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resumo farmacologia

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FARMACOLOGIA
FARMACOCINÉTICA
RECEPTORES FARMACOLÓGICOS
MECANISMOS DE COMUNICAÇÃO INTRACELULAR
FARMACOS QUE AFETAM O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
FARMACOCINÉTICA
A ação de um fármaco é dependente de sua concentração no local de ação, nesse caso, deve estar na forma livre, que depende das taxas de ADME. 
A farmacocinética do fármaco depende da passagem através das membranas e de fatores físico-químicos, sendo determinantes o tamanho e a forma molecular, o grau de ionização, lipossolubilidade relativa das formas ionizadas e não ionizadas e ligação às ptns. Para ingressas na célula, o fármaco deve passar pela membrana plasmática e pelas camadas celulares, necessitando de difusão e transporte. Os fármacos podem entrar na célula através do fluxo de água pela membrana, principalmente pelo endotélio, mas limita-se ao fármaco livre. Pode ocorrer também o transporte paracelular através das fendas entre as células. O transporte tende a ser passivo, que é proporcional ao gradiente de [ ] e ao coeficiente de partição o/a, que quanto maior, facilita a difusão pela membrana ou com colaboração de componentes ativos. A [ ] de fármaco livre dentro e fora da célula atingem o equilíbrio se o fármaco não for um eletrólito, e nesse caso, sofrerá influencia do pH que influencia o grau de ionização e do gradiente eletroquímico do íon. Os fármacos são ácidos ou base fracas, e na forma não-ionizada são lipossolúveis e por isso se difundem através da membrana. No entanto, as formas ionizadas têm baixa lipossolubilidade e não passam por difusão. Por serem eletrólitos fracos, o seu pKa e o gradiente de pH na membrana determinam a difusão. No equilíbrio, um fármaco ácido se acumula no lado mais básico da membrana e o mais básico do lado mais ácido da membrana, é o sequestro iônico. Alguns fármacos podem ser transportados por carreadores, seja no transporte ativo ou na difusão facilitada, esses mecanismos podem ser bastante seletivos para uma conformação do fármaco; as ptns responsáveis por esse transporte medeiam a receptação ou efluxo do fármaco e facilitam o transporte vetorial através das células. 
ABSORÇÃO, BIODISPONIBILIDADE E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
A absorção refere-se à saída do fármaco do local de administração e a extensão em que isso ocorre. O mais importante, porém, é a biodisponibilidade, que indica a extensão em que uma fração de fármaco atinge o seu local de ação ou liquido biológico. O organismo pode possuir barreiras à absorção, de forma que ela e a biodisponibilidade sejam reduzidas. Considerando essas situações, deve-se refletir sobre a melhor via de administração. 
- Administração enteral vs parenteral: deve-se conhecer as vantagens e desvantagens de cada via. A via enteral é a mais comum, econômica, segura e conveniente, porém tem por desvantagens destruição enzimática dos fármacos, limitação e variação da absorção, irritação da mucosa, interferência da presença de alimentos; podem sofrer o metabolismo pela microbiota intestinal e atingir a corrente sanguínea; e podem sofrer metabolismo de primeira passagem. Pela via parenteral, a disponibilidade é mais rápida, ampla e previsível, é mais fácil administrar a dose eficiente, útil em situações de emergência (o pcte não colabora), porém pode ser doloroso, ruim para automedicação, requer assepsia. 
- Administração oral: a absorção é regulada pela superfície de contato, fluxo sanguíneo, estado físico do fármaco, solubilidade em água dele e [ ] no local de absorção, depende da taxa de dissolução para fármacos sólidos, especialmente os de baixa solubilidade em água; a absorção por ser principalmente passiva é favorecida se o fármaco é lipossolúvel e está na forma molecular; a aceleração do esvaziamento gástrico tende a aumentar a absorção, que é maior no intestino pela maior área de absorção. Os fármacos podem ser destruídos pelo ácido estomacal, e para evitar esse processo, utiliza-se o revestimento entérico. 
- Liberação controlada: produzem absorção lenta e uniforme do fármaco por certo período de tempo, elas reduzem a frequência de administração e os possíveis eventos adversos, mantém o efeito farmacológico por mais tempo, porém a concentração sérica varia entre pacientes.
- Administração sublingual: protege o fármaco do metabolismo de 1ª passagem, a absorção é rápida. Drena para a veia cava superior.
- Administração retal: útil quando o paciente não pode deglutir ou apresenta vômitos, a absorção é irregular e incompleta, pode irritar a mucosa, os fármacos passam por metabolismo de 1ª passagem em 50% dos casos. 
- Injeção parenteral: são IV, IM e SC, cuja absorção é por difusão simples, a solubilidade do fármaco no liquido intersticial limita a absorção, moléculas maiores passam pelos vasos linfáticos; os fármacos estão sujeitos ao metabolismo de 1ª passagem no pulmão pq essas vias são parte da circulação sistêmica.
- Bioequivalência: ocorre para duas substancias que sob condições de teste específicas não diferem significantemente na taxa e extensão da biodisponibilidade. 
DISTRIBUIÇÃO
Segue à absorção, e o fármaco vai para os espaços intersticial e intracelular. Depende do DC, fluxo sanguíneo e volume intersticial. Órgãos mais vascularizados recebem o fármaco primeiro, enquanto que pode levar horas para atingir as partes menos perfundidas até que alcance o equilíbrio entre concentração no tecido e sangue. A distribuição é determinada pela partição do fármaco entre tecido e sangue, enquanto a lipofilicidade e o gradiente de pH determinam a receptação. 
- Ptns plasmáticas: fármacos se ligam às ptns plasmáticas, especialmente albumina e alfa1-glicoptn ácida. A fração de ligação é determinada pela sua [ ], afinidade e numero de locais de ligação. Esse é um processo saturável e não linear, porém a extensão das frações ligada e livre tende a se manter constantes, exceto em condições que afetem o nível sérico das ptns. A ligação não é específica, assim, os fármacos com características físico-químicas semelhantes podem competir entre si e com substâncias pela ligação. Limita o metabolismo e transporte dos fármacos.
- Ligação tecidual: pode ocorrer acúmulo nos tecidos pela ligação do fármaco a componentes celulares, como proteínas, e assim serve de reservatório, liberando o fármaco para a circulação posteriormente (redistribuição). Os reservatórios podem ser tecido adiposo e ossos. 
- Redistribuição: fator para término do efeito do fármaco, que se daria por excreção, pois o fármaco se redistribui do local de ação para outros. 
- SNC e LEC: a penetração de fármacos é restrita devido às barreiras fisiológicas, por isso, a lipofilicidade da forma não ionizada e não ligada é importante para a receptação, se mais lipofílicos, maior a capacidade de atravessa a BHE. Existe a glicoptn P, que impede a entrada de fármacos nas células endoteliais, ou mesmo expulsa aqueles que penetram. Locais com expressão dessa ptn são ditos santuários farmacológicos, nos quais a [ ] de fármacos é mínima para ter efeito. 
- Placenta: pode haver transferência de fármacos para o feto, causando efeitos adversos. Ocorre sequestro de bases fracas pq o pH fetal é algo mais ácido que o materno. A lipofilicidade, extensão de ligação plasmática e grau de ionização determinam a passagem. A glicopnt P também se expressa na placenta, que não parece ser uma barreira instransponível. 
EXCREÇÃO:
Os fármacos são eliminados inalterados ou como metabolitos. Todavia, são eliminados compostos polares, portanto deve haver metabolismo para tornar os fármacos polares. 
- Excreção renal: envolve a filtração glomerular, secreção tubular ativa e reabsorção tubular passiva. No túbulo proximal, a entrada de fármacos depende da TFG e apenas aqueles não ligados passam, porém a secreção ativa por meio de carreadores pode colocar fármacos dentro da luz. No túbulo distal, os fármacos são reabsorvidos e devolvidos à circulação, sendo esse processo principalmente por difusão não-ionizada, embora possa ocorrer por transportadores. Nos túbulos proximal e distal, fármacos não ionizadossão reabsorvidos passivamente, através de um gradiente criado por água e Na, dependendo do pH. O pH urinário interfere no processo, se básica, aumenta a excreção dos ácidos fracos, se ácida, a exceção dos ácidos fracos é reduzida. 
- Excreção biliar: o canalículo do hepatócito também secreta ativamente fármacos para a bile através de transportadores, glicoptn P e MRP2, assim como no sistema renal. A bile segue para o intestino, onde podem ser reabsorvidos (circulação êntero-hepática). Se esse processo for longo, pode prolongar a presença do fármaco e seus efeitos no organismo.
- Outras vias: pode ocorrer eliminação pelo suor, lágrimas e saliva, em quantidades não significativas. As formas moleculares se difundem através das células e depende do pH. Se excretados pela saliva, os fármacos são deglutidos. A concentração na saliva pode ser equivalente à sérica. 
METABOLISMO:
As características lipofílicas do fármaco dificultam sua excreção, por isso, o metabolismo é importante para torna-los mais hidrofílicos, polares e inativos e permitir a excreção. 
- Metabolismo de fases I e II: as reações de fase I são funcionais, as de fase II são reações de conjugação. Na fase I, os metabolitos gerados são inativados ou acabam tendo potência aumentada; são eliminados na urina ou se conjugam com substâncias endógenas, formando complexos altamente solúveis. Na fase II, os metabolitos são conjugados com ácido glicurônico, sulfato, glutationa, aas, acetatos, tornando-se mais polares, inativos e aptos para excreção urinária ou fecal. 
- Local de biotransformação: o metabolismo é efetivado por enzimas, principalmente no fígado, rins, pulmão e TGI. Um fármaco administrado pela VO é parcialmente inativado no fígado e pelos enterócitos, limitando a quantidade de fármaco que atinge a circulação sistêmica. As enzimas microssômicas metabolizam os fármacos no retículo endoplasmático, executando principalmente as reações de fase I, enquanto as enzimas citosólicas executam as de fase II. 
-CYP450: família de ptns responsáveis pelo metabolismo de fármacos e substâncias endógenas e exógenas. Funcionam como terminal oxidase numa cadeia transportadora de elétrons, introduzindo um átomo de oxigênio no substrato. Os elétrons são fornecidos pelo NADPH. Catalisa reações de hidroxilação aromática e de cadeia lateral, dealquilação, N-oxidação, N-hidroxilação, sulfoxidação, desaminação, desalogenação e dessulfuração. 8 a 10 isoformas das famílias CYP1, CYP2 e CYP3 envolvem-se no metabolismo de quase todos os fármacos. O metabolismo é regional, estereosseletivo e há especificidade característica para com o substrato. CYP3A4 e CYP3A5 metabolizam cerca de 50% dos fármacos. CYP2C e CYP2D6 também são importantes. 
- Enzimas hidrolíticas: são diversas esterases e amidases localizadas no fígado e intestino, que agem hidrolisando ésteres e amidas em álcool e aminas que são mais adequados para as reações de conjugação. A epóxido-hidrolase é uma enzima de detoxificação, hidrolisa óxidos arene que são gerados nas reações pelo CYP450. A protease e a peptidase estão envolvidas na biotransformação de peptídeos. 
- Reações de conjugação: requer enzimas transferases e o metabólito ativo. A glicuronidação é catalisada pela difosfato uridina glicuronosiltransferase (UDT), gerando glucoronídeos N, O e S; é importante para o metabolismo de esteroides endógenos, vitaminas lipossolúveis. UDTs são enzimas microssômicas encontradas no fígado, rins, intestino e pele. A sulfatação citosólica envolve as sulfotransferases de enxofre inorgânico. A acetilação é feita por N-transferases (NAT1 e NAT2), e normalmente gera metabólitos menos hidrossolúveis, causando cristalúria. 
- Fatores que afetam o metabolismo: existe grande variabilidade interindividual no metabolismo, devido a variações genéticas, fatores ambientais (interações medicamentosas, dieta) que fazem indução ou inibição das enzimas. A inibição leva ao aumento da concentração sérica e redução dos metabólitos. A indução demora a mostrar efeitos e resulta do aumento da transcrição genética ou estabilização da enzima contra a degradação, leva ao aumento dos efeitos ou da toxicidade; os indutores são seletivos para subfamílias e isoformas de CYP. Doenças também afetam o metabolismo, especialmente as hepatopatias, idade e sexo. 
-Volume de distribuição: relaciona a quantidade do fármaco no organismo com sua concentração no sangue/plasma (C). Vd = quantidade de fármaco no sangue/C,é o volume aparente. Pode exceder o volume físico corporal, pois diz respeito ao volume aparentemente necessário para conter a qtdade de fármaco homogeneamente no sangue, plasma ou água. Fármacos de [ ] maior no tecido extravascular do que no vascular não são bem distribuídos, enquanto aqueles retidos no compartimento vascular, tem Vd mínimo igual ao componente sanguíneo onde estão.
- Depuração: prediz a taxa de eliminação em relação à [ ] do fármaco, assim CL = taxa de eliminação/C. Pode ser definida em relação a todos os compartimentos. É cumulativa, somando-se a depuração em todos os órgãos, como rins, pulmões e fígado. A depuração é geralmente constante, a eliminação não é saturável, e a taxa de eliminação é dada por: Cl x C; é a eliminação de primeira ordem, e nesse caso pode ser estimada pelo calculo da área sobre a curva tempo x concentração após uma dose. A eliminação pode ser de capacidade limitada (de Michaelis-Menten), na qual a depuração depende da [ ] do fármaco alcançada, é não-linear, saturável e dependente da dose ou da [ ]. Nesse caso, se o fluxo sanguíneo não for um fator limitante para a eliminação, taxa de eliminação = Vmax x C/ Km + C. ou pode ser dependente do fluxo, onde independente da dose administrada, o fármaco no sangue é rapidamente depurado pelo órgão responsável na sua primeira passagem por ele, assim, a eliminação é dependente da taxa de distribuição, o fluxo sanguíneo é determinante para a distribuição, embora a ligação as ptns sejam importante para fármacos altamente ligados.
- Meia-vida: tempo necessário para que a quantidade de fármaco decaia pela metade durante a eliminação ou infusão constante. T1/2 = 0,7 xVd/ Cl. Ela indica o tempo necessário para obter 50% do estado de equilíbrio, uma mudança na meia-vida não indica mudança na eliminação do fármaco, pois pode se relacionar com outros parâmetros. 
RECEPTORES FARMACOLÓGICOS
Os receptores determinam as relações quantitativas entre dose e concentração do fármaco e seus efeitos farmacológicos dependendo da afinidade entre o receptor e o fármaco, o que determina a [ ] de fármaco necessário para formar um n° significativo de complexos receptores. Além disso, são responsáveis pela ação seletiva do fármaco, dado que a ligação é determinada pelas características do fármaco e afinidade e é específica para dado receptor. Medeiam a ação de fármacos agonistas e antagonistas, que agem em um único receptor ou atuam mais em um do que em outro. 
NATUREZA MACROMOLECULAR: na maioria dos casos são proteínas, as quais fornecem diversidade, especificidade e carga elétrica. Os receptores mais conhecidos são proteínas reguladoras que medeiam sinais químicos endógenos, como neurotransmissores, hormônios e autacoides, bem como diversos fármacos uteis. Outras classes incluem enzimas (receptor do metotrexato), proteínas de transporte (receptor dos digitálicos), proteínas estruturais (receptor da colchicina). 
RELAÇÃO ENTRE CONCENTRAÇÃO E RESPOSTA DO FÁRMACO
Pode ser uma relação complexa descrita com precisão matemática. 
- Curvas de concentração-efeito e ligação do receptor dos agonistas: a resposta ao fármaco aumenta em proporção direta à dose. Porém conforme as doses aumentam, a resposta tende a se conservar, até não se produzir nenhum efeito adicional. Essa relação expressa-se numa curva hiperbólica descrita pela equação . EC50 é a [ ] do fármaco que produz 50% de efeito máximo. O padrão da curva sugere que os agonistas se ligam a uma classe de moléculas com afinidade característica para o receptor, caso que é descrito por . Se Kd for baixa, a afinidadede ligação será alta. 
- Acoplamento receptor-efetor e receptores sobressalentes: quando o fármaco se acopla, ocorre mudança conformacional do receptor. Para tanto, é necessário o acoplamento, transdução que liga a ocupação do receptor e a resposta. Os agonistas totais são mais eficientemente acoplados do que os parciais. O acoplamento pode ser não linear. Receptores são sobressalentes para determinada resposta se for possível evocar resposta biológica máxima a uma concentração de agonista que não resulta em ocupação do complemento completo dos receptores disponíveis. Podem ser demonstrados pelo uso de antagonistas. Isso pode acontecer devido a sinalização intracelular. Essa sobressalência pode ser temporal, os receptores podem ser sobressalentes em numero, quando a concentração ou quantidade de componentes celulares limita o acoplamento, pois pode haver resposta máxima sem ocupação de todos os receptores. 
- Antagonistas competitivos e irreversíveis: se ligam ao receptor sem ativá-lo e tem por função primária evitar a ativação pelos agonistas. Os agonistas ditos inversos reduzem a atividade do receptor para menos que o nível basal na ausência de ligando. O aumento de antagonistas reversíveis diante de uma concentração fixa de agonista inibe a resposta do agonista. E concentrações crescentes do agonista deslocam o antagonista reversível. É um antagonista competitivo. O grau de inibição do antagonista competitivo depende de sua concentração e sua resposta depende da concentração de agonista competindo pela ligação. Os antagonistas irreversíveis ligam-se covalentemente ao receptor, que fica indisponível para o agonista. Se os receptores sobressalentes estiverem presentes, uma dose menor de antagonista pode deixar um numero suficiente de receptores livres para que haja resposta do agonista. A duração da ação de um antagonista independe da sua taxa de eliminação, mas sim do turnover (rotatividade) das moléculas do receptor. Os antagonistas podem ser não competitivos e nesse caso se ligam em sítio diferente do agonista. 
- Agonistas parciais: produzem resposta mais baixa na ocupação total dos receptores do que os agonistas plenos. Sua curva de efeito assemelha-se àquela de um agonista pleno em presenta de antagonista. Tem menor afinidade com os receptores, mas seu menor efeito se dá porque eles inibem competitivamente as respostas produzidas pelos agonistas plenos. Muitos fármacos são agonistas parciais fracos. 
-Outros mecanismos de antagonismo: existe o antagonismo químico, no qual um fármaco antagoniza o outro pela ligação iônica que torna o outro fármaco indisponível para interações. E o antagonismo fisiológico, que ocorre entre vias reguladoras endógenas mediadas por diferentes receptores. Seus efeitos são menos específicos e menos passíveis de controle. 
CLASSES DE RECEPTORES E DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS
A REA é utilizada para inferir a existência de um receptor fármaco-específico, a partir do estudo de outras moléculas semelhantes ao fármaco. Esse mesmo procedimento pode mostrar que efeitos observados de um fármaco são mediados por receptores diferentes, exibindo diferentes ordens de potência. 
RELAÇÃO ENTRE A DOSE DO FÁRMACO E A RESPOSTA CLÍNICA
As interações dose-receptor, a natureza e causa da variação na responsividade farmacológica e as implicações clínicas da seletividade da ação do fármaco devem ser compreendidas.
-Relações graduadas dose-resposta: baseia-se em potência e eficácia máxima. A potencia refere-se a concentração EC50 ou dose ED50 de um fármaco necessária para produzir 50% do efeito máximo dele; depende da afinidade (kd) dos receptores para liga-lo e da eficiência com a qual a interação fármaco-receptor é acoplada à resposta; a eficácia não depende da potencia, mas da eficácia máxima e da capacidade de atingir os receptores relevantes, capacidade essa que depende da farmacocinética do fármaco. A eficácia máxima reflete o limite da relação dose-resposta; pode ser determinada pelo modo de interações do fármaco com os receptores ou por características do sistema receptor-efetor envolvido. 
-Variação na responsividade do fármaco: varia intra e interindivíduos, por diferenças no metabolismo ou mecanismos imunológicos. A intensidade da resposta a determinada dose pode ser variável, muitas vezes pela tolerância aos seus efeitos. As variações podem ser decorrentes de divergências nas taxas de absorção, distribuição ou depuração do fármaco, alterando a [ ] de fármaco que atinge os receptores, afetando a resposta clínica. Pode decorrer da variação na concentração do ligando endógeno, o que causa variabilidade nas respostas aos antagonistas farmacológicos. Pode se dar por alterações no número ou função dos receptores ou pelas mudanças nos componentes das respostas distais ao receptor, que depende da integridade funcional dos processos bioquímicos e da regulação fisiológica pela interação de sistemas orgânicos. 
Os fármacos são seletivos, e não específicos.
MECANISMOS DE COMUNICAÇÃO INTRACELULAR
Os alvos proteicos principais para ação dos fármacos englobam receptores, canais iônicos, enzimas e moléculas transportadoras, embora existam exceções. 
Receptores: São os elementos sensores do sistema de sinalização química que coordena a função de todas as células, cujos mensageiros são hormônios e outros transmissores. 
Canais iônicos: Incorporam um receptor que só se abre quando ocupado por um agonista. Os fármacos afetam os canais ao interagir com o sítio do ligando endógeno ou com outras moléculas do canal. Essa interação pode ser direta ou indireta (2° mensageiro). 
Enzimas: Em muitos casos o fármaco é um inibidor competitivo reversível ou irreversível da enzima. Em outros é um substrato falso, que gera um produto anormal e modifica a via metabólica. Ou utilizam a enzima para sair do estado inativo de pró-fármaco para o fármaco ativo. 
Moléculas transportadoras: São essenciais para o carreamento de substancias pouco lipossolúveis. Possuem sítios de reconhecimento que as tornam específicas para dada espécie 
MECANISMOS DE SINALIZAÇÃO E AÇÃO DO FÁRMACO
A sinalização transmembrana é mediada por um pequeno número de mecanismos moleculares. Cinco desses são bem elucidados, e utilizam estratégias diferentes para contornar a barreira imposta pela bicamada lipídica, sendo elas através de um ligando lipossolúvel que cruza a membrana e se liga a um receptor intracelular; de uma ptn do receptor transmembrana alostericamente regulada por um ligando do sítio extracelular da ptn; de receptor transmembrana que se liga e estimula uma ptn tirosinoquinase; de um canal iônico transmembrana que se abre ou fecha após indução de um ligando; ou por ptn do receptor que estimula a proteína G ligadora de GTP que modula a produção de 2° mensageiro. 
-Receptores intracelulares para agentes lipossolúveis: ligantes lipossolúveis atravessam a mp e agem nos receptores intracelulares, gerando como resposta a transcrição gênica de genes cuja expressão é regulada; são os receptores gene-ativos. Esse mecanismo é utilizado por moléculas biológicas, hormônios esteroides, vitamina D e hormônio tireoidiano. Com isso, seus efeitos não são imediatos, mas persistem por horas ou dias devido ao turnover lento das ptns e enzimas. 
-Enzimas transmembrana reguladas pelo ligando incluindo tiroquinases do receptor: medeia as primeiras etapas de sinalização da insulina e hormônios tróficos. São receptores polipeptídicos de domínio extracelular de ligação do hormônio e um citoplasmático, que pode ser uma proteína tirosinoquinase, serinaquinase ou guanililciclase. Os domínios são conectados por um segmento hidrofóbico que cruza a bicamada. Quando o ligando se liga ao domínio extracelular, ocorre mudança de conformação do receptor, que leva ao agrupamento de suas moléculas e ativa e fosforila o domínio tirosinoquinase e as ptns sinalizadoras. A duração e intensidade do efeito dos ligandos desse tipo é limitada pela regulação para baixo do receptor, que leva à redução do número de receptores na membrana quando a endocitoseseguida da degradação é superior a síntese repetida deles. 
-Receptores de citocina: responde por um grupo heterogêneo de ligandos, com atividade semelhando a das tirosinoquinases, no entando, a ptn tirosinoquinase é ligada de modo não-covalente. O receptor se dimeriza após a ligação do ligando ativando a tirosinoquinase para fosforilar o resíduo de tirosina do receptor, os quais se ligam a ptns que transduzem sinais e levam a transcrição genica (STAT) após dimerização e ligação com o núcleo celular. 
-Canais com acesso para ligandos: muitos fármacos mimetizam ou bloqueiam a ação de ligandos endógenos (acetilcolina, serotonina, gaba, glutamato) que regulam o fluxo de íons através desses canais na membrana. Esses receptores transmitem seus sinais pelo aumento da condutância transmembrana do íon relevante, alterando o potencial elétrico ali. A ligação do ligando leva à abertura do canal.
-Proteínas G e segundos mensageiros: ligandos podem agir aumentando a [ ] de segundos mensageiros, como AMPc e fosfoinositídios, que agem por um sistema de sinalização de 3 componentes separados. Iniciado pela detecção do ligando pelo receptor, que desencaedia a ativação de uma ptn G da face citoplasmática; essa quando ativada muda a atividade de uma enzima ou canal iônico, o qual muda a [ ] do segundo mensageiro intracelular. Os receptores acoplados as ptns G compreendem uma família de serpentinas, cuja cadeia polipeptídica transpassa a mp sete vezes. 
*Regulação do receptor: a resposta mediada pela ptn G ao fármaco/agonista são atenuadas com o tempo, pelo mecanismo de dessensibilização, que é reversível, e ocorre quando após um nível inicial alto de resposta, essa diminui por segundos/minutos mesmo na presença contínua do ligante. Esse mecanismo envolve a fosforilação do receptor
*Segundos mensageiros bem estabelecidos:
a) adenosina monofosfato cíclico (cAMP): é ativo em respostas hormonais, conservação de água pelos rins, homeostase de Ca e aumento da frequência/força de contração do coração, além de regulação da produção de esteroides, relaxamento do músculo liso etc. Estimula proteinoquinases dependentes de cAMP. Quando o estímulo hormonal cessa, as suas ações são concluídas por meio de enzimas, e ele é degradado por fosfodiesterases de nucleotídeos cíclicos, cuja inibição competitiva pela cafeína, teofilina e metilxantinas levam aos seus efeitos. 
b) cálcio e fosfoinositídios: é desencadeada por hormônios e neurotransmissores. A etapa crucial é a estimulação da fosfolipase C, que quebra o fosfatidilinositol4,5-bifosfato em diacilglicerol e inositol-1,4,5-trifosfato, que são segundos mensageiros. O diacilglicerol é restrito a membrana, onde ativa uma ptnquinase sensível ao cálcio e fosfolipídio, a proteionoquinase C. O fosfoinositol difunde-se no citoplasma para desencadear a liberação do Ca armazenado nas vesículas, elevando a [ ] desse íon, que se liga a cálcio calmodulina, reguladora enzimática. Essa via é inativada pela desfosforilação.
c) monofosfato cíclico de guanosina (GMPc): é uma via muito semelhante a do cAMP. O GMPc age estimulando uma proteinoquinase dependente de GMPc. Sua atividade é concluída pela sua degração enzimática e desfosforilação dos substratos de quinase. O aumento de GMPc causa o relaxamento do músculo liso.
Esses mecanismos são opostos e complementares. E de forma comum, envolvem a fosforilação reversível, que desempenha funções de amplificação do sinal e regulação flexível, que ocorre em pontos de ramificação independentemente regulados.
-Receptores nucleares: regulam a transcrição gênica, e não sempre se localizam no núcleo, mas no compartimento citosólico, e após ligação com o ligando, migra para o núcleo. Incluem receptores de esteroides, hormônio tireoidiano, ácido retinoico e vitamina D.
 
FÁRMACOS QUE AFETAM O SNA
O SN motor divide-se em SNA e sistema nervoso somático. O SNA é independente, dado que suas atividades não estão sob o controle consciente direto. Relaciona-se com as funções viscerais, DC, fluxo sanguíneo e digestão. Tem impulsos aferentes (sensoriais) e a transmissão química se dá entre células nervosas e células efetoras através da liberação de transmissores dos terminais nervosos para a fenda sináptica. As funções autônomas podem ser modificadas através de fármacos que bloqueiam ou mimetizam a ação desses transmissores. Anatomicamente, o SNA divide-se em SNS (toracolombar) e SNP (craniossacral). Originam-se de núcleos do interior do SNC que originam as fibras eferentes pré-ganglionares que saem do tronco cerebral ou medula espinal e terminam nos gânglios motores. As fibras simpáticas terminam nos gânglios das cadeias paravertebrais, de onde as fibras pós-ganglionares partem para os tecidos inervados. Já as fibras parassimpáticas terminam nos gânglios distribuídos nas paredes dos órgãos. Existe ainda o sistema nervoso entérico, uma coleção de neurônios localizados na parede do TGI, inclui os plexos mientérico (auerbach) e submucoso (meissner); recebe fibras pré-ganglionares do SNP e axônios simpáticos pós-ganglionares. 
Neurotransmissores: são liberadas acetilcolina e noradrenalina, através das fibras colinérgicas e noradrenérgicas, respectivamente. As primeiras estão presentes nas fibras eferentes que saem do SNC e também na maioria das fibras parassimpáticas pós-ganglionares e algumas das simpáticas pós-ganglionares. As noradrenérgicas são as pós-ganglionares simpáticas. 
Transmissão colinérgica: acetilcolina; receptores muscarínicos (M1-M5) e nicotínicos (Nm e Nn).
Transmissão noradrenergica: noradrenalina; receptores alfa e beta.
FÁRMACOS PARASSIMPATOMIMÉTICOS
Pelo espectro de ação podem ativar os receptores muscarínicos ou nicotínicos, e pelo mecanismo de ação podem ser ativadores dos receptores colinérgicos ou causar inibição da hidrólise da acetilcolina. Ao ativar os receptores muscarínicos, a ação se dará por meio de ação nos receptores nas células efetoras, enquanto que a ativação dos receptores nicotínicos estimula os gânglios autônomos e junções neuromusculares, mas não as células efetoras. Os receptores muscarínicos são acoplados à ptn G e os nicotínicos ao canal iônico. A seletividade do agonista é determinada pelos subtipos de receptores muscarínicos e ptns G presentes. Os receptores muscarínicos estão nas membranas plasmáticas de células do SNC, células endoteliais, nervos colinérgicos pós-ganglionares. Os nicotínicos são acoplados a canais iônicos cátion-seletivos, e localizam-se nas membranas plasmáticas de células pós-ganglionares dos gânglios autônomos, alguns neurônios e músculos inervados por fibras motoras somáticas. Estimulantes não seletivos podem produzir alterações difusas e acentuadas nos múltiplos locais de ação da acth se em dosagem suficiente. Todavia, os fármacos disponíveis possuem certo grau de seletividade. 
A ação direta é por ativação dos receptores, a indireta é por inibição da acetilcolinesterase, e nesse caso, leva ao aumento da [ ] de acetilcolina na fenda sináptica e junções neuroefetoras, estimulando os receptores a evocarem respostas aumentadas, portanto fármacos com esse mecanismo são amplificadores da acetilcolina endógena. 
Parassimpatomimético de ação direta
Fármacos de ação direta podem ser ésteres de colina e alcaloides, e podem ter alta seletividade para um subtipo de receptor, embora a maioria atue em ambos. FARMACOCINÉTICA: Alguns estéres de colina são acetilcolina, metacolina (acetil-β-metilcolina), ácido carbâmico, carbacol (carbamoilcolina) e betanecol (carbamoil-β-metilcolina). Alguns alcaloides importantes são muscarina, nicotina, pilocarpina e lobelina. O receptor muscarínico é altamente eletrosseletivo. Os ésteres de colina são pouco absorvidos e distribuídos no SNC por serem hidrofílicos, são hidrolisados no TGI, tem menor atividade por VO, mas diferem na suscetibilidade à hidrólise pela colinesterase, acetilcolina<metacolina<ácido carbâmico=carbacol=betanecol. Para acth produzir efeito devem ser introduzidas altas quantidade via EV, injeção em bolus causa efeitos de curta duração,enquanto que via IM e SC o efeito é local. O grupo β-metil dos ésteres reduz a potência deles nos receptores nicotínicos. Por sua vez, os alcaloides são bem absorvidos por serem mais lipofílicos, tem excreção principalmente renal, e a acidificação da urina aumenta a excreção. FARMACODINÂMICA: a ativação parassimpática altera a função dos órgãos efetores pela liberação de acth que ativa os receptores muscarínicos nas células efetoras e pela interação dela com os receptores muscarínicos nos terminais nervosos para inibir a liberação do nt. A ligação do agonista muscarínico ativa a cascata do inositol trifosfato, diacilglicerol, ocasionando liberação de Ca e aumentam a [ ] intracelular de GMPc, aumenta o fluxo de K através das membranas celulares cardíacas, e o reduz nos gânglios e células do musculo liso, causam inibição da adenililciclase no coração e intestino, modulando o aumento dos níveis de cAMP induzido por hormônios, ou seja, reduz a resposta fisiológica do órgão ao hormônio estimulador. O receptor nicotínico é um pentâmero de glicoptns, que quando ocupado por um agonista gera mudança de conformação na ptn, abertura do canal para difusão conforme o gradiente de Na e K; com isso há despolarização da célula nervosa ou da membrana da placa terminal neuromuscular; a ocupação prolongada pelo agonista cessa a resposta efetora, o neurônio pós-ganglionar para de disparar e a célula do musculo liso relaxa; causa um bloqueio despolarizante pelo impedimento da recuperação elétrica da membrana, efeito explorado na paralisia muscular. EFEITOS ORGÂNICOS: são previstos de acordo com os efeitos do agonista endógeno. No olho, o agonista muscarínico causa miose (contração do músculo liso do esfíncter da íris) e acomodação para visão de perto pela contração do músculo ciliar. Sistema cardiovascular: reduz a resistência vascular periférica e altera FC; em doses mínimas, a acth causa vasodilatação, com redução da PA e aumento reflexo da FC, enquanto doses maiores causam bradicardia, hipotensão e redução da velocidade de condução do nodo atrioventricular; o estímulo muscarínico causa aumento na corrente de K no átrio, nodos sinoatrial e atrioventricular, redução na corrente de Ca interna lenta, despolarização diastólica, tudo mediado pelo receptor M2, com isso há hiperpolarização e redução da contratilidade no átrio; no entanto, há uma descarga simpática reflexa devido à redução da PA. Os agonistas muscarínicos causam vasodilatação acentuada pela liberação de fator de relaxamento derivado do endotélio (EDRF) e óxido nítrico, que ativa a guanililcilase, aumenta GMPc, produzindo relaxamento. Sistema respiratório: contração do mm liso da árvore brônquica e estímulo a secreção das glândulas tranqueobronquicas. TGI: aumenta atividade secretora e motora do intestino; com estimulo as glândulas salivares, gástricas e em menor proporção pâncreas e do intestino delgado; aumenta o peristaltimo, relaxa os esfíncteres; envolve a despolarização da membrana celular do mm liso e aumento do influxo de Ca; o receptor M3 ativa a contração muscular e M2 reduz a formação de cAMP e o relaxamento simpático. TGU: promovem a micção pelo estimulo ao mm detrusor e relaxamento dos mm do trígono e esfíncter por ação dos receptores M2 e M3; não há grande sensibilidade no útero. Glândulas secretoras mistas: estimula a secreção das gl. sudoríparas, lacrimais e nasofaríngeas. SNC: o cérebro contem mais receptores muscarínicos e a medula os nicotínicos; a nicotina é toxica, podendo causar convulsões e coma fatal, por isso é utilizada em inseticidas. SNP: a atividade nicotínica inicia potenciais de ação nos neurônios pós-ganglionares, com hipertensão, taquicardia alternada por bradicardia vagal; no tgi e tgu causa vômitos, náusea, diarreia e micção; a exposição prolongada leva ao bloqueio polarizante. Junção neuromuscular: a ativação nicotínica causa despolarização imediata pelo aumento da permeabilidade ao Na e K, com isso ocorre bloqueio persistente da despolarização mesmo após repolarização, que se manifesta como paralisia flácida no mm esquelético. 
Parassimpatomiméticos de ação indireta
A hidrólise da acth pela acetilcolinesterase encerra a sua atividade, o efeito do colinomimético indireto é pela ação no sitio ativo da enzima, embora possam atuar nos receptores nicotínicos. São de três grupos químicos, álcoois simples com amina quaternária – efedrônio; ésteres do , ácido carbâmico de álcoois com aminas quaternárias ou terciarias – neostigmina; ou derivados orgânicos do ácido fosfórico – ecotiofato. FARMACOCINÉTICA: os carbamatos são permanentemente carregados, por isso, relativamente insolúveis em lipídios e de absorção ruim, requerendo doses maiores por VO para produzir efeito e a distribuição no SNC é mínima. A fisostigmina tem ampla absorção, pode ser utilizada topicamente no olho, chega ao SNC e é mais tóxica. Os carbamatos são estáveis em solução aquosa, podem ser metabolizados por esterases não específicas, a duração do efeito é determinada pela estabilidade inibidor-enzima. Os organofosforados são bem absorvidos pelas mucosas, são altamente tóxicos, usados como inseticidas, menos estáveis em água com meia-vida limitada, o ecotiofato é bastante polar e mais estável. Os derivados de tiofosfato (paration, malation) são bastante lipossolúveis e rapidamente absorvidos; requerem ativação pela conversão em análogos do oxigênio, são inativados por outras vias metabólicas nos mamíferos (malation), o que não ocorre completamente com o paration; distribuem-se em todo o corpo, incluindo SNC e podem causar toxicidade. FARMACODINÂMICA: ocorre inibição da acetilcolinesterase, o alvo farmacológico, e da butirilcolinesterase. A acetilcolinesterase é altamente ativa, e rapidamente catalisa a reação: acth + E colina + acetil-E H2O acetil + E. ao inibir essa catálise, ocorre aumento da [ ] de acth nos receptores. Os álcoois com aminas quaternárias ligam-se reversivelmente de modo eletrostático e por ligações de H no sitio ativo e é uma ligação de vida curta; os esteres de carbamato passam por uma hidrólise de 2 etapas, e a ligação covalente da enzima carbamilada é mais resistente e duradoura; os organofosforados se ligam e são hidrolisadas pela enzima, resultando num ativo fosforilado, cujo complexo P-E tem alta estabilidade e tem hidrolise muito lenta, podendo passar por um processo de envelhecimento que envolve a quebra de aligação P-O, e nesse caso o complexo é ainda mais estável, assim os organofosforados são inibidores irreversíveis. EFEITOS ORGÂNICOS: leva a amplificação dos efeitos colinérgicos. SNC: em baixas [ ], causam resposta subjetiva de alerta, em altas, convulsões generalizadas, coma e parada respiratória. OLHOS, TR, TGI e TGU: efeitos semelhantes aos colinérgicos de ação direta. Sistema cardiovascular: aumenta a atividade dos gânglios nas células efetoras de inervação colinérgica; mimetizam o efeito vagal cronotrópico, dromotrópico (reduz taxa de condução nos nodos atrioventricular e sinoatrial) e inotrópico negativos, reduzindo o DC, mas com menor efeito sobre o mm liso endotelial e a PA; em doses altas ocorre bradicardia acentuada, taquicardia e hipotensão. Junção neuromuscular: os efeitos podem ser terapêuticos ou tóxicos, aumenta a força de contração (uso na miastenia gravis), e em doses altas leva a fibrilação das fibras musculares.
Uso clínico
O uso principal é no glaucoma, esotropia acomodativa, atonia pós-operatória do TGI e TGU, bexiga neurogênica, miastenia gravis, paralisia neuromuscular induzida por curare, e raramente em arritmias atriais, especialmente a taquicardia supraventricular paroxística. Os inibidores da colinesterase são utilizados na superdosagem de atropina e outros fármacos antimuscarínicos, como os antidepressivos tricíclicos e atualmente no Alzheimer. 
Toxicidade
Depende do grau de absorção, acesso ao SNC e metabolismo. Os agonistas muscarínicos diretos causam náusea, vômitos, diarreia, urgência urinaria, sialorreia, sudorese, vasodilatação cutânea, broncoconstricção atropina e derivados são os antídotos.Os agonistas nicotínicos diretos podem ser fatais, e em casos agudos causam vômitos, limitando a quantidade absorvida; os efeitos podem progredir para coma e parada respiratória, bloqueio da despolarização e paralisia respiratória, hipertensão e arritmias cardíacas. O tratamento é sintomático. 
Os inibidores da colinesterase têm por efeito toxico extensão dos efeitos farmacológicos, e a intoxicação aguda deve ser prontamente tratada. Os efeitos são semelhantes aos dos agonistas muscarínicos.
FÁRMACOS PARASSIMPATOLÍTICOS
Com base na especificidade ao receptor, podem ser muscarínicos ou nicotínicos. Os antagonistas dos receptores nicotínicos atuam nos gânglios ou na junção neuromuscular. Esses fármacos bloqueiam os efeitos da descarga parassimpática autônoma. 
Química: são ésteres alcaloides de aminas terciárias, no caso da atropina (hiosciamina) e seus derivados. Outras substâncias de efeito antimuscarínicos são a escopolamina, propantelina, glicopirrolato, pirenzepina, diciclomina, ipratróprio e benzotropina. Farmacocinética: os derivados terciários são bem absorvidos no intestino e membranas conjuntivas, podendo ser absorvidos pela pele se em preparações adequadas; já os derivados quaternários devido a suas cargas, a lipossolubilidade é baixa, e por consequência a absorção oral; os terciários são bem distribuídos, mesmo no SNC, em pouco tempo, e os quaternários tem baixa absorção no snc. Em relação ao metabolismo, a meia-vida é curta, a maior excreção é urinária após reações de hidrólise e conjugação, todavia os efeitos no olho podem durar até 72 horas. Farmacodinâmica: a atropina bloqueia competitivamente o receptor, doses maiores de acth a deslocam do receptor. No entanto, a eficácia do antagonista depende do tecido, sendo a atropina mais eficaz nas gls. salivares, brônquicas e sudoríparas. Os fármacos podem ser seletivos quanto ao subtipo dos receptores muscarínicos, e os sintéticos não são tão seletivos nas interações com receptores muscarínicos/nicotínicos. Efeitos orgânicos: Snc – a atropina causa efeito sedativo de longa duração no cérebro; a escopolamina tem efeitos centrais acentuados, produzindo sonolência e amnésia em pacientes sensíveis, e em altas doses, ambos podem causar excitação, agitação, alucinação e coma; reduzem o tremor na doença de Parkson; prevenção e reversão de distúrbios vestibulares. Olho: bloqueiam a constrição pupilar com uso tópico, resultando em dilatação simpática sem contraposição e midríase; enfraquecimento da contração do mm ciliar (ciclopegia), que resulta em perda da capacidade de acomodação, e não há foco para visão proximal; pode induzir o glaucoma agudo; reduzem a secreção lacrimal. Sistema cardiovascular: altera a função do nodo sinoatrial, levando ao aumento da fc, doses baixam conduzem a bradicardia inicial antes de o bloqueio vagal periférico ocorrer, isso devido ao bloqueio de M1 nas fibras vagais pós-ganglionares; no nodo atrioventricular, se o tônus vagal é alto, ocorre redução do intervalo PR no ecg; no átrio, o bloqueio é leve, exceto se ouver flutter atrial ou fibrilação; os ventrículos são pouco afetados; em [ ] tóxicas, ocorre bloqueio da condução intraventricular (anestesia); pode haver bloqueio da vasodilatação; pode haver taquicardia, mas pouco efeito na PA. Sistema respiratório: broncodilatação e redução da secreção, que são mais significativos na presença de doença respiratória, podem ser uteis na DPOC. Tgi: os efeitos são remediados pela ação do sne; reduzem a secreção salivar, bloqueio pouco efetivo da secreção gástrica; afeta a motilidade do mm liso, causando relaxamento e redução do tônus e movimentos propulsórios, aumento o tempo de esvaziamento gástrico. Tgu: relaxa os mm liso dos ureteres e da bexiga, lentifica a micção. Glândulas sudoríparas: supressão da sudorese, o que leva ao aumento da temperatura corporal.
Uso clínico
Doença de Parkinson, cinetose, exame oftalmoscópico, redução de secreção brônquica no pré-operatório, bloqueio da bronconstrição na asma e DPOC mediada pelo nervo vago (ipratrópio e tiotrópio), condições de hipermotilidade e diarreia, urgência urinária.
Efeitos adversos
Os efeitos de um antagonista podem ser sistêmicos e não específicos para o órgão em tratamento. A manifestação pode se dar por boca seca, midríase, taquicardia, pele quente e ruborizada, agitação e delírio que podem persistir por até uma semana. O tratamento é sintomático. 
Contraindicações
São relativas e não absolutas. CI: glaucoma, especialmente de ângulo fechado, idosos, hiperplasia prostática, úlcera gástrica.
Bloqueadores ganglionares
Bloqueiam os receptores nicotínicos dos gânglios parassimpáticos, e em alguns casos bloqueiam também o canal iônico ligado ao receptor. Podem bloquear todo o fluxo autônomo, mas não são seletivos com atividade ampla e diversos efeitos indesejáveis.
Química: são aminas sintéticas, tetraetilamônio – tea (duração muito curta), hexametônio –C6(ttt de hipertensão), mecamilina (absorção ruim e errática VO), trimetafano (bloqueador de ação curta). Farmacodinâmica: pode ocorrer bloqueio despolarizante e não-despolarizante, os disponíveis são antagonistas competitivos não-despolarizantes, de modo que a presença do agonista reverte o bloqueio. Efeitos orgânicos: Snc – sedação, tremor, movimentos coreiformes, aberrações mentais com uso de mecamilamina. Olho: ciclopegia reversível com perda da acomodação, dilatação moderada da pupila. Sistema cardiovascular: redução do tônus arteriolar e venomotor, queda brusca da PA pela redução do retorno venoso e da rvp, hipotensão postural, redução da contratilidade cardíaca com taquicardia moderada. Tgi: redução da secreção, inibição da motilidade, constipação acentuada. Outros sistemas: no tgu causa retenção urinária e hesitação ao urinar; bloqueia a ejaculação e a ereção; redução da sudorese, vasodilatação cutânea. 
Uso clínico e toxicidade
A mecamilamina é usada no ttt antitabaco, o trimetafano em emergências hipertensivas e aneurisma aórtico dissecante. A toxicidade é limitada aos efeitos autônomos. 
Bloqueadores da junção neuromuscular
Inibem a síntese ou liberação de acth. É importante como adjuvante de anestesia. Podem ser despolarizantes, que são agonistas dos receptores de acth ou não despolarizantes, que bloqueiam os receptores de acth e às vezes os canais iônicos. 
Bloqueadores não despolarizantes: curare, tubocurarina, pancurônio, vecurônio, atracúrio. Mecanismo de ação: antagonizam competitivamente os receptores da placa terminal, mas também canais iônicos e auto-receptores pré-sinápticos, inibindo a liberação de acth e causando fadiga tetânica. Efeitos: paralisia muscular, diplopia, dificuldade de deglutição, o sistema respiratório é o ultimo atingido e o primeiro a se recuperar. Efeitos indesejáveis: queda da PA, liberação da histamina e broncoespasmo, em menor grau taquicardia. Farmacocinética: aplicação IV, diferem entre si na velocidade de inicio e recuperação, metabolismo hepático, excretados inalterados na urina. O atracúrio é instável em pH sanguíneo básico, tendo efeito mais curto durante a alcalose metabólica, e tem ação mais duradoura na acidose metabólica. 
Bloqueadores despolarizantes: decametônio, suxametônio. São agonistas do receptor de acth na placa motora, ficando por tempo suficiente para produzir despolarização e perda da excitabilidade elétrica. Efeitos indesejáveis: bradicardia, liberação de K, aumento da pressão intraocular, paralisia prolongada, hipertermia maligna. 
FÁRMACOS SIMPATOMIMÉTICOS
O SNS regula a atividade do coração e vasculatura nas respostas ao estresse. A ação dos fármacos simpatomiméticos pode ser direta ou indireta, meio pelo qual há deslocamento das catecolaminas armazenadas a partir da terminação nervosa ou inibição da recaptação das catecolaminas já liberadas, e em ambos os casos ocorrer ativação dos adrenorreceptores. Os receptores dividem-se em alfa 1, alfa 2 e beta 1,2,3, que tem especificidade diferentes para adr e nora. Os beta 1 tem afinidade igual para nora e adr, enquanto beta 2 tem maior afinidadepela adr. Tem os receptores de dopamina, especialmente no cérebro e vasculatura esplâncnica e renal.
 Os agonistas são seletivos para subgrupos de receptores, ligando-se preferencialmente a um tipo. 
Mecanismos de ação: Os receptores são acoplados à proteína G formada por subunidades alfa, beta e gama, que são estimuladoras da adenililciclase ou inibidoras dela e podem estar associadas à fosfolipase C. 
Os receptores alfa 1 estão acoplados à hidrolise de polifosfoinositídeo, gerando IP3 e DAG, levando a liberação de Ca que ativa as ptnquinases dependentes do íon. Alfa 2 inibe a adenililciclase, além de outras vias, incluindo canal iônico. 
Os três receptores beta quando ativos, levam a ativação da adenililciclase e aumento de cAMP, cascata que no fígado culmina na ativação da glicogênio fosforilase, no coração aumenta o influxo de Ca e relaxamento do músculo liso
Os receptores da dopamina 1 funcionam pelo estímulo a adenililciclase, o 2 inibe essa enzima, abre canais de K e reduz o influxo de Ca.
Química e farmacologia dos fármacos: Pode ocorrer ativação de um ou ambos os receptores dependendo da estrutura química. Substituições que aumentam o tamanho do alquil na amina aumentam a atividade no receptor beta, já aquelas no anel aromático reduzem a potencia do fármaco. As catecolaminas são sujeitas a inativação pela enzima COMT (catecol-o-metiltransferase) no fígado e intestino, e as substituições no anel impedem essa inativação. Substituições no carbono alfa impedem a oxidação pela MAO, especialmente nos fármacos não-catecolaminas. Alguns fármacos são norepinefrina, isoproterenol, feniletilamina, epinefrina, dopamina, fenilefrina, efedrina, metoxamina e anfetamina.
Efeitos orgânicos: Dependem da afinidade do fármaco com um ou outro receptor, atividade intrínseca e reflexos compensatórios evocados.Vasos sanguíneos: receptores alfa aumentam a resistência arterial, os beta promovem o relaxamento do mm liso. Os vasos da pele e esplâcnicos possuem mais receptores alfa, no mm esquelético ambos estão presentes. Os receptores D1 promovem vasodilatação dos vasos renais, esplâncnicos, coronários e cerebrais.
Coração: os receptores beta 1 são predominantes, e quando ativados levam ao aumento do influxo de Ca, e como consequência, tem efeito cronotrópico positivo pois aumenta a atividade marca-passo, e também inotrópico positivo, pelo aumento da contratilidade e relaxamento acelerado, além do aumento da velocidade atrioventricular e período refretário reduzido. PA: agonista alfa: aumenta RVP e reduz capacitância venosa aumenta PA, que ativa o barorreceptor e leva ao aumento do tônus vagal, que reduz a FC, mas não na mesma proporção do DC. Olho: a ativação dos receptores alfa do mm dilatador da pupila causa midríase, aumentam o fluxo de humor vítreo e reduzem a pressão intraocular. Agonistas beta tem efeito mínimo no relaxamento do mm ciliar, reduzindo levemente a acomodação. TGI: ambos os receptores causam relaxamento muscular, e alfa 2 reduz fluxo de água e sal no lúmen intestinal. TGU: o útero contem receptores alfa e beta 2; receptores alfa no esfíncter uretral e próstata causam contração, portanto, continência urinária. 
Glândulas exócrinas: regulam a secreção de água e amilase das gls salivares, e aumentam a produção de suor pelas gls sudoríparas apócrinas, por mecanismo associado ao estresse psicológico. Efeitos metabólicos: receptores beta promovem a lipólise, e os alfa a inibem; aumentam a glicogenólise do fígado; em alta [ ] as catecolaminas causam acidose metabólica; promevem a captação celular de K; os beta aumentam a secreção de insulina, enquanto os alfa 2 a reduzem. Efeitos na função endócrina e leucocitose: beta 1 promove a secreção de renina, alfa 2 inibe; modulação da secreção de pth, calcitonina, tiroxina e gastrina. SNC: as catecolaminas são praticamente excluídas em sua totalidade pela BHE, mas se passam causam efeitos subjetivos. As não catecolaminas, como as anfetaminas, produzem desde alerta brando, elevação do humor, insônia, euforia, anorexia, comportamento psicótico. 
Fármacos
Catecolaminas: epinefrina – vasoconstrictor potente, estimulante cardíaco e pela ativação de beta 2 nos vasos do mm esquelético, causa vasodilatação, redução da RVP e queda da pressão diastólica; nora – maior efeito em beta 1 e alfa, aumenta rvp e pressão sistólica/diastólica; isoproterenol – agonista beta potente com pouco efeito em alfa, tem ações cronotrópicas e inotrópicas positivas, vasodilatador potente eleva dc, e reduz pressão diastólica; dopamina - precursor da nora, vasodilatador, reduz rvp ao ativar beta 1 e em altas doses, ativa alfa e causa vasoconstrição; fenoldopam – agonista D1, vasodilatação; dobutamina – beta 1 seletiva.
Outros: fenilefrina – age sobre os receptores alfa, não é degradada pela MAO, efeito de midríase, descongestionante e hipertensivo; metoxamina – semelhante a fenilefrina, vasoconstrição, bradicardia vagal; midodrina – pró-fármaco, agonista alfa 1, ttt de hipotensão postural; efedrina – alta biodisponibilidade e tem longo efeito, excretada inalterada na urina; xilometazolina/oximetazolina – agonistas alfa, descongestionantes tópicos, atividade vasoconstritora; anfetamina – estimulante do SNC, efeitos estimulantes no humor, outras substancias com efeitos semelhantes são metanfetamina, fenmetrazina, metilfenidato, pemolina e modafinila.
Receptores-seletivos: os alfa 2 seletivos reduzem a PA, são a clonidina, metildopa, guanfacina, guanabenzo e dexmedetomidina; os beta seletivos são importantes pelos efeitos diferentes dos subtipos.
Especiais: cocaína – anestésico local que age pela inibição da receptação da dopamina da sinapse com efeito semelhante ao da anfetamina, porém mais curta e intensa; tiramina – metabolizada pela MAO com espectro de ação semelhante a da nora, assim aumento da PA.
Uso clínico
A escolha depende do efeito desejado e da duração da ação desejada. Os fármacos simpatomiméticos podem ser usados em emergências hipotensivas, hipotensão ortostática crônica, choque cardiogênico (dobutamina ou dopamina), indução de redução do fluxo sanguíneo em cirurgias, descongestão da membrana mucosa, tratamento do bloqueio cardíaco e parada cardíaca, asma brônquica, anafilaxia, midríase para exame de retina, glaucoma, retardar parto prematuro (terbutalina e ritodrina), supressão do apetite, déficit de atenção, hipertensão.
Toxicidade
São extensões de seus efeitos nos sistemas nervoso e cardiovascular, como hipertensão, aumento do trabalho cardíaco, taquicardia sinusal, arritmias ventriculares, lesão no miocárdio; no SNC tremores, insônia, ansiedade, inquietação, paranoia anfetaminas. 
SIMPATOLÍTICOS
Antagonistas alfa
Mecanismo de ação: podem ser reversíveis, sendo o bloqueio do receptor desfeito em concentrações mais altas do agonista, ou irreversíveis. Fentolamina, prazosina, labetalol, alcaloides do ergot são antagonistas alfa reversíveis. Já a fenoxibenzamina é um alfa antagonista irreversível. A duração da ação depende da meia-vida e velocidade de dissociação do receptor. Os efeitos de um antagonista irreversível podem persistir mesmo após eliminação do fármaco, dependendo as vezes da síntese de novos receptores. Efeitos farmacológicos: no sistema cardiovascular o bloqueio de allfa causa redução da RVP e da PA, mas pelo efeito da reversão da epinefrina, um efeito pressor pode se tornar depressor, normalmente há taquicardia reflexa e hipotensão postural. Outros efeitos são miose e obstrução nasal após bloqueio alfa; o bloqueio alfa 1 na bexiga e próstata reduzem a resistência ao fluxo da urina. 
Alfa bloqueadores: a fentolamina é um antagonista competitivo de alfa 1 e 2, que causa redução da rvp, levando ao aumento da liberação de nora; também inibe receptores da serotonina e de histamina; absorção limitado VO, meia-vida de 5-7h, provoca taquicardia grave, arritmias, isquemia miocárdica, congestão nasal e cefaleia; usada no ttt de feocromocitoma. A fenoxibenzamina bloqueia irreversivelmente o receptor por até 48h, inibe a reabsorção de nora, bloqueiatbm os receptores H1, de acetilcolina e serotonina; atenua a vasoconstrição, aumente DC e reduz levemente a PA, baixa biodisponibilidade, ttt de feocromocitoma; pode ocorrer taquicardia, hipotensão postural, congestão nasal, inibição da ejaculação, fadiga, sedação e náuseas por ação no SNC. Os derivados do ergot são bloqueadores reversíveis. A prazosina é seletiva para alfa 1 e por isso causa relaxamento dos mm lisos, trata has, dificilmente causa taquicardia, extensivamente metabolizada no fígado, meia-vida de 3h. A terazosina é semelhante e tbm indicada para sintomas urinários devido a hiperplasia prostática benigna; alta biodisponibilidade, muito metabolizada no fígado, meia-vida de 9-12h. A doxazosina tem meia vida de +- 22h, tem metabólitos ativos. A tansulosina tem meia-vida de 9-15h, maior eficácia na hiperplasia prostática, menos efeito na PA em posição ereta. Alfuzosina: alfa 1 seletivo, altamente metabolizada, meia-vida de 5h. Indoramina: alfa 1 seletivo, efeito anti-hipertensivo. Urapidil: antagonista de alfa 1, mas tbm agonista de alfa 2, 5-HT1A, anti-hipertensivo e hpb. Labetalol: antagonista de alfa 1 e beta. Outros são clorpromazina, trazodona e haloperidol que bloqueiam alfa 1, mas o efeito principal é nos receptores da dopa. Ioimbina: alfa 2 seletivo, promove a liberação de NTs e pode reverter o efeito anti-hipertensivo de um agonista simpatomimético.
Uso clínico
Feocromocitoma (tumor na adrenal que libera nora + adr e causa sintomas de excesso de catecolaminas) para controle da PA, emergências hipertensivas no caso de ser causada por agonistas adrenérgicos, hipertensão crônica, doença vascular periférica oclusiva, vasoconstrição local excessiva, obstrução urinária, disfunção erétil. Os antagonistas de alfa 2 tem pouca importância clínica.
Antagonistas beta
Em sua maioria são antagonistas puros, mas alguns são agonistas parciais, outros ainda são agonistas inversos. A seletividade para os beta 1 depende da dose, e reduz conforme ela aumenta, isso porque os antagonistas disponíveis não são específicos para esse receptor. Quimicamente são semelhantes ao isoproterenol, agonista beta potente. 
Farmacocinética: são bem absorvidos por VO, passam por efeito de primeira passagem, metabolismo hepático extenso em grau variado, biodisponibilidade dose-dependente, tem altos Vd e se distribuem rapidamente, meia-vida na faixa de 3 a 10 horas, excreção renal e hepática. Farmacodinâmica: o efeito decorre do bloqueio dos receptores, mas tbm pela ação de agonista parcial e ação anestésica local. Efeitos orgânicos: no sistema cardiovascular tem efeito anti-hipertensivo com uso crônico, efeitos inotrópico e cronotrópico negativos previstos, importantes na icc e angina, condução atrioventricular lenta, aumento do intervalo PR, vasodilatação com efeito agudo de aumento da rvp mediado pelos receptores alfa em resposta a redução do DC. No TR causam aumento da resistência nas vias aéreas; no olho reduzem a pressão intraocular pela diminuição na produção de humor aquoso; como efeitos metabólicos inibem a lipólise, tem pouco efeito sobre a glicogenólise hepática, relacionam-se com aumento do VLDL e reduzem HDLc. 
Beta-bloqueadores: propranolol: baixa biodisponibilidade dose-dependente, pouca ação muscarínica e nos receptores alfa, bloqueia receptores de serotonina; metoprolol e atenolol: beta 1 seletivos, não usar se asma; nadolol: duração de ação muito longa; timolol: não seletivo, efeito hipotensivo no olho se administrado topicamente; levobunolol: não seletivo; betaxolol: beta 1 seletivo, efeito hipotensivo ocular, pouca indução de bronconstrição; carteolol: não seletivo; pindolol, acebutalol, carteolol, bopindolol, oxprenolol, celiprolol e pembutolol têm atividade de agonista parcial, efetivos na has e angina, podem causar bradicardia e dislipidemias; labetalol: antagonista reversível, mistura racêmica disponível, causa menos taquicardia; carvedilol, medroxalol e bucindolol: não seletivos, pouca ação nos receptores alfa 1. O carvedilol tem meia vida de 6 a 8h, metabolismo hepático extenso que é estéreo-seletivo; esmolol: beta 1 seletivo de ação ultracurta, metabolizado por esterases das hemácias, útil para arritmias supraventriculares e associadas a hipertensão perioperatória, tireotoxicose e isquemia miocárdica; butoxamina: beta 2 seletivo, não é disponível para uso clínico.
Uso clínico
São efetivos e bem tolerados na hipertensão, cardiopatia isquêmica (reduzem a frequência dos episódios de angina por reduzir o trabalho cardíaco e a demanda por oxigênio), arritmias supraventriculares e ventriculares, insuficiência cardíaca (melhora a crônica e pior a congestiva, tem efeitos benéfico na remodelação), distúrbios cardiovasculares (aumentam volume de ejeção e dissecação aórtica), glaucoma, hipertireoidismo (inibem a conversão da tiroxina em triiodotironina), doenças neurológicas (reduzem a frequência e intensidade das enxaquecas, redução de tremores, podem ser usados ainda na hipertensão porta.
Toxicidade
No snc podem causar sedação, distúrbios do sono e depressão; piora da asma; descompensação cardíaca; podem ser revertidos com administração de isoproterenol ou glucagon.

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