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2017 aula 5 defesa das instituicoes democraticas aula 6 forcas armadas

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Direito Constitucional II
2017 aula 5 DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
Aula 6 – forças armadas
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
Este assunto é tratado na CF no Titulo V:
ESTADO DE DEFESA – art 136
ESTADO DE SÍTIO – art 137 a 139  disposições gerais art 140 e 141
FORÇAS ARMADAS – art. 142- 143
SEGURANÇA PÚBLICA – art 144
 
Este titulo pretende disciplinar crises institucionais que possam existir, podendo receber a identificação de “sistema constitucional de crises”.
  SISTEMA CONSTITUCIONAL DE CRISES
O “sistema constitucional de crises” é um conjunto de normas constitucionais que têm por objeto as situações de crise e por finalidade a mantença ou restabelecimento da normalidade constitucional.
É um conjunto de prerrogativas públicas, previsto na CF, que atribuem ao Poder Executivo Federal (art. 84, inc. IX) poderes temporários e excepcionais para a superação de situações de crise institucional.
Inclui duas medidas de exceção:  o ESTADO DE DEFESA e o ESTADO DE SÍTIO.
 O uso desses institutos constitui direito público subjetivo do Estado. Mas este uso é sempre excepcional e temporário e somente se justifica em situações de anormalidade da vida institucional. Em situações de normalidade, o uso equivaleria a um golpe de Estado.
 A decretação dessas medidas instala um regime jurídico de legalidade extraordinária.
Princípios regentes:
a)     da necessidade – revelada pelos seguintes pressupostos fáticos:
• comprometimento da ordem pública
• comprometimento da paz social
              - por instabilidade institucional
              - por calamidade pública
b)    da temporariedade
c)     da proporcionalidade
Implicações da execução dessas medidas:
 Afastamento temporário do conjunto das normas jurídicas regentes das relações sociais
 Limitação ou supressão de direitos fundamentais
ESTADO DE DEFESA
É a medida menos gravosa aos direitos fundamentais.
 
Pressupostos materiais:
a)     grave perturbação da ordem pública ou da paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções da natureza
b)    impossibilidade de restabelecimento da paz ou ordem pelos instrumentos normais
 
Pressupostos formais:
a)     prévia oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional (pareceres não vinculantes)(art. 136, caput, CF);
b)    decreto presidencial  (art. 136, § 1º, CF)
c)     controle político, a posteriori,  pelo Congresso Nacional (comunicação em 24 horas e decisão, em 10 dias, por maioria absoluta)(art. 136, §§ 4º a 7º, CF).
 
Limitação territorial:  o ED deve estar circunscrito a localidades determinadas (não cabe ED em todo o país).
ESTADO DE DEFESA
Limitação temporal:  até 30 dias (prorrogável, uma vez, por igual período)(art. 136, § 2º).
 
Restrições possíveis durante o ED: serão especificadas pelo decreto. Podem incluir restrições ao direito de reunião, sigilo de correspondência e sigilo de comunicação telegráfica e telefônica (vide art. 136, § 1º, inc. I, CF). Em caso de calamidade pública também pode incluir a ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos (vide art. 136, § 1º, inc. II, CF).
Prisão por crime contra o Estado, durante a execução da medida – não pode ser superior a 10 dias e deve ser comunicada ao juiz competente. É vedada a incomunicabilidade do preso (vide outras particularidades sobre a prisão, no art. 136, § 3º, CF).
ESTADO DE SÍTIO
É medida mais enérgica.
Modalidades:
a)    Estado de Sítio repressivo         Pressupostos materiais: art. 137, I, CF
b)    Estado de Sítio defensivo       Pressupostos materiais: art. 137, II, CF
  
Pressupostos formais:
a)     prévia oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional (pareceres não vinculantes)(art. 137, caput, CF);
b)    autorização do Congresso Nacional (controle político prévio, com decisão por maioria absoluta)
c)     decreto presidencial  (art. 138, CF)
 
Extensão territorial: nacional (mas cabe ao decreto indicar as medidas para cada área)
 Limitação temporal: (art. 138, § 1º, CF)
a)  ES repressivo: prazo máximo de 30 dias, mas prorrogável por número ilimitado de vezes, sempre por 30 dias, com repetição dos pressupostos formais;
b) ES defensivo: pelo tempo que perdurar a guerra ou agressão armada estrangeira
 
Restrições possíveis durante o ES:
a)     ES repressivo – as medidas previstas no art. 139, CF
b)    ES defensivo – qualquer garantia constitucional pode ser suspensa
DISPOSIÇÕES COMUNS A AMBAS AS MEDIDAS
- Necessidade de convocação extraordinária do CN, caso esteja em recesso.
- Continuidade do funcionamento do CN enquanto perdurar as medidas.
- Acompanhamento e fiscalização, pelo CN, através de uma comissão especial composta de cinco membros  (art. 140, CF)
- Cessação dos efeitos da medida, tão logo encerradas, sem prejuízo da responsabilização por eventuais abusos (141, caput, CF)
- Necessidade de prestação de contas pelo Presidente, em mensagem enviada ao CN, sobre o que foi realizado e os que foram atingidos (art. 141, § único, CF).
- Controle jurisdicional: é possível o controle de legalidade das medidas (através de HC ou MS), mas vedado o controle do mérito das decretações.
Plano de aula 5 - Caso concreto
No início do ano de 2017, o Estado do Espírito Santo viveu uma situação séria: familiares de PMs acamparam nas portas do batalhões ?impedindo? que os policiais saíssem dos quartéis para trabalhar. Impedidos, por lei, de fazer greve, os familiares ( a maioria esposas ) dos PMs do Estado assumiram um inusitado protagonismo na reivindicação por melhores salários para a categoria. A falta de policiamento nas ruas levou a uma onda de saques, homicídios em vários pontos da cidade e a um sentimento de insegurança generalizada, especialmente em Vitória, capital do Estado. Veja a notícia abaixo: 
(Disponível em: http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2017/02/governo-do-estransfere-controle-da-seguranca-forcas-amadas.html) 
Espírito Santo: GOVERNO DO ESPÍRITO SANTO TRANSFERE CONTROLE DA SEGURANÇA ÀS FORÇAS ARMADAS. Decreto foi publicado no 'Diário Oficial' do estado nesta quarta-feira . Sem PMs, Exército e Força Nacional fazem o patrulhamento nas ruas. O governo do Espírito Santo publicou um decreto no "Diário Oficial" desta quarta-feira transferindo o controle da segurança pública no estado para as Forças Armadas. O responsável pela operação será o general de brigada Adilson Carlos Katibe, comandante da Força-Tarefa Conjunta que está no Estado. O decreto foi assinado pelo governador em exercício, César Colnago ,e pelo Secretário de Segurança Pública, André Garcia. 
Analise criticamente esta situação com base nos temas estudados nesta aula. 
Plano de aula 5 - Caso concreto - gabarito
Apesar de ser possível debater a legitimidade da mobilização realizada por parentes de PMs no Estado do ES ao ?impedir-los? de trabalhar e ainda sobre a legalidade, ou não, desta ?greve?, o objetivo aqui é levar o aluno a refletir criticamente os reais motivos da não decretação do Estado de Defesa. 
Juridicamente e socialmente a situação é propícia para a decretação, mas parece que as maiores preocupações são de outra ordem, uma vez que na vigência do Estado Excepcional, não se pode aprovar Emendas Constitucionais, o que tem sido um objetivo de todos os gabinetes do Governo Federal. 
Quando o governador do Estado transfere o controle da segurança pública interna do Estado para as tropas federais, ele reconhece a impossibilidade de gerir a crise naquele momento, admitindo ou promovendo, na prática, uma verdadeira intervenção Federal na Secretaria de Segurança Pública. Ocorre que, por razões de interesse específico, não é decretada nem a Intervenção, nem o Estado de Defesa, o que poderia trazer mais transparência sobre o escopo, alcance, duração e planejamento de todo o processo.
Direito Constitucional II
2017 Aula 6 – forças armadas
FORÇAS ARMADAS
Instituições nacionais permanentes
e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina.
São constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica
Autoridade suprema:  Presidente da República (art. 84, XIII) 
Depende do Presidente da República, através de lei de iniciativa privativa (art. 61, § 1º, I e II, “f”):
- fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas
- regime jurídico
- provimento de cargos, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva
Finalidade: defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Membros: denominam-se “militares”  ( o termo “castrense” também indica os militares)
Comandantes:
- São nomeados pelo Presidente da República
- Possuem status de Ministros de Estado (são processados pelo STF – art. 102, I, “c”)
A organização, o preparo e emprego das Forças Armadas são definidas em lei (LC 97/99)
Mandados de segurança, habeas data e habeas corpus contra dos Comandantes Militares são julgados pelo STJ.
DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS AOS MILITARES (ver art. 142, § 3º)
Patentes: posto ou grau de hierarquia (além de prerrogativas, direitos e deveres) – são atribuídas pelo Presidente. OBS.: Somente brasileiros natos podem ser oficiais das Forças Armadas (art. 12, § 3º, inc. VI)
 Direitos sociais: 13º, salário-família, férias, licença maternidade, licença paternidade, creche para os filhos, teto salarial e irredutibilidade de subsídios.
Regime jurídico e previdenciário diferenciados.
 Proibição de sindicalização, greve e filiação partidária.
 Militares e elegibilidade – art. 14, § 8º.
 Punições disciplinares: impossibilidade de impetração de HC (regra geral)
 SERVIÇO MILITAR
 É obrigatório, nos termos da lei (art. 143).
São isentos, em tempo de paz: mulheres e eclesiásticos, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.
Lei do serviço militar: Lei 8.239/91
 
SEGURANÇA PÚBLICA
Dever do Estado, direito e responsabilidade de todos.
Finalidades: 
Preservação da ordem pública
Preservação da incolumidade das pessoas e do patrimônio
Princípio fundamental de atuação:  observação das leis vigentes, pelo Estado e pessoas.
POLÍCIA:
a) ADMINISTRATIVA – (ostensiva) – prevenção do crime. A polícia administrativa incide sobre bens, direitos e atividades. A polícia administrativa é exercida por órgãos administrativos de caráter fiscalizador.
 b) JUDICIÁRIA  - (repressiva) - de investigação, de repressão. A polícia judiciária atua sobre as pessoas, individualmente ou indiscriminadamente. A polícia judiciária, em razão de preparar a atuação da função jurisdicional penal, é exercida pela polícia civil ou militar.
 Porém, ambas exercem função administrativa, ou seja, atividade que buscam o interesse público. 
SEGURANÇA PÚBLICA -- Órgãos:
a)  Nível Federal 
1-    Polícia Federal  (art. 144, § 1º - PA e PJ)
2-    Polícia Rodoviária Federal  (art. 144, § 2º - PA)
3-    Polícia Ferroviária Federal  (art. 144, § 3º - PA)
 
b) Nível Estadual (ou distrital)
4-  Policia Civil (art. 144, § 4º - PJ)
5-  Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar (art. 144, § 5º - PA)(militares dos Estados)(PJ – Just. Militar)
 
Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar – são forças auxiliares e reserva do Exército.
 
Policia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar – subordinam-se aos Governadores e também são organizados com base na hierarquia e disciplina (ver art. 42)
 
Guarda Municipal – Finalidade: proteção de bens, serviços e instalações dos Municípios (art. 144, § 8º). Não exercem funções de PA ou PJ.
Plano de aula 6 - Caso Concreto
Um integrante da polícia militar de determinado estado da Federação pretende participar de processo eleitoral na condição de candidato a vereador do município onde reside. O militar conta com onze anos de serviço na polícia militar e não possui filiação partidária, mas entende que o art. 142, § 3.º, inciso V, da Constituição Federal, que proíbe que o militar, enquanto em serviço ativo, possa estar filiado a partido político, aplica-se apenas aos militares federais. Assim, ele pretende participar da convenção partidária que vai oficializar a relação de candidatos de determinado partido, orientado que foi no sentido de que o registro da candidatura suprirá a ausência de prévia filiação partidária. Nessas circunstâncias, o militar solicita aos seus superiores a condição de agregado, pois é sua intenção, se não for eleito, retornar aos quadros da corporação. Considerando a situação hipotética apresentada, responda, de forma fundamentada, às seguintes perguntas. 
a)Pode o policial militar ser candidato a vereador sem se afastar definitivamente da corporação? 
b)Está correto o entendimento segundo o qual a vedação de filiação partidária, enquanto em serviço ativo, não se estende aos militares dos estados? 
c)Está correta a orientação no sentido de que o registro da candidatura suprirá a falta de filiação partidária? 
d)Poderá o militar, se não for eleito, retornar aos quadros da polícia militar? 
Plano de aula 6 - Caso Concreto gabarito 
Sim, conforme art. 14, § 8º, CRFB/88 (§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade). 
Não, por força de disposição expressa do art. 42, § 1º, c/c 142, § 3º, V, ambos da CRFB/88). 
Sim, como já reiteradamente decidido pelo TSE (Acórdão nº11.314 e Res. TSE nº21.608/2004, art. 14 parágrafo 1º); 
No caso apresentado, sim, pois o militar possui onze anos de serviço, de maneira que somente passará para a inatividade caso eleito (art. 14, § 8º, II, CRFB/88)."

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