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LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA É extremamente importante para o jurista atentar-se à vigência da norma, a fim de verificar se a mesma está ou não aplicável, se a mesma possui validade. Segundo o Artigo 1° da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, “salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. Este período e espera é chamado de “vacatio legis”. Vale lembrar ainda que vigência distingue-se de eficácia, pois esta última difere-se no sentido de que necessita de legislação específica, além de que, no que tange o Direito Tributário, à luz do princípio da anterioridade tributária. Há então, três espaços temporários distintos no ato da criação de uma lei, sendo eles: publicação, vigência e eficácia. Salienta-se também o fato de que não há repristinação ou restauração automática da lei velha caso a lei nova seja revogada por lei mais recente, conforme o art. 2º, § 3º, da LINDB, que diz “salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”, a não ser que a lei recente expressamente estabeleça a restauração da lei velha e a revogação da lei nova. A vigência da Lei pode cessar por duas formas, sendo estas: a)Total: por meio da revogação, que é a cessação total dos efeitos pela lei revogadora, com o desaparecimento da lei revogada; b)Parcial: através da derrogação, ou seja, a cessação parcial dos efeitos pela lei derrogadora, coexistindo esta com a lei derrogada. A VIGÊNCIA E O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA A vigência e o princípio da anterioridade tributária são institutos diferentes. Este último é tratado no artigo 150, III da Constituição Federal, contudo não tratou da vigência das leis tributárias. Deve-se respeitar ainda a questão do prazo, arrazoada na alínea “c” do dispositivo supracitado, lembrando ainda que tal norma será validada apenas no ano seguinte ao da criação da regra. O princípio constitucional da anterioridade é válido apenas para as normas que instituam ou majorem um tributo, não se aplicando, portanto, à todas as leis tributárias. A questão da vigência da lei tributária no tempo está esclarecida nos artigos 103 e 104 do Código Tributário Brasileiro, bem como o artigo 100, que regula quais são as fontes secundárias da ceara tributária. As fontes formais primárias são as leis, decreto e tratados ou convenções; já as fontes formais secundárias são também chamadas de normas complementares, que pode ter seu conceito como instrumentos normativos abaixo dos “decretos”, motivo este pelo qual os decretos não podem ser considerados como fonte secundária. A vigência de tais atos normativos foram assunto do artigo 103 do Código Tributário Brasileiro, que determina que entram em vigor: a) os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas, tais como portarias, ordens de serviço, instruções normativas e circulares, na data da respectiva publicação; b) as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa, 30 dias após a data de sua publicação; c) Os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na data neles prevista. Já o Artigo 104 do Código Tributário Brasileiro não cuida da vigência, contudo a eficácia do tributo, logo, tal dispositivo regula regra especial de vigência de algumas leis tributárias, chocando-se com o texto constitucional , vez que não diz respeito apenas a impostos sobre o patrimônio e a renda, referindo -se a tributos em geral; não se atrela tão somente a “impostos”, mas a tributos em geral, ressalvados os casos de exceção (art. 150, § 1º, CF); não se refere à “entrada em vigor” da lei, mas à sua eficácia. A regra que prevalece na seara das isenções é a da revogabilidade plena, exceto em casos de isenção onerosa, também chamada de bilateral ou contraprestacional, sujeitando-se a prazo certo e determinadas condições, conforme Artigo 178 da Constituição Federal. As isenções concedidas por prazo certo e em função de determinadas condições não podem ser revogadas, ao contrário da lei, que sempre poderá ser revogada. A VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NO ESPAÇO Toda regra jurídica é editada para imperar em seu próprio espaço territorial, valendo, portanto, o princípio da territorialidade, não sendo diferente no direito tributário, logo, as leis desta ceara somente são válidas em território nacional, levando em consideração ainda se a lei em questão é municipal, estadual, federal ou do distrito federal, exceto em casos que se aplicam o Artigo 102 do Código Tributário Brasileiro, que diz “Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem ou de que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.” Entende-se então que Código Tributário Nacional admite a extraterritorialidade da norma tributária, excepcionalmente, desde que haja convênio entre as pessoas jurídicas de Direito Público interno interessadas ou desde que existam tratados ou convenções firmados pela União. É importante enaltecer que o convênio deve ter pertinência com as pessoas políticas interessadas. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA A aplicação da legislação tributária nada mais é do que fazê-la incidir sobre um fato, para que este seja regulado de acordo com os parâmetros legais, produzindo seus efeitos na realidade concreta. Enquanto a vigência refere -se à validade formal das normas jurídicas, a aplicação refere -se ao uso efetivo das normas jurídicas. De regra, uma lei só se aplica aos fatos que ocorrerão após sua vigência, em abono ao princípio da irretroatividade tributária , segundo o art. 150, III, “a”, CF. No entanto, essa regra não é absoluta, uma vez que há leis aplicáveis a fatos pretéritos, portanto, leis de efeito retroativo. A APLICAÇÃO DA NOVA LEI TRIBUTÁRIA AOS FATOS PENDENTES Segundo o artigo 105 do CTN, a legislação nova aplica-se aos fatos geradores pendentes, isto é, a fatos que se iniciam na vigência de uma legislação e se completam na vigência de outra legislação. Confira que a regra do artigo supracitado ecoa preceito constitucional (art. 150, III, “a”, CF), que impede que a lei tributária tenha efeito retroativo, ou seja, proíbe que se volte no tempo para apanhar atos ou fatos já praticados. Conecta -se, dessarte, com o princípio da irretroatividade tributária. Segundo Eduardo Sabbag, fato gerador pendente “é aquele que indica o fato cuja conclusão ou consumação pressupõe uma sequência concatenada de atos, sequência essa que já se iniciou, mas ainda não se completou, no momento em que uma dada lei aparece, entrando em vigor. Daí se afirmar que, em seu contexto, uma primeira parte de atos é praticada sob a égide da lei velha, e uma segunda parte ocorre já sob a égide da lei nova.” A RETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA Existem duas ressalvas à regra geral de irretroatividade da aplicação da legislação tributária, na condição de leis produtoras de efeito jurídico sobre atos pretéritos, previstas nos dois incisos do art. 106 do CTN: a) a lei interpretativa; b) a lei mais benéfica. Saliente-se que no Brasil, a interpretação da lei, em caráter decisório -definitivo, será feita pelo Poder Judiciário, a quem compete desempenhar a função interpretativa conclusiva. 1.A lei interpretativa é retroativa, detendo vigência retrospectiva. 2. A lei modificativa não é retroativa, detendovigência prospectiva. Ou, ainda: 3. A lei tributária aplica-se a ato ou fato pretérito sempre que seja expressamente interpretativa. 4. A lei tributária não se aplica a ato ou fato pretérito sempre que não seja expressamente interpretativa. 5. A lei tributária não se aplica a ato ou fato pretérito sempre que seja expressamente modificativa. Em resumo, a norma nova e mais benéfica retroage, exceto se a multa já tiver sido recolhida. Aqui se dá o mesmo fenômeno da órbita penal. Não seria possível retroagir se o recolhimento já fora realizado, assim como não se poderia retroceder se a pena já tivera sido cumprida. São hipóteses de retroação da norma: a) Legislação que institua novos critérios de apuração ou processos de fiscalização; b) Legislação que amplie os poderes de investigação das autoridades administrativas; c) Legislação que outorgue ao crédito maiores privilégios ou garantias. INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA (Arts. 107 a 112, CTN) Segundo Eduardo Sabbag, “a interpretação da lei é o trabalho investigativo que procura traduzir seu pensamento, sua dicção e seu sentido. É o ato intelectual de decifrar o pensamento do legislador, perquirindo a razão que animou suas ideias quando confeccionou aquele instrumento normativo. É mecanismo de tradução da mens legislatoris em palavras conclusivas de um raciocínio querido e, agora, a decifrar. Assim, interpretar a lei é compreendê -la diante da pletora de significações possíveis que pressupõe, determinando, com exatidão, seu verdadeiro desígnio, ao demarcar os casos todos a que se estende sua aplicação.” Na interpretação da legislação tributária, deve o exegeta agir com parcimônia, sem desobedecer a postulados norteadores de um trabalho exegético, tais como: a) se a lei não tratar diferentemente, o intérprete deve evitar qualquer distinção; b) leis excepcionais e as especiais devem ser interpretadas restritivamente; c) no texto legal, não se há de descurar do lugar (topografia) no qual está colocado o dispositivo, cuja compreensão é buscada. INTERPRETAÇÃO E SUAS CLASSIFICAÇÕES Pode -se interpretar a lei conforme: (I) A fonte a)Autêntica/Legal: Interpretação de uma lei por meio de outra lei; b)Jurisprudencial: Processo interpretativo calcado no posicionamento reiterado dos tribunais; c)Doutrinária: método interpretativo que se baseia nas conclusões dos estudiosos da disciplina jurídica, sendo um produto da argúcia dos cientistas do Direito ou “juristas”, que realizam o trabalho exegético partindo -se dos princípios da Ciência do Direito. (II) Os meios adequados para sua exegese a)Gramatical/lógico –gramatical/filológico/léxico: Considera o entendimento vernacular e a literalidade, a construção gramatical e o significado semântico do vocábulo. b)Lógica: Analisa o contexto, visando descobrir o sentido da lei; c)Histórica: Verifica a origem daquela norma, sua razão de nascer e de ser; d)Teleológica: Prima elucidar a finalidade da lei em questão, concentrando-se no resultado visado pela legislação e)Sistemática/lógico sistemático/sistêmico: Compara-se a norma em ques~toa com as demais, analisando o ordenamento jurídico como um todo f)Evolutiva: Segundo Regina Helena Costa, é a “atribuição de novos conteúdos à norma constitucional, sem modificação de seu teor literal, em razão de mudanças históricas ou de fatores políticos e sociais que não estavam presentes nas mentes dos constituintes”. (III) Os resultados da exegese a)Declarativa: Declara o pensamento do legislador; b)Extensiva: Busca ampliar o sentido do texto para abranger hipóteses semelhantes; c)Restritiva: Interpreta a norma sem fazer qualquer tipo de integração, não indo “além” do texto. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas do próprio direito privado, mas não para definição dos efeitos tributários com eles relacionados. A elisão fiscal corresponde à prática de atos lícitos, anteriores à incidência tributária, de modo a se obter legítima economia de tributos. Pela elisão fiscal, impede-se a ocorrência do fato gerador, ou por exclusão do contribuinte do âmbito de abrangência da norma, ou, simplesmente, pela redução do montante tributário a pagar. Refere-se à intitulada economia do imposto ou ao planejamento tributário, como condutas lícitas que se processam, em geral, antes da ocorrência do fato gerador. A evasão fiscal constitui a prática, concomitante ou posterior à incidência da norma tributária, na qual se utilizam formas ilícitas (fraude, sonegação e simulação) para se furtar ao pagamento de tributos. Exsurgem dois critérios burilados na doutrina para se estabelecer a diferenciação dos institutos, quais sejam: a) Critério cronológico ou temporal: enquanto a elisão ocorre sempre antes da realização do fato gerador da norma de incidência tributária, a evasão, por sua vez, dá -se, concomitantemente, com a ocorrência do fato gerador, ou após esta; b) Licitude dos meios utilizados: enquanto na elisão se utilizam meios sempre lícitos, não vedados por lei, na evasão há o emprego de meios ilícitos, como a fraude, a sonegação e a simulação. Daí se falar que tal critério deverá dimensionar a adequação do ato praticado pelo contribuinte com o ordenamento jurídico vigente. INTERPRETAÇÃO ECONÔMICA De acordo com esta interpretação, deve o intérprete considerar, “acima de tudo, os efeitos econômicos dos fatos disciplinados pelas normas em questão38”. Isso porque “na relação jurídica tributária há uma relação econômica subjacente39”, que deve pautar o “significado da norma”. INTERPRETAÇÃO LITERAL O art. 111 do CTN indica os dispositivos que devem ser interpretados de forma literal. “Art. 111. Interpreta -se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I – suspensão ou exclusão do crédito tributário; II – outorga de isenção; III – dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.” INTERPRETAÇÃO BENIGNA Tal interpretação refere-se à dúvida quanto à lei, ao fato, ou ao seu autor, cabendo, dessarte, a interpretação mais favorável. Portanto, na eventualidade de os textos legais não serem claros e incontroversos sobre a interpretação da lei punitiva, o aplicador deve preferir a posição mais favorável ao contribuinte àquela que lhe é mais gravosa. INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA A integração se situa dentro da interpretação. É a segunda fase do processo interpretativo. O intérprete tratará, desde logo, de encontrar o significado do comando; porém, não podendo encontrá-lo de plano, pela existência de lacuna, exercitará, então, as formas previstas de integração. MEIOS INTEGRATIVOS DA LEI a)Analogia: Método analógico da semelhança; b)Princípios Gerais de Direito Tributário: aqueles primados que, explícita ou implicitamente, se irradiam pelo subsistema das normas tributárias, penetrando -as e ativando -as em certa direção”; c)Princípios gerais de Direito Público: “máximas que se alojam na Constituição ou que se despregam das regras do ordenamento positivo, derramando -se por todo ele. Conhecê -los é pressuposto indeclinável para a compreensão de qualquer subdomínio normativo”. d)Equidade: É o ato de humanizar a aplicação da norma, utilizando -se o critério de “justiça ao caso concreto”, por meio do qual se permite ao aplicador pautar -se pelo “senso geral de justiça”.
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