOLUÇÃO – TEORIAS EXPLICATIVAS DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO
5.1 IRRESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
	No século XIX prevalecia a idéia de que o Estado não tinha qualquer responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes. Essa teoria não prevaleceu por muito tempo. A teoria de intangibilidade do soberano foi substituída pela do Estado de Direito, segundo a qual deveriam ser a ele atribuídos os direitos e deveres comuns às pessoas jurídicas. 
5.2 RESPONSABILIDADE COM CULPA DO AGENTE
	Com o desaparecimento da teoria da irresponsabilidade do Estado surgiu a doutrina da responsabilidade estatal no caso de ação culposa de seu agente – adoção da doutrina civilista da culpa.
	Para tanto, havia-se de distinguir duas atitudes próprias do Estado: atos de império e atos de gestão. Os primeiros são coercitivos por decorrerem do poder soberano do Estado, enquanto os segundos estão mais próximos dos atos de direito privado.
		- atos de império -> não havia responsabilização, pois os fatos eram regidos por normas de direito público, sempre protetivas da figura estatal;
		- atos de gestão -> havia responsabilização civil do Estado.
	A crítica a essa teoria é que, na prática, não era fácil distinguir os atos de império ou de gestão, o que provocava grande inconformismo entre as vítimas dos atos estatais.
5.3 RESPONSABILIDADE COM CULPA DO SERVIÇO (CULPA ANÔNIMA)
	Essa teoria foi consagrada pela doutrina de Paul Duez, segundo a qual o lesado não precisaria identificar o agente estatal causador do dano, bastando, pois, comprovar o mau funcionamento do serviço público, mesmo diante da impossibilidade de reconhecer o agente que o provocou – culpa anônima ou falta do serviço.
	A falta do serviço podia consumar-se de três maneiras: 
inexistência do serviço;
maufuncionamento do serviço;
retardamento do serviço.
	Mas para o lesado exercer o seu direito à reparação dos prejuízos precisava comprovar que o fato danoso se originava da falta do serviço e, conseqüentemente, de atuação culposa do Estado.
5.4 RESPONSABILIDADE OBJETIVA
	Essa forma de responsabilidade dispensa a verificação do fator culpa em relação ao fato danaoso. Por isso, ela incide em decorrência de fatos lícitos ou ilícitos, bastando que o interessado comprove a relação causal entre o fato e o dano.
	Essa teoria conferiu maior benefício ao lesado, vez que dispensou-o de provar alguns elementos que dificultam o surgimento do direito à reparação dos prejuízos, como, por exemplo, a identificação do agente, a culpa deste na conduta administrativa, a falta do serviço etc.
5.4.1 FUNDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA: RISCO ADMINISTRATIVO E RISCO INTEGRAL
	Em razão de ser o Estado mais poderoso que o indivíduo haverá, pois, de arcar com um risco natural decorrente de suas inúmeras atividades. A premissa de que à maior quantidade de poderes corresponde um risco maior deu surgimento à teoria do risco administrativo como fundamento da responsabilidade objetiva do Estado.
	Existem controvérsias sobre as noções de risco administrativo e risco integral. No risco administrativo, não há responsabilidade civil genérica e indiscriminada do Estado, pois a responsabilização do Estado depende ou não da participação do lesado para a ocorrência do dano. Assim sendo, o Estado não será responsável caso o lesado tenha participação total no dano, e responderá de forma atenuada quanto à obrigação de indenizar se o lesado concorrer, mesmo parcialmente, para a ocorrência desse dano. Já no risco integral a responsabilidade independe de nexo causal e ocorre até mesmo quando a culpa é da própria vítima. Por se tratar de fundamento aberto e abranger tudo que acontece no meio social é criticada como sendo injusta, absurda e inadmissível no direito moderno, só se aplicando em situações excepcionalíssimas.
	Atualmente evidencia-se a teoria do risco social, segundo a qual o foco da responsabilidade civil é a vítima, e não o autor do dano, de modo que a reparação estaria a cargo de toda a coletividade, ensejando a socialização dos riscos – sempre com o intuito de que o lesado não deixe de merecer a justa reparação pelo dano sofrido. Essa teoria tem sido alvo de críticas doutrinárias, posicionando-se carvalho Filho no sentido de que “o caráter genérico da responsabilidade poderia provocar grande insegurança jurídica e graves agressões ao erário, prejudicando em última análise os próprios contribuintes”.
	Além do risco decorrente das atividades estatais em geral, constituiu também fundamento da responsabilidade objetiva do estado o princípio da repartição dos encargos. O Estado, ao ser condenado a reparar prejuízos do lesado, não seria o sujeito pagador direto, isso porque os valores indenizatórios seriam resultantes da contribuição feita por cada um dos demais integrantes da sociedade que, em última análise é a beneficiária dos poderes e prerrogativas estatais.
	Por fim, vê-se que os postulados que geraram a responsabilidade objetiva do Estado buscaram seus fundamentos na justiça social, atenuando as dificuldades e impedimentos que o indivíduo teria que suportar quando prejudicado por condutas de agentes estatais.
6 BASE CONSTITUCIONAL
	O texto constitucional consagra a TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO regulando a matéria no art. 37, § 6º: “as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
	Além desse dispositivo a CF menciona ainda no seu art. 21, XXIII, alínea “d” que “a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa”, vindo a reforçar a sujeição do Poder Público à responsabilidade objetiva, tendo como fundamento a teoria do risco administrativo, de modo que, se a União ou outra pessoa de sua administração causarem qualquer tipo de dano no desempenho das atividades nucleares estarão inevitavelmente sujeitas ao dever de reparar os respectivos prejuízos através de indenização. Haverá, pois, risco administrativo natural nas referidas tarefas, bastando, assim, que o lesado comprove o fato, o dano e o nexo causal entre o fato e o dano que sofreu.
	O Código Civil apresenta-se em total compatibilidade do o preceito constitucional e dispõe no seu art. 43 que “as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”.
	Em razão dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos nasceu a Lei 10.744/03, que foi mais abrangente do que o citado preceito constitucional ao expressar a responsabilidade civil do governo federal por atos de terceiros. Aduz que a União assume a responsabilidade civil perante terceiros, na hipótese de danos a bens e pessoas provocados por atentados terroristas, atos de guerra ou eventos assemelhados, ocorridos no país ou no estrangeiro, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público.
7 ANÁLISE DOS ELEMENTOS DE ACORDO COM O ART. 37, § 6º DA CF
	São três elementos: - pessoas responsáveis;
			 - agentes do Estado;
			 - duplicidade de relações jurídicas.
7.1 PESSOAS RESPONSÁVEIS
pessoas jurídicas de direito público: União, Estados, DF e Municípios, autarquias e fundações públicas de natureza autárquica; e
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.
	A inovação constitucional é em relação às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. Com efeito, se tais serviços são delegados a terceiros pelo próprio Poder Público, não seria justo, nem correto que só a delegação tivesse o efeito de liberar a responsabilidade objetiva estatal e dificultar a reparação de prejuízos pelos administrados.
	Incluem-se na categoria das pessoas privadas as que compõem a Administração Indireta (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas com personalidade de direito privado), quando se dedicam à prestação de serviços públicos, e os concessionários e permissionários de serviços públicos, como as empresas de transporte coletivo, de fornecimento de água, de distribuição e fornecimento de energia elétrica etc.
	Alguns doutrinadores entendem que a responsabilidade objetiva das pessoas prestadoras de serviços públicos incide exclusivamente na hipótese em que o dano é perpetrado entre usuários, e isso porque são estes os titulares do direito á adequada prestação do serviço. Assim, não seria objetiva a responsabilidade perante terceiros. Carvalho Filho discorda de tal posicionamento por dois motivos: um, é que a CF não faz distinção entre pessoas jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos quanto à incidência da responsabilidade objetiva; dois, é que se tais pessoas privadas prestam serviços públicos atuam como se fossem o próprio Estado, tendo recebido deste a devida delegação. Sendo assim, não cabe restringir a responsabilidade objetiva apenas aos usuários, isso porque a regra do art. 37, § 6º da CF é clara: aplica-se a todos, usuários e terceiros.
	Cabe ainda a observação quanto às pessoas privadas que se enquadram no art. 37, § 6º da CF. Estas devem prestar serviços de forma delegada pelo Poder Público, devendo, pois, haver vínculo jurídico de direito público entre o Estado e o delegatário.
	As pessoas de cooperação governamental (ou serviços sociais autônomos) também se submetem à responsabilização objetiva atribuída ao Estado. Embora sua atividade tenha caráter eminentemente social é qualificada como serviço público e tem vínculocom o Estado, pois foi este que fez editar as respectivas leis autorizadoras da criação das entidades e as vinculou a seus objetivos institucionais, obrigando-as à prestação de contas (ex. SESI, SENAI, SESC, SENAC).
	Quanto às organizações sociais e as organizações da sociedade civil de interesse público, atenção! Elas estão sujeitas ou não à responsabilidade objetiva? Carvalho Filho entende que não, por trata-se de responsabilidade subjetiva, regulada pelo CC, tendo em vista que elas estão vinculadas ao ente estatal por meio de contrato de gestão ou termos de parceria.
7.2 AGENTES DO ESTADO
	
	Sabe-se que a atuação estatal se consubstancia por seus agentes, pessoas físicas, que atuam em nome do Estado, cabendo a este a responsabilidade civil pelos danos causados por aqueles que o fazem presente no mundo jurídico.
	O Estado responde pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. A expressão “nessa qualidade” tem razão de ser, visto que o Estado só pode ser responsabilizado se o preposto estatal estiver no exercício de suas funções ou, ao menos, sendo conduzido a pretexto de exercê-la. (ex: policial militar que embora estivesse sem farda utilizou-se da arma pertencente a corporação, conduzindo-se a pretexto de exercer sua função em nome do Estado).
	Na expressão “agentes” incluem-se todas as pessoas cuja vontade seja imputada ao Estado. Se, em sua atuação, causam dano a terceiros, provocam a responsabilidade civil do Estado.
7.3 DUPLICIDADE DE RELAÇÕES JURÍDICAS
	Primeiramente, o texto constitucional regula a relação jurídica entre o Estado e o lesado, sendo aquele considerado civilmente responsável por danos causados a este – responsabilidade objetiva do Estado dispensada a prova de culpa pelo prejudicado.
	A parte final do texto fala em direito de regresso, tendo como figuras o Estado e seu agente – responsabilidade subjetiva ou com culpa, quando o Estado só pode ressarcir-se do montante com que indenizou o lesado se comprovar a culpa do seu agente, sendo esta, pois, a regra geral do direito privado.
	Em suma, o preceito constitucional esboça dois tipos de responsabilidade: a do Estado -> sujeito á responsabilidade objetiva; e a do agente estatal -> sob o qual incide a responsabilidade subjetiva ou com culpa.
8 APLICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
	A marca característica da responsabilidade é a desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar a existência de culpa do agente ou do serviço. O fator culpa, então, fica desconsiderado como pressuposto da responsabilidade objetiva.
8.1 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
ocorrência de um fato administrativo: qualquer forma de conduta, comissiva ou omissiva, legítima ou ilegítima, singular ou coletiva, atribuída ao Poder Público;
dano: não importa a natureza do dano, pois é indenizável tanto o dano patrimonial como o dano moral. Mas o lesado tem que provar que a conduta estatal lhe causou prejuízo;
nexo causal entre o fato administrativo e o dano: ao lesado basta demonstrar que o prejuízo sofrido se originou de conduta estatal, sem considerar dolo ou culpa. “a responsabilidade objetiva fixada pelo texto constitucional exige, como requisito para que o Estado responda pelo dano que lhe for imputado, a fixação de nexo causal entre o dano produzido e a atividade funcional desempenhada pelo agente estatal”.
OBS: não há responsabilidade do Estado no caso de um veículo, depois de registrado, ser apreendido por ter sido furtado, nem tampouco na hipótese de deslizamento de encosta causado por sucessivas escavações das próprias vítimas.
	Presentes os pressupostos tem a Administração o DEVER de indenizar o lesado pelos danos que lhes foram causados sem que se faça necessária a investigação sobre se a conduta administrativa foi, ou não, conduzida pelo elemento culpa. Mesmo em se tratando de atos lícitos do governo é possível o ensejo da obrigação indenizatória. (exemplo disso foi a decisão do STF que condenou a União a indenizar os prejuízos decorrentes de sua intervenção no domínio econômico em função de determinação de preços no setor alcooleiro em patamar inferior aos valores apurados e propostos por autarquia ligada ao próprio governo federal – Instituto Nacional do Álcool e Açúcar- que gerou vários prejuízos).
8.2 ÔNUS DA PROVA – INVERSÃO
	Diante dos pressupostos da responsabilidade objetiva, só cabe ao Estado defender-se, provando a inexistência do fato administrativo, a inexistência do dano ou a ausência do nexo causal entre o fato e o dano.
	Mas, tendo em vista a teoria do risco administrativo que inverte o ônus da prova, uma vez o Estado defendendo-se da acusação e contraprovando os fatos, ele poderá excluir ou atenuar a sua obrigação, se demonstrar a culpa exclusiva ou concorrente da vítima.
8.3 PARTICIPAÇÃO DO LESADO
	Para que se configure a responsabilidade do Estado, é necessário que seja verificado o comportamento do lesado no episódio que lhe provocou o dano. 
	Se ele não contribuiu para a ocorrência do dano, apenas o Estado deve ser civilmente responsável e obrigado à reparação. 
	Mas se o lesado foi o único causador do seu próprio dano, ou contribuiu para tal, aí cabem duas observações:
lesado como causador único do dano -> hipótese de autolesão -> o Estado não tem qualquer responsabilidade civil dada a inexistência de nexo de causalidade;
lesado concorrendo com o Estado -> sistema de compensação de culpas ou culpa recíproca -> a indenização devida ao Estado é reduzida em razão da conduta do lesado que também contribuiu para o evento danoso. Se contribuíram por metade, a indenização devida pelo Estado deve atingir apenas a metade dos prejuízos sofridos, arcando o lesado com a outra metade. (exemplo: acidente de transito em que dois veículos colidiram em cruzamento por força de defeito no semáforo – provado que ambos dirigiam com excesso de velocidade, contribuindo para o evento danoso, o Poder Público arcou com metade da indenização pelos danos sofridos). A jurisprudência tem reconhecido o sistema de compensação de culpas e do dever indenizatório. E o CC no art. 945 instituiu que “se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”.
8.4 CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE
		1) Fatos Imprevisíveis – força maior e caso fortuito: exclusão da responsabilidade do Estado em razão de não ter havido fato imputável ao Estado, nem sequer fato cometido por agente estatal. Sendo assim, não existe nexo de causalidade entre a ação do Estado e o dano sofrido pelo lesado. 
	Mas é preciso verificar, caso a caso, os elementos que cercam a ocorrência do fato e os danos causados. Sendo estes resultantes do fato imprevisível e de ação ou omissão culposa do Estado, tem-se, pois, concausas, razão porque não se fala em excludente de responsabilidade. Sendo assim, a indenização será mitigada, cabendo ao Estado reparar o dano de forma proporcional à sua participação no evento lesivo e ao lesado arcar com o prejuízo decorrente de sua conduta.
	
		2) Fatos de Terceiros - a responsabilização do Estado assemelha-se ao que se refere à analise feita pelos atos imprevisíveis: não havendo como imputar atuação omissiva direta ao Estado, não há como responsabilizá-lo civilmente por atos de terceiros. Somente mediante a constatação de que a omissão do Estado foi a responsável conjunta pela ocorrência do dano é que se pode atribuir a responsabilidade estatal. (exemplo típico são os furtos e assaltos à mão armada em transportes coletivos ou vias públicas. Sem a prova da culpa, não há como responsabilizar a empresa concessionária de transporte, já que ela própria assume a condição de lesada juntamente com os passageiros).
		3) Lesado como causador único do dano -> hipótese de autolesão -> o Estado não tem qualquer responsabilidade civil dada a inexistência de nexo de causalidade.
 
8.5 REPERCUSSÃO DOS ATOS DE MULTIDÕES/PROTESTOS NA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADOA regra geral é que os danos causados ao indivíduo em decorrência exclusivamente de tais atos não acarretam a responsabilidade civil do Estado por serem atos praticados por terceiros e por sequer existirem os pressupostos da responsabilidade objetiva do Estado.
	Ocorre que em certas situações se torna notória a omissão do Poder Público porque teria ele a possibilidade de garantir o patrimônio das pessoas e evitar os danos provocados pela multidão. (exemplo: suponha-se que esteja sendo formado um levante em certo local onde há várias casas comerciais. Se os órgãos de segurança tiverem sido avisados a tempo e ainda assim não tiverem comparecido os seus agentes, a conduta estatal estará qualificada como omissiva culposa, ensejando a responsabilização civil do Estado). Tal como na hipótese dos fatos imprevisíveis a indenização será proporcional à participação omissiva do Estado no resultado danoso.
	Essa é a orientação que tem norteado a jurisprudência acerca do assunto. (Responsabilidade Civil do Poder Público – revolta da população – bomba – culpa. Para obter a indenização contra o Estado por ter o autor sido atingido por uma bomba durante incidentes de revolta da população pela majoração das passagens de ônibus, necessária se faz a comprovação da culpa do Estado no fato. ApCível 454/90, 6ª CCivel, Rel. Des. Pestana de Aguiar, julg. em 19/3/1991). 
	Não provada a culpa, entende-se que o fato é de terceiro, excluindo a responsabilidade do Estado. 
8.6 DANOS DE OBRA PÚBLICA
		1) quando a obra pública causa dano ao particular por alguma razão natural ou imprevisível, sem que tenha havido culpa de alguém: existe a responsabilidade objetiva do Estado, independentemente de quem esteja executando a obra, em razão da teoria do risco administrativo.
		2) se o Estado tiver cometido a execução da obra a um empreiteiro através de contrato administrativo e o dano tenha sido provocado exclusivamente por culpa do executor: existe a responsabilidade subjetiva do empreiteiro que cumpre o contrato por sua conta e risco. A ação será movida contra o empreiteiro, sem a participação do Estado no processo. A responsabilidade do Estado é subsidiária, só estando configurada se o executor não puder reparar os prejuízos que causou ao prejudicado.
8.7 RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO 
	O Estado causa danos a particulares por ação ou omissão. Quando o fato administrativo é comissivo, podem os danos ser gerados por conduta culposa ou não. A responsabilidade objetiva do Estado se dará pela presença dos seus pressupostos – fato administrativo, dano e nexo causal.
	Quando a conduta estatal for omissiva, será preciso distinguir se a omissão constitui, ou não, fato gerador de responsabilidade civil, isso porque nem toda conduta omissiva do Estado configura um desleixo em cumprir um dever legal. O Estado é omisso em muitos de seus deveres genéricos (direitos sociais como saúde, educação, segurança, habitação, emprego, meio ambiente, proteção à maternidade e à infância, previdência social) vez que o atendimento dessas demandas reclama a implementação de políticas publicas.
	A responsabilidade civil do Estado, no caso de conduta omissiva, só se configura quando estiverem presentes os elementos que caracterizam a culpa. Além disso, o art. 927, § único do CC estabelece que “haverá obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos especificados em lei. 
	Vale ressaltar que o art. 43 do CC ao se dirigir às pessoas jurídicas de direito público não inclui em seu conteúdo a conduta omissiva do Estado, o mesmo ocorrendo em relação ao art. 37, § 6º da CF. Desse modo, conclui-se que os citados dispositivos se aplicam apenas a comportamentos comissivos e que os omissivos só podem ser objeto de responsabilidade estatal se houver culpa.
	Dizer que nas omissões o Estado responde somente por culpa, não é a mesma coisa que dizer que sobre ele incide a responsabilidade subjetiva, mas apenas que se trata da responsabilização comum, ou seja, aquela fundada na culpa, não se admitindo, pois, a responsabilização sem culpa.
	Uma das hipóteses que evidenciam a culpa em conduta omissiva da Administração é a que resulta de descumprimento ou retardamento de ordem judicial. Nesses casos, o lesado tem direito de ser indenizado pela Administração omissa. Existem casos em que os agentes responsáveis pela omissão podem, inclusive, ser responsabilizados funcional e criminalmente.
	Além do elemento culposo, nas condutas omissivas, se revela também a presença de nexo direto de causalidade entre o fato e o dano sofrido pela vítima.
8.8 RESPONSABILIDADE PRIMÁRIA E SUBSIDIÁRIA
	A responsabilidade é primária quando atribuída diretamente à pessoa física ou à pessoa jurídica a que pertence o agente autor do dano. Será subsidiária quando a sua configuração depender da circunstância de o responsável primário não ter condições de reparar o dano por ele causado. 
	Diante disso, tem-se que a responsabilidade do Estado será primária quando o dano tiver sido provocado por um dos seus agentes. Mas em se tratando de pessoas jurídicas que exercem sua atividade vinculada ao Poder Público em contrato regido por regras de direito público, a responsabilidade primária deve ser atribuída à pessoa jurídica a que pertence o agente causador do dano, cabendo ao Estado a responsabilidade subsidiária, somente quando o responsável primário não tiver mais recursos para cumprir sua obrigação em reparar o dano.	
	Em se tratando de solidariedade, é importante verificar a conduta administrativa para se permitir a responsabilidade solidária. Se a Administração concorreu com a pessoa responsável para o resultado danoso (negligência e omissão administrativa) haverá solidariedade, visto que a Administração terá agido com culpa in omittendo ou in vigilando, podendo ser demandada juntamente com o autor do dano. Mas se a culpa é exclusiva da pessoa prestadora do serviço, a ela deve ser imputada a responsabilidade primária e ao Poder Público a responsabilidade subsidiária. Resulta que, nessa hipótese, eventual demanda indenizatória deve ser dirigida em face exclusivamente do causador do dano, sendo a Administração parte ilegítima ad causam na referida ação.
9 ATOS ADMINISTRATIVOS E JURISDICIONAIS
	Atos judiciários é expressão normalmente reservada aos atos administrativos de apoio praticados pelo Judiciário. Sobre esses atos administrativos incide a responsabilidade civil objetiva do Estado desde que presentes os pressupostos de sua configuração.
	Atos jurisdicionais são aqueles praticados pelos magistrados no exercício da respectiva função. São atos processuais caracterizadores da função jurisdicional, como os despachos, as decisões interlocutórias e as sentenças.
	Em princípio, esses atos jurisdicionais típicos são insuscetíveis de redundar a responsabilidade civil, em razão do princípio da soberania do Estado e do princípio da recorribilidade dos atos jurisdicionais. 
	Por outro lado, o instituto da coisa julgada, aplicável às decisões judiciais, tem o intuito de dar definitividade à solução de litígios, obediente ao princípio da segurança jurídica. Se a decisão causou prejuízo à parte e esta não se valeu dos recursos para revê-la, sua inércia a impede de reclamar contra o ato judicial. Se, ao contrário, o ato foi confirmado em outras instâncias, é porque tinha ele legitimidade, sendo, então, inviável a produção de danos à parte.
9.1 ATOS QUE GERAM RESPONSABILIDADE ESTATAL
	CONDUTAS DOLOSAS: quando o juiz pratica ato jurisdicional com o intuito de causar prejuízo à parte ou a terceiro.
	O art. 133 do CPC aduz que “o juiz responde por perdas e danos quando no exercício de suas funções procede dolosamente, inclusive com fraude, bem como quando recusa, omite ou retarda, sem justo motivo, providencia que deva ordenar de oficio ou a requerimento da parte”. Vê-se, pois, a responsabilização individual do juiz.
	Contudo, o juiz é um agente do Estado e, nessa condição, não deixa de insidir a regra do art. 37, § 6º da CF, responsabilizando civilmente a pessoajurídica federativa (União ou Estado-membro), assegurando-se-lhe o direito de regresso contra o juiz.
	Cabe, pois, as alternativas de propor a ação indenizatória contra o Estado ou contra o próprio juiz responsável pelo dano, ou contra ambos, quando o autor terá que provar que a conduta judicial foi consumada de forma dolosa.
	CONDUTAS CULPOSAS: quando o juiz profere sentença de modo negligente, sem apreciar devidamente as provas produzidas no processo.
	A previsão constitucional prevista no art. 5º, LXXV suscita dúvidas ao aduzir que “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário”, sem especificar se a condenação é cível ou criminal. 
	Em se tratando de ato de natureza penal, cabe revisão criminal (ação que visa desconstituição de sentença que contenha erro judiciário) e reparação pelos prejuízos causados a ser postulada em ação ajuizada contra o Estado. 
	Em se tratando de ato de natureza cível, Carvalho Filho entende que a conduta culposa do juiz não se estende a atos de natureza cível pelo fato de haverem à disposição do interessado vários instrumentos recursais e administrativos para evitar o dano, sendo, pois, inviável a responsabilização civil do Estado por ato desse tipo. 
	Mas em relação aos atos funcionais que digam respeito às ações ou omissões do juiz fora do processo cabe, sim, responsabilização civil do Estado e responsabilização funcional do juiz. (exemplo: quando o juiz retarda, sem justa causa, o andamento do processo; perde processo por negligenciar sua guarda; deixa de atender advogado das partes; pratica abuso de poder em decorrência do cargo). O Estado, porém, tem direito de regresso contra o juiz responsável pelo dano.
	Há responsabilização civil objetiva do Estado pela violação do princípio da duração razoável do processo? Alguns doutrinadores entendem que sim, se a violação decorrer de falha no serviço judiciário ou de paralizações injustificadas do processo. Carvalho Filho discorda e diz que a ofensa ao referido princípio implica em investigar a forma como se desenvolveu o serviço de modo que a conclusão deve enveredar pelo terreno da culpa no serviço, a ensejar responsabilidade com culpa e, portanto, responsabilidade subjetiva.
10 REPARAÇÃO DO DANO
	1) O pedido indenizatório pode ser por meio administrativo ou judicial.
		- via administrativa -> processo administrativo no órgão competente da pessoa jurídica civilmente responsável. Se houver acordo, o pagamento do montante indenizatório deve ser feito nos moldes estabelecido pelas partes.
		- via judicial -> não havendo acordo. O foro da ação vai depender da natureza da pessoa jurídica. Se União, empresa pública ou autarquia federal a competência é da justiça federal; se for de outra natureza, a competência é da justiça comum.
	2) Prescrição 
Se a pessoa responsável for entidade federativa, autarquia ou fundação de direito público – prescrição em 5 anos contados a partir do fato danoso. 
Se a pessoa responsável for de direito privado – ATENÇÃO!
 Tutela antecipada contra a Fazenda Pública - prescrição em 5 anos também.
 Prazo genérico de prescrição no NCC, art. 205 – passou de 20 anos (direitos pessoais) para 10 anos.
 Pretensão da reparação civil – 3 anos – isso quer dizer que se alguém sofre dano por ato ilícito de terceiros deve exercer a pretensão indenizatória no prazo de 3 anos, sob pena de ficar prescrita e não poder mais ser deflagrada.
	3) Sujeito Passivo da Lide
pessoa jurídica de direito público ou a de direito privado prestadora de serviço público;
pode ser ajuizada ação diretamente contra o agente estatal causador do dano, sem a presença da pessoa jurídica? 
Carvalho Filho entende que sim, pois o fato de ser atribuída responsabilidade objetiva à pessoa jurídica não significa a exclusão do direito de agir diretamente contra aquele que causou o dano. 
Tanto pode o lesado propor ação contra a pessoa jurídica, como contra o agente estatal responsável pelo fato danoso. 
Enquanto a Fazenda Pública oferece ao lesado maior segurança quanto ao recebimento da pretensa indenização, a responsabilidade do agente livra o lesado da demora no pagamento em virtude do sistema de precatórios judiciais. 
E no caso de culpa ou dolo, pode ainda o lesado mover ação contra ambos em litisconsórcio facultativo, já que ambos estão ligados pela responsabilidade solidária. 
Em se tratando de dano causado por magistrado no exercício da função jurisdicional, o STF entende que a ação deve ser ajuizada somente em face da respectiva pessoa de direito público, e não diretamente em face do magistrado, cabendo ao Estado o direito de regresso. 
Mas em se tratando de ato meramente administrativo aí a ação pode ser endereçada diretamente ao juiz.
	4) Denunciação à Lide 
A pessoa jurídica responsável, ré no processo, deve ou pode denunciar à lide o servidor que provocou o dano? 
Corrente minoritária: é obrigatória; corrente majoritária: é facultativo (posição adotada pelo STF).
Se o réu não requerer a denunciação, o processo será válido, e o Estado poderá exercer seu direito de regresso contra o servidor responsável a posteriori. De qualquer modo, se o Estado requerer a denunciação, o juiz acolhe o pedido e o servidor responsável também passa a integrar a relação processual.
Qual o papel do litisdenunciado? Alguns entendem ser assistente litisconsorcial do réu denunciante, pois nada pede para si nem contra ele é pedido. Outros entendem – majoritária - que a aceitação da denunciação à lide enseja para o litisdenunciado a condição de litisconsorte, sujeito, portanto, aos efeitos da sentença, direta e solidariamente.
Há quem entenda que não pode haver denunciação à lide nessa hipótese de responsabilidade estatal, sendo, portanto, inaplicável a regra do art. 70, III do CPC. Motivos: 1) o dispositivo processual só tem aplicabilidade às hipóteses normais de responsabilidade civil, mas não à responsabilidade do Estado, por ser esta regulada pelo preceito contido no art. 37, § 6º da CF. 2) o pedido do lesado escora-se na teoria da responsabilidade objetiva do Estado, ao passo que o pedido deste contra seu agente é calcado na responsabilidade subjetiva. 3) se o lesado foi dispensado de provar a culpa do agente, não tem cabimento que, no mesmo processo, ele seja obrigado a aguardar o conflito entre o Estado e seu agente, fundado exatamente na culpa.
11. DIREITO DE REGRESSO
	É o assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa ou dolo.
	Importa lembrar que na responsabilidade civil do Estado existem duas relações jurídicas diversas: a que liga o lesado ao Estado e outra, que vincula o Estado ao seu agente. Esta ultima é que consubstancia o direito de regresso do estado, prevista na parte final do art. 37, § 6º da CF.
	MEIO DE SOLUÇÃO: via administrativa e judicial.
Na via administrativa, o pagamento da indenização pelo agente será sempre resultado de acordo entre as partes. Ao Estado é vedado estabelecer qualquer regra administrativa que obrigue o agente a pagar o débito (é ilegal qualquer norma que autorize o Estado a descontar, por sua exclusiva iniciativa, parcelas indenizatórias dos vencimentos do servidor). 
Na via judicial, frustrado o acordo, o Estado promoverá ação normal de indenização que tramitará pelo procedimento comum - ordinário ou sumário – e no foro correspondente.
	CAUSA DE PEDIR: Como a responsabilidade do agente é subjetiva, só será cabível a ação de regresso se o agente responsável tiver agido com dolo ou culpa. 
A causa de pedir da ação consiste na existência de fato danoso, causado por culpa do agente, e na responsabilidade subjetiva deste. 
Cabe ao Estado, pois, o ônus de provar a culpa do agente. Em conseqüência, se o dano tiver sido causado por atividade estatal sem ser possível a identificação do agente (culpa anônima do serviço), o Estado será obrigado a reparar o dano, jungido que está pela teoria da responsabilidade objetiva, mas lhe será impossível exercer o direitode regresso contra qualquer agente.
	INTERESSE DE AGIR: meio pelo qual o titular do direito material pode recorrer ao Judiciário para fazer valer sua pretensão. 
Quando nasce o prazo para a propositura da ação de indenização no exercício do direito de regresso? Nasce quando o Estado já tiver pago a indenização ao lesado, pois nesse momento é que o erário sofreu o prejuízo e, em conseqüência, somente a partir daí é que pode se habilitar ao exercício de seu direito de regresso contra o agente. 
Mas o STJ já se pronunciou no sentido de que não é necessário o deslinde da ação indenizatória contra o Estado para que este venha a exercer seu direito de regresso contra o seu agente. 
Carvalho Filho discorda desse entendimento alegando que tal possibilidade ensejaria até mesmo o enriquecimento sem causa em favor do Estado, visto que poderia ele receber a indenização de seu servidor sem ter pago anteriormente, nem vir a pagar no futuro, qualquer indenização ao lesado e, conseqüentemente, sem sofrer qualquer lesão patrimonial que pudesse amparar o pedido indenizatório regressivo.
	PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DO ESTADO EM FACE DO SEU AGENTE: o art. 37, § 5º da CF diz que “cabe à lei fixar os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente que provoquem prejuízos ao erário, ressalvando, contudo, as respectivas ações de ressarcimento”. 
Quanto a prescrição ressarcitória (ou indenizatória) do Estado, a Constituição assegura a imprescritibilidade da ação. Assim, não há prazo prescricional para que o Poder Público possa propor ação de indenização em face de seu agente, com o fito de garantir o ressarcimento pelos prejuízos que o mesmo lhe causou. 
A imprescritibilidade abrange apenas a ação que vise ao ressarcimento de prejuízos causados por atos de agentes do Poder Público (servidores ou não que, mediante título jurídico formal, estejam no exercício de função pública).
Se o causador do dano é terceiro, sem vinculo com o Estado, não se aplica a regra da imprescritibilidade, mas sim aquela prevista no art. 206, § 3º, V do CC que trata da prescrição da pretensão de reparação civil, que fixa o prazo de 3 anos.
A imprescritibilidade alcança apenas as pessoas jurídicas de direito público (pessoas federativas, autarquias e fundações públicas).
A norma se aplica somente no caso dos efeitos danosos (prejuízos) advindos das condutas ilícitas de natureza civil. Isso quer dizer que outras pretensões do Estado decorrentes de responsabilidade civil do agente que não tenham caráter ressarcitório pela ausência de prejuízos não estão incluídas na garantia da imprescritibilidade.
	
INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DIREITO DE PROPRIEDADE
1. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIREITO DE PROPRIEDADE
 A propriedade é um instituto de caráter político.Varia no tempo e no espaço, conforme a evolução histórica das sociedades e de acordo com suas peculiaridades.
A atual Carta Política reconhece o Direito de Propriedade no art. 5°, inciso XXII, in verbis:
Art. 5° ...
XXII – É garantido o direito de propriedade.
Logo na seqüência, a Constituição impõe uma limitação ao Direito de propriedade, o que prova que tal direito não é absoluto, aduzindo, no art. 5°, inciso XXIII:
Art. 5°...
 XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.
Na mesma toada, segue o Código Civil que, no art. 1.228, parágrafo 1°, apregoa:
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
Reforça, portanto a Lei Substantiva, o sentido social da propriedade, eis que, se o proprietário não respeita essa função, nasce para o Estado o poder jurídico de nela intervir e até de suprimi-la.
2. Intervenção do estado. sentido e quadro normativo
Conceito – intervenção do Estado na propriedade privada é toda e qualquer atividade estatal eu, amparada na lei, tem por fim ajustá-la à função social à qual está condicionada.
A intervenção revela um poder jurídico do Estado, calcado em sua própria soberania.
É um verdadeiro poder de império ( jus imperii), devendo a ele sujeição os particulares
A atual Constituição dá suporte à intervenção do Estado no Direito de Propriedade, ex vi art. 5°, XXIII; Art. 182, § 2°; Art. 5°, XXV, além de outros dispositivos que serão abordados oportunamente.
3. COMPETÊNCIAS LEGISLATIVA
Para legislar sobre direito de propriedade, desapropriação e requisição é da União Federal.
Impende consignar que a competência para legislar sobre essas matérias é diferente da competência para legislar sobre restrições e condicionamentos ao uso da propriedade.
A competência para legislar sobre condicionamentos e restrições ao uso da propriedade se reparte entre União, Estados, DF e Municípios.
Por exemplo, uma lei que verse sobre restrição ao uso de propriedade para a proteção do meio ambiente pode ser federal, estadual, distrital ou municipal ( art. 24, VI e art. 30 I e II, da CF)
4. FUNDAMENTOS DA INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA
a) Supremacia do Interesse Público
A supremacia do interesse público sobre o privado é verdadeiro postulado fundamental, eis que o Estado age de forma vertical, isto é cria imposições, que restringem ou mesmo suprimem o direito de propriedade do dominus, em função de um interesse maior que é o coletivo.
 Assim, toda vez que se chocarem o interesse público e o privado, prevalece o primeiro.
b) Função Social da Propriedade
Ao estatuir que a propriedade deve atender à sua função social, a Carta Política assegura o direito do proprietário, de um lado, tornando inatacável a sua propriedade e, ao mesmo tempo, faz incidir sobre o proprietário o dever jurídico de mantê-la ajustada à função social. 
Apesar de traduzir um conceito aberto, a função social da propriedade está definida nos mandamentos Constitucionais e na legislação infra-legal, que fixam parâmetros objetos para estabelecer, por exemplo, a função social da propriedade urbana e da propriedade rural. 
5. MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA
a) Intervenção Restritiva – O Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da propriedade, sem, no entanto, retira-la de seu dono. 
Modalidades:
a.1) Servidão Administrativa;
a.2) Requisição;
a.3) Ocupação Temporária;
a.4) Limitações Administrativas;
a.5) Tombamento.
b) Intervenção Supressiva – o Estado, valendo-se de sua supremacia, transfere compulsória e coercitivamente para si, a propriedade de terceiro, em virtude de interesse público previsto em lei.
Modalidade: Desapropriação.
6. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
Sentido e Natureza Jurídica
É o direito real público, que autoriza o Estado a usar a propriedade imóvel para permitir a execução de obras e serviços de interesse coletivo.
Trata-se de direito real público, porque é instituído em favor do Estado para atender a fatores de interesse público.
Exemplos de servidão administrativa: instalação de redes elétricas, implantação de oleodutos e gasodutos em áreas privadas para a execução de serviços públicos.
Fundamentos
b.1) Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado;
b.2) Função Social da Propriedade ( art. 5°, XXIII, CF e 170, III, CF);
b.3) Fundamento Específico: Art. 40 Dec. Lei 3.365/41 (Lei Geral das Desapropriações), in verbis:
Art. 40 o expropriante poderá construir servidões, mediante indenização prévia na forma desta lei.
c) Objeto – A servidão administrativa incide sobre a propriedade imóvel (coisa imóvel corpórea).
d) Formas de Instituição:
d.1) Acordo entre o proprietário e o Poder Público
Acordo formal, celebrado por escritura pública para fins de subseqüente registro no cartório de registro de imóveis.
d.2) Sentença Judicial
Não havendo acordo entre as partes, o Poder Público ajuíza ação contra o proprietário, em procedimento idêntico ao da desapropriação,

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