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FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA - FNP Método KABAT Prof ªMa Ludmilla Karen Brandão 1. INTRODUÇÃO 1.1. HISTÓRICO Herman Kabat – médico neurofisiologista. 1945/1946 – diretor do instituto de reabilitação neuromuscular Kabat-Kaiser e início do trabalho com Margareth Knott (fisioterapeuta). 1948 – fundou o instituto de reabilitação na Califórnia (Vallejo). Década de 50 – estabelecem alguns princípios: Resistência máxima; Irradiação; Movimento em espiral e diagonal; Inibição e inervação recíproca. 1950 – Combinações de movimento. Década de 50 – cursos de FNP em Vallejo. 1951 – Estabelecem 9 técnicas. 1953 – Dorothy Voss junta-se ao grupo. 1954 - Dr. Herman Kabat deixa o programa. 1956 - Maggie e Dorothy publicaram o primeiro livro FNP 1978 – morre Margareth Knott. Década de 80 - divulgação do método por Dorothy Voss. Década de 90 – Hink Mangold diretora do curso na Califórnia. Sue Adler projetou a Associação Internacional de PNF. 1997 - Hink pela 1ª vez no Brasil. No início a maioria dos pacientes atendidos tinham esclerose múltipla e poliomielite Com a experiência, ficou claro que esta abordagem terapêutica era eficiente para os pacientes com uma ampla gama de diagnósticos Hoje, os pacientes com doenças neurológicas, traumáticas, bem como sintomas ortopédicos são tratados com este conceito Ministrantes de curso na Califórnia - Sue Adler, Gregg Johnson e Vick Saliba. No Brasil é propagado pela fisioterapeuta Mônica de Barros Ribeiro Cilento e José Vicente. 1.2. FILOSOFIA DO MÉTODO Potencial ainda não explorado. Leva em consideração o intelecto, físico e o emocional. Enfoque positivo – paciente pode fazer. Cooperação de partes fortes para um objetivo funcional. Terapia que melhora a força, resistência, coordenação, equilíbrio, relaxamento e alongamento. Repetição para o aprendizado. Trabalhar o paciente pelo centro primeiro. 1.3. DEFINIÇÃO Facilitação – promover ou acelerar todo o processo natural – tornar fácil. Neuromuscular – o movimento envolve músculos e unidade motora (nervos). Proprioceptiva – receptores sensoriais – informação de movimento (direção, amplitude, velocidade) e posicionamento. FNP – Conjunto de técnicas que promovem ou aceleram as respostas do mecanismo neuromuscular, através da estimulação de receptores. 1.4. OBJETIVOS Restaurar a força; Relaxar e alongar os músculos; Diminuir a dor; Aumentar a resistência muscular; Promover coordenação; Aumentar amplitude ativa e passiva; Restaurar a estabilidade e o equilíbrio; Melhorar a propriocepção; Induzir o impulso nervoso para as partes atingidas; Promover a reeducação funcional; 2. DIVISÃO DO MÉTODO 2.1. PROCEDIMENTOS ( ou PRINCÍPIOS) BÁSICOS 2.2.TÉCNICAS ESPECÍFICAS: Desenvolvida com um objetivo específico. Depende do esforço voluntário do paciente 2.1.PRINCÍPIOS BÁSICOS DESCRIÇÃO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS OU PROCEDIMENTOS BÁSICOS Estímulo visual. Estímulo verbal. Padrões de facilitação. Contatos manuais. Estímulo de estiramento. Reflexo de estiramento. Tração e aproximação. Resistência apropriada. Irradiação e reforço. Sincronização (Seqüência) do movimento . Posição e biomecânica corporal do fisioterapeuta. I . ESTÍMULO VISUAL Influencia no movimento da cabeça e assim facilita o movimento do tronco. Ajuda o paciente a controlar e corrigir a posição e o movimento. Feedback do sistema sensorial da visão promove contração mais forte. II . ESTIMULO VERBAL Comandos simples e precisos. Instrução clara e concisa. Entonação (volume) afeta a força do resultado da contração. Ex: comando mais calmo se o objetivo é relaxar. O comando verbal deve ocorre imediatamente antes do reflexo de estiramento. Três partes: Preparação: instruções com o movimento passivo, prepara para ação; Ação : diz ao paciente para começar (comandos breves, precisos e simples); Correção: corrigir ou modificar a ação. III . PADRÕES DE FACILITAÇÃO São de movimento em massa – assemelham aos padrões funcionais. São de acordo com: Características espiral e diagonal; De acordo com o alinhamento topográfico dos músculos (combinações de músculos sinérgicos). OBS: Músculos sinérgicos – são aqueles que agem em conjunto com outros a fim de produzir um movimento coordenado. Combinam três planos do espaço na articulação proximal (3 componentes de movimento): Sagital (flexão e extensão); Frontal (abdução e adução); Transversal (rotação interna e externa). Nome do padrão – dados pelos movimento que ocorre na articulação proximal. Dois padrões antagonistas formam uma diagonal. Componentes (de movimento e musculares) de cada padrão trabalham nas: Articulação proximal; Articulação intermediária; Articulações distais. A articulação intermediária é livre para : fletir ou estender (variáveis), ou manter a posição. Trajeto ótimo do padrão (sulco) – lugar no espaço onde alongam-se ao máximo todos os músculos e através dele todos se contraem. O corpo do terapeuta deve estar alinhado ou em paralelo ao sulco. Componentes musculares - músculos primários responsáveis pelos movimentos do padrão. Início do padrão – máximo alongamento dos músculos primários. Músculos proximais dão segurança e estabilidade ao membro que está trabalhando. Componente de rotação do padrão é chave para resistência efetiva. Os padrões podem ser: Unilaterais Bilaterais Simétricos – diagonais iguais Assimétricos – diagonais diferentes IV. CONTATOS MANUAIS OU ESTÍMULO TÁTIL Aplicação das mãos do terapeuta para : Dirigir; Guiar; Controlar; Resistir o movimento (quando necessário). Estimula exteroceptores da pele e receptores de pressão – contato na área onde os músculos iram trabalhar. As faces laterais dos membros (superfícies neutras) devem ser sustentadas. Posição das mãos do terapeuta : Permitir total amplitude do movimento; Sem causar dor. V . ESTIRAMENTO A. ESTÍMULO DE ESTIRAMENTO Definição : máximo alongamento dos músculos primários do padrão – posição de partida. Respeitar os componentes rotatórios. Funcionalmente : facilita a contração muscular. Contra-indicações : Pós-cirúrgico; Fraturas não consolidadas; Dor; Fase aguda de qualquer patologia. B. REFLEXO DE ESTIRAMENTO Desencadeamento manual do reflexo – através da estimulação do fuso. Aumenta o grau de excitabilidade muscular. Provocado no músculo sob tensão. Deve ser sutil – rápido – leve. Direcionado ao movimento rotacional. Sincronismo: reflexo – comando verbal – esforço do paciente - resistência apropriada. Objetivos: Iniciar a movimentação voluntária (técnica específica - Reflexo de estiramento no inicio da amplitude); Aumentar a força; Favorecerrespostas rápidas; Aproveitar o potencial. Contra-indicações: Dor; Espasticidade; Fraturas recentes; Instabilidade articular; Pacientes com estruturas (esquelética, articular e tecido mole) que não possam ser submetidos a movimentos bruscos. VII. TRAÇÃO E APROXIMAÇÃO A. Tração – afastamento manual das superfícies articulares. Estimula receptores articulares. Mantida durante o movimento e combinada com resistência apropriada. Objetivos terapêuticos: Facilita especialmente os movimentos antigravitacionais; Auxiliar o alongamento do tecido muscular quando o reflexo de estiramento estiver sendo utilizado; Pacientes com dores articulares. Contra-indicações: Processo agudo; Fraturas não consolidada; Cirurgias recentes. B. Aproximação – é uma compressão manual das superfícies articulares. Estimula receptores articulares. Deve ser mantida. Objetivos terapêuticos: Promove estabilização; Facilita tomada de peso; Facilita reações de endireitamento. Contra-indicações: Dor; Processo agudo articular; Osteoporose; Fraturas não consolidada; Cirurgias recentes. VIII. RESISTÊNCIA APROPRIADA DEFINIÇÃO : Quantidade de resistência que ainda assim permite um movimento suave e coordenado. É adequada às condições do paciente e ao objetivo terapêutico. OBJETIVOS TERAPÊUTICOS: Facilitar a habilidade do músculo de se contrair; Aumentar a aprendizagem motora; Aumentar a força; Ajudar o paciente a adquirir consciência do movimento e sua direção. OBS: Resistência não pode causar dor ou fadiga excesso. TIPOS DE CONTRAÇÃO: ISOTÔNICA (DINÂMICA): Significa movimento ou intenção. Concêntrica – encurtamento do agonista para produção do movimento. Excêntrica – controla-se o movimento pelo alongamento do agonista. ISOMÉTRICA (ESTÁTICA): Intenção do fisioterapeuta e do paciente é que não ocorra movimento. IX. SINCRONIZAÇÃO (SEQUÊNCIA) DO MOVIMENTO DEFINIÇÃO : Sequência de contrações musculares, resultando em um movimento coordenado. COMO OCORRE: Sincronização normal ocorre de distal para proximal. Parte distal move-se inicialmente através da amplitude total e mantém sua posição. Os outros componentes completam sua amplitude quase simultaneamente. A rotação é parte integrante do movimento. X. POSIÇÃO CORPORAL E BIOMECÂNICA Corpo do terapeuta deve estar alinhado com o movimento desejado ou com a força aplicada. A resistência é dada pelo peso corporal e as mãos percebem as respostas do paciente. XI. IRRADIAÇÃO E REFORÇO A resistência aplicada de forma apropriada resulta em irradiação e reforço IRRADIAÇÃO: É a propagação da resposta ao estímulo. Essa reposta pode ser nos músculos sinérgicos e padrões: Aumento da facilitação (contração). Inibição (relaxamento). KABAT (1961) escreveu que a resistência ao movimento é responsável pela produção da irradiação. REFORÇO: Aumentar a força, adicionando um novo estímulo; tornar mais forte. O terapeuta direciona força para os músculos fracos pela quantidade de resistência aplicada nos músculos fortes. INDICAÇÕES: Utilizar o que o paciente tem de forte para enviar energia nervosa a áreas corporais mais fracas. OBS: Atenção quando o paciente responde com padrões sinérgicos anormais. 2.2.TÉCNICAS ESPECÍFICAS O São elementos de trabalho da FNP. O O objetivo das técnicas é promover o movimento funcional por meio da facilitação, da inibição, do fortalecimento e do relaxamento de grupos musculares. O São escolhidas de acordo com as necessidades do paciente, em relação aos seus comprometimentos e limitações funcionais. 2.2.1 MANTER-RELAXAR O ASPECTOS TÉCNICOS: Usa contração isométrica. FASES DA INDICAÇÃO DE ALONGAMENTO 1ª fase: alongar o músculo. 2ª fase: contração isométrica de todos componentes de movimento (5 a 8 seg.). 3ª fase: comando o relaxamento e espera. 4ª fase: alongamento (pelo paciente ou pelo fisioterapeuta). O FASES DA INDICAÇÃO DE DOR/RELAXAMENTO NA CONTRAÇÃO: 1 FASE: ENCONTRAR O PONTO DA DOR E VOLTAR PARA INICIAR A TÉCNICA 2 FASE: SOLICITA CONTRAÇÃO ISOMETRICA (5 A 8 SEG.) 3 FASE: COMANDA O RELAXAMENTO 4 FASE: GANHAR NA DIREÇÃO DA DOR. O OBS: PODE SER FEITO 3X DA CONTRAÇÃO PARA SÓ DEPOIS FAZER A 4 FASE. O OBJETIVOS: Aumentar a amplitude passiva; Diminuir dor. O INDICAÇÕES: Diminuição da amplitude passiva; Presença de dor à contração dinâmica. O CONTRA-INDICAÇÃO: Quando o paciente é incapaz de realizar contração isométrica. 2.2.2 REVERSÃO DOS ANTAGONISTAS A . REVERSÃO DINÂMICA O ASPECTOS TÉCNICOS: Promoção de um movimento continuo de reversão de agonistas/antagonistas através da amplitude desejada ou disponível. Começamos pelo padrão mais forte e finaliza com o mais fraco. Utiliza todos procedimentos básicos possíveis. No final do padrão mudamos o contato sem ocorrer relaxamento. O REVERSÃO DINÂMICA PARA MMII Aumenta a resistência do contato manual proximal para mudarmos o contato manual distal. Quando o antagonista padrão começa muda o contato proximal. O REVERSÃO DINÂMICA PARA MMSS Aumenta a resistência do contato manual distal para mudarmos o contato manual proximal. Quando o padrão antagonista começa muda o contato distal. O OBJETIVOS: Aumentar amplitude ativa do movimento; Desenvolver Coordenação; Aumentar a Força muscular; Aumentar a resistência muscular á fadiga. O INDICAÇÕES: Diminuição da amplitude ativa; Fraqueza dos músculos agonistas; Diminuição da habilidade de modificar a direção do movimento; Aparecimento de fadiga durante o exercício. O CONTRA-INDICAÇÕES: Espasticidade. Presença de dor. B. ESTABILIZAÇÃO RÍTMICA O Contrações isométricas alternadas contra uma resistência. O Começa com o padrão mais forte. O Estabiliza : membros, cintura escapular, cintura pélvica, cabeça, pescoço e tronco. O Importante para postura. O Troca de contatos igual da reversão dos antagonistas. O Não existe relaxamento entre um padrão e outro, isto favorece a co-contração. O Resistência apropriada. O ASPECTOS TÉCNICOS : Iniciamos colocando passivamente o membro no ponto do percurso que queremos trabalhar. se objetivo for alivio de dor – antes da dor se o objetivo for força – no local da fraqueza O terapeuta resiste gradualmente a uma contração isométrica. Segmento estabilizado (paciente não tenta mover) e paciente respondendo com seu potencial máximo, mudamos o contato manual. O terapeuta deve manter uma tração ou aproximação constante (quando for no MS ou MI). Pode ser aplicada em qualquer ponto. Comando verbal: “Não tente se mover” O OBJETIVOS: Aumentar amplitude ativa e passiva; Aumentar força; Aumentar estabilidade e equilíbrio; Diminuir dor. O INDICAÇÕES: Diminuição da amplitude de movimento Fraqueza muscular Diminuição do equilíbrio Dor, em particular quando há movimento Instabilidade articular O CONTRA-INDICAÇÃO: Incapacidade derealizar contrações isométricas. Espasticidade. Descompensações cardio-vasculares. Pacientes incapazes de seguir instruções. 2.2.3 INICIAÇÃO RÍTMICA O ASPECTOS TÉCNICOS: Técnica unidirecional. Tem um caráter rítmico e pendular. Com progressão de movimento passivo, ativo- assistido, ativo-resistido, ativo-livre. Utilizar o comando verbal adequado a cada fase. O movimento de retorno em todas as fases é passivo. O ASPECTOS TÉCNICOS : Fase passiva : utilizam-se todos os procedimentos básicos, mantendo principalmente a tração ou a aproximação; terapeuta leva passivamente. Fase ativa-assistida : o paciente inicia uma contração ativa-assistida em uma direção do movimento. Fase resistida : é aplicada resistência pelo terapeuta durante a execução do movimento. Fase livre : permiti-se ao paciente mover-se por si mesmo, para sentir o aumento de sua capacidade de realizar movimento. O OBJETIVOS : Ensina o padrão. Facilita a iniciativa motora. Melhora a coordenação e a sensação do movimento. Normaliza o ritmo do movimento, aumentando-o ou diminuindo-o . Produz relaxamento. O INDICAÇÃO: Dificuldade em iniciar o movimento. Movimento muito rápido ou muito lento. Movimento incoordenado ou sem ritmo. Melhorar esquema corporal. Tensão muscular geral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O BUCK, Math; ADLER, Susan S.; BECKERS, Dminiek. Facilitação NeuroMuscular Proprioceptiva. São Paulo: Manole, 2007.
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