Buscar

Fundamentos da Educação 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Fundamentos da Educação 3 – Ap1
Aula 1: História do Brasil Colônia
COMO TUDO COMEÇOU?
O final da Idade Média foi marcado, dentre outros fenômenos, pela recuperação econômica baseada no comércio. Daí a ênfase no Mercantilismo. Porém, essa recuperação não se deu apenas pelo aquecimento das antigas rotas comerciais, tradicionalmente dominadas pelos italianos, que levavam os produtos do Oriente até a Europa. 
Os caminhos terrestres, que atravessavam desertos e territórios dominados por nações inimigas, tornavam -se cada vez mais perigosos. 
Era importante estabelecer novas vias de acesso às terras das especiarias para baratear os custos das negociações e escapar do monopólio italiano. 
Para as nações modernas, que se queriam poderosas e tentavam fortalecer o poder dos monarcas, encontrar novos recursos econômicos, que trouxessem mais dinheiro para os cofres reais, era muito importante.
Portugal era um pequeno país apertado entre a poderosa Espanha e o desconhecido e temido Atlântico. Era relativamente pobre em recursos naturais, com um artesanato incipiente e uma população que não ultrapassava um milhão e meio de habitantes. Embora tenha sido a primeira nação moderna da Europa, o considerável avanço político carecia de iniciativas que a mantivesse autônoma e a colocasse no concerto das novas tendências econômicas. Havia, à custa de sangrentas e longas batalhas, conquistado a autonomia política em relação à Espanha, da qual fora apenas um condado. Mas precisava consolidar esta importante conquista, criando recursos e saídas para o seu precário equilíbrio econômico.
Foi um processo paulatino, marcado por duas tendências: por um lado, a prática pesqueira; por outro, a rota comercial Mediterrâneo-mar do Norte.
Mesmo que timidamente, ficando, a princípio, nas proximidades da praia, os pescadores foram dominando cada vez mais as técnicas de navegação, a leitura das estrelas, o conhecimento do regime dos ventos e das marés. Esse conhecimento permitia que fossem cada vez mais longe em busca de melhores pescarias.
Os produtos que chegavam à Itália do Oriente para serem depois distribuídos pela Europa eram transportados por mar e por terra.
Atingiam as regiões mais setentrionais por longos caminhos que cortavam o continente. Mas esses percursos eram caros e perigosos. No final da Idade Média e princípio da Idade Moderna, a rota marítima apresentava vantagens sobre a terrestre. Era mais barata porque transportava maior quantidade de carga. Somado à experiência acumulada na atividade pesqueira, foi transformando Portugal em um importante centro de navegação.
Dom Henrique - ele foi um grande incentivador da navegação em Portugal e da expansão marítima e comercial.
MARCOS DA EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA
Em 1415 as embarcações da pequena nação portuguesa atravessavam o estreito de Gibraltar e conquistavam Ceuta. Foi o marco da expansão marítima. O século XV foi dedicado ao périplo africano: navegar pela costa da África até encontrar o caminho marítimo que levasse ao oceano Índico, às terras das valiosas especiarias. 
Em 1488, Bartolomeu Dias contornou o cabo das Tormentas que ou foi rebatizado pelo rei D. João, cognominado o Príncipe Perfeito, de cabo da Boa Esperança. Era o caminho para se chegar às Índias e começar a fazer vantajosas trocas comerciais, que transformariam o pequeno reino de Portugal em um gigante dos mares e do comércio mundial.
E O BRASIL?
O rei de Portugal armou uma grande expedição comercial, composta de treze navios que deveriam voltar ao reino abarrotados de valiosas especiarias. No comando estava Pedro Álvares Cabral, fidalgo e navegador.
Na esquadra de Cabral encontrava-se um escrivão. Ele fora nomeado para assumir cargo em Calicute, na Índia. É de sua autoria o primeiro documento que fala explicitamente das novas terras descobertas e das pessoas que nela habitavam. Trata-se da famosa Carta de Caminha, que para alguns representa a certidão de nascimento do Brasil. 
Para ele, tratava-se de gente de boa constituição física e aparentemente de boa índole, indivíduos que traziam os corpos desnudos e pintados, e disso não tinham nenhuma vergonha; viviam em inocência e eram ao mesmo tempo desconfiados e curiosos.
E QUEM ERAM OS ÍNDIOS?
Quando os portugueses chegaram às terras que futuramente seriam o Brasil, não as encontraram desabitadas. Muito pelo contrário, o extenso território era povoado, e bem povoado, diga-se de passagem. De modo geral, podemos dizer que se organizavam em núcleos menores – as tribos – e desconheciam a propriedade privada. Tanto as terras como os produtos dela tirados e o resultado das caçadas e das pescarias pertenciam à coletividade. 
Conheciam a agricultura, embora esta fosse rudimentar. 
Na tribo destacavam-se duas figuras: a do sacerdote, que comandava os cultos e cuidava das doenças; e a do guerreiro, que conduzia os seus nas constantes batalhas que travavam com outras tribos pelo domínio territorial de caça e pesca, e para vingar ofensas. 
Deve-se ressaltar que entre eles não havia aquilo que conhecemos como classe social. A educação dos meninos e das meninas ocorria num clima harmonioso, por meio do qual eram inseridos, progressivamente, na vida da comunidade. As crianças acompanhavam os adultos nas atividades cotidianas e pouco a pouco aprendiam. 
Os contatos entre os índios e os portugueses nem sempre foram hostis, mas também nem sempre foram pacíficos. Eles variaram segundo os interesses e os comportamentos de ambos. Ao longo da colonização, de forma geral, pode-se dizer que os portugueses assumiram uma postura arrogante diante dos índios. 
Movidos pela ganância e pela necessidade, os descobridores perpetraram verdadeiros massacres, reduzindo a população nativa a um número insignificante comparado ao ano de 1500.
OCUPAR PARA NÃO PERDER
Depois de reconhecida apenas uma pequena parcela do que viria a ser o Brasil, a frota de Cabral segue o seu destino. 
A esquadra de Cabral estava bem aparelhada para o comércio, e fazer comércio transoceânico foi o principal objetivo da expansão marítima europeia.
As Índias representavam um sonho de riqueza, abundância e exotismos, e para lá seguiam as naves portuguesas. Mas abandonar o território descoberto seria o mesmo que perdê-lo; outras nações pretendiam conquistar colônias e elas não deixariam de ocupar um imenso território com potencialidade para produzir riquezas.
Eles estavam preparados para comercializar, mas nem tanto para colonizar, ou seja, transformar aquele imenso território, por meio de exploração e trabalho sistemático, em produtor de riqueza.
O SÉCULO XVI: A FIXAÇÃO LITORÂNEA
Em 1627, frei Vicente do Salvador colocava um ponto final na primeira História do Brasil escrita por um homem que nasceu e viveu a maior parte da vida aqui no Brasil. 
“os portugueses andam arranhando a costa como caranguejos”. O nosso autor fazia uma crítica à ocupação portuguesa que, segundo ele, descuidou do interior e fixou pontos de povoamento e colonização apenas no litoral.
Por falta de homens e recursos, por medo e ignorância das coisas do sertão, pela necessidade de estar próximo da costa, de onde se partia para o reino e dele se recebiam notícias e mercadorias, a colonização ao longo do século XVI teimou em fixar-se no litoral. É claro que não queremos dizer com isso que o interior, denominado então sertão, em contraposição ao litoral, terras próximas ao mar, era totalmente desconhecido. Mas podemos afirmar que a experiência da colonização transcorreu na faixa de terra próxima ao mar.
Primeiro ela começou com a extração do pau-brasil, madeira que dará nome à nova terra. Uma 
Para essa exploração, não foi preciso montar um sistema de colonização. Usavam-se as feitorias, espécie de pequenas e rústicas fortalezas comerciais, onde se armazenava a madeira abatida, que ficava à espera de navios que a levassem para o reino. Os índios tratavam de abater as árvores e transportá-las para as feitorias e depois para os navios. Recebiam como forma de pagamento de produtos manufaturados, principalmenteinstrumentos metálicos. Mas sua importância da extração do pau-brasil não se limitava a aspectos comerciais. Você deve levar em conta que os portugueses, ao descobrirem o Brasil, não sabiam praticamente nada a respeito da terra e de seus habitantes. Desconheciam a língua aqui falada e não sabiam como era o interior. Este período inicial serviu como um laboratório. Os homens que aqui ficavam aprendiam como lidar com os nativos, reconheciam a terra, aprendiam a língua e iam, pouco a pouco, facilitando os contatos futuros.
Sistema de colonização ou sistema colonial mercantilista (séculos XVI, XVII, XVIII) é um conjunto de procedimentos colocados em prática pelas potências marítimas, visando a tornar suas colônias fontes de enriquecimento. Podemos destacar dentre esses procedimentos aqueles mais comuns, que caracterizaram o sistema colonial mercantilista: a Colônia deveria ser um mercado consumidor; uma fornecedora de produtos comerciais; deveria fazer comércio apenas com a metrópole e respeitar os monopólios. Nesse sentido, a Colônia era entendida como uma produtora de riqueza para a metrópole.
Em 1532, Martim Afonso de Souza fundou São Vicente, a primeira vila no Brasil, próxima à atual cidade de Santos. Foi um discreto, mas importante passo rumo a uma nova estratégia de ocupação. A vila foi fundada sob ordens reais, o que significa que a Coroa portuguesa assumia a intenção de colonizar o Brasil. 
Plantou-se cana e trigo e deu-se início à colonização programada. No entanto, diante da imensidão da costa brasileira,
São Vicente significava apenas um ponto diminuto e isolado. Parecia necessário criar uma estratégia mais ousada, que imprimisse mais velocidade à ocupação territorial. Pensando nisso, no mesmo ano de 1532, a Coroa decide dividir a terra em porções e doá-las a homens ricos de Portugal. São as chamadas CAPITANIAS HEREDITÁRIAS - D. João III, doou as terras do atual litoral
brasileiro. Cada donatário recebia uma vasta porção de terra e direitos para exercer amplos domínios sobre os colonos que nela fossem viver.
Foi uma tentativa de ocupar a terra sem grandes despesas.
Catorze foram os lotes distribuídos a doze donatários.
Os donatários, aqueles que recebiam uma capitania hereditária, enfrentavam várias dificuldades. Tratava-se de uma empresa cara e perigosa. Imagine um grupo de homens, chegando com suas ferramentas e mantimentos, sem poder contar com nenhuma forma de socorro, tendo de construir as suas moradias, defender-se dos ataques dos índios, derrubar a mata e preparar o solo para cultivo, tudo isso numa região desconhecida.
Um outro problema enfrentado pelos donatários foi a dificuldade e demora na comunicação com Lisboa. Estavam distantes de Portugal e não contavam com um ponto de apoio para a resolução de problemas de justiça e segurança. O donatário tornava-se uma espécie de juiz e governador das suas terras, acumulando muitos poderes. 
Em 1549, chegou ao Brasil o primeiro governador-geral: Tomé de Souza. Ele vinha com a tarefa de construir uma cidade para sediar a nova administração. A Coroa fincava em terras brasileiras um representante direto. A partir daquele momento, as questões de justiça, de cobrança de impostos e de segurança estariam a cargo do governador-geral. Ele tinha autoridade para resolver as questões que anteriormente só encontravam solução em Portugal.
Manuel da Nóbrega. Ele é um dos mais conhecidos jesuítas que estiveram aqui no primeiro século da colonização. Foi trabalhador aguerrido, tanto no sentido de converter os índios, quanto na tentativa de moralizar os portugueses e impedir os abusos praticados por muitos senhores na escravização dos índios.
A vida religiosa na Colônia era bastante movimentada. Povos de cultura e origem distintas conviviam no mesmo espaço, gerando um verdadeiro caldeirão de crenças e comportamentos, que se misturavam e conflitavam, dependendo da flexibilidade e da conveniência dos agentes históricos. Isso numa época em que a tolerância religiosa não estava na pauta do dia. 
Os índios, como você leu anteriormente, foram importantes reservas de mão de obra para os portugueses que tentavam tornar o Brasil uma exploração viável e lucrativa. Em muitas ocasiões eles foram simplesmente caçados e escravizados, mas esse procedimento criava muitos atritos e afastava as tribos das proximidades dos centros de povoamento dos portugueses, gerando ataques destruidores e falta de mão de obra. Os jesuítas e outras ordens religiosas que estavam presentes no Brasil tentavam, com a catequese e a conversão, amenizar esses conflitos, criando uma frente de contato mais branda com os índios e, às vezes, até mais lúdica. Nóbrega entendeu que a maneira mais eficiente de aproximação seria por meio da educação. Por isso ele criou a escola de crianças. Concluiu que os adultos já estavam arraigados demais aos seus princípios religiosos para ceder ao discurso do cristianismo, mas com as crianças poderia ser diferente. Elas eram alfabetizadas com o catecismo.
Assim, quanto mais cristianizados, mais bem adaptados aos preceitos de vida dos europeus. Além disso, os jesuítas se preocupavam com os portugueses que se indianizavam. Muitos colonos, degredados, marinheiros e fugitivos abandonavam a vida entre os portugueses e assumiam os hábitos e o estilo de vida dos índios. Casavam com várias mulheres, viviam nas aldeias e faziam guerra contra os portugueses.
A CANA-DE-AÇÚCAR
Baseando-se nas experiências de produção do açúcar nas ilhas atlânticas e na confiança de que o produto teria uma boa aceitação no mercado, Portugal transforma o Brasil em polo de produção. Não mais o simples extrativismo, embora ele tenha permanecido como um importante item de exportação, mas a montagem de um complexo sistema de produção em larga escala: a monocultura da cana. Ela só era viável na medida em que se dispunha de grandes extensões de terra e mão de obra escrava. E aqui estão dois elementos importantes para se compreender o Brasil, não só do ponto de vista econômico, mas do social também.
A monocultura necessita de grandes extensões de terras sob o controle de um único proprietário. Assim, embora o critério de distribuição de terras fosse aparentemente aberto, poucos podiam transformar a terra inculta em propriedade produtiva, o que tornou a posse de terras em critério de distinção social. Com a monocultura, a necessidade de escravos aumenta. E logo os proprietários de terra e de escravos tornaram-se os senhores, uma distinção social que perdurou ao longo de todo o período colonial, adentrando inclusive nas sucessivas fases da História do Brasil.
= “senhor de engenho”. Ela se refere a um homem que é o proprietário de uma extensa faixa de terra e que produz açúcar por meio da exploração do trabalho escravo. Essa descrição serve também para definir o grande produtor de cana. 
No final do século XVI o açúcar era o principal produto de exportação do Brasil. Além de gerar riqueza, ele participou diretamente no desenho das características da sociedade colonial e de sua hierarquização.
Na parte superior da pirâmide social estavam os burocratas, os grandes comerciantes e os senhores de engenho. Na base dessa pirâmide, os escravos africanos e indígenas. Entre os extremos, trabalhadores livres, pequenos comerciantes, pequenos plantadores, escravos libertos e aventureiros. Além de desenhar a hierarquia social, a atividade canavieira também incidiu diretamente na ocupação territorial.
SÉCULO XVII: A EXPANSÃO
Em 1580, Portugal perdeu a coroa para o rei da Espanha. É o cume de um processo longo, que manteve as duas casas reais ligadas através de casamentos. Com a morte de Dom Sebastião em 1578, a Coroa portuguesa ficou vacante e passou a ser disputada por vários pretendentes, mas o rei Filipe de Espanha levou a melhor. Deu-se então a União Ibérica, que perdurou até 1640. Portugal saiu arrasado dessa união forçada. 
A partir de 1640, o Brasil emerge como a mais importante Colônia de Portugal e a única esperança de sobreviver às milionárias dívidas contraídas para libertar-se da dominaçãoespanhola.
Algumas colônias também perduraram na África, mas elas acabaram sendo transformadas em fornecedoras de escravos para as lavouras e a mineração no Brasil.
Enquanto Portugal debatia-se para sobreviver e escapar do domínio espanhol, o processo colonizador não parou. Pelo contrário: ganhou consistência e conquistou novos espaços.
A cultura da cana ia muito bem. O século XVII marcou o pleno estabelecimento do cultivo da cana e do refino de açúcar. Vários novos engenhos foram erguidos e terras doadas e ocupadas. Outras culturas também foram implantadas. O tabaco ganhou força, e o Brasil passou a exportar, principalmente para a África, farinha de mandioca e aguardente.
Não seria correto afirmar que ao longo do século XVI o interior, chamado à época de sertão, repousou no total desconhecimento. Foram principalmente os paulistas, com as suas bandeiras, os primeiros desbravadores das parcelas incógnitas do imenso território brasileiro. Eles iam ao sertão em busca de índios para escravizar e de metais e pedras preciosas. Como não encontravam as pedras, voltavam com as peças (como se chamavam então os escravos).
A procura de índios para a lavoura intensificava-se à medida que as plantações se expandiam. Mesmo que a preferência recaísse sobre o escravo negro, os índios representavam uma estratégica reserva de mão de obra, mais barata inclusive. O grande entrave eram as proibições da Coroa, que apostava na escravização do africano por questões estratégicas e econômicas: tirava dos colonos o acesso direto à mão de obra necessária ao cultivo de suas terras, aumentando, assim, a dependência em relação à Coroa. Esta ganhava com os impostos cobrados sobre o comércio dos africanos. Mas a despeito das proibições e de uma nítida política de valorização da escravidão africana, os colonos não abriam mão integralmente do trabalho dos índios. Os metais e as pedras também exerciam um grande fascínio sobre os colonos
Assim, a necessidade de mão de obra indígena e a esperança de encontrar minérios valiosos fizeram com que os limites estabelecidos no TRATADO DE TORDESILHAS (definia as áreas de domínio extra/europeus, ou seka, estipulava como o mundo seria dividido entre as duas potências marítimas e descobridoras) fossem empurrados para o interior. O Brasil foi crescendo em direção ao Oeste!
Mas nem só de índios e esperanças se fez a expansão territorial.
O século XVII marcou a expansão da pecuária. As fazendas de gado, mais baratas e mais fáceis de administrar, foram ocupando as terras vazias do sertão. Para começar, bastavam algumas cabeças de gado, uma sede rústica, um pequeno curral, lavoura de subsistência e um vaqueiro e seus auxiliares. Aqui a mão de obra era preferencialmente livre. 
Além da carne, o couro era um produto de boa aceitação nos mercados interno e externo. As fazendas localizavam-se na proximidade dos rios, e era o percurso dos rios que sinalizava os caminhos dos vaqueiros e de seus rebanhos. O rio São Francisco cumpriu um papel fundamental: a sua porção nordestina foi o berço da colonização do interior. Ao findar o século XVII, o interior da Bahia ligava-se ao interior do Rio Grande do Norte pelos caminhos do gado.
= “drogas do sertão”, produtos da floresta que encontravam valor no comércio internacional, seus fatores de sobrevivência.
Explorar e ocupar o Norte do Brasil fazia parte de uma estratégia de manutenção da Amazônia, uma forma de controlar a ligação do Atlântico com o interior do continente, rico produtor de metais preciosos.
Assim como também se insistiu na permanência de uma colônia no extremo sul do continente, a Colônia do Sacramento. Ela foi fundada na margem esquerda do Prata, por onde eram escoadas as riquezas produzidas na América espanhola. 
O sertão não era mais apenas o vazio desconhecido e ameaçador. Ele já acomodava importantes iniciativas econômicas e contribuía para o comércio internacional.
Os holandeses criaram plantações e engenhos nas Antilhas e passaram a produzir um açúcar de boa qualidade e com preços competitivos no mercado. Além dessas vantagens, eles dominavam a distribuição do produto na Europa, o que acarretou grandes dificuldades para os produtores brasileiros.
O SÉCULO XVIII: OURO E REFORMAS
Em 1695, foi finalmente encontrado ouro no Brasil em quantidade significativa; primeiro em Minas Gerais, depois em regiões mais afastadas como Goiás. Primeiro o ouro, depois as pedras preciosas. E, veja bem, essas tão sonhadas e procuradas riquezas não foram encontradas no litoral, e sim no sertão, fato que mudou o eixo de poder e de riqueza da colônia. Se durante os dois primeiros séculos da colonização a sede do governo geral esteve em Salvador, no Nordeste, bem próximo aos principais centros de produção de riqueza no século XVIII ela se transfere para o Rio de Janeiro, por onde saíam o ouro e as pedras preciosas arrancadas ao subsolo. O Sudeste tornou-se, então, a região mais povoada e vigiada da Colônia.
A Coroa não tardou a estender os seus longos tentáculos sobre a nova região. Ela precisava vigiar, administrar e cobrar impostos sobre as preciosidades recém-descobertas. Todos os veios auríferos pertenciam à Coroa, mas ela não tinha como explorá-los diretamente. A solução encontrada foi doar aos descobridores uma parcela do terreno aurífero e leiloar em lotes, chamados datas, os que a ela pertenciam por direito.
Na medida em que o ouro era arrancado ao solo, intensificava-se o processo de povoamento da região. Agora, uma parcela do sertão ganhava relevo social. As vilas nasceram e cresceram e, pela primeira vez no Brasil colonial, apresentavam alto índice de desenvolvimento sociocultural.
A descoberta das minas foi fundamental para Portugal. Ao iniciar o século XVIII, a situação financeira da metrópole era extremamente delicada. As dívidas eram enormes e, como você já aprendeu, muitas possessões foram perdidas como consequência da União Ibérica. Nesse contexto, o Brasil situa-se como a mais importante Colônia de Portugal.
Mas o século XVIII não foi apenas marcado por crises econômicas e da colonização. Ele foi também tremendamente marcado por alterações no cenário político e administrativo. E um nome ganha destaque ímpar nesse contexto: o marquês de Pombal. 
Déspota: Trata-se de uma pessoa que exerce autoridade arbitrária e até absoluta. E esclarecido é aquele que tem luz, conhecimento, informação e consciência de suas atitudes autoritárias. Ele criou uma importante reforma. O seu objetivo era baratear a administração e centralizar o poder nas mãos do monarca. Tentou tornar o aparelho de poder da Coroa o mais eficiente possível. E o reflexo de suas atitudes fizeram-se sentir aqui no Brasil.
Implementou companhias de comércio para otimizar a economia colonial; proibiu a discriminação racial e religiosa, abrindo as portas para o retorno do capital dos judeus; proibiu o uso da língua geral; e permitiu aos descendentes de índios a ocupação de cargos administrativos. Uma de suas mais drásticas decisões foi a de expulsar os jesuítas do Brasil, a mais importante e poderosa ordem religiosa aqui estabelecida. Foi uma tentativa de intimidar o crescente poder exercido pelos jesuítas em vários setores da vida colonial. O resultado foi um duro golpe na educação, pois eles controlavam todas as fases do ensino no Brasil.
Pombal tentou substituí-los com a criação das chamadas AULAS RÉGIAS (as aulas instituídas por Pombal depois da expulsão dos jesuítas) proferidas por professores não centrados em instituições de ensino.
O resultado foi uma maior elitização do saber e uma desestruturação da educação em geral.
A mineração interiorizou a Colônia. A administração ganhou uma arquitetura mais funcional. Já se falava em brasileiro, não só aqueles que trabalhavam com o pau-brasil, mas como a população que habitava estas terras.
O sentimento nativista começa a despontar e a ganhar relevo nas discussões políticas.
Em 1808, a família real transfere-se para o Brasil, que passa a ser a sede da monarquia. Estava dado um passo importante para o processo da Independênciado Brasil, que poria fim ao período colonial.
História do Brasil Colônia 2 (continuação da aula 1)
A ideia de descobrimento, portanto, além de exaltar o feito português, procura apagar uma constatação óbvia: as terras da América só não eram conhecidas pelos europeus, pois inúmeros povos, muitos séculos antes das Grandes Navegações, já as tinham descoberto e desbravado.
Essa desvalorização da presença secular dos povos indígenas nas Américas desdobra-se na crença nos direitos de propriedade, domínio e colonização dos europeus sobre o Novo Mundo. Nota-se que esse processo foi, impregnado pelas justificativas de caráter religioso e civilizatório; isto é, ao europeu cabia dominar para converter os nativos ao cristianismo (católico ou protestante) e para ensinar os valores, padrões, costumes e práticas civilizadas.
Se por um lado, a chegada dos europeus ao continente desconhecido traduz, efetivamente, um feito épico; por outro, sob a ótica das sociedades indígenas das Américas, é inegável que esse processo foi de invasão, conquista e dominação.
A colonização não pode ser entendida como um direito europeu, não pode ser naturalizada. Deve se dar espaço para a percepção da violência do processo de ocupação europeia que, além da terra, roubou, muitas vezes, a identidade e aniquilou milhares de vidas.
“BANDIDOS” E “MOCINHOS” DA COLONIZAÇÃO: UMA VISÃO A SE SUPERAR NO ENSINO
Os indígenas
Nesse momento, identificou-se um primeiro movimento de imigração de portugueses para o Brasil. A oportunidade de enriquecimento, a nomeação para um cargo pelo rei, o degredo, a fuga de perseguições religiosas, dentre outras, foram motivações que trouxeram imigrantes para as terras americanas.
As dificuldades de adaptação ao clima e as doenças locais não eram pequenas e, além disso, a constância dos confrontos com os indígenas também provocavam um aumento na mortalidade.
Os indígenas não diferenciavam portugueses ou franceses. Aliavam- se aos “invasores” que lhes apresentassem mais vantagens, mesmo que momentâneas. 
Refletir sobre a construção histórica dos papéis de “bandido” e “mocinho” dever ser uma preocupação do ensino de História. Os indígenas tiveram, de acordo com o papel desenvolvido, tratamento diferenciado.
Os tupinambás foram tratados como traidores pelos portugueses porque se aliaram aos franceses.
A ILHA DO GATO: foi chamada posteriormente de ilha do Governador.
Os bandeirantes
Nesse cenário de restrições, surgiu a figura dos bandeirantes, líderes expedicionários. Na literatura didática tradicional, os bandeirantes aparecem como heróis do desbravamento do sertão. São representados como homens determinados e corajosos que atuaram para o crescimento do controle territorial português na América.
Na verdade, as dificuldades econômicas que experimentavam foram, de fato, as maiores motivações para que esses homens se embrenhassem nas matas, subissem e descessem rios, enfrentassem animais, indígenas e doenças. 
Sem dúvida, coube aos vicentinos (paulistas) a proeza de descortinar os caminhos para o sertão, reconhecendo e dominando territórios. Suas expedições foram deixando, em seus rastros, lugarejos e vilas que serviam de base para reabastecimentos das tropas. 
Não era essa a motivação dos bandeirantes, eles não estavam ligados aos interesses da Coroa portuguesa. E isso fica bastante visível durante o episódio da descoberta do ouro na região das Minas Gerais. Após descobrirem o ouro, os bandeirantes não aceitaram pacificamente o controle administrativo da metrópole e a onda migratória que se seguiu à divulgação da notícia. O descontentamento foi tanto que gerou a Guerra dos Emboabas, na qual paulistas e portugueses se confrontaram pelo controle da exploração do ouro e do comércio local.
A desmistificação da imagem do bandeirante precisa ser trabalhada nas Séries Iniciais. O papel de “bandido” e “mocinho” sempre se constrói a partir de um lugar social, de uma posição histórica; logo, é preciso fazer que o estudante reflita sobre as visões maniqueístas que no passado e no presente se constroem. Os bandeirantes devem, portanto, ser analisados de forma não romântica. Atuaram na História a serviço dos interesses de sua sobrevivência, não para a grandeza da colonização portuguesa.
Por outro lado, desbravaram o sertão a custa da escravidão indígena – legalmente proibida desde 1639 –, exterminando milhares de nativos com a realização das expedições e com o trabalho escravo.
Na prática, todas as ordens religiosas, especialmente a Companhia de Jesus, tornaram-se grandes proprietárias de terras, produtoras de artigos para a exportação e senhoras de escravos africanos. Defenderam, em oposição, a não escravização do indígena, o que gerou imensos conflitos com colonizadores e colonos.
Na vila de São Paulo de Piratininga, colonos e inacianos divergiram intensamente sobre o apresamento e a escravização dos indígenas. Em 1640, os jesuítas chegaram a ser expulsos, retornando em 1643 sob a proteção de um alvará do rei D. João IV. 
- No Rio de Janeiro, houve conflito entre os colonizadores e os inacianos pelo controle do território. A Companhia de Jesus reivindicou de 42% da sesmaria da Câmara a partir de 1643. Só em 1754 os limites das sesmarias foram demarcados, mas a Câmara perdeu boa parte das terras públicas.
- Outro conflito no qual se envolveram os jesuítas foi o da preservação dos manguezais da cidade. Movido tanto pelos interesses de não verem suas terras invadidas e pelo conhecimento da importância do ecossistema para a reprodução de peixes e crustáceos, os inacianos se colocaram contra diversos seguimentos de colonos (lenhadores, donos de curtumes, produtores de cal, carvoeiros e catadores de caranguejos) e proibiram o uso dos manguezais contíguos às suas propriedades.
A Companhia de Jesus era, no Rio de Janeiro, proprietária de engenhos, lavouras, olarias, madeireiras, imóveis urbanos e rurais, o que gerava um grande descontentamento na população local.
Os abusos e o enriquecimento dessas ordens podem ser o ponto de partida para a discussão do papel das instituições religiosas na sociedade; assim como, podem oportunizar a percepção do poder de controle que a religiosidade pode desenvolver em nome da evangelização e da pregação de uma visão de mundo única e indiscutível. Essas temáticas são caras para a Educação em um momento crescente de movimentos religiosos ortodoxos e de fundamentalismos.
A DEVASTAÇÃO DO “PARAÍSO”
Uma outra questão que pode ser trabalhada nesse processo de ocupação do litoral é a da devastação da Mata Atlântica. Essa temática merece bastante atenção, porque os PCN apresentam o Meio Ambiente como um de seus eixos temáticos transversais. No ano de 1500, esse ecossistema cobria cerca de 97% do território do atual Estado do Rio de Janeiro. 
A Mata Atlântica é o ecossistema de floresta da encosta da Serra do Mar brasileira considerado o mais rico do mundo em biodiversidade.
Era a segunda maior floresta tropical úmida do Brasil, só comparável à floresta Amazônica. Originalmente, estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e ocupava 1,3 milhão de km2. Hoje restam, apenas, cerca de 5% de sua extensão original.
No período colonial, a Mata Atlântica foi devastada pelo extrativismo descontrolado, pela prática das queimadas, pelo desmatamento para a formação de fazendas, pelo crescimento das cidades, dentre outros fatores. Mas é importante que você tenha em mente que a devastação continuou mesmo após a independência, o fim do escravismo e a proclamação da República.
No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, o crescimento da lavoura do café no século XIX provocou estragos imensos no vale do rio Paraíba do Sul. 
Ao longo de 500 anos de exploração, a Mata Atlântica foi sendo reduzida a pequenas manchas verdes, a redutos ao longo da costa.
Além da evidente perda da biodiversidade, várias espécies endógenas – que só ocorrem nesse ecossistema – desapareceram ou correm risco de desaparecer. A redução das áreas florestais e a ausência de contato entre um bolsão verde e outro comprometea diversidade genética das espécies existentes. O desaparecimento de uma espécie pode comprometer outras que dela dependem ou dela se alimentam. A perda da cobertura vegetal empobrece o solo, permite a erosão e afeta os mananciais de água.
Entretanto, na atualidade, talvez seja o cerrado o ecossistema mais agredido, especialmente, a partir da expansão do cultivo de soja voltado para a exportação na região Centro-Oeste do país.
Não podemos também mitificar a relação das populações indígenas com a Natureza. As comunidades agrícolas que habitavam os domínios da Mata Atlântica desenvolviam ações de interferência no ecossistema.
Não havia, portanto, uma Mata Atlântica integralmente virgem por ocasião da chegada dos europeus, nem tampouco, uma relação harmoniosa indígenas/Natureza sem nenhum tipo de impacto ambiental.
Essa percepção crítica do mito do “bom selvagem” pode ajudar na reflexão de questões contemporâneas, como a constante presença de notícias do envolvimento das comunidades indígenas com exploração de madeira, garimpo ilegal, tráfico de animais etc. – ações muitas vezes
implementadas nas reservas indígenas.
É fundamental que a Educação contemporânea reflita sobre a relação do homem com a Natureza. É importantíssimo que recuperemos a percepção da dimensão da espécie animal na qual estamos incluídos.
Como qualquer outra espécie, estamos inseridos em ecossistemas, dos quais retiramos a sobrevivência.
Aula 2: A educação no período colonial: o sentido da educação na dominação das almas.
Afinal, ensinar a história afirmando que o presente é o que é, porque o passado foi desse ou daquele modo, parece não fazer mais sentido, quando nos propomos a admitir as diferenças, reconhecendo que tudo aquilo de que dispomos foi historicamente produzido, e como último desafio aos que se aventuram, neste país, a examinar o passado, não podemos deixar de destacar a necessidade de constante superação da formação precária que nós, brasileiros, em sua maioria, possui acerca da sua própria história.
Ficamos perplexos diante do poder de conquista deste grupo, que durante 210 anos não relegou suas funções como dominadores espirituais, ancorando a sua linha curricular de forma muito competente, por fazer maciço investimento na erudição de seus alunos. 
O sistema educacional dos jesuítas “completamente alheio à realidade da vida da colônia” pôde permanecer inviolável, fortalecendo, assim, as fileiras de fiéis e servidores. O seu papel conservador possibilitou que culturas inteiras, como aquelas pertencentes às comunidades primitivas indígenas, fossem esmagadas, sendo logo substituídas pela cultura alienada dos jesuítas.
É importante observar que os jesuítas, desde as suas origens, tomaram uma posição de vanguarda, em defesa da Igreja, “ocupando uma posição proeminente nas lutas que se travavam na Europa contra a Reforma e o ‘modernismo’ que esta representava”.
A posição da Companhia de Jesus sempre foi à de restauradora do dogma e da autoridade. 
Com a rápida difusão do ensino jesuítico, parece-nos que a sociedade colonial esteve, durante todo o período de permanência da Companhia de Jesus, no Brasil, afastada das atividades criadoras que se faziam presentes na Europa, reduzida, portanto, ao domínio intelectual dos jesuítas – padres avessos à liberdade e defensores da autoridade. 
É importante assinalar que “a ‘cultura brasileira’ não podia ser considerada ‘nacional’, pois tendia a espalhar sobre o conjunto do território e sobre todo o povo seu colorido europeu”.
Sendo o “ensino destinado a formar uma cultura básica, livre e desinteressada, sem preocupações profissionais e igual, uniforme em toda a extensão”, percebe-se, dessa forma, que os jesuítas, inclinados a satisfazer o ideal europeu, forneciam, exclusivamente, aos elementos das classes dominantes uma educação clássica. 
EDUCAÇÃO BRASILEIRA: DOMINAÇÃO DAS ALMAS NO PERÍODO COLONIAL.
Azevedo - Quando naquele ano seis jesuítas aportaram à Bahia com o primeiro governador-geral
Tomé de Souza, não tinha mais de nove anos de existência canônica a Companhia de Jesus (...) e que, apenas confirmada em 1540 por Paulo III, se dispersava, no continente Europeu, em missões de combate à heresia e, além dos mares, à propaganda da fé entre os incrédulos e à difusão do evangelho por todos os povos.
Interessante observar que antes de sua vinda ao Brasil, os jesuítas ligados entre si e à Igreja Católica por uma disciplina extremamente rigorosa, já desbravavam terras à procura de novos seguidores. 
Observamos que a conversão e o combate à heresia eram atividades específicas da Companhia de Jesus. Viviam a serviço da Igreja, divulgando seus dogmas e dispostos a todos os sacrifícios. Neste caso, os dados apresentados na citação ajudam-nos a compreender a posição assumida pelos jesuítas, no período em que a reforma protestante passou a espalhar pela Europa o gosto pela independência do espírito. Desse modo, a luta feroz da Companhia de Jesus contra a Reforma, deixa-nos uma pista bastante interessante.
Sobre essa base, o movimento protestante, longe de proibir o espírito crítico, o exigia, o que, sem dúvida, atingia frontalmente o poder da Igreja.
A autoridade e a disciplina estavam sendo postos à prova pelo protestantismo; e o espírito da Reforma corroia os pilares da verdade imposta pela Igreja.
Romanelli aponta a organização social da colônia (uma minoria de donos de terras e senhores de engenho sobre uma massa de escravos) e o conteúdo cultural de que se faziam portadores os padres, como sendo as “molas propulsoras” para o rápido progresso da educação jesuítica no Brasil.
É lícito destacar que a alienação, sem dúvida, caracterizava o ensino jesuítico. Os padres jesuítas não visavam a outra coisa a não ser formar letrados eruditos. 
As perspectivas de ordem cultural para o Brasil Colônia não pareciam animadoras. O desinteresse
quase total pela ciência, forçosamente, caracterizou toda a educação na colônia. A metrópole, por outro lado, reforçava essa realidade por manter-se fechada ao espírito crítico e de análise, à pesquisa e experimentação.
... As diferenças de ideias e de processos de educação, na América do Sul e na do Norte, provêm não só da diversidade de temperamentos dos povos que conquistaram e colonizaram essas regiões, mas da oposição entre duas concepções cristãs: a que se manteve fiel à ortodoxia católica e a que implantou o cisma religioso, fixando-se nos países Europeus do Norte, enquanto os do Sul, como Portugal e Espanha, se conservaram católicos.
Nesse sentido, é provável que os “Soldados de Cristo” tenham servido como instrumentos poderosos nas mãos do governo português. Afinal, “o processo dito de ‘colonização’, sem dúvida, alinha numerosos aspectos predatórios, na sua exigência de produzir em grande escala”.
Pelo que foi dito, a educação como meio de submissão e domínio político, nos ajuda a começar
a entender a posição assumida pelos jesuítas, pela Igreja e pelo governo português. Os primeiros, com seu espírito de autoridade e de disciplina, possuindo uma incrível arma intelectual de domínio, representada por um ensino nitidamente dogmático e abstrato, exerceram um papel eminentemente conservador; a Igreja católica, ameaçada pelo espírito crítico que rondava a Europa, parecia empenhar-se, mediante o ensino jesuítico, pela reafirmação de sua autoridade; quanto ao governo português, observamos que confiou à Companhia de Jesus, já famosa pela superioridade de suas escolas, uma larga obra de penetração e de colonização das terras de Portugal. 
Em vista de tudo isso, entendemos que esses interesses, na realidade, convergiam para um único objetivo – a manutenção da ordem. Nesse sentido, a educação jesuítica refletia claramente o seu caráter elitista.
A educação no período colonial não visava à formação do povo. Pelo contrário, o povo foi excluído do sistema educacional dos jesuítas. A educação de elite possuía seu público alvo, e servia como patamar de ascensão social. 
Na verdade, além de fortalecer a organização social da época,por auxiliar na perpetuação de uma classe dominante, o sistema educacional dos jesuítas, alimentava uma “cultura intelectual transplantada, alienada e alienante”.
Desperta a nossa atenção, o fato de que o ensino das ciências humanas, das letras e das ciências teológicas, nada acrescentavam de realmente substancial ao pensamento colonial. Pelo contrário, “toda a vida intelectual, no que toca ao estudo do mundo externo, ficou reduzida a comentários. Comentar os livros da antiguidade; comentar, sutilizar, comentar”.
De fato, a educação jesuítica, com seus fundamentos clássicos, alcançou outros tempos e conseguiu manter as suas bases praticamente intactas. Não pretendemos abordar, com este exame, questões relacionadas aos períodos imperial e republicano ou os fatores que contribuíram para a permanência dos pressupostos do sistema educacional jesuítico na história da educação brasileira. Mas, simplesmente, destacar o poder de influência da Companhia de Jesus que, submissa à autoridade da Igreja, fincou raízes profundas na formação do povo brasileiro.
O conceito de “civilização transplantada” poderá nos ajudar a desenvolver uma maior compreensão acerca da questão proposta, pois “o que se tem em vista, na cultura transplantada, é a imposição e a preservação de modelos culturais importados, sendo, pois, diminuta, uma minimização de suas funções”.
Nesse sentido, qual a relação existente entre uma produção transplantada, montada em grande escala, e uma cultura transplantada? Ora, a última torna-se consequência da primeira. Desse modo, como já salientado neste estudo, “a ‘alienação’, inerente a qualquer transplante colonial, acrescentava-se, no ensino jesuítico, à ‘alienação’ que lhe conferia o seu caráter internacional”.
É importante compreender que o autor, mediante as considerações feitas, alerta-nos contra o presentismo e nos convida à “des/familiarização” histórica. Assim, não nos cabe encarar a história como um campo de batalha, ou, nesse caso, responsabilizar a Companhia de Jesus pelo trágico começo da história da educação no Brasil. Porém, é possível nomeá-los como principais agentes de uma cultura transplantada. “Incontestavelmente, a influência da ação educacional dos jesuítas no Brasil ultrapassou os limites do período em que aqui estiveram. Essa ação marcou profundamente nossa cultura”.
Azevedo - que os jesuítas forjaram, na unidade espiritual, a unidade política de uma nova pátria. Pelo visto, a Companhia de Jesus trouxe-nos, além do elemento da Contra/Reforma, a unidade nacional, graças às redes de colégios e missões.
As atividades dos padres jesuítas não foram apenas missionárias, mas também educadoras e políticas.
Contudo, uma de nossas maiores contradições reside no fato de que a política de educação, posta em ação pelos jesuítas, substituiu a catequese por uma educação de elite, a qual tornou-se instrumento eficaz na construção das estruturas do poder da colônia.
É importante, mais uma vez, considerar que a cultura de elite criada pelos padres jesuítas era artificial e universalista em sua essência. 
Enquanto no Brasil Colônia, as obras educativas da Companhia haviam atingido o seu ápice, as críticas na Europa atacavam frontalmente o seu sistema educacional. As universidades, os parlamentos, as autoridades civis e eclesiásticas colocavam-se contrários à expansão da obra. 
Em Portugal, intervinham ainda, para tornar mais acirrada essa campanha tenaz, dois elementos de propaganda contra os jesuítas: o monopólio do ensino que eles exerciam desde 1555, quando D. João III lhes confiou a direção do Colégio das Artes, e a miséria econômica e intelectual do reino, pela qual esses religiosos eram apontados como os principais sacerdotes.
Podemos dizer, então, que “a principal razão que levou à expulsão dos jesuítas de Portugal e das colônias não estava, na verdade, ligada ao caráter religioso de suas atividades”.
A ação educativa, que antes havia sido utilizada apenas como meio de submissão e domínio político, agora era vista como a responsável pelo descompasso entre o governo português e o resto da Europa, sendo os seus ministros acusados como “bodes expiatórios”.
Desse modo, o Marquês de Pombal, “cuja linha de pensamento estava estritamente vinculada ao enciclopedismo” expulsou, em 1759, a Companhia de Jesus do Reino e dos seus domínios. “Influenciado pelas ideias dos enciclopedistas franceses, Pombal pretendia modernizar o ensino, liberando-o da estreiteza e do obscurantismo que imprimiram os jesuítas”. Porém, a sua política radical não resultou numa reforma de ensino.
Apesar de imposta a necessidade de modernização, compreendemos que a reforma pombalina, ao tomar medidas de transformação radical, torna-se responsável pela falta de organização de um novo sistema educacional no Brasil. Pois, “inúmeras foram às dificuldades daí decorrentes para o sistema educacional”.
Este fato é, sem dúvida, surpreendente. “Um lapso de treze anos, para que o sistema educacional jesuítico pudesse ser substituído, deve ter causado uma grande confusão nos rumos da história da educação no Brasil. Em vez de um único sistema, passaram a existir escolas leigas e confessionais, mas todas seguindo os mesmos princípios herdados do passado”.
Interessante que a Igreja, que antes tinha na Companhia de Jesus o seu maior instrumento de conquista, após a reforma pombalina passa a colaborar com o Estado nas intervenções do ensino. Pelo visto, a Igreja continuou empenhada pela reafirmação do seu poder, desta vez atrelada ao Estado. A educação, por outro lado, continuou como “pano de fundo” para este cenário político.
A história da educação no Brasil, após a reforma pombalina, continuou reduzida a segundo plano pelas classes dirigentes; e foi desse modo que “chegou à independência destituída de qualquer forma organizada de educação escolar” (Ibidem). O Brasil, no entanto, ainda se encontrava sem qualquer forma organizada de educação escolar. Afinal, não foi um sistema ou tipo pedagógico que se transformou ou se substituiu por outro, mas uma organização escolar que se extinguiu sem que essa destruição fosse acompanhada de medidas imediatas, bastante eficazes para lhe atenuar os efeitos ou reduzir a sua extensão.
A história da educação esteve, durante o período colonial, a serviço de interesses alheios ao sentido real da instrução, ou seja, o da formação integral do indivíduo.
Aula 3: A educação brasileira no período pombalino: uma análise histórica das reformas pombalinas do ensino
Considerações iniciais
A vida de Marquês de Pombal pode ser dividida em quatro grandes fases. A primeira é referente aos seus interesses particulares, isto é, a fase do cidadão Sebastião José de Carvalho e que compreende o período de 1699 a 1738.
Nesse momento temporal, o cidadão dedica-se exclusivamente aos interesses de pequeno fidalgo.
Encerra tal fase com a tentativa frustrada de compor o Conselho de Fazenda do rei D. João V. A segunda é a fase diplomática, relativa ao período de 1738 a 1749, em que exerce suas funções diplomáticas em Londres e Viena. A terceira corresponde à fase governativa e esta se torna a mais importante de sua vida, pois, no reinado de D. José I, que durou de 1750 a 1777, acabou por dirigir os negócios do país.
A última fase refere-se ao período do exílio, compreendido entre a morte de D. José I, em 1777, e sua própria morte, em 1782.
A formação de Pombal também sofreu influência da política econômica inglesa, pois procurou as soluções da crise portuguesa no modelo inglês. Contudo, um dos motivos pelos quais não obteve o êxito esperado foi pela existência de uma contradição fundamental: a diferença no sistema político dos dois países. Em Portugal, estava presente o absolutismo e, na Inglaterra, o sistema instituído era o parlamentar.
Ao assumir o cargo de ministro da Fazenda do rei D. José I, em 2 de agosto de 1750, no lugar de Azevedo Coutinho, Pombal empreendeu reformas em todas as áreas da sociedade portuguesa: políticas, administrativas, econômicas, culturais e educacionais. Essas reformas exigiamum forte controle estatal e eficiente funcionamento da máquina administrativa e foram empreendidas, principalmente, contra a nobreza e a Companhia de Jesus, que representavam uma ameaça ao poder absoluto do rei.
Os jesuítas tornaram-se uma poderosa e eficiente congregação religiosa, principalmente, em função de seus princípios fundamentais: busca da perfeição humana por intermédio da palavra de Deus e a vontade dos homens; obediência absoluta e sem limites aos superiores; disciplina severa e rígida; hierarquia baseada na estrutura militar; valorização da aptidão pessoal de seus membros. 
A Ordem dos Jesuítas não foi, entretanto, criada só com fins educacionais; ademais, é provável que no começo não figuravam esses fins entre os seus propósitos, uma vez que a confissão, a pregação e a catequização eram as prioridades. Os ‘exercícios espirituais’ transformaram-se no principal recurso, os quais exerceram enorme influência anímica e religiosa ente os adultos. Todavia, pouco a pouco, a educação ocupou um dos lugares mais importantes, senão mais importante, entre as suas atividades.
A Companhia de Jesus foi fundada em pleno desenrolar do movimento de reação da Igreja Católica contra a Reforma Protestante, podendo ser considerada um dos principais instrumentos da Contra/Reforma nessa luta. Tinha como objetivo sustar o grande avanço protestante da época e, para isso, utilizou-se de duas estratégias: a educação dos homens e dos indígenas; e a ação missionária, por meio das quais procuraram converter à fé católica os povos das regiões que estavam sendo colonizadas.
Marquês de Pombal: o apego à rotina, evitando a realização de reformas necessárias e úteis ao funcionamento da estrutura administrativa do Estado, principalmente, em relação ao regime fazendário e à administração ultramarina; o desinteresse pela instrução pública, que na Coroa portuguesa era um privilégio dos nobres e da burguesia; o obscurantismo existente em todos os níveis do governo e que dificultaram as reformas necessárias.
Para atingir um de seus objetivos, a transformação da nação portuguesa, Marquês de Pombal precisaria inicialmente fortalecer o Estado e o poder do rei. Isso seria possível por meio do enfraquecimento do prestígio e poder da nobreza e do clero que, tradicionalmente, limitavam o poder real. 
Marquês de Pombal, ao assumir o cargo de Ministro, formulou e implementou reformas administrativas, visando tornar mais ágil e eficiente a máquina administrativa do Estado e aumentar a arrecadação. Ainda no campo das reformas administrativas e econômicas, pretendia com essas medidas dinamizar a economia nacional e incentivar o desenvolvimento das indústrias e das companhias de comércio – surgiram indústrias têxteis de seda e de lã; chapéu; tapetes; fundições; cerâmicas; laticínios; vidros; sabão; entre outras. Contudo, suas tentativas de consolidar um polo industrial forte e em condições de competir, no mercado interno e externo, durou pouco. Há ainda que se destacar que Pombal descuidou-se da política agrícola, dando pouca atenção aos seus problemas.
As reformas do Marquês de Pombal também atingiram a colônia brasileira, ao visar a reformulação dos serviços públicos por meio, principalmente, do combate à sonegação de impostos. 
Foi durante o seu governo que a cidade do Rio de Janeiro teve um extraordinário desenvolvimento, com destaque para seu porto e o aumento da população.
Marquês de Pombal e as reformas educacionais
Praticamente, foram dois séculos de domínio do método educacional jesuítico, que termina no século XVIII, com a Reforma de Pombal, quando o ensino passa a ser responsabilidade da Coroa Portuguesa.
Falcon - a análise de historiadores e pesquisadores acerca das obras e da vida de Marquês de Pombal pode ser constituída de seis momentos bem próprios: no primeiro, encontram-se os seus contemporâneos; no segundo, surgem os admiradores e os críticos imediatos de suas obras; no terceiro, estão os liberais e o mito do liberalismo pombalino; no quarto, encontram-se os conservadores e o mito da tirania pombalina; no quinto, estão os estudos e as investigações apresentadas por pesquisadores e historiadores durante a primeira metade do século XX; no sexto e último momento, iniciado em 1945, encontram-se as análises mais recentes.
[...] ainda hoje, os alvarás e provisões pombalinos são examinados como se não houvesse um outro caminho entre a alternativa que então se propôs: jesuitismo e antijesuitismo. 
Na administração de Pombal, há uma tentativa de atribuir à Companhia de Jesus todos os males da Educação na metrópole e na colônia, motivo pelo qual os jesuítas são responsabilizados pela decadência cultural e educacional imperante na sociedade portuguesa.
Os jesuítas representavam um obstáculo e uma fonte de resistência às tentativas de implantação da nova filosofia iluminista que se difundia rapidamente por toda a Europa.
Tal espírito antijesuítico está expresso, em última análise, na atribuição à Companhia de Jesus de todos os males da Educação na metrópole e na colônia brasileira, bem como pela decadência cultural e educacional dominante na sociedade portuguesa.
As principais medidas implantadas pelo marquês, por intermédio do Alvará de 28 de junho de 1759, foram: total destruição da organização da educação jesuítica e sua metodologia de ensino, tanto no Brasil quanto em Portugal; instituição de aulas de gramática latina, de grego e de retórica; criação do cargo de ‘diretor de estudos’ – pretendia-se que fosse um órgão administrativo de orientação e fiscalização do ensino; introdução das aulas régias – aulas isoladas que substituíram o curso secundário de humanidades criado pelos jesuítas; realização de concurso para escolha de professores para ministrarem as aulas régias; aprovação e instituição das aulas de comércio.
Em lugar de um sistema único de ensino, a dualidade de escolas, umas leigas, outras confessionais, regidas todas, porém, pelos mesmos princípios; em lugar de um ensino puramente literário, clássico, o desenvolvimento do ensino científico que começa a fazer lentamente seus progressos ao lado da educação literária, preponderante em todas as escolas; em lugar da exclusividade de ensino de latim e do português, a penetração progressiva das línguas vivas e literaturas modernas (francesa e inglesa).
A introdução dos ideais iluministas, nas ciências e em específico na Educação, se processa de acordo com as condições sociais da época.
A educação adquire, sob tal enfoque, perspectiva totalizadora e profética, na medida em que, por intermédio dela, poderiam ocorrer as necessárias reformas sociais perante o signo do homem pedagogicamente reformado. 
Apesar de o ensino jesuítico ter sido útil às necessidades do período inicial do processo de colonização do Brasil, já não consegue mais atender aos interesses dos Estados Modernos em formação. Surge, então, a ideia de Educação pública sob o controle dos Estados Modernos. Portanto, a partir desse momento histórico, o ensino jesuítico se torna ineficaz para atender às exigências de uma sociedade em transformação.
[...] as ‘reformas pombalinas’ visavam transformar Portugal numa metrópole capitalista, a exemplo do que a Inglaterra já era há mais de um século. Visavam, também, provocar algumas mudanças no Brasil, com o objetivo de adaptá-lo, enquanto colônia, à nova ordem pretendida em Portugal. 
Marquês de Pombal, ao propor as reformas educacionais – por intermédio da aprovação de decretos que criariam várias escolas e da reforma das já existentes –, estava preocupado, principalmente, em utilizar-se da instrução pública como instrumento ideológico e, portanto, com o intuito de dominar e dirimir a ignorância que grassava na sociedade, condição incompatível e inconciliável com as ideias iluministas.
Pode-se afirmar que Pombal, ao expulsar os jesuítas e oficialmente assumir a responsabilidade pela instrução pública, não pretendia apenas reformar o sistema e os métodos educacionais, mas colocá-los a serviço dos interesses político do Estado.
Almeida - destaca umaquestão importante para a compreensão da instrução pública no Brasil colônia: a tentativa da Coroa portuguesa e do governo colonial local em abrandar o desenvolvimento da instrução pública da população brasileira. Tal atitude justificava-se, pois se pretendia reprimir a expansão do espírito nacionalista que começava a aflorar entre a população.
No Brasil, não há uma continuidade nas propostas educacionais implantadas.
A expulsão dos jesuítas e a total destruição de seu projeto educacional podem ser consideradas como o marco inicial dessa peculiaridade tão arraigada na Educação brasileira.
Pode-se notar que a intenção e a tentativa de isentar o Estado de sua responsabilidade por meio de artimanhas, projetos e impostos para financiamento da Educação não é nova e não é exclusividade de governos contemporâneos.
Também, pode-se notar a presença, já nessa época, de dois tipos de escolas (uma para os filhos da nobreza e burguesia e outra para os grupos sociais menos abastados) e de políticas educacionais que privilegiavam o ensino particular, com apoio do Estado.
O ministro Pombal pretendia promover a substituição dos tradicionais métodos pedagógicos instituídos pela Companhia de Jesus por uma nova metodologia educacional, condizente com sua realidade e o momento histórico vivenciado. Pretendia, portanto, que as escolas portuguesas tivessem condições de acompanhar as transformações que estavam ocorrendo naquele momento.
Considera que o êxito do projeto educacional jesuítico deve-se, em parte, às habilidades dos padres ao desempenharem a função de professores, pois ‘mantiveram numerosas escolas dirigidas por professores verdadeiramente hábeis’.
Portanto, não houve uma ruptura total com o ensino jesuítico, pois a mudança ocorrida foi mais de conteúdo do que de método educacional.
Seu projeto pedagógico está constituído de algumas dessas propostas, tais como: secularização do ensino; valorização da língua portuguesa; papel e importância do estudo do latim, realizado por intermédio da língua portuguesa (uma das razões do estudo do latim era a possibilidade de simplificar e abreviar a duração dos estudos); redução do número de anos destinados aos estudos nos níveis de ensino inferiores, visando fundamentalmente aumentar o número de ingressos nos cursos superiores; etc.
Assim, reivindica a abertura de escolas públicas em todos os bairros para que ninguém ficasse sem frequenta-las; recomenda uma transformação de comportamento dos professores em relação aos seus alunos, visando a melhoria da relação professor/aluno; recomenda que a universidade deva ser aberta à comunidade e aos membros da comunidade, mesmo sem serem do meio acadêmico, para assistirem às aulas ministradas; sugere a criação de colégios para pobres, a fim de capacitá-los com hábitos do mundo burguês e da nobreza; também apresenta algumas considerações sobre a educação das mulheres. Considera importante que as mulheres frequentem as escolas para adquirirem conhecimentos necessários à administração do lar.
Ribeiro - essa nova organização do ensino português é considerada um retrocesso se vista sob o prisma pedagógico e um avanço na medida em que exigiu novos métodos e a adoção de novos livros. Foi durante o reinado de D. José I que se evidenciou uma grande difusão do livro como agente de cultura.
Apesar das propostas formais, as reformas pombalinas nunca conseguiram ser implantado, o que provocou um longo período (1759 a 1808) de quase desorganização e decadência da Educação na colônia.
O novo, presente na sociedade, está inspirado nos ideais iluministas e é dentro desse contexto que Pombal, na sua condição de ministro, buscou empreender uma profunda reforma educacional, ao menos formalmente. Nos propósitos transformadores, estavam previstas algumas mudanças. A metodologia eclesiástica dos jesuítas foi substituída pelo pensamento pedagógico da escola pública e laica; criação de cargos como de diretor de estudos, visando a orientação e fiscalização do ensino; introdução de aulas régias, isto é, aulas isoladas, visando substituir o curso de humanidades criado pelos jesuítas. 
Nesse sentido, as novas propostas educacionais dele refletiam e expressavam o ideário do movimento iluminista.
No Brasil, entretanto, as consequências do desmantelamento da organização educacional jesuítica e a não/implantação de um novo projeto educacional foram graves, pois, somente em 1776, dezessete anos após a expulsão dos jesuítas, é que se instituíram escolas com cursos graduados e sistematizados.
A reforma de ensino pombalina pode ser avaliada como sendo bastante desastrosa para a Educação brasileira e, também, em certa medida para a Educação em Portugal, pois destruiu uma organização educacional já consolidada e com resultados, ainda que discutíveis e contestáveis, e não implementou uma reforma que garantisse um novo sistema educacional. Portanto, a crítica que se pode formular nesse sentido, e que vale para nossos dias, refere-se à destruição de uma proposta educacional em favor de outra, sem que esta tivesse condições de realizar a sua consolidação.
Aula 5: Brasil Império: Contextualização histórica 
O Império brasileiro 1 (1822-1889)
A popularidade do Império brasileiro era tão grande que, mesmo mais de cem anos após seu fim, ainda continuamos nos referindo a ele. Realmente, hoje em dia não é raro assistirmos, na televisão e nos cinemas, a novelas, minisséries e filmes que têm o século XIX como tema, como, por exemplo, Quinto dos Infernos, Sinhá Moça, Força de um Desejo e Carlota Joaquina. E você? O que lhe vem à cabeça quando pensa no Império do Brasil? Se pensou naquela imagem de D. João VI comendo coxinhas de galinha em vez de governar, talvez você esteja precisando ver menos televisão. Vamos lá: o Brasil do século XIX foi a época de D. João VI, de D. Pedro I, de D. Pedro II e da Princesa Isabel, das fofocas e bailes da Corte, mas também foi a época da independência do país, do uso em larga escala do trabalho escravo e de sua abolição. Foi a época em que as primeiras instituições brasileiras foram criadas, as cidades cresceram, a eletricidade chegou às ruas e a fotografia foi inventada. Mas também foi o século do crescimento das grandes propriedades rurais, do trabalho forçado, das torturas e castigos para aqueles que se negavam a fazê-lo. 
• Primeiro Reinado (1822-1831): da Independência à Abdicação de D. Pedro I. 
• Regência (1831-1840): da Abdicação de D. Pedro I à Maioridade (posse) de D. Pedro II. 
• Segundo Reinado (1840-1889): da Maioridade de D. Pedro II à proclamação da República.
A FUGA DOS REIS DE PORTUGAL 
Nossa história tem início com a vinda da Corte portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro, em 1808. Esse acontecimento foi único na história dos impérios coloniais europeus. Imagine a situação: a família real e toda a sua bagagem – baús com roupas, malas, obras de arte, obje¬tos de museus, as joias da Coroa, todo o dinheiro do Tesouro, a Biblioteca Real com mais de 60 mil livros, cavalos, bois, vacas, porcos e galinhas – e mais dez mil pessoas, todas embarcadas às pressas, em um dia de chuva, pouco antes de as tropas de Napoleão invadirem Portugal.
A vinda da família real provocou mudanças profundas no co¬tidiano brasileiro, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, agora transformada em Corte e sede do Império Português. Seus habitantes passaram a conviver com vários estrangeiros, entre viajantes e artistas que chegavam em várias missões culturais; ganharam hábitos refinados e passaram a se vestir e a se comportar como os europeus que aqui che¬gavam. O Rio de Janeiro mudou muito. A família real e os súditos por¬tugueses se adaptaram tão bem ao Brasil que, mesmo depois da derrota de Napoleão na Europa, em 1814 – que possibilitou às monarquias por ele depostas reassumirem seus tronos –, a maioria não quis voltar para lá. Foi então que, em 1815, a capital do Império Português, que ainda era Lisboa, mudou-se para o Rio de Janeiro, que passou então a ser sede do Reino Unido (Portugal, Algarves e Brasil). Se esta medida atendeuaos interesses dos habitantes do Brasil, provocou grandes insatisfações entre aqueles que haviam permanecido em Portugal. 
Napoleão e o Bloqueio Continental 
Napoleão Bonaparte, imperador francês desde 1804, para conseguir colocar em prática seus planos de dominar toda a Europa, precisava vencer a supremacia inglesa. Para isso, decretou o Bloqueio Continen¬tal, fechando todos os portos de todos os países europeus ao comércio inglês. 
Os portugueses pretendiam que o Brasil voltasse a se subor¬dinar a Portugal. A pressão foi tão forte que D. João VI voltou para lá. Mas, ao mesmo tempo, a ideia da independência começou a ganhar força, com a recusa do príncipe-regente, que mais tarde seria aclamado D. Pedro I, em retornar a Portugal. Apesar de a independência não ter sido aceita por todas as províncias, onde militares e comerciantes por¬tugueses não gostavam da ideia, a independência acabou proclamada no dia 7 de setembro de 1822.
#O PRIMEIRO REINADO (1822-1831)
De nada adianta a independência de um país se os outros não o reconhecem como tal. A independência do Brasil foi imediatamente reconhecida pelos Estados Unidos e pelas nações sul-americanas, todas recém/independentes. A Inglaterra reconheceu a independência ao conseguir que Portugal também o fizesse, respeitando os antigos tratados comerciais que envolviam os três países. 
Podemos dizer que as principais características do Primeiro Reinado, governado por D. Pedro I entre 1822 e 1831, foram os conflitos de interesses entre o grupo de D. Pedro I, que pretendia aumentar seu próprio poder, por meio da instituição do Poder Moderador, e o grupo de brasileiros, que pretendia preservar as estruturas socioeconômicas já existentes.
D. Pedro I não era uma pessoa popular. Além de uma forte crise econômica e financeira, sua política autoritária não o ajudava a governar. Debaixo de forte oposição na imprensa e na Câmara dos Deputados, D. Pedro I abdicou na madrugada do dia 7 de abril de 1831, deixando o trono para seu filho D. Pedro de Alcântara, então com apenas cinco anos.
A REGÊNCIA (1831-1840) 
O período da regência foi marcado por muitas crises. Como o país não tinha um governante forte, as diversas forças políticas das províncias competiam pelo poder. Da mesma forma, as reivindicações populares por melhores condições de vida aumentavam, em vários pontos do país, como Pará, Maranhão e Rio Grande do Sul. 
O Poder Moderador, exercido pelo Imperador, é considerado a “chave mestra da organização política” imperial brasileira, porque ele é superior aos demais. A ele cabe manter a harmonia dos demais poderes – legislativo, executivo e judiciário – e a ele cabe também exercer as principais atividades necessárias ao exercício político da nação, como nomear senadores e os magistrados, convocar a assembleia legislativa etc.
A cultura cafeeira trouxe à baila dois importantes grupos sociais do Brasil no século XIX: o dos “barões do café” e o dos escravos, responsáveis por todo o trabalho braçal realizado no período. Justamente por isso, apesar de os ingleses já pressionarem pelo fim do tráfico atlântico de escravos, a manutenção da escravidão era tão importante. Os proprietários de escravos tinham medo de que as revoltas de escravos e homens livres e pobres, que ocorriam nas províncias, levassem o Império à desintegração. Todos os membros da elite política concordavam que era importante manter a unidade nacional e o controle da nação, e que só uma pessoa poderia fazer isso: D. Pedro II, que não passava de uma criança. Mesmo com sua pouca idade, a solução na época encontrada foi a antecipação da maioridade do Príncipe, que permitiu que um adolescente de 14 anos assumisse o trono, passando a se chamar, a partir de então, D. Pedro II.
#O SEGUNDO REINADO (1840-1889) 
O reinado de D. Pedro II, além de ter sido o mais longo da história do Brasil, foi também o da consolidação do Império. Com o imperador assumindo pessoalmente o governo e com os proprietários de terras e escravos guiando a economia, o Brasil conheceu um período de expansão econômica, através do incremento no cultivo do café, que passou a ser o principal produto de exportação brasileiro.
Como, no entanto, o café dependia da mão de obra escrava, interromper o tráfico significava contrariar os interesses dos grandes proprietários, dos vendedores de café e dos traficantes, que à época vendiam escravos. Como o Brasil dependia da Inglaterra, principalmente para obter créditos e financiamentos externos, foi impossível resistir à pressão, embora ela tenha causado muitos incômodos no país. Assim, o ano de 1850 marcou a proibição do tráfico africano, embora hoje em dia os historiadores saibam que africanos foram trazidos ilegalmente para o país como escravos até 1857. Como essa crise ocorreu justamente na fase de abolição do tráfico atlântico, ela estimulou a política imigrantista, responsável por incentivar a vinda de imigrantes europeus para o Brasil. O fim do tráfico e a vinda de imigrantes, aliados à grande insatisfação de escravos – que resistiam à escravidão de todas as formas que podiam – fizeram com que o regime de trabalho escravo fosse, aos poucos, entrando em sua crise final. Decisivas para o fim da escravidão foram a Guerra do Paraguai e a Lei do Ventre Livre.
Depois do fim da guerra do Paraguai, o crescimento do abolicionismo e do movimento republicano demonstraram que também o Império estava com os dias contados. A abolição da escravidão, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, foi o estopim para que os proprietários de terras passassem a apoiar os republicanos. Pouco mais de um ano depois, em 15 de novembro de 1889, um golpe militar poria fim ao Império brasileiro.
O Império brasileiro 2 (cont. da aula 5)
CAFÉ, CAFÉ, CAFÉ... 
Conhecido antigo dos habitantes da colônia, o café era mais utilizado como planta ornamental ou produzido em pequena escala, não recebendo, até então, um tratamento de produto comercial de exportação.
A primeira fase de crescimento – 1830 a 1870 – esteve associada à expansão do cultivo do café no entorno da cidade do Rio de Janeiro (Estácio, Serras da Tijuca e Gávea, Jacarepaguá, Campo Grande) e no Vale do rio Paraíba do Sul (Resende, Barra Mansa, Vassouras, Valença, Piraí, Paraíba do Sul, Cantagalo – núcleos do Rio de Janeiro – e Guaratinguetá, Roseira, Taubaté, São José dos Campos – núcleos de São Paulo). 
A região do vale possuía solo pobre, relevo acidentado, clima tropical úmido, sendo o café plantado com a utilização de técnicas agrícolas arcaicas, associadas a um baixo nível tecnológico. 
A segunda grande fase de expansão esteve vinculada à chegada do café, a partir da década de 1880, no chamado (Velho) Oeste Paulista (Campinas, Rio Claro, São Carlos, Amparo, Botucatu, Limeira) e sua posterior propagação, na virada do século, pelo Novo Oeste Paulista (São Simão, Ribeirão Preto, Jaú, São José do Rio Preto, Marília, Bauru, Assis).
A região do Oeste Paulista possuía condições naturais mais adequadas ao plantio em grande escala. O solo era caracterizado pela presença do massapé e da terra roxa, que permitiam maior longevidade do cultivo. 
A instalação de ferrovias nessa região esteve intimamente ligada ao plantio de café. No caso do Novo Oeste Paulista, a ferrovia foi precursora do cultivo do café. Café e trilhos tiveram suas histórias, portanto, entrelaçadas. 
No âmbito do Rio de Janeiro, a cultura do café pode representar, também, um ponto de partida para a discussão de questões ligadas ao meio ambiente. A cafeicultura, como foi praticada, alterou a paisagem e promoveu o empobrecimento do solo. Após a decadência do cultivo, algumas regiões, especialmente as do Vale do Paraíba do Sul, passaram por dificuldades para se recuperarem. 
Sabemos que, entre 1860 e 1865, ocorreu a Guerra de Secessão nos EUA, que devastou os campos produtores de algodão dos estados sulistas. Sabemos também que na primeira fase da industrialização a produção têxtil se destacou. Havia, portanto, mercado consumidor para o produto. O declínio da produção de um importanteprodutor criou uma oportunidade. Essa brecha foi aproveitada pelos plantadores de algodão do Brasil. Com o fim da guerra civil, assim que houve a reorganização da produção norte-americana, novamente o algodão brasileiro perdeu terreno no mercado externo.
Um outro aspecto que pode ser tratado é o papel que a cafeicultura brasileira assumiu no contexto internacional. Já sabemos que a economia cafeeira tornou-se sustentáculo da monarquia no Segundo Reinado e, também, na Primeira República. 
No século XX, a concorrência gerou graves problemas para a economia brasileira. Além de perder mercados para outros países, o aumento da oferta ocasionou uma baixa acentuada dos preços do café, o que gerou instabilidade econômica no Brasil, especialmente com a crise de 1929.
A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
O ano de 1850 foi o marco histórico do início do processo de mudanças sociais, políticas e econômicas sendo aprovadas a Lei de Terras e a Lei Eusébio de Queiroz. A Lei de Terras colocava fim nos mecanismos de acesso à terra do período colonial. 
A lei que proibia o tráfico transatlântico de escravos – Lei Eusébio de Queiroz – é decisiva para compreendermos o incentivo à imigração na segunda metade do século XIX e a crise do escravismo.
=Em primeiro lugar, foi possível observar um deslocamento interno da população escrava. De fato, o fim do comércio internacional de escravos estimulou o comércio entre as províncias (tráfico interprovincial). As regiões economicamente decadentes e já não tão dependentes da mão de obra escrava passaram a vender seus cativos para as províncias em expansão. 
=Em segundo lugar, o declínio da mão de obra cativa estimulou a imigração, notadamente europeia, a partir da década de 1880.
Mas a imigração não foi pensada apenas no momento da substituição da mão de obra escrava. Na primeira metade do século XIX, o governo incentivou a imigração europeia a ocupar regiões inexploradas. Sem apoio contínuo do governo e com a dificuldade de colocar seus produtos no mercado, essas colônias tenderam a concentrar, ao longo do tempo, suas atividades na lavoura de subsistência e no comércio local, desenvolvendo-se com uma certa autonomia. É o caso, por exemplo, da fixação de suíços na região serrana do Rio de Janeiro, que propiciou, posteriormente, o surgimento de Nova Friburgo. O tema abre espaço para que se trabalhe igualmente, influências que a cultura brasileira sofreu, especialmente em algumas regiões, com o encontro de culturas diferentes. A culinária, por exemplo, pode ser o ponto de partida para a abordagem do tema.
Aula 6/7: O Império e as primeiras tentativas de organização da educação nacional 
Este período histórico foi determinado pelas transformações ocorridas no século XVIII desencadeadas a partir da Revolução Francesa (1789) e da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra, que abriram o caminho para o avanço do capitalismo para outros países. No início do século XIX, a hegemonia mundial inglesa na área econômica amplia-se com a conquista de novos mercados. A França, por outro lado, sob o comando de Napoleão Bonaparte, passava a lutar pelo domínio de outros países, inclusive Portugal. Em 1808, a família real portuguesa transferiu-se para o Brasil, para fugir do ataque francês. A presença da corte portuguesa no Brasil, com todo o seu aparato, propiciou o desencadeamento de transformações na Colônia. Neste processo, foram abertos os portos brasileiros ao comércio exterior acabando com o monopólio português. Para suprir as carências oriundas do longo período colonial foram criadas várias instituições de ensino superior, “com a finalidade estritamente utilitária, de caráter profissional, visando formar os quadros exigidos por essa nova situação”. 
A Independência brasileira foi conquistada em 1822, com base em acordos políticos de interesse da classe dominante, composta da camada senhorial brasileira, que entrava em sintonia com o capitalismo europeu. 
A Assembleia Constituinte e Legislativa instalada após a proclamação da Independência para legar nossa primeira Constituição, iniciou os trabalhos propondo uma legislação particular sobre a instrução, com o objetivo de organizar a educação nacional.
A Constituição outorgada em 1824, que durou todo o período imperial, destacava, com respeito à educação: “A instrução primária é gratuita para todos os cidadãos”. 
Assim, em 15 de outubro de 1827, a Assembleia Legislativa aprovou a primeira lei sobre a instrução pública nacional do Império do Brasil, estabelecendo que “em todas as cidades, vilas e lugares populosos haverá escolas de primeiras letras que forem necessárias”.
Podemos observar, nos relatórios do ministro, que o entusiasmo inicial com a instrução popular esbarrava não somente nas condições reais do país, mas no discurso ideológico do governo que dizia estar preocupado em levar a instrução ao povo, sem providenciar, todavia, os recursos para criar as condições necessárias para a existência das escolas e para o trabalho dos professores. 
O Ato Adicional de 6 de agosto de 1834 instituiu as Assembleias Legislativas provinciais com o poder de elaborar o seu próprio regimento, e, desde que estivesse em harmonia com as imposições gerais do Estado, caber-lhe-ia legislar sobre a divisão civil, judiciária e eclesiástica local; legislar sobre a instrução pública, repassando ao poder local o direito de criar estabelecimentos próprios, além de regulamentar e promover a educação primária e secundária. Ao Governo Central ficava reservado o direito, a primazia e o monopólio do ensino superior. Graças à descentralização, em 1835, surgiu a primeira escola normal do país, em Niterói. 
Baseado nessa Lei, cada província passava a responder pelas diretrizes e pelo funcionamento das suas escolas de ensino elementar e secundário. Logo se defrontaram, porém, com as dificuldades para dar instrução de primeiras letras aos moradores dos lugares distantes e isolados. Neste período, o acesso à escolarização era precário ou inexistente, tanto por falta de escolas, quanto de professores. 
Para atender a demanda de docentes, saíram os decretos para criação das primeiras escolas normais no Brasil, com o objetivo preparar professores para oferecer a instrução de primeiras letras. 
Graças à descentralização da educação através do Ato Adicional, em 1835 surgiu a primeira Escola Normal do país, em Niterói. 
Em 1837, na cidade do Rio de Janeiro foi criado o Colégio Pedro II, onde funcionava o Seminário de São Joaquim. O Colégio Pedro II fornecia o diploma de bacharel, título necessário na época para cursar o nível superior. Foram também criados nessa época colégios religiosos e alguns cursos de magistério em nível secundário, exclusivamente masculinos. 
A presença do Estado na educação no período imperial era quase imperceptível, pois estávamos diante de uma sociedade escravagista, autoritária e formada para atender a uma minoria encarregada do controle sobre as novas gerações. Ficava evidenciada a contradição da lei que propugnava a educação primária para todos, mas na prática não se concretizava. O governo imperial atribuía às províncias “[...] a responsabilidade direta pelo ensino primário e secundário, através das leis e decretos que vão sendo criados e aprovados, sem que seja aplicado, pois não existiam escolas e poucos eram os professores.”. 
Em 1879, a reforma de Leôncio de Carvalho instituiu a liberdade de ensino, o que possibilitou o surgimento de colégios protestantes e positivistas. 
O liberalismo econômico impunha as regras e tudo o que era possível para demonstrar que esta prática era melhor para economia mundial. Nesta perspectiva os conflitos estavam estabelecidos: a Industrialização e a Depressão “[...] formaram-nas num grupo de economias rivais, em que os ganhos de uma pareciam ameaçar a posição de outras. A concorrência se dava não só entre empresas, mas também entre nações”. 
Com o protecionismo industrial (retirei vírgula) estabelecido, as bases industriais do mundo, adequaram-se e para isso fez se necessário incentivar as poucas

Outros materiais