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Do Direito Internacional dos Estados

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Do Direito Internacional dos Estados
Soberania
Reconhecimento do Estado
Não-intervenção
Não-ingerência
CONVENÇÃO SOBRE DIREITOS E DEVERES DOS ESTADOS (Convenção de Montevidéu/1933) 
Os Governos representados na Sétima Conferencia Internacional Americana. 
Desejosos de negociar um Convenio acerca dos Direitos e Deveres dos Estados, nomearam os seguintes Plenipotenciários: 
HONDURAS, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA, SALVADOR, REPUBLICA DOMINICANA, HAITí, ARGENTINA, VENEZUELA, URUGUAY, PARAGUAY, MEXICO, PANAMA, BOLIVIA, GUATEMALA, BRASIL, EQUADOR, NICARÁGUA, COLÔMBIA, CHILE, PERÚ, CUBA 
Os quais, depois de terem exibido seus Plenos Poderes, achados em boa e devida forma, convieram no seguinte: 
Artigo 1 
O Estado como pessoa de Direito Internacional deve reunir os seguintes requisitos. 
I. População permanente. 
II. Território determinado. 
III. Governo. 
IV. Capacidade de entrar em relações com os demais Estados. 
Artigo 2 
O Estado federal constitui uma só pessoa ante o Direito Internacional. 
Artigo 3 
A existência política do Estado é indepedente do seu reconhecimento pelos demais Estados. Ainda antes de reconhecido, tem o Estado o direito de defender sua integridade e independência, prover a sua conservação e prosperidade, e conseguintemente, organizar-se como achar conveniente, legislar sobre seus interesses, administrar seus serviços e determinar a jurisdição e competência dos seus tribunais. O exercício destes direitos não tem outros limites além do exercício dos direitos de outros Estados de acordo com o Direito Internacional. 
Artigo 4 
Os Estados são juridicamente iguais, desfrutam iguais direitos e possuem capacidade igual para exercê-los. Os direitos de cada um não dependem do poder de que disponha para assegurar seu exercício, mas do simples fato de sua existência como pessoa de Direito Internacional. 
Artigo 5 
Os direitos fundamentais dos Estados não são suscetíveis de ser atingidos sob qualquer forma. 
Artigo 6 
O reconhecimento de um Estado apenas significa que aquele que o reconhece aceita a personalidade do outro com todos os direitos e deveres determinados pelo Direito Internacional. O reconhecimento é incondicional e irrevogável. 
Artigo 7 
O reconhecimento do Estado poderá ser expresso ou tácito. Este último resulta de todo ato que implique a intenção de reconhecer o novo Estado. 
Artigo 8 
Nenhum Estado possui o direito de intervir em assuntos internos ou externos de outro. 
Artigo 9 
A jurisdição dos Estados, dentro dos limites do território nacional, aplica-se a todos os habitantes. Os nacionais e estrangeiros encontram-se sob a mesma proteção da legislação e das autoridades nacionais e os estrangeiros não poderão pretender direitos diferentes, nem mais extensos que os dos nacionais.
CARTA DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS-Conferência de Bogotá/1948
PRINCÍPIOS
Artigo 3
Os Estados americanos reafirmam os seguintes princípios:
a) O direito internacional é a norma de conduta dos Estados em suas relações recíprocas;
b) A ordem internacional é constituída essencialmente pelo respeito à personalidade, soberania e independência dos Estados e pelo cumprimento fiel das obrigações emanadas dos tratados e de outras fontes do direito internacional;
c) A boa-fé deve reger as relações dos Estados entre si;
d) A solidariedade dos Estados americanos e os altos fins a que ela visa requerem a organização política dos mesmos, com base no exercício efetivo da democracia representativa;
e) Todo Estado tem o direito de escolher, sem ingerências externas, seu sistema político, econômico e social, bem como de organizar-se da maneira que mais lhe convenha, e tem o dever de não intervir nos assuntos de outro Estado. Sujeitos ao acima disposto, os Estados americanos cooperarão amplamente entre si, independentemente da natureza de seus sistemas políticos, econômicos e sociais;
Artigo 19
Nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou indiretamente, seja qual for o motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro. Este princípio exclui não somente a força armada, mas também qualquer outra forma de interferência ou de tendência atentatória à personalidade do Estado e dos elementos políticos, econômicos e culturais que o constituem.
Artigo 20
Nenhum Estado poderá aplicar ou estimular medidas coercivas de caráter econômico e político, para forçar a vontade soberana de outro Estado e obter deste vantagens de qualquer natureza.
Artigo 21
O território de um Estado é inviolável; não pode ser objeto de ocupação militar, nem de outras medidas de força tomadas por outro Estado, direta ou indiretamente, qualquer que seja o motivo, embora de maneira temporária. Não se reconhecerão as aquisições territoriais ou as vantagens especiais obtidas pela força ou por qualquer outro meio de coação.
Artigo 22
Os Estados americanos se comprometem, em suas relações internacionais, a não recorrer ao uso da força, salvo em caso de legítima defesa, em conformidade com os tratados vigentes, ou em cumprimento dos mesmos tratados.
Carta das Nações Unidas- Carta de São Francisco/1945
Artigo 2. A Organização e seus Membros, para a realização dos propósitos mencionados no Artigo 1, agirão de acordo com os seguintes Princípios:
1. A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros.
2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e vantagens resultantes de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de boa fé as obrigações por eles assumidas de acordo com a presente Carta.
3. Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais.
4. Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas. [...]
7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os Membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do Capitulo VII.
Resolução n. 2131 AG, de 21/dez/1965, intitulada “Declaração sobre a inadmissibilidade de intervenção nos assuntos interiores dos Estados e a proteção de sua independência e de sua soberania”.
1.Nenhum Estado tem direito de intervir diretamente ou indiretamente seja qual for o motivo nos assuntos internos ou externos de qualquer outro.[...]2.Nenhum Estado pode aplicar ou fomentar o uso de medidas econômicas, políticas ou de qualquer outra índole para coagir um outro Estado a fim de lograr que se subordine o exercício de seus direitos soberanos ou obter dele vantagens de qualquer ordem. Todos os Estados deverão também abster-se de organizar, apoiar, fomentar, financiar, instigar ou tolerar atividades armadas, subversivas ou terroristas direcionadas a mudar pela violência o regime de outro estado, e de intervir em uma guerra civil de outro Estado. 3. O uso da força para privar os povos de sua identidade nacional constitui uma violação de seus direitos inalienáveis e do princípio de não-intervenção. [...] 6. Todo o Estado deve respeitar o direito de livre determinação e independência dos povos e nações, [...] (Grifo nosso)
Resolução n. 2526 AG, de 12/nov/1970, denominada “Declaração sobre os princípios de direito internacional referentes às relações de amizade e cooperação entre os Estados em conformidade com a Carta das Nações Unidas” 
[...]a) o princípio de que os Estados, em suas relações internacionais, se abstenham de recorrer à ameaça ou ao uso da força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado, ou sob qualquer outra forma incompatível com os propósitos das Nações Unidas. [...] c) a obrigação
de não-intervir nos assuntos que são da jurisdição interna dos Estados, em conformidade com a Carta. d) a obrigação dos Estados de cooperarem entre si, conforme a Carta. e) o princípio da igualdade de direitos e da liberdade de determinação dos povos.[...] (Grifos nossos)
Resolução n. 3171 AG, de 17/dez/1973
1.Reafirma energicamente o direito inalienável dos Estados à soberania permanente de seus recursos naturais, da terra compreendendo dentro das fronteiras internacionais, assim como o dos fundos marinhos e de seu subsolo situados dentro de sua jurisdição nacional, e nas águas subjacentes. [...] 3.Afirma que a aplicação do princípio de nacionalização pelos Estados como expressão de sua soberania para salvaguardar seus recursos naturais, implica que cada Estado tenha o direito a determinar o montante da possível indenização e as modalidades de pagamento, e toda a controvérsia que possa surgir deverá ser resolvida em conformidade com a legislação nacional de cada um dos Estados que apliquem tais medidas; [...] (Grifos nossos) 
Resolução n. 3281 AG, de 12/dez/1974
“Carta de Direitos e Deveres Econômicos dos Estados”
Preâmbulo: [...] Desejosa de contribuir para a criação de condições propícias a: a) realizar uma prosperidade mais ampla em todos os países e níveis de vida mais elevados para todos os povos, b) promover, por toda a comunidade internacional do progresso econômico e social de todos os países, especialmente dos países em desenvolvimento, c) encorajar, sobre a base do proveito comum e benefícios eqüitativos para todos os Estados amantes da paz, desejosos em aplicar os dispositivos desta Carta, da cooperação em matéria econômica, comercial, científica e técnica sejam quais forem seus sistemas políticos, econômicos e sociais, d) eliminar os principais obstáculos ao progresso econômico e dos países em desenvolvimento, [...]
2. Cada Estado detém e exerce livremente uma soberania inteira e permanente sobre todas as suas riquezas, recursos naturais e atividades econômicas, inclusive a posse e o direito de as utilizar e dispor delas.[...]
14. Todo Estado tem o dever de cooperar para promover uma expansão e liberalização segura e crescente do comércio mundial e um melhoramento do bem-estar e do nível de vida de todos os povos, em particular dos países em desenvolvimento. [...] A este respeito, os Estados adotarão medidas direcionadas a promover benefícios adicionais para o comércio internacional dos países em desenvolvimento de modo a obter para estes um aumento substancial de suas receitas em divisas, a diversificação de suas exportações , a aceleração da taxa de crescimento do comércio [...] (Grifos nossos)
Caso “Estreito de Corfu” (R.U. vs. Albânia-1947-49)
“A respeito da operação de 12 e 13 de novembro, esta fora executada contrariando a vontade claramente expressa pelo governo albanês, que não consentira com a retirada das minas pelas organizações internacionais” [...] “O Reino Unido sustentou [...] uma nova e especial forma de aplicação da teoria da intervenção, onde o estado interveniente estaria agindo para facilitar a tarefa de um tribunal internacional ou como forma de auto-proteção”.
“ A Corte não pode aceitar essas linhas de defesa, somente podendo considerar o alegado direito à intervenção como uma manifestação de força policial, que não possui guarida no direito internacional. A respeito da noção de auto-proteção, a Corte também não estava apta a aceitar: entre Estados independentes, o respeito à soberania nacional é fundamento essencial das relações internacionais”[...].
Caso “Atividades militares e paramilitares na Nicarágua e contra ela” (Nicarágua vs. Estados Unidos, 1986)
“Por 12 votos contra 3
Decide que os Estados Unidos da América, treinando, armando, equipando, financiando e aprovisionando as forças contras, e encorajando, apoiando e assistindo de toda a maneira as atividades militares e paramilitares na Nicarágua e contra ela, têm, contra a República da Nicarágua, violado a obrigação que lhe impõe o direito internacional costumeiro de não intervir nos assuntos de um outro Estado. (Grifo nosso)
[...] “3. O princípio da não-intervenção (parágrafos 202 a 209). O princípio da não-intervenção coloca em jogo o direito de todo o Estado soberano de conduzir seus assuntos sem ingerência exterior. Pode-se encontrar numerosas expressões na opinio juris dos Estados sobre a existência desse princípio. A Corte observa que este princípio, afirmado na jurisprudência, foi bastante repetido nas declarações e nas resoluções adotadas pelas organizações ou conferências internacionais às quais participaram os Estados Unidos e a Nicarágua. Pode-se considerar que esse texto testemunha a aceitação pelos Estados Unidos e pela Nicarágua de um princípio costumeiro universalmente aplicável”. 
“Sobre o conteúdo do princípio em direito costumeiro, a Corte definiu os elementos constitutivos que parecem pertinentes na espécie: a intervenção proibida deve se referir aos elementos a propósito dos quais o princípio de soberania dos Estados permite a cada um de decidir livremente (escolha do sistema político, econômico, social e cultural e formulação de relações exteriores, por exemplo). A intervenção é ilícita quando, em relação à escolha que deve ocorrer livre, utilizam-se os meios de constrangimento, notadamente a força, seja sob a forma direta (ação militar) seja sob uma forma indireta (apoiando a atividades subversivas no interior de um outro Estado)”.(Grifo nosso)

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