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Material tributário 2016

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1 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Professores: Thiana Cairo 
“Nada é certo nesse mundo exceto a morte e os impostos” 
(Benjamin Franklin, cientista e político americano, 1706-1790) 
 
Fonte: CAIRO, Thiana; LEITE, Harrison. Revisaço Tributário. 2. ed. Salvador: juspodvm:2015. 
http://www.editorajuspodivm.com.br/produtos/dimas-yamada-scardoelli-/revisaco-direito-tributario---
1813-questoes-comentadas-alternativa-por-alternativa-2015---2a-edicao/1665 
 
 
 
 
2 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS 
O Direito Tributário é ramo do direito público, composto por um conjunto de normas e princípios que 
regem a relação jurídica entre as pessoas políticas detentoras da competência tributária - União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios (sujeitos ativos) - e o contribuinte ou responsável (sujeitos passivos), onde 
estes se vinculam àqueles por um liame obrigacional de caráter público, consubstanciado em uma prestação 
pecuniária via expropriação do patrimônio do particular. 
 O peso dos tributos para a sociedade brasileira é sobremaneira elevada
1
. Segundo estudos do Instituto 
Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), no Brasil, ―trabalha-se cinco meses por ano apenas para pagar 
tributos. O cálculo considera os impostos sobre a renda, o patrimônio e o consumo. Em média, há 
comprometimento de 40,98% da renda bruta do trabalhador para os fiscos federal, estadual e municipal‖2. 
 Além disso, a carga tributária brasileira representa, extreme de dúvidas, um gargalo para a atividade 
econômica, onerando o consumo e diminuindo por vezes a competitividade. Em outras palavras, a tributação 
pode ser considerada um direito-custo, pois o empresário necessariamente no processo produtivo e posterior 
oferta de bens e serviços no mercado, acaba internalizando o custo externo proveniente da exação, onerando 
em certos casos o consumidor final. 
 Na Carta Magna verifica-se a ―espinha dorsal‖ do Direito Tributário erigida através do Sistema 
Tributário Nacional. Nesse sentido, à luz do Texto Constitucional, caminho necessário que o exegeta deve 
percorrer na labuta interpretativa, buscar-se-á estudar o Direito Tributário, sem perder de vista, registre-se, a 
legislação infraconstitucional - sobretudo o Código Tributário Nacional - bem como todo o arcabouço 
doutrinário e jurisprudencial. 
 
1.1 PAPEL DO ESTADO 
 
No século XVI, na obra ―O Príncipe‖, de Maquiavel, o Estado passou a ser concebido como uma 
―sociedade política permanente‖, configurando-se de forma indiscutível no nosso ordenamento pátrio como 
um ente personalizado, logo, capaz de adquirir direitos e obrigações na ordem jurídica
3
. 
É cediço que o Estado tem como finalidade precípua, garantir a efetivação dos objetivos da população 
(interesse público/coletivo), buscando-se, sobretudo, a obtenção da qualidade de vida mediante oferta de 
serviços essenciais. Dito de outra forma, o seu grande desígnio é a busca do bem comum. 
Enquanto produto criativo do homem, o Estado tem como fundamento jurídico à Constituição Federal 
que legitima os seus atos e organiza toda sua estrutura administrativa e política. Contudo, embora o Estado 
tenha avocado para si a tarefa de prestar serviços essenciais ao povo, arcando com um ônus extremamente 
custoso, porém necessário, ele não possui, sozinho, condições de suprir toda a demanda da população, sem 
contar, registre-se, que referido ente é extremamente perdulário. Assim, para que possa custear os serviços a 
que se propôs ofertar, o ente público necessita dispor do patrimônio particular para arrecadar os recursos 
financeiros imprescindíveis às suas finalidades, uma vez que sua receita própria (originária) não lhe é 
suficiente. 
 
1 Com recolhimento de 34% do PIB (Produto Interno Bruto) em impostos, o Brasil possui a maior carga tributária do BRIC (Brasil, 
Rússia, Índia, China) e mais da metade das economias do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Canadá, França, Itália, Reino 
Unido e Rússia), segundo conclusão da pesquisa internacional realizada pela UHY, rede internacional de contabilidade e 
consultoria. In: Brasil tem a maior carga tributária do BRIC diz estudo. Disponível: http://economia.uol.com.br/ultimas-
noticias/infomoney/2012/07/04/brasil-tem-a-maior-carga-tributaria-do-bric-diz-estudo.jhtm. Acesso em 03 jan 2013. 
2 In: Aumento da carga tributária: um freio para o crescimento. Disponível: http://www.ibpt.com.br/home/ Acesso em 03 jan 2013. 
3
 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 19. ed. ver, ampl e atual. Rio de Janeiro: lúmen juris, 
2008. p.01. 
3 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
Daí nasce à necessidade da tributação, cuja receita derivada (leia-se, os tributos) é fundamental para 
oferecer uma contrapartida ao cidadão mediante prestação de serviços públicos essenciais. 
Consoante os ensinamentos de Santos Júnior (2010, p. 11)
4
 a tributação legal, no estágio atual do 
Estado Social, serve de anteparo para resolução de problemas gerais: seguridade social, educação, transporte, 
moradia, dentre outros. ―E para que o Estado Social tenha condições de enfrentar e resolver tais finalidades 
precisa do poder de tributar, porque é por meio da arrecadação de tributos que o Estado obtém o maior leque 
de suas receitas‖. 
Enfim, o Poder de Tributar é uma decorrência da relação jurídica travada entre o Estado e o 
particular, não envolvendo, diga-se por oportuno, um exercício potestativo de poder daquele em face deste. 
 
 
1.2 ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 
 
 
 A atividade financeira do Estado - ATF (receita, despesa, orçamento e crédito público) é objeto de 
estudo do Direito Financeiro (estuda fenômenos financeiros positivados). Direito Tributário volta-se a um 
estudo específico de parte da receita, qual seja, a receita pública derivada. Esquematicamente é possível 
visualizar da seguinte forma: 
 
Atividade Financeira
Necessidades Públicas
Receitas Públicas
Originárias Derivada
Tributos
 Atividade Financeira do Estado
 
 
A Receita Pública Originária advém das receitas patrimoniais e empresariais (atividade econômica) 
do Estado, a exemplo de receitas oriundas de uma empresa pública. As receitas derivadas, por sua vez, são 
oriundas dos tributos, custeados, portanto, pelo patrimônio dos particulares. 
 
4
 SANTOS JÚNIOR, Francisco Alves do. Direito tributário do Brasil: aspectos estruturais do sistema tributário brasileiro. 
Olinda-PE: Livro Rápido, 2010. p. 11. 
4 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
 Há que se ressaltar, por oportuno, que o Estado cada vez mais tem se valido das receitas oriundas da 
tributação para custear suas despesas públicas, perdendo importância assim as receitas originárias. 
Corroborando o exposto, já leciona a doutrina que: 
 
Atualmente, com a concepção de Estado mínimo que tem sido globalmente adotada, tornando 
excepcional a exploração de atividade econômica por parte do Estado, perderam importância as 
receitas originárias, tendo como conseqüência a concentração da arrecadação estatal precipuamente 
nas receitas derivadas.5 
 
 Historicamente, é sabido que o liberalismo econômico – Estado Liberal – respaldava-se na ‗Não 
Intervenção do Estado na Economia‘, baseando-se na máxima Lassez faire, lassez passer – deixa fazer, 
deixa acontecer. Com base na doutrina de Adam Smith, considerado o pai da economia, se afirmava que 
existiria uma mão invisível que regularia automaticamente o mercado (jogo da oferta e demanda e seu 
conseqüente equilíbrio automático), somado ao individualismoexarcebado que conduzia ao pensamento da 
época. Nesse sentido, imaginava-se que não haveria a necessidade de um Estado forte e atuante na condução 
dos problemas econômicos, quiçá sociais. 
 Entretanto, o curso da história demonstrou, sobretudo com o advento da Crise de 1929, que tal teoria 
econômica era insustentável, fazendo nascer na época a ideia e necessidade de Intervenção do Estado no 
Domínio Econômico (Teoria Keynesiana/New Deal) e consequente Estado do Bem-estar social (Welfare 
State – Estado/bem-estar). 
 
Hodiernamente, o retorno à ideia de Estado Mínimo (neoliberalismo), conforme dito alhures, faz crescer 
a necessidade do Estado em busca das receitas derivadas - Tributos -colocando em segundo plano as receitas 
originárias. Dessa forma, o tributo ganha importância na medida que constata a ineficiência da economia 
estatizada, servindo como instrumento indispensável para suprir as necessidades estatais. 
 
 
1.3 DA FUNÇÃO SOCIAL DO TRIBUTO 
 
 
A tributação respalda-se primordialmente pela consagração do Princípio da Legalidade. Nas palavras 
de Pontes de Miranda, a legalidade tributária significa ―O povo tributando a si mesmo‖. Orlando Gomes, por 
sua vez, alerta tratar-se de um ―Mutualismo Compulsório‖. 
A população mediante a eleição de seus representantes que, por sua vez, instituem os tributos 
respaldados na Lei, legitima a cobrança das exações, consentindo com a ―invasão‖ ao seu patrimônio. Nesse 
sentido, ensina Hugo de Brito Machado que "Sendo a lei a manifestação legítima da vontade do povo, por 
seus representantes nos parlamentos, entende-se que o ser instituído em lei significa ser o tributo consentido." 
Dessa forma, a função social do tributo, justifica-se pela vontade popular, mediante eleição de seus 
representantes nos parlamentos que, por sua vez, ao instituir a Lei, apenas consagra e afirma a aquiescência 
do povo na cobrança de tributos. 
 
 
1.4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
1.4.1 Origem da Tributação6 
 
5
 ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 3. ed. atual. ampl. RJ: Forense, SP: Método, 2009, p. 33. 
6 Fonte de pesquisa: material de aula do Professor Harrison Leite. 
5 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
 
- ONDE HÁ PODER POLÍTICO; HÁ TRIBUTO 
- Tabletes de barro datados de 4000 a.c. encontrados na Mesopotâmia. Além de entregar parte dos 
alimentos que produziam ao Governo, os sumérios eram obrigados a passar até 5 meses por ano 
trabalhando para o Rei; 
- Babilônia – Código de Hamurabi – explicava atividades relacionadas a coletores de impostos; 
- O povo chinês nos séculos VII e IX A. C. arrecadava imposto que incidia sobre as colheitas; 
- No ano 202 A. C. era cobrado um imposto territorial in natura (comerciantes e os donos de navios, 
estavam sujeitos ao pagamento de taxas em razão do exercício regular de suas atividades); 
- Algumas Passagens Bíblicas: 
LUCAS 19: E, tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. 
E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. E procurava 
ver quem era Jesus, e näo podia, por causa da multidäo, pois era de pequena estatura. E, correndo adiante, 
subiu a um sicómoro brava para o ver; porque havia de passar por ali. E quando Jesus chegou àquele lugar, 
olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E, 
apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para 
ser hóspede de um homem pecador. E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos 
pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E 
disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvaçäo a esta casa, pois também este é filho de Abraäo. Porque o Filho do 
homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. 
Obs. Zaqueu era odiado pelos romanos, pois era coletor de impostos. 
 
 MATEUS 22 
E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e 
ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos 
homens. Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a 
sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? 
Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. 
E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? 
Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. 
E eles, ouvindo isto, maravilharam-se, e, deixando-o, se retiraram. 
 
- Egito – faraós – Os escribas eram os responsáveis por determinar a dívida de cada um; 
- Romanos – instituía contribuições para reparações de guerra; Existiam os Coletores de Impostos 
(publicanos) que carregavam um cesto de junco chamado Fiscos; 
- Idade Média – senhores feudais – os servos eram obrigados a passar parte de cada mês trabalhando em 
suas terras, além de pagar impostos sobre a própria produção (Lenda de Robin Hood); 
- Inglaterra – a concentração de poder real levou a uma Revolta e criação da Magna Carta de 1215. O Rei 
João sem Terra foi obrigado a aceitar limitações a seu Poder, em especial, no seu direito de cobrar 
impostos. 
- Para Reflexão: Atualmente a tributação é o instrumento que tem se valido a economia capitalista para 
sobreviver. O tributo é uma arma contra a estatização da economia. Na economia de mercado o tributo 
ganha importância na medida que constata a ineficiência da economia estatizada. 
 
1.4.2 Tributação no Brasil 
- Marco inicial: 22 de abril de 1500 
- Quinto (quinta parte do produto da madeira; O quinto era uma taxa per capita, em quilos de ouro, que a 
colônia era obrigada a mandar para a metrópole, independente da real produção de ouro) – primeiro tributo. 
6 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
- Sistema de Capitanias Hereditárias (sistema regulado pelas cartas de doação). Após surgiram as 
Províncias do Império (cartas forais – tributos); 
- Evasão era grande. Surgiam tributos extraordinários. Ex: derrama (Derrama foi uma espécie de cobrança 
forçada dos impostos atrasados, criada pelo Marquês de Pombal); 
- Monarquia (ampliacao dos tributos- vinda da familia real) – bitributacao: corte real + províncias; 
- Fase Imperial (Constituicao Imperial de 1824); 
- Período Republicano (cuidaram de modo sistemático-1981 até 1988) 
 
 
2 PROPOSTA DE UMA DEFINIÇÃO 
 
―O Direito tributário é o conjunto de princípios e normas tributárias, ordenado sistematicamente, que 
regula as relações jurídicas entre o Estado e o contribuinte e os procedimentos administrativos delas 
derivados‖. (NASCIMENTO, Carlos Valder). 
 
Direito tributário é o ―ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a 
imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os 
abusos desse poder‖ (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito tributário. SP: Malheiros, 2008, p.49) 
 
 
3 AUTONOMIA DO DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
O direito é uno e indivisível, mas, para fins didáticos, é possível sua divisão em ramos ou disciplinas 
jurídicas, como é o caso do Direito Tributário. Nesse sentido leciona a doutrina: 
 
―O direito é uno, todo interligado, a regrar a vida social. São tolices essas ―autonomias científicas‖ dos 
diversos ramos do Direito. Muitos juristas se comprazem em dizer que o seu Direito é autônomo e importante 
que os demais. Ora, essa divisão do Direito em ramos é, a um só tempo, funcional e didática e nada mais. 
Serve apenas ao pragmatismo, na regulação dos múltiplos aspectos da vida social, instituindo princípiose 
diretivas adequadas aos objetos regulados, e facilita no plano didático o ensino e a compreensão do 
Direito.‖(COELHO, Sacha Calmon. In: Curso de Direito Tributário Brasileiro. RJ: Forense, 2005, p. 33). 
 
Dessa forma, buscando maior clareza didática, é possível afirmar que o direito tributário, enquanto 
ramo do direito público, goza de autonomia na seara jurídica, cuja disciplina possui status constitucional (art 
24 e Título VI da CF) e infraconstitucional (Lei 5.172/66- CTN). 
 
4. CONCEITO DE TRIBUTO – ART. 3° CTN 
 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que 
não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada. 
 
a) Prestação pecuniária compulsória – pressupõe um comportamento obrigatório de prestação em 
dinheiro. Ou seja, efetivado o fato previsto na norma, a prestação será obrigatória e se impõe de per si. 
Cabe observar, que a compulsoriedade caracteriza-se pela ausência do elemento vontade no suporte 
fático da incidência da norma de tributação e é uma decorrência do Princípio da Legalidade. 
7 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
 
b) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir – a expressão moeda revela-se nesse conceito como 
prescindível e redundante, já que a expressão pecuniária já havia sido utilizada. Na expressão ―Ou cujo 
valor nela se possa exprimir‖, o legislador ampliou de forma exagerada o âmbito das prestações 
pecuniárias. Assim, admitiu que tal prestação pudesse ser satisfeita em bens. Nosso direito desconhece os 
tributos in natura (bens) e in labore (trabalho). Ademais, com o advento da LC 104/2001 foi inserido o 
inciso XI ao art. 156 do CTN que faz referência à dação em pagamento em bens imóveis. 
 
c) Que não constitua sanção de ato ilícito – tributo não é penalidade. Logo, não deve ser utilizado como 
sanção para o contribuinte. Portanto, o tributo se distingue da penalidade exatamente porque esta tem 
como hipótese de incidência um ato ilícito, enquanto a hipótese de incidência do tributo é sempre algo 
lícito. 
 
d) Instituída em lei - A obrigação tributária só pode resultar da lei, em abono ao Princípio da Estrita 
Legalidade. Em regra, a lei ordinária é instituidora de tributo. Excepcionalmente será instituído por Lei 
Complementar: Imposto sobre grandes fortunas; impostos residuais da União, contribuições 
previdenciárias residuais e empréstimos compulsórios. A Lei n. 5.172, de 1966 - CTN, funciona como lei 
de normas gerais de direito tributário, nos termos do art. 146, inciso III da Constituição Federal e do art. 
34, §5o. do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Vale mencionar, por oportuno, que a 
Constituição não cria ou institui impostos (e tributos de uma forma geral). A Carta Magna tão somente 
autoriza a veiculação de impostos (e tributos) por intermédio do instrumento jurídico competente: a lei 
(ordinária ou complementar). 
 
e) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada- O Estado é obrigado a cobrar o 
tributo sempre que ocorra o fato jurídico tributário e dentro dos limites e condições estabelecidas em lei. 
Tal formalização ocorrerá através do instituto do lançamento tributário (art. 142 do CTN)
7
. 
 
 
5. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR (PRINCÍPIOS E 
IMUNIDADES) 
PRINCÍPIO - CONCEITO 
Celso Antonio Bandeira de Mello expõe que: 
Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição 
fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhe o espírito e servindo de critério para sua 
exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no 
que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção 
das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo. (...). grifamos. 
A) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 
 
7 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o 
procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria 
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade 
cabível. 
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. 
8 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
Os princípios em sua acepção comum significam o começo de algo, o início. Juridicamente, são 
considerados as bases, o alicerce para fins de hermenêutica jurídica. 
(...) os princípios aparecem como linhas diretivas que iluminam a compreensão de setores normativos, 
imprimindo-lhes caráter de unidade relativa e servindo de fator de agregação num dado feixe de normas. 
Exercem eles uma reação centrípeta, atraindo em torno de si regras jurídicas que caem sob seu raio de 
influência e manifestam a força de sua presença (...) (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito 
Tributário. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p.144). 
 
Art. 150 CF - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida 
qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da 
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou 
aumentado; 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, 
observado o disposto na alínea b; 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; 
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou 
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; 
(...). 
 
1. Princípio da legalidade (art. 150, I CF c/c art. 97 CTN) 
Preceitua que não é possível exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. A CF não cria 
tributos, mas dá poderes para que os entes políticos o façam. 
- Regra: Tributo é instituído por Lei ordinária. 
- EXCEÇÃO - Lei Complementar: IGF (imposto sobre grandes fortunas); IRU (impostos residuais da 
União); EC (empréstimo compulsório); CP RESIDUAIS (contribuição previdenciária residual). 
1.1 EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – DECRETO PRESIDENCIAL PODE 
MAJORAR OU REDUZIR – FUNÇÃO REGULATÓRIA: 
II; IE; IPI; IOF 
EC 33/2001 : CIDE-COMBISTÍVEL E ICMS SOBRE COMBUSTÍVEL. 
PRINCIPIO DA LEGALIDADE = ESTRITA LEGALIDADE (AL; BC; SP; MULTA; FG). OBS. 
PRAZO DE PAGAMENTO NÃO. SUMULA 547 STF. 
2. Princípio da Isonomia Tributária ou Igualdade (art. 150, II CF) 
Consiste em tratar os iguais de modo igual (isonomia horizontal), e os desiguais de modo desigual (isonomia 
vertical), de modo que, na existência de desigualdade não suportada pela Constituição, deve-se buscar a 
igualdade pelo caminho do tratamento desigual. 
9 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
Subprincípios: 
2.1) Princípio da Interpretação Objetiva do ―Fato Gerador‖ (art. 118 c/c 126 CTN) – cláusula non olet 
(tributo não tem cheiro)2.2) Princípio da Capacidade Contributiva ( art. 145, §1° da CF): O final do § 1° do art. 145 da CF faculta à 
administração tributária "identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os 
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte". 
3. Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, ―a‖, CF c/c art. 144 CTN) 
Proíbe a retroatividade de lei nova alcançar fatos ocorridos antes da sua vigência. Exceção: retroatividade das 
leis expressamente interpretativas e as que versem sobre infrações e sejam mais benéficas para os infratores. 
4. Princípio da Anterioridade (art. 150, III, ―b‖, CF) 
A instituição ou a majoração de tributo não pode ser cobrada no mesmo exercício em que a lei foi publicada, 
sendo observado o intervalo mínimo de 90 dias entre a lei que cria ou aumenta o tributo e o tempo da sua 
cobrança. 
4.1 Exceções ao Princípio da Anterioridade Anual e Nonagesimal 
ANUAL: II, IE, IPI; IOF; IEG; ECCP OU GUE (PARA GUERRA EXTERNA) + CIDE-COMB E 
ICMS- COMB; Contribuições para Seguridade Social 
NONAGESIMAL (ANTERIORIDADE QUALIFICADA OU PRIVILEGIADA OU NOVENTENA 
OU EFICÁCIA MITIGADA OU ESPECIAL ETC.) – EC 42/2003 = LEI + 90 DIAS = $. 
EXCEÇÕES: II, IE, IR, IOF, IEG, ECCP OU GUE; ALTERACAO NA BC DO IPTU E IPVA (ART. 
150, §1°CF) 
5. Princípio da Proibição ao Confisco ou da Não-confiscatoriedade (art. 150, IV CF) 
"A jurisprudência do STF entende cabível, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de a Corte 
examinar se determinado tributo ofende, ou não, o princípio constitucional da não confiscatoriedade, 
consagrado no art. 150, IV, da Constituição. Precedente: ADI 2.010-MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello. A 
proibição constitucional do confisco em matéria tributária nada mais representa senão a interdição, pela Carta 
Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta 
apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, 
comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência 
digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais 
(educação, saúde e habitação, por exemplo). A identificação do efeito confiscatório deve ser feita em função 
da totalidade da carga tributária, mediante verificação da capacidade de que dispõe o contribuinte - 
considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) - para suportar e sofrer a incidência de todos os 
tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período, à mesma pessoa política que os houver 
instituído (a União Federal, no caso), condicionando-se, ainda, a aferição do grau de insuportabilidade 
econômico-financeira, à observância, pelo legislador, de padrões de razoabilidade destinados a neutralizar 
excessos de ordem fiscal eventualmente praticados pelo Poder Público. Resulta configurado o caráter 
confiscatório de determinado tributo, sempre que o efeito cumulativo - resultante das múltiplas incidências 
tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal - afetar, substancialmente, de maneira irrazoável, o 
10 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
patrimônio e/ou os rendimentos do contribuinte. - O Poder Público, especialmente em sede de tributação (as 
contribuições de seguridade social revestem-se de caráter tributário), não pode agir imoderadamente, pois a 
atividade estatal acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade.‖ (ADC 8-MC, Rel. 
Min. Celso de Mello, julgamento em 13-10-1999, Plenário, DJ de 4-4-2003.) No mesmo sentido: ADI 2.551-
MC-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 2-4-2003, Plenário, DJ de 20-4-2006. 
 
 
6. Princípio da não-limitação ao tráfego de pessoas e bens (art. 150, V) 
Proíbe-se "estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou 
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público". 
7. Princípio da Uniformidade Geográfica ou Uniformidade Tributária (art. 151, I, CF c/c art. 19, III, in 
fine, da CF) 
A CF veda a União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique 
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, exceto se a diferenciação 
for para diminuir as diferenças socioeconômicas no país. 
8. Princípio da Não-Cumulatividade (art. 155, §2°, I da CF; art. 153, §3°, II, art. 154, I da CF 
 
Busca-se evitar a tributação ―em cascata‖, ou seja, evita o Fisco de cobrar o tributo na totalidade sobre o 
valor apurado em cada etapa da cadeia, visto que o imposto deve recair apenas sobre a parcela do preço do 
bem que foi agregado em cada etapa. 
 
9. Princípio da vedação às isenções heterônomas (art. 151, III da CF). É proibido conceder isenção 
aquele que não tem o poder de tributação. Logo, se o ICMS é um tributo estadual, apenas o Estado pode 
conceder isenção, ficando vedado tal poder à União, ou seja, fica vedada a isenção heterônoma ou 
heterotópica, novidade esta trazida pela CF/88. 
 
10. Princípio da não-discriminação baseada em procedência ou destino (art 152 CF). Por este princípio, 
ficam os Estados, Distrito Federal e Municípios vedados de estabelecer diferenças tributárias entre bens e 
serviços de qualquer natureza em razão de sua procedência ou destino. 
 
11. Princípio da Transparência Tributária (§5º do artigo 150 da Constituição Federal): ―A lei determinará 
medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e 
serviços‖. Referido dispositivo foi regulamentado pela Lei n. 12.741/2012. 
 
12. Princípio da seletividade e da progressividade: A seletividade consiste num critério de variação de 
alíquotas em função da essencialidade dos produtos, aplicada a impostos sobre o consumo. A CF determina 
que "o IPI será seletivo" ao passo que "o ICMS poderá ser seletivo". 
13. Princípio da não afetação dos impostos 
Está disciplinado no art. 167, inciso IV da Carta Magna, a saber: 
 Art. 167 - São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, 
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a 
11 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do 
ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos 
arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, 
previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo. 
Exceções ao Princípio: 
Repartição constitucional dos impostos (art. 167, IV, da CF/88) 
Destinação de recursos para a saúde (art. 167, IV, da CF/88) 
Destinação de recursos para o desenvolvimento do ensino (art. 167, IV, da CF/88) 
Destinação de recursos para a atividade de administração tributária (art. 167, IV, da CF/88) 
Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita (art. 167, IV, da CF/88) 
Garantia, contragarantia à União e pagamento de débitos para com esta (art 167, § 4º, da CF/88) 
 
 
 
B) IMUNIDADES (art. 150, VI) 
A imunidade é uma limitação Constitucional ao Poder de Tributar que corresponde a uma hipótese de 
incompetência das pessoas políticas para instituir tributos, ou seja, é norma constitucional que afasta a 
tributação. 
Paulo de Barros Carvalho (2005, p. 185) define a imunidade como: ―... classe finita e imediatamente 
determinável de normas jurídicas, contidas no texto da Constituição Federal, e que estabelecem, de modo 
expresso,a incompetência das pessoas políticas de direito constitucional interno para expedir regras 
instituidoras de tributos que alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas.‖ 
Mizabel Derzi, por sua vez, defende que as imunidades são regras delimitadoras da competência 
impositiva dos entes tributantes, de índole excepcional. 
Destarte, Hugo de Brito Machado assim expõe: "A imunidade é o obstáculo decorrente de regra da 
Constituição à incidência de regra jurídica de tributação. O que é imune não pode ser tributado. A imunidade 
impede que a lei defina como hipótese tributária aquilo que é imune. É limitação da competência.‖8 
Frise-se que, o art. 150, VI CF trata da regra imunitória tão-somente para os impostos. Assim se 
encontra na literalidade do art. 150,VI CF: “instituir impostos sobre...”. Todavia, a imunidade tributária 
também é aplicável às taxas e às contribuições de melhoria, tudo em conformidade com os artigos 5º, 
XXXIV, e 195,§ 7º, da CF, além de outras disposições a citar: Arts. 149, §2º; 230, §2º, 201, todos da 
Constituição. 
 
8 MACHADO, Hugo de Brito: Curso de Direito Tributário.11ª edição. Editora Malheiros, São Paulo, 1996. p. 152 ) 
 
12 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
Outrossim, o professor Eduardo de Moraes Sabbag (in: Direito Tributário, 4ª edição, SP: Siciliano 
Jurídico, 2004, p. 45/46) ao discorrer sobre a imunidade prevista no art. 150, VI da CF comenta: 
 
O art. em comento traz à baila regra imunizante adstrita tão-somente aos impostos. A proibição, 
pois, refere-se à espécie ‗impostos‘, e não a taxas ou a contribuições. Tal intributabilidade encontra 
respaldo no fato de que o imposto enseja um poder de sujeição de quem tributa sobre quem é 
tributado, não sendo possível imaginar tal superveniência no sistema federativo nacional entre os 
Entes Federados. Tal é a razão para entender possível a cobrança de taxas de um templo, ou mesmo a 
cobrança de uma contribuição de melhoria de um partido político. Reprise-se que a regra 
imunitória é para ‗impostos‘. (grifei) 
 
 Contudo, apesar da hipótese do art. 150, VI CF tratar apenas da espécie ‗imposto‘, a imunidade, 
conforme dito, se estende às taxas e contribuições de melhoria.Vejamos. 
Diversos são os doutrinadores que entendem que a imunidade se aplica também às contribuições de 
melhoria. 
A imunidade está em sede constitucional e em nenhum momento a Constituição limitou a 
competência dos entes na cobrança da contribuição de melhoria. Pelo contrário, a CF/88 ao seu art. 145, III, 
foi lacônica ao dizer apenas que ―A União, aos Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir 
os seguintes tributos: III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas‖. 
Em legislações estrangeiras, o instituto da imunidade pode albergar também a contribuição de 
melhoria ou, no futuro, a mesma pode vir a ser contemplada. Não é o que ocorre na sistemática atual. Como a 
Constituição foi silente quanto à contribuição de melhoria, dizemos que não há limite constitucional para a 
sua instituição. É o que se pode extrair das palavras de quem bem entende de Direito Constitucional 
Tributário, Roque Antonio Carrazza: 
Podemos, portanto, dizer que, embora, de regra, as imunidades tributárias (genéricas e específicas) 
girem em torno de impostos, há no Brasil algumas situações de imunidade a taxas, nada impedindo 
que, amanhã, venham constitucionalmente criadas também situações de imunidade à contribuição de 
melhoria. (grifos do autor) (CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional 
Tributário. Malheiros: São Paulo, 2004. p. 642. 
 Do exposto, resta claro que a imunidade também se estende às taxas e às contribuições de melhoria, 
não ficando adstrita tão-somente aos impostos. 
b.1) Imunidade versus isenção 
 A imunidade, conforme dito alhures corresponde a uma limitação Constitucional ao Poder de Tributar 
que se reveste como norma constitucional que afasta a tributação. Ou seja, é norma jurídica de incompetência 
para a instituição de tributos. 
A isenção é uma forma de exclusão do crédito tributário a partir de dispensa legal, que impossibilita a 
constituição do mesmo. 
13 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
Segundo Paulo de Barros Carvalho (2005, p.488-489)
9
 as isenções estão contidas em regras de 
estrutura que geram modificações na regra-matriz de incidência tributária, esta compreendida no âmbito das 
normas de conduta. 
E complementa o aludido autor: 
(...) O preceito de imunidade exerce a função de colaborar, de uma forma especial, no desenho das 
competências impositivas. São normas constitucionais. Não cuidam da problemática da incidência, atuando 
em instante que antecede, na lógica do sistema, ao momento da percussão tributária. Já a isenção se dá no 
plano da legislação ordinária. Sua dinâmica pressupõe um encontro normativo, em que ela, regra de isenção, 
opera como expediente redutor do campo de abrangência dos critérios da hipótese ou da conseqüência da 
regra-matriz do tributo (...).10 
 
Alfredo Augusto Becker entende que a regra de isenção incide para que a de tributação não possa 
incidir. José Souto Maior Borges, por sua vez, dispõe que as isenções seriam hipóteses de não-incidência 
legalmente qualificadas. Outra vertente, a exemplo de Alberto Xavier e João Augusto Filho, enxerga o 
instituto como um fato impeditivo que elide a eficácia da norma do tributo.
11
 
Obs. Vide arts. 184, §5°; art. 195, §7° CF. (STF – ADIN 2.028 e 2.036). 
 
b.2 Imunidades do art. 150, VI, da CF 
O art. 150, VI, da CF veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos 
sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou 
serviços dos partidos políticos inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das 
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, 
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. 
a. Imunidade recíproca (CF, art. 150, VI, a e §§ 2º e 3º)
12
 
 
9 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. 
10 Ibidem, p. 188. 
11 (CARVALHO, ibidem, p.484-485) 
12 Informativo 613STF: Imunidade tributária recíproca: sociedade de economia mista e serviços de saúde – 4. Em conclusão, o 
Plenário, por maioria, proveu recurso extraordinário para assentar a incidência da imunidade recíproca (CF, art. 150, VI, a) de 
impostos estaduais à sociedade de economia mista recorrente, a qual atua na área de prestação de serviços de saúde — v. 
Informativo 597. Inicialmente, ao salientar o que disposto no art. 197 da CF, consignou-se que o serviço público em questão estaria 
franqueado à iniciativa privada sob a forma de assistência à saúde, não constituindo atividade econômica. Portanto, a iniciativa 
privada seria convocada para subsidiar o Poder Público, para se emparceirar com ele, na prestação de serviço público que, ao 
mesmo tempo, seria direito fundamental e, pela ótica do art. 196 da CF, direito de todos e dever do Estado. Realçou-se a 
heterodoxia do caso, porquanto, desde a década de 70, o Estado, por desapropriação, seria detentor do controle dessa ―empresa‖, 
assenhoreando-se da atividade, prestando-a ininterruptamente, e controlando 99,99% das ações. Enfatizou-se que o hospital 
recorrente atenderia exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde - SUS e que suas receitas seriam provenientes de repasses 
públicos federais e municipais. Considerou-se, ademais, que o serviço de saúde por ele prestado teria caráter de serviço público,não configurando um negócio privado. Reiterou-se que a União teria expropriado praticamente a totalidade do capital social e, com 
isso, incorporado de fato o hospital ao seu patrimônio jurídico, conservando, por motivos desconhecidos, 0,01% do capital social 
14 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
- obs. STF. Interpretação da expressão ―patrimônio, renda ou serviços‖ 
O STF possui interpretação ampliativa sobre a expressão "patrimônio, renda e serviços". Referido Tribunal 
entende a expressão aludida contempla todos os impostos que, direta ou indiretamente, incidem sobre 
patrimônio. É o caso do IPI e ICMS. Confira: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. 
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. C.F., art. 150, VI, c. I. - Não 
há invocar, para o fim de ser restringida a aplicação da imunidade, critérios de classificação dos impostos 
adotados por normas infraconstitucionais, mesmo porque não é adequado distinguir entre bens e patrimônio, 
dado que este se constitui do conjunto daqueles. O que cumpre perquirir, portanto, é se o bem adquirido, no 
mercado interno ou externo, integra o patrimônio da entidade abrangida pela imunidade. II. - Precedentes do 
STF. III. - Agravo não provido. (RE 225778 AgR, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, 
julgado em 16/09/2003, DJ 10-10-2003 PP-00038 EMENT VOL-02127-02 PP-00251 RTJ VOL-00191-03 
PP-01031) 
- Autarquias e Fundações Públicas – art. 150, § 2º CRFB. Exoneração condicionada. 
- RE 407.099/RS 
b. Imunidade relativa a templos (CF, art. 150. VI, b) 
- Finalidade Essencial. Vide RE 87.890 
c. Imunidades dos partidos políticos, empresas sindicais dos trabalhadores e instituições educacionais e 
assistenciais (CF, art. 150, VI, c, e § 4º) 
- Súmulas 730 e 724 STF 
- Obs. Atenção para os requisitos do art. 14 CTN 
d. Imunidade de livros, periódicos e papel destinado à sua impressão (CF, art. 150, VI, d) 
- RE 183.403-SP 
- Súmula 657 STF 
 
em nome de conselheiros antigos. Dessa forma, teria mantido a aparência de uma sociedade anônima que se submeteria, de regra, 
ao regime jurídico de empresa privada. Afirmou-se que isso, entretanto, não seria suficiente, pois se trataria, na verdade, de uma 
entidade pública por ser pública praticamente a totalidade do capital social, pública sua finalidade e pública, no sentido de 
potencialidade de exercício de poder, a direção do hospital, haja vista que a União poderia decidir o que quisesse, porque 0,01% 
não significaria nada em termos de votação. Por fim, registrou-se que o pronunciamento da questão posta em sede de repercussão 
geral somente aproveitará hipóteses idênticas, em que o ente público seja controlador majoritário do capital da sociedade de 
economia mista e que a atividade desta corresponda à própria atuação do Estado na prestação de serviços à população. Vencidos os 
Ministros Joaquim Barbosa, relator, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio que desproviam o recurso. RE 
580264/RS, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Ayres Britto, 16.12.2010. (RE-580264) 
 
15 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
e) Imunidade sobre os fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras 
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros 
bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de reprodução 
industrial de mídias ópticas de leitura a laser. Referida imunidade musical (de caráter objetivo) foi veiculada 
através da Emenda Constitucional n. 75 de 15 de outubro de 2013 acrescentando, portanto, a alínea ―e‖ ao 
art. 150, VI da CF. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Revisaço Tributário. SSA: juspodvm, 2015. 
 
JURISPRUDÊNCIAS E SÚMULAS SELECIONADAS
13
 
 
13
 FONTE: A CONTITUIÇÃO E O SUPREMO. 
 Disponível: http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp) 
 
TEXTO CONSTITUCIONAL 
 
 
EXPLICAÇÕES / EXEMPLOS 
 
Fonogramas e videofonogramas musicais 
produzidos no Brasil contendo obras 
musicais ou literomusicais de autores 
brasileiros 
 
 
isto é, álbuns, videoclipes, espetáculos 
literomusicais contendo composições 
musicais de autores brasileiros 
 
e/ou 
 
 
Fonogramas e videofonogramas musicais 
produzidos no Brasil contendo obras em 
geral interpretadas por artistas brasileiros 
 
ou seja, músicas e vídeos musicais nos quais o 
intérprete seja brasileiro (aqui não é 
necessário que o autor seja brasileiro, só o 
intérprete) 
 
 
bem como 
 
 
os suportes materiais ou arquivos digitais 
que os contenham 
 
tais como CDs, DVDs, blurays e os próprios 
downloads de músicas e ringtones 
comercializados pela internet 
 
 
salvo (exceção) 
 
 
na etapa de replicação industrial de mídias 
ópticas de leitura a laser 
 
não há a imunidade em relação aos impostos 
devidos pela indústria de CDs, DVDs, blurays 
e outras mídias ópticas de leitura a laser que 
vierem a surgir com a evolução tecnológica 
 
16 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
- PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA 
―É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de 
bens imóveis - ITBI com base no valor venal do imóvel.‖ (SÚM. 656). 
 
- IPTU – PROGRESSIVIDADE – OBS. O STF ANTES DA EC 29/2000 AFIRMAVA QUE O IPTU 
PROGRESSIVO ERA INCONSTITUCIONAL 
―No sistema tributário nacional é o IPTU inequivocamente um imposto real. Sob o império da atual 
Constituição, não é admitida a progressividade fiscal do IPTU, quer com base exclusivamente no seu artigo 
145, § 1º, porque esse imposto tem caráter real que é incompatível com a progressividade decorrente da 
capacidade econômica do contribuinte, quer com arrimo na conjugação desse dispositivo constitucional 
(genérico) com o artigo 156, § 1º (específico). A interpretação sistemática da Constituição conduz 
inequivocamente à conclusão de que o IPTU com finalidade extrafiscal a que alude o inciso II do § 4º do 
artigo 182 é a explicitação especificada, inclusive com limitação temporal, do IPTU com finalidade 
extrafiscal aludido no artigo 156, I, § 1º. Portanto, é inconstitucional qualquer progressividade, em se 
tratando de IPTU, que não atenda exclusivamente ao disposto no artigo 156, § 1º, aplicado com as 
limitações expressamente constantes dos §§ 2º e 4º do artigo 182, ambos da Constituição Federal.‖ (RE 
153.771, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 20-11-96, DJ de 5-9-97) grifamos. 
 
"É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional nº 29/2000, 
alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da 
propriedade urbana." (SÚM. 668)―. 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
―Inconstitucionalidade. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de 
aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Ofensa a direito adquirido no 
ato de aposentadoria. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. 
Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Emenda Constitucional n. 41/2003 (art. 4º, caput). 
Regra não retroativa. Incidência sobre fatos geradores ocorridos depois do início de sua vigência. 
Precedentes da Corte. Inteligência dos arts. 5º, XXXVI, 146, III, 149, 150, I eIII, 194, 195, caput, II e § 6º, 
da CF, e art. 4º, caput, da EC n. 41/2003. No ordenamento jurídico 
vigente, não há norma, expressa nem sistemática, que atribua à condição jurídico-subjetiva da aposentadoria 
de servidor público o efeito de lhe gerar direito subjetivo como poder de subtrair ad aeternum a percepção 
dos respectivos proventos e pensões à incidência de lei tributária que, anterior ou ulterior, os submeta à 
incidência de contribuição previdencial.‖ (ADI 3.105, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 18-8-04, DJ de 
18-2-05). 
 
PRINCÍPIO DA ISONOMIA 
"A lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, 
notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o disposto no artigo 150, inciso II, da 
 
 
17 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
Constituição do Brasil. O texto constitucional consagra o princípio da igualdade de tratamento aos 
contribuintes. Precedentes. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do artigo 
271 da Lei Orgânica e Estatuto do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte — Lei 
Complementar n. 141/96." (ADI 3.260, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-3-07, DJ de 29-6- 07) 
 
"Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento 
desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do 
regime do simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do 
Estado." (ADI 1.643, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 5-12-02, DJ de 14-3-03) 
 
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE 
―O princípio da irretroatividade da lei tributária deve ser visto e interpretado, desse modo, como garantia 
constitucional instituída em favor dos sujeitos passivos da atividade estatal no campo da tributação. Trata-se, 
na realidade, à semelhança dos demais postulados inscritos no art. 150 da Carta Política, de princípio que — 
por traduzir limitação ao poder de tributar — é tão-somente oponível pelo contribuinte à ação do Estado." 
(ADI 712-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 7-10-92, DJ de 19-2-93) 
 
MULTA – PRINCÍPIO DO NÃO-CONFISCO 
 
―A multa moratória de 20% (vinte por cento) do valor do imposto devido, não se mostra abusiva ou 
desarrazoada, inexistindo ofensa aos princípios da capacidade contributiva e da vedação ao confisco.‖ (RE 
239.964, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 15-4-03, DJ de 9-5-03) 
 
"É cabível, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal examinar 
se determinado tributo ofende, ou não, o princípio constitucional da não-confiscatoriedade consagrado no art. 
150, IV, da Constituição da República. Hipótese que versa o exame de diploma legislativo (Lei 8.846/94, art. 
3º e seu parágrafo único) que instituiu multa fiscal de 300% (trezentos por cento). A proibição constitucional 
do confisco em matéria tributária — ainda que se trate de multa fiscal resultante do inadimplemento, 
pelo contribuinte, de suas obrigações tributárias — nada mais representa senão a interdição, pela Carta 
Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta 
apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, 
comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência 
digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais 
básicas. O Poder Público, especialmente em sede de tributação (mesmo tratando-se da definição do quantum 
pertinente ao valor das multas fiscais), não pode agir imoderadamente, pois a atividade governamental acha-
se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade que se qualifica como verdadeiro parâmetro 
de aferição da constitucionalidade material dos atos estatais." (ADI 1.075-MC, Rel. Min. Celso de Mello, 
julgamento em 17-6-98, DJ de 24-11-06) 
 
IMUNIDADE VERSUS ISENÇÃO 
"A criação de imunidade tributária é matéria típica do texto constitucional enquanto a de isenção é versada na 
lei ordinária; não há, pois, invasão da área reservada à emenda constitucional quando a lei ordinária cria 
18 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
isenção. O Poder Público tem legitimidade para isentar contribuições por ele instituídas, nos limites das suas 
atribuições (artigo 149 da Constituição)." (ADI 2.006-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 1-7-
99, DJ de 24-9-99) 
 
EMENTA Imunidade. Entidade de assistência social. Artigo 150, VI, c, CF. Imóvel vago. Finalidades essenciais. 
Presunção. Ônus da prova. 1. A regra de imunidade compreende o reverso da atribuição de competência tributária. Isso 
porque a norma imunitória se traduz em um decote na regra de competência, determinando a não incidência da regra 
matriz nas áreas protegidas pelo beneplácito concedido pelo constituinte. 2. Se, por um lado, a imunidade é uma regra 
de supressão da norma de competência, a isenção traduz uma supressão tão somente de um dos critérios da regra 
matriz. 3. No caso da imunidade das entidades beneficentes de assistência social, a Corte tem conferido interpretação 
extensiva à respectiva norma, ao passo que tem interpretado restritivamente as normas de isenção. 4. Adquirido o status 
de imune, as presunções sobre o enquadramento originalmente conferido devem militar a favor do contribuinte, de 
modo que o afastamento da imunidade só pode ocorrer mediante a constituição de prova em contrário produzida pela 
administração tributária. O oposto ocorre com a isenção que constitui mero benefício fiscal por opção do legislador 
ordinário, o que faz com que a presunção milite em favor da Fazenda Pública. 5. A constatação de que um imóvel está 
vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para destituir a garantia constitucional da imunidade. A sua não 
utilização temporária deflagra uma neutralidade que não atenta contra os requisitos que autorizam o gozo e a fruição da 
imunidade. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.(RE 385091, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, 
Primeira Turma, julgado em 06/08/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-207 DIVULG 17-10-2013 PUBLIC 18-10-
2013) 
 
 
IMUNIDADE RECÍPROCA 
"A imunidade tributária recíproca — CF, art. 150, VI, a — somente é aplicável a impostos, não alcançando 
as taxas." (RE 364.202, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 3-10-04, DJ de 28-10- 04) 
 
"A imunidade tributária diz respeito aos impostos, não alcançando as contribuições." (RE 378.144- AgR, Rel. 
Min. Eros Grau, julgamento em 30-11-04, DJ de 22-4-05) ―IPTU. Imunidade tributária recíproca dos entes 
políticos. Extensão às Autarquias. (...) A imunidade tributária recíproca dos entes políticos, prevista na alínea 
a do inciso VI do art. 150 da Magna Carta, "é extensiva às autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda 
e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes". Precedentes: AI 495.774-
AgR, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, e os RE's 212.370-AgR, Relator o Ministro Sepúlveda 
Pertence; e 220.201, Relator o Ministro Moreira Alves.‖ (AI 469.768-AgR, Rel. Min. Carlos Britto, 
julgamento em 20-6-06, DJ de 29-9-06). 
 
"Tributário. Imunidade recíproca. (...) Extensão. Empresa pública prestadora de serviço público. Precedentes 
da Suprema Corte. Já assentou a Suprema Corte que a norma do art. 150, VI, a, da Constituição Federal 
alcança as empresas públicas prestadorasde serviço público, como é o caso da autora, que não se confunde 
com as empresas públicas que exercem atividade econômica em sentido estrito. Com isso, impõe-se o 
reconhecimento da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a da Constituição Federal." (ACO 959, Rel. 
Min. Menezes Direito, julgamento em 17-3-08, DJE de 16- 5-08) 
 
 
19 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
―A INFRAERO, que é empresa pública, executa como atividade fim, em regime de monopólio, serviços de 
infra-estrutura aeroportuária constitucionalmente outorgados à União Federal, qualificando-se, em razão de 
sua específica destinação institucional, como entidade delegatária dos serviços públicos a que se refere o art. 
21, inciso XII, alínea ‗c‘, da Lei Fundamental, o que exclui essa empresa governamental, em matéria de 
impostos, por efeito da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, ‗a‘), do poder de tributar dos entes 
políticos em geral. Conseqüente inexigibilidade, por parte do município tributante, do ISS referente às 
atividades executadas pela INFRAERO na prestação dos serviços públicos de infra-estrutura aeroportuária e 
daquelas necessárias à realização dessa atividade-fim. O alto significado político-jurídico da imunidade 
tributária recíproca, que representa verdadeira garantia institucional de preservação do sistema federativo. 
Doutrina. Precedentes do STF. Inaplicabilidade, à INFRAERO, da regra inscrita no art. 150, § 3º, da 
Constituição. - A submissão ao regime jurídico das empresas do setor privado, inclusive quanto aos direitos e 
obrigações tributárias, somente se justifica, como consectário natural do postulado da livre concorrência (CF, 
art. 170, IV), se e quando as empresas governamentais explorarem atividade econômica em sentido estrito, 
não se aplicando, por isso mesmo, a disciplina prevista no art. 173, §1º, da Constituição, às empresas 
públicas (Caso da INFRAERO), às sociedades de economia mista e às suas subsidiárias que se qualifiquem 
como delegatárias de serviços públicos.‖ (RE 363.412-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 7-8-
07, DJE de 19-9-08) 
 
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) 
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quinta-feira (28) o 
julgamento do Recurso Extraordinário (RE 601392) que discutia a imunidade da Empresa Brasileira de 
Correios e Telégrafos (ECT) em relação ao recolhimento do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza 
(ISS) nas atividades exercidas pela empresa que não tenham características de serviços postais. Após 
reformulação do voto do ministro Ricardo Lewandowski, somaram-se seis votos favoráveis para reconhecer 
que a imunidade tributária recíproca – nos termos do artigo 150, VI, ―a‖, da Constituição Federal (que veda a 
cobrança de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços entre os entes federados) – alcança todas as 
atividades exercidas pelos Correios. O tema teve repercussão geral reconhecida. Fonte: Notícias STF, 
01.03.2013 
 
EMENTA TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E 
TELÉGRAFOS. EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS. ICMS. INCIDÊNCIA. 
TRANSPORTE DE BENS E MERCADORIAS SOB O REGIME DE CONCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE 
REPERCUSSÃO GERAL. (RE 627051 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 26/05/2011, DJe-115 
DIVULG 15-06-2011 PUBLIC 16-06-2011 EMENT VOL-02545-01 PP-00117 ) 
―Imunidade — Instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos — Imóveis — Escritório e 
residência de membros. O fato de os imóveis estarem sendo utilizados como escritório e residência de 
membros da entidade não afasta a imunidade prevista no artigo 150, inciso VI, alínea c, § 4º da Constituição 
Federal.‖ (RE 221.395, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 8-2-00, DJ de 12- 5-00) 
 
―Recurso extraordinário. Constitucional. Imunidade Tributária. IPTU. Artigo 150, VI, b, CF/88. Cemitério. 
Extensão de entidade de cunho religioso. Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho 
religioso estão abrangidos pela garantia contemplada no artigo 150 da Constituição do Brasil. 
Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles. A imunidade aos tributos de que gozam os templos 
de qualquer culto é projetada a partir da interpretação da totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo 
20 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
do disposto nos artigos 5º, VI, 19, I e 150, VI, ―b‖. As áreas da incidência e da imunidade tributária são 
antípodas.‖ (RE 578.562, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-5-08, DJE de 12-9-08) 
 
Imunidade. IPTU. Presunção. Imóvel. Fins Institucionais 
A imunidade do IPTU deferida às autarquias goza da presunção de que os imóveis se destinam aos seus fins 
institucionais. Nesse sentido já se manifestou o STF: ―(...) Adquirido o status de imune, as presunções sobre o 
enquadramento originalmente conferido devem militar a favor do contribuinte, de modo que o afastamento da 
imunidade só pode ocorrer mediante a constituição de prova em contrário produzida pela administração tributária‖. 
(RE 385091) Ademais, corroborando o exposto, também se pronunciou o STJ: TRIBUTÁRIO. IPTU. ENTIDADE 
AUTÁRQUICA. IMUNIDADE. PREVISÃO CONSTITUCIONAL. DESVIRTUAMENTO DO USO. ÔNUS DA 
PROVA AO MUNICÍPIO. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência já firmada nesta Corte Superior impõe ao município 
o ônus de apresentar prova impeditiva, modificativa e extintiva ao gozo da imunidade constitucional assegurada às 
autarquias, cabendo àquele demonstrar que os imóveis pertencentes à entidade estão desvinculados da destinação 
institucional. 2. "O STJ firmou o entendimento de que recai sobre o Município o ônus de provar que o patrimônio da 
Autarquia está desvinculado dos seus objetivos institucionais e, conseqüentemente, não é abrangido pela imunidade 
tributária prevista no art. 150, § 2º, da Constituição." (REsp 1.184.100/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda 
Turma, julgado em 13.4.2010, DJe 19.5.2010.) Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1215119/RJ, Rel. 
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/03/2011, DJe 04/04/2011). 
 
Imunidade. Templos 
A imunidade tributária dos templos de qualquer culto não alcança as lojas maçônicas. 
―CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, 
DA CARTA FEDERAL. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
SÚMULA 279 DO STF. ART. 150, VI, B, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ABRANGÊNCIA DO 
TERMO ―TEMPLOS DE QUALQUER CULTO‖. MAÇONARIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO EM PARTE E, NO QUE CONHECIDO, DESPROVIDO. I – O 
reconhecimento da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal exige o 
cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei. II – Assim, para se chegar-se à conclusão se o recorrente 
atende aos requisitos da lei para fazer jus à imunidade prevista neste dispositivo, necessário seria o reexame 
do conjunto fático-probatório constante dos autos. Incide, na espécie, o teor da Súmula 279 do STF. 
Precedentes. III – A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer 
culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião. IV - Recurso 
extraordinário parcialmente conhecido, e desprovido na parte conhecida. (RE 562351, Relator(a): Min. 
RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 04/09/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
245 DIVULG 13-12-2012 PUBLIC 14-12-2012) 
Imunidade.Álbum de figurinhas 
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150, VI, "D" DA CF/88. "ÁLBUM DE 
FIGURINHAS". ADMISSIBILIDADE. 1. A imunidade tributária sobre livros, jornais, periódicos e o papel 
destinado à sua impressão tem por escopo evitar embaraços ao exercício da liberdadede expressão 
intelectual, artística, científica e de comunicação, bem como facilitar o acesso da população à cultura, à 
informação e à educação. 2. O Constituinte, ao instituir esta benesse, não fez ressalvas quanto ao valor 
artístico ou didático, à relevância das informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. 3. 
Não cabe ao aplicador da norma constitucional em tela afastar este benefício fiscal instituído para proteger 
21 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade 
cultural ou do valor pedagógico de uma publicação destinada ao público infanto-juvenil. 4. Recurso 
extraordinário conhecido e provido. (RE 221239, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, 
julgado em 25/05/2004, DJ 06-08-2004 PP-00061 EMENT VOL-02158-03 PP-00597 RTJ VOL-00193-01 
PP-00406) 
IMUNIDADE 
Súmula 724. Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer 
das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas 
atividades essenciais de tais entidades. 
Súmula 730. A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 
150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não 
houver contribuição dos beneficiários. 
 
6. CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS – ESPÉCIES 
 Classificar consiste em distribuir em classes, ou seja, distribuir objetos em categorias segundo suas 
diferenças e semelhanças. 
Segundo adverte Márcio Severo Marques
14
, o intérprete leva em consideração nas suas classificações 
as características dos elementos que compõem o conjunto analisado, e identifica duas ou mais espécies do 
gênero considerado. Daí porque, segundo ele, as classificações são, em certa medida, arbitrárias. 
 Para o estudo da classificação dos tributos é importante citar o posicionamento de Geraldo Ataliba acerca da 
matéria. Para o doutrinador os tributos podem ser vinculados e não vinculados. 
 São tributos vinculados aqueles cuja hipótese de incidência consiste na descrição de uma atuação estatal. Ex: 
taxas e contribuições. Os não-vinculados, por sua vez, são aqueles cuja hipótese de incidência consiste na descrição de 
um fato qualquer que não seja atuação estatal. Ex: impostos. 
 
Obs: Adotou-se a Teoria Pentapartida (CF/ STF), ou seja, são espécies de tributos: impostos, taxas, 
contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios e as contribuições especiais. 
 
 
14
 In: Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho. RJ: 
Forense, 2005, p.38. 
22 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
Espécies de Tributos
 Impostos
 Taxas
 Contribuições de Melhoria
 Empréstimos Compulsórios
 Contribuições especiais
Teoria
Tripartida
CTN
Teoria
Pentapartida
CF
 
 
 Classificação - Quanto ao destino da arrecadação: 
Tributos que, obrigatoriamente, 
deve-se determinar na lei de sua criação o 
destino da sua arrecadação 
Contribuições especiais; contribuição 
de iluminação pública; empréstimos 
compulsórios e contribuição de 
melhoria. 
Tributos que facultativamente se 
determina na lei de sua criação o destino 
da sua arrecadação 
Taxas 
Tributos que nunca se determina 
na sua criação o destino da sua 
arrecadação, com exceções 
constitucionais. 
Impostos 
 Fonte: Revisaço Tributário. Cairo, T. & Leite, H. (2015) 
 
a) - Imposto 
Define o art. 16 do CTN que ―é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação 
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte‖. 
 O imposto é uma exação não vinculada, isto é, independente de atividade estatal específica (―tributo 
unilateral‖; ―tributo sem causa‖). Ou seja, a prestação patrimonial do contribuinte do imposto é unilateral e não 
sinalagmática. O princípio reitor é o da capacidade contributiva. 
- Finalidade: custear despesas públicas genéricas (não-afetação). 
23 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
- Princípio da não afetação dos impostos. 
 
Art. 167 - São vedados: 
(...) 
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação 
dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para 
manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, 
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação 
de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; 
Os impostos podem ser: 
a) Quanto à alíquota: fixos e progressivos 
b) Quanto à forma de percepção: diretos e indiretos15 
c) Quanto ao objeto de incidência: reais e pessoais 
 
b) Taxas (art. 77 do CTN)
16
 
 Conforme decorre da CF (art. 145, II) e do CTN (art. 77)
17
, são tributos cujo fato gerador é configurado por 
uma atuação estatal específica, referível ao contribuinte, que pode consistir: 
1) No exercício regular do poder de polícia; ou 
2) Na prestação ao contribuinte, ou colocação à disposição deste, de serviço público18 específico e divisível, 
sendo a utilização efetiva ou potencial. 
 
15 Certos doutrinadores advertem que tal classificação é desprovida de qualquer conteúdo científico e sem sentido prático, ou seja, 
é uma terminologia meramente econômica e financeira, tendo representado um equivoco do legislador a sua inserção no 
ordenamento jurídico. 
16 "Taxa: correspondência entre o valor exigido e o custo da atividade estatal. A taxa, enquanto contraprestação a uma atividade do 
Poder Público, não pode superar a relação de razoável equivalência que deve existir entre o custo real da atuação estatal referida ao 
contribuinte e o valor que o Estado pode exigir de cada contribuinte, considerados, para esse efeito, os elementos pertinentes às 
alíquotas e à base de cálculo fixadas em lei. Se o valor da taxa, no entanto, ultrapassar o custo do serviço prestado ou posto à 
disposição do contribuinte, dando causa, assim, a uma situação de onerosidade excessiva, que descaracterize essa relação de 
equivalência entre os fatores referidos (o custo real do serviço, de um lado, e o valor exigido do contribuinte, de outro), configurar-
se-á, então, quanto a essa modalidade de tributo, hipótese de ofensa à cláusula vedatória inscrita no art. 150, IV, da Constituição da 
República. Jurisprudência. Doutrina." (ADI 2.551-MC-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 2-4-03, DJ de 20-4-06). 
17 Art. 77 - As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas 
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público 
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser 
calculada em função do capital das empresas. 
18 "Instituição de taxa de serviços prestados por órgãos de Segurança Pública. Atividade que somente pode ser sustentada por 
impostos." (ADI 2.424, Rel. Min. Gilmar Mendes, jul. em 1º-4-04, DJ de 18-6-04). 
"Tributário. Município do Rio de Janeiro. Ilegalidade da taxa de coleta de lixo e limpeza pública. Art. 145, II, da ConstituiçãoFederal. Tributo vinculado não apenas à coleta de lixo domiciliar, mas também à limpeza de logradouros públicos, hipótese em que 
os serviços são executados em benefício da população em geral (uti universi), sem possibilidade de individualização dos 
respectivos usuários e, conseqüentemente, da referibilidade a contribuintes determinados, não se prestando para custeio mediante 
taxa. Impossibilidade, no caso, de separação das duas parcelas." (AI 245.539-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 14-12-
99, DJ de 3-3-00). No mesmo sentido: RE 249.070, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 19-10-99, DJ de 17-12-99. 
―Taxa de pavimentação asfáltica. (…). Tributo que tem por fato gerador benefício resultante de obra pública, próprio de 
contribuição de melhoria, e não a utilização, pelo contribuinte, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte 
ou posto a sua disposição. Impossibilidade de sua cobrança como contribuição, por inobservância das formalidades legais que 
24 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
Art. 79 - Os serviços públicos a que se refere o Art. 77 consideram-se: 
I - utilizados pelo contribuinte: 
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; 
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade 
administrativa em efetivo funcionamento; 
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade 
públicas; 
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. 
 O serviço Público nas palavras de Lúcia Valle Figueiredo
19
 ―é toda atividade fornecida pelo Estado, 
ou por quem esteja a agir no exercício da função administrativa se houver permissão constitucional e legal 
isso, com o fim de implementação de deveres consagrados constitucionalmente relacionados à utilidade 
pública, que deve ser concretizada, sob regime prevalente de Direito Público‖. 
 No que concerne ao poder de polícia o CTN no seu art. 78 assim define: ―Art. 78. Considera-se poder 
de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, 
regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à 
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades 
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao 
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.‖ 
 
SÚMULAS 
 
STF - Súmula Vinculante 29 – É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais 
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre 
uma base e outra. 
 
constituem o pressuposto do lançamento dessa espécie tributária.‖ (RE 140.779, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 2-8-95, 
DJ de 8-9-95). 
Taxa de turismo. Inconstitucional? EMENTA CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. TAXA DE 
TURISMO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. REQUISITOS 
CONFIGURADOS.Verossimilhança das alegações. 1.1. Legitimidade do responsável tributário. O responsável é sujeito passivo da 
obrigação tributária, tendo legitimidade para exigir a anulação do débito fiscal constituído em seu desfavor. 1.2. Especificidade e 
divisibilidade. A taxa de turismo cobrada pelo município de Fortaleza não se apresenta, em juízo de cognição sumária, como 
serviço específico e divisível, na medida em que a disponibilização dos serviços, equipamentos públicos e infra-estrutura estão 
dispostos coletividade em geral, não podendo ser destacados em unidades autônomas de intervenção, assim como não se mostram 
suscetíveis de utilização, separadamente, por cada usuário. 2. Perigo de dano de difícil reparação. Expostos ao risco decorrentes do 
princípio solve et repet (repetição do indébito), submetendo-se às vicissitudes do regime dos precatórios. 3. Agravo conhecido e 
desprovido. 4. Decisão unânime. (Processo n° 2006. 0012. 1071-8/0, Tribunal de Justiçã do Ceará). 
TAXA DE TURISMO - INCONSTITUCIONALIDADE - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS 
INESPECÍFICOS E INDIVISÍVEIS - VIOLAÇÃO DOS ARTS. 145, II, DA CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA E 77 E 79 DO CTN - DECISÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS – 
MEF13690 – BEAP. A ―taxa de turismo‖ instituída pelo Município de Uberaba é de natureza genérica, prestada uti universi, 
não preenchendo os requisitos da divisibilidade e da especificidade previstas nos arts. 77 e 79 do CTN, não comportando a 
cobrança de taxa para sua prestação (art. 145, II, da Constituição Federal). (INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE 
INCONSTITUCIONALIDADE CÍVEL N° 1.0701.06.170748-8/004. 4ª Câmara Cível – UG. Des. Alvim Soares). 
19 Citada por Luis Alberto Pereira Filho. 
25 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
STF - Súmula Vinculante 19 – A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, 
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o art. 145, II, da 
Constituição Federal. 
STF - Súmula Vinculante 12 – A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto 
no art. 206, IV, da Constituição Federal. 
STF Súmula 670 – O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. 
Obs. Art. 145, § 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Súmula 295 STF: É 
inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a 
do imposto territorial rural 
 
b.1 Taxa versus Tarifa 
 
 A Tarifa é o preço público pela utilização de serviços facultativos disponibilizados para a população. Tem 
caráter voluntário e facultativo. 
 Taxa e Preço Público (ou tarifa) não se confundem, pois esta última é fruto de regime contratual, 
passível de flexibilização e de pagamento facultativo, não se sujeitando, portanto, às regras e princípios do 
direito tributário e a primeira (taxa) é espécie tributária constitucionalmente definida, que se submete às 
regras do direito tributário. 
 
Tarifa ou Preço Taxa 
Não é tributo, logo a receita dela 
advinda não é tributária. Decorre de 
uma atividade desempenhada pelo 
Estado como se fosse particular. 
É tributo, logo a receita dela advinda é 
tributária. Decorre do exercício do poder 
de polícia ou da prestação de serviço 
público específico e divisível. 
Receita originária Receita derivada 
Natureza contratual Natureza legal 
Não observa o princípio da 
anterioridade 
Observa o princípio da anterioridade 
Só pode ser cobrado pelo uso efetivo O uso potencial permite a sua cobrança 
A relação com o usuário é regida pelo 
direito do consumidor 
A relação com o contribuinte é tributária 
Pode haver duas relações jurídicas: 
Estado – concessionário/permissionário 
– consumidor 
Só há uma relação jurídica: Estado – 
contribuinte 
Resultado de um ato de vontade das 
partes 
Resultado da vontade da lei 
Em regra, remunera serviço público 
ínsito à soberania do estado e serviço 
público essencial ao interesse público 
Em regra, remunera serviço público não-
essencial. 
Prescrição decenal, regida pelo Direito 
Privado (Código Civil). Confere REsp 
Prescrição quinquenal, regida pelo 
Direito Público (Código Tributário 
26 
 
Direito Tributário. Professores: Thiana Cairo. 
1117903 Nacional) 
Créditos oriundos do não pagamento 
são inscritos na Dívida

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