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de baixa qualidade se segurança e necessitados dos serviços básicos. Levando em consideração que as transformações ocorridas no campo material são portadoras de alterações políticas e fabricantes de novas analogias com a ciência e, por conseguinte com o preparo do saber, entende-se que a erudição e busca do conhecimento, faz com que os teresinenses busquem um modelo de desenvolvimento conferido às cidades brasileiras. Há a criação aí, de um dualismo presente nas principais capitais brasileiras: a concretização de um processo de desenvolvimento e industrialização, e sua consequente e acentuada exclusão social. Culturalmente, Teresina começa a se destacar na década de 70. Piauienses ligados ao teatro, como as atrizes Eleonora Paiva e Lari Sales, se destacaram nacionalmente, sendo premiadas em festivais de teatro amador em diversas partes do Brasil. As produções cinematográficas amadoras em super-oito tiveram em Torquato Neto, o seu principal representante. Os jovens teresinenses não possuíam uma vida noturna movimentada. As reuniões de amigos eram feitas em praças, cinemas e clubes. As Praças Saraiva e Pedro II eram as mais frequentadas, ambas localizadas no centro da cidade onde os trabalhadores e estudantes passavam as suas manhãs e tardes. A Praça Pedro II era o mais conhecido ponto de encontro dos jovens, devido a sua iluminação e proximidade com o Cine Rex. Os cinemas do São Raimundo, Cine Royal e Cine Rex possuíam uma programação que atraía esses jovens nas tarde da capital. Os Cine Royal e Rex tinham sua programação publicada diariamente no jornal “O Dia”, o que lhes garantiam maior popularidade que o Cinema do São João. Uma outra opção de lazer eram os bailes realizados no Clube dos Diários (onde a população podia se associar para ter privilégios em eventos comemorativos, como o Carnaval), Clube do Marquês e União Artística. Um dos principais meios de comunicação eram os jornais impressos, e as fundamentais fontes de saber eram os livros, com o desenvolvimento da Televisão, se atuou uma verdadeira revolução cultural a partir da década de 70. Oton Lustosa, em artigo publicado, retratou esse momento: Com o advento da Televisão, o que vemos é um contundente impacto que atinge em cheio os sentidos da pessoa humana. Entretanto um novo mundo pelos olhos e pelos ouvidos, invade a alma do espectador e faz com que este passe a viver de uma outra forma. (LUSTOSA, 2003, p.321). As mudanças na moda e na sociedade trazidas pela década de 70 As convenções do início do século XX determinavam que o marido era quem sustentava o lar e que a mulher não precisava trabalhar para ganhar dinheiro. As mulheres que eram pobres ou se tornavam viúvas, possuíam um leque reduzido de opções para se sustentar e sustentar seus filhos. Só lhes restavam profissões pouco valorizadas e mal vistas pela sociedade, como: cozinhar por encomenda, produzir arranjo de flores, bordar, dar aulas de piano, etc. Ainda assim algumas mulheres conseguiram ultrapassar as barreiras de ser apenas a esposa, mãe e dona de casa. O aumento da participação feminina no mercado de trabalho no Brasil foi uma das mais marcantes transformações acertadas no país desde os anos 70. A precisão econômica, que se avivou com a diminuição dos salários dos trabalhadores, as forçou a procurar uma complementação para a renda familiar. Profissionalmente, a mulher da década de 70, ocupava as profissões relacionadas à “arte de cuidar”. Nos hospitais, a maioria das mulheres eram enfermeiras e atendentes; elas também trabalhavam como professoras; em serviços domésticos; comerciarias e uma pequena parcela na crescente indústria e na agricultura. Com o surgimento dos movimentos sindicais e feministas no Brasil, a diferença de classe uniu os dois sexos na luta por melhores condições de vida e trabalho. Foi então que o movimento sindical abraçou a causa e começou a assumir a luta pelos direitos da mulher. A evolução dos valores femininos começou na década de 60, estendendo-se à década de 70. Entre liberação sexual e eliminação de tabus, a forma de se vestir reflete as mudanças ocorridas nessa época. Enquanto o termo “gênero” era utilizado com uma forma de diferenciar homens e mulheres, a moda veio para aproximá-los. As mulheres passaram a usar smoking e calça comprida para se igualar aos homens e minissaias, vestidos curtos e biquínis para mostrar o corpo, antes envolto de pré conceitos. Por todos estes aspectos, percebe-se a importância da moda no universo feminino desta época. Ela encontrará recursos infinitos de quando a curiosidade sexual se contém sob o puritanismo dos costumes de uma sociedade burguesa, a moda descobrirá meios de satisfazer um impulso reprimido como, por exemplo, o desnudamento através da moda. (VIEIRA, 2008) Enquanto que para os moralistas a moda feminina era vista como futilidade, boa parte da massa intelectual liberal a via como sendo símbolo de uma mentalidade contemporânea, uma autoridade em que a busca e venda de um produto feminino era plausível. Sob esse ponto de vista pode-se observar que a moda como questão aglutinadora de um discurso que abrange diferentes visões de mundo, num período em que muito se debatia entre a participação de homens e mulheres na constituição de um molde de nação bem-educada e progressista, nos modelos das culturas européias. A presença do tema da moda no jornal, além de compor uma estratégia “mercadológica” do impresso, que visava seduzir o público feminino, reflete o investimento desse tema na constituição de um discurso que criasse uma identidade nacional, que deixasse de lado as influências estrangeiras. O jornal “O Dia” e a representação feminina Na capital piauiense, o jornal “O Dia”, referência importante do jornalismo político Teresinense, surgiu na década de 50, mais especificamente no primeiro dia do mês de fevereiro do ano de 1951 sob o comando de Raimundo Leão Monteiro. Nesta década, Teresina possuía 90.723 mil habitantes, destes apenas 295 eram portadores de curso superior, dentre eles doze mulheres. Além de dirigir-se a uma parcela diminuta da população, o jornal não era distribuído para o interior porque não havia estradas, nem meios de transporte para isso. O jornal circulava as quintas-feiras e aos domingos, tratando essencialmente de fatos políticos. Com sede localizada na Rua Lizandro Nogueira 1384, O Dia era composto de quatro páginas recheadas de matérias políticas redigidas pelo jornalista Bugyja Brito, que exercia o cargo de "redator-secretário", e pelo "diretor-proprietário" Raimundo Leão. O empreendimento - que levava o mesmo nome de um pasquim outrora pertencente ao jornalista Abdias Neves - ganhou o gosto popular, já que embora a política fosse o assunto dominante - sempre havia um espaço para uma crítica social ou mesmo para a divulgação do aniversário de alguém, principalmente se esse alguém pertencesse à família de Bugyja Brito, que contava com a confiança total de Leão. (JORNAL O DIA, 1° de fevereiro de 2009. Caderno Especial. Número 15.757, pag.06) O início da década de 60 não foi muito favorável para o jornal, tendo que ser vendido para o então governador do Estado, Chagas Rodrigues, e em 1962 o jornal passa a ser publicado três vezes por semana, propagando as idéias do Partido Trabalhista Brasileiro, PTB. Em 19 de agosto de 1963, “O Dia” muda sua linha editorial, passando para o comandado do jornal “Folha da Manhã”, pertencente a José Paulino de Miranda