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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Discentes: José Augusto Sorares de Souza Neto e Laura Cristina Freitas
Professora: Dilma A. de Paula
Exposição do livro Costumes em comum, Capítulo 6, Tempo, disciplina de trabalho e capitalismo industrial de Edward Thompson
Identificação do texto
Edward Palmer Thompson nasceu em 1924 em Oxford na Inglaterra, por ser filho de pais missionários e metodistas, aos seus 18 anos já era filiado ao Partido Comunista da Grã-Bretanha. Seu pai era um escritor engajado na luta e na crítica contra o imperialismo inglês na Índia. Após ingressar na Universidade de Cambridge, Thompson participou fervorosamente de movimentos estudantis. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele interrompeu seus estudos para lutar pela Inglaterra em países como a Itália e também na África. (ALVITO, 2012)
Thompson é conhecido pelo seu radicalismo e inconformismo, herdado de seus pais, em relação às instituições, por isso sempre dizia: “Cresci com a convicção de que todos os governos são espúrios e imperialistas, e acreditando que a postura de um indivíduo deva ser sempre hostil ao governo. ” (ALVITO, 2012)
Após o retorno de um trabalho voluntario, no qual conheceu sua futura esposa, o autor começa a trabalhar no Departamento de Cursos da Universidade de Leeds, que se encontra em uma região de tradição operária. Seus alunos eram filhos de trabalhadores, sindicalistas, donas de casa, ou seja, a representação do povo, em um momento da história que a universidade era ainda tradicionalista e somente integrantes das classes mais abastadas tinham acesso aos cursos. Além disso, Thompson afirmava que seu propósito nesse cargo era: “formar revolucionários”. (ALVITO, 2012)
Ele foi um historiador que sempre primou pelo uso da literatura em seus escritos, como fonte para história social e econômica. O capítulo abordado neste trabalho é um dos maiores exemplos disso, pois ele cita Chaucer, Tristam Shandy, Wordsworth, Dickens e os poetas do século XVIII Stephen Duck e Mary Collier. (ALVITO, 2012)
Em 1956 o autor sai do Partido Comunista da Grã-Bretanha, após as denúncias dos crimes de Stalin, feitas por Nikita Kruschev. Posteriormente, ele funda a Nova Esquerda Britânica, e tal ato não significou o fim de sua luta pela transformação social. (ALVITO, 2012)
Para mostrar o quanto Thompson era subversivo e inconformista, ele escreve um livro de quase 900 páginas, mesmo sendo marxista convicto, desmentindo a tese de O capital, a que prova que o proletariado é fruto da industrialização, tal refutação faz com que Thompson deixe de ser apenas um escritor conhecido na Inglaterra, e passa ser um autor de referência mundial. “Ao contrário daqueles que buscam em Marx os elementos para contradizer o próprio Marx, Thompson não teve medo de dizer que, em O Capital, Marx havia caído na armadilha do economicismo, cuja origem (esta sim em última instância), deriva da adesão à lógica do capital como a única possível. ” (ALVITO, 2012)
Costumes em comum é finalizado dois anos antes de sua morte em 1993, aos 69 anos, e mesmo debilitado com uma doença, seus ideais e convicções revolucionárias e humanistas ainda eram intactos. (ALVITO, 2012).
- Seu principal eixo de análise: levando em conta que Thompson é um historiador de formação marxista, sua ideologia é muito evidente em suas obras. Costumes em comum é um bom exemplo disso, pois é um livro que expõe os costumes, o cotidiano e a cultura das classes menos abastadas, como os camponeses, artesãos e os trabalhadores em um contexto histórico transformador das vidas dessas classes, que abrange o século XVII até o período da Revolução Industrial, que engloba o fim do século XVIII e o início do século XIX. O autor atenta seus escritos às análises empíricas, principalmente, do tempo e espaço, que nesse período, são constantemente transformados pelo novo ritmo que o capitalismo industrial trouxe para vida dos ingleses, sempre pondo a vida dos trabalhadores como protagonistas das análises e da história.
- Contexto histórico que permite sua compreensão: fim do sistema feudal, para que seja possível compreender o cotidiano e sua relação com espaço e tempo nesse período, para depois ser possível diferenciar essa mesma relação no momento da Revolução Industrial.
- As partes: temas e subtemas enfocados: as três primeiras partes do capítulo 6: Tempo, disciplina de trabalho e capitalismo industrial, o autor se dedica a descrever como era a medição e o comportamento em relação ao tempo. Para isso, ele começa com uma análise cronológica que mostra como as pessoas lidavam com isso desde a idade média até meados da Revolução Industrial.
-Subtemas: primeiramente, Thompson cita diversos povos diferentes e até mesmo os ingleses, cada um com a sua maneira de medir o tempo e o quão elas são importantes, antes na invenção do relógio. Depois, o autor mostra como esse hábito deve mudar após o novo modelo de contratação de mão de obra. Por fim, quando há uma adaptação ao relógio, o autor mostra como ele foi aceito e como alcançou altos níveis de popularidade no período da Revolução Industrial.
2- Aprofundamento
- Fontes e bibliografia citadas pelo autor: Thomas Hardy, Jacques le Goff, Pierre Bourdier, John Synge, Robert Markham, Stephen Duck, M. K. Ashby, Richard Palmer Wokingham, John Harrison, William Pitt; Oxford English dictionary; New English dictionary.
- Problemática do texto – ideias principais do autor, exposição em tópicos Tema central:
Thompson no início do capítulo expondo que a imagem do relógio como recurso, a partir do século XVII, se torna cada vez mais popular e após a contribuição de Newton para a ciência, o relógio se tornou mais conhecido do que se poderia imaginar; (Thompson, 1998)
Para escrever uma análise completa sobre essa evolução, o autor, na segunda parte, começa a citar alguns exemplos de como os trabalhadores, principalmente, mediam seu tempo, que eram feitas de acordo com os processos familiares no ciclo do trabalho ou nas tarefas domésticas; (Thompson, 1998)
Para alguns, a medição era feita através das rotinas pastorais, como a criação de gado, ovelhas e bodes; em Madagáscar, o cozimento do arroz ou o fritar de um gafanhoto, eram algumas alternativas de se medir o tempo; já em Cross River, os acontecimentos podiam ser comparados ao tempo que um milho levava para assar, aproximadamente 15 minutos; (Thompson, 1998)
Orações católicas também podiam ser uma referência para o tempo, como no Chile, onde os fatos eram comparados com o tempo que se levava para rezar um Credo ou uma Ave Maria; na Birmânia, os monges levantavam quando havia luz solar suficiente para ver as veias da mão; (Thompson, 1998)
Thompson cita exemplos de medição de tempo dos ingleses, encontrados nos Oxford English dictionary e New English dictionary, são eles: a duração de um pai-nosso, a duração do Miserere e intervalo que uma pessoa levava para urinar; (Thompson, 1998) 
Ele cita Pierre Bourdieu, que analisou uma tribo de camponeses cabilas na Argélia, com relação ao tempo, já no século XX: “ Uma atitude de submissão e de indiferença imperturbável em relação à passagem do tempo, que ninguém sonha em controlar, empregar ou poupar... A pressa é vista como uma falta de compostura combinada com ambição diabólica”. Ele conclui dizendo que para os integrantes dessa tribo, o relógio é a oficina do diabo e não há horas específicas para nenhuma atividade; (Thompson, 1998)
Um exemplo clássico para Thompson é a observação de Synge na ilha de Aran, onde o conhecimento geral do tempo depende da direção do vento e para isso, a população possui casas projetadas para perceberem qual é a direção do vento; (Thompson, 1998)
A notação do tempo através das orientações das tarefas era algo que podia ser praticado somente por classes como agricultores, camponeses, pescadores e donas de casa, pois as atividades se desenrolavam sob a ótica da necessidade. Thompson ainda descreve que a medição do tempo por meio da orientação pelas tarefas ainda eraimportante e tradicional prática em pequenas comunidades inglesas; (Thompson, 1998)
A partir do momento em que as práticas feudais vão perdendo espaço e a mais nova alternativa é a contratação da mão de obra, essa orientação do tempo já não se torna mais viável devido a nova complexidade da situação, pois agora o tempo começa a se transformar em dinheiro, o qual pertence ao empregador. A partir de então, se faz necessário uma medição exata do tempo. Como o relógio ainda não era um instrumento de intrínseca necessidade e muito menos popular, os fazendeiros contratavam trabalhadores por dia de trabalho. A concepção de tempo mudou, agora o tempo não passa, o tempo se gasta; (Thompson, 1998)
Em 1658, a precisão dos relógios foi mais alcançada devido ao uso do pêndulo, e em 1660 se espalhou rapidamente, porém a exatidão vinda da medição dos minutos só veio a acontecer mais tarde; (Thompson, 1998)
Juntamente a isso, a Revolução Industrial, que foi responsável por grande parte de contratações nas cidades inglesas, passou a exigir cada vez mais a exatidão do tempo, principalmente o tempo de trabalho. Então, começaram a construir relógios públicos nas cidades e nas igrejas na Inglaterra, os quais soavam os sinos da manhã e de recolher; (Thompson, 1998)
Além disso, os relógios de bolso já eram conhecidos desde 1674, porém no século XVIII os relojoeiros se tornaram profissionais independentes, pois a demanda por relógios se cresceu substancialmente nas grandes vilas da Inglaterra, da Escócia e do País de Gales; (Thompson, 1998)
No século XIX, a profissão de relojoeiro era muito importante, pois havia artesãos tão engenhosos, que eram contratados para inventar, construir e supervisionar as máquinas, o que se torna um fato de suma importância para a inovação técnica na Revolução Industrial; (Thompson, 1998)
A indústria do relógio, principalmente os portáteis, tornou-se tão importante e de grande produção, que foi necessário criar subdivisões do trabalho para que a indústria conseguisse produzir em larga escala e reduzir o preço, para atender a demanda. Thompson mostra no texto os valores da produção anual de relógios, que era entre 120 mil e 190 mil, aproximadamente, englobando até a exportação de tais manufaturas; (Thompson, 1998)
Ainda no início do século XIX, a possessão de relógios era majoritariamente para o uso das mais altas classes da sociedade, pois os relógios eram feitos de metal precioso como o ouro. Porém o contrabando de mercadorias baratas, vendidas por penhoristas e caixeiros-viajantes, era a forma das classes mais baixas adquirirem os relógios portáteis; (Thompson, 1998)
Preço médio dos relógios de pêndulo simples entre 1755 a 1774 era de 2 libras a 2 libras e 15 xelins. De acordo com os registros de Eden ou David Devies, nenhum trabalhador da época poderia adquirir um relógio desse preço, somente algum artesão que morava na cidade e que fosse muito bem pago; (Thompson, 1998)
Isso permite concluir que a medição do tempo, até a metade do século XIX, pertencia à gentry, ou seja, aos fazendeiros ricos, aos mestres, aos comerciantes, pelo fato de ser uma manufatura que utilizava metais preciosos, o que era um bom símbolo de status na época; (Thompson, 1998)
Em 1797-8, o ministro da Inglaterra, William Pitt, devido ao grande crescimento da indústria relojoeira, resolveu taxar todos os tipos de relógios para aumentar a arrecadação, porém foi uma medida fracassada. O ministro esperava uma arrecadação de 200 mil libras por ano. Para isso, ele fez uma tabela de estimativas:
	Artigos
	Impostos
	Estimativa do ministro
	Significaria
	Relógios portáteis de prata e metal barato
	2 xelins e 6 pence
	10 mil libras
	800 mil relógios portáteis
	Relógios portáteis de ouro
	10 xelins
	200 mil libras
	400 mil relógios portáteis
	Relógios não portáteis
	5 xelins
	3 ou 4 mil libras
	Aprox. 1.400.000 relógios
Porém esses impostos eram impossíveis de serem arrecadados. Para Thompson, essa medida era uma loucura e um golpe contra a classe média, visto que esta dificilmente conseguia adquirir um relógio, e depois era obrigada a pagar imposto sobre uma mercadoria tão cara; (Thompson, 1998)
Após essa medida, o consumo de relógios portáteis caiu drasticamente e os centros de comércio mergulharam em uma profunda crise e depressão. Ou seja, a lei que cobrava os impostos foi revogada em apenas um ano de exercício; (Thompson, 1998)
Na década de 1790 em diante, a questão do luxo em se obter um relógio foi aos poucos sendo deixada de lado, pelo fato da necessidade da sincronização do trabalho que a Revolução Industrial trouxe para a Inglaterra e posteriormente para o mundo; (Thompson, 1998)
Foram surgindo novos modelos de relógios, ou seja, que não eram feitos de ouro, mas sim de madeira, os quais poderiam ser largamente consumidos pelas classes médias e baixas, porém não eram relógios de igual qualidade aos mais caros; (Thompson, 1998)
Os trabalhadores então, passaram a economizar para poderem adquirir um relógio de boa qualidade, o que era também uma forma de investimento, os pobres poderiam vendê-lo nos momentos de crise. Assim que um trabalhador melhorava seu salário e seu padrão de vida, a primeira coisa a se fazer era comprar um relógio; (Thompson, 1998)
Discussão do texto
- Propor pontos de discussão sobre os tópicos temáticos e sobre a abordagem do tema estudado;
Pontos a serem aprofundados em debates: 
Pensar sobre o quanto o homem sempre procurou uma forma de medir o tempo, desde as formas mais primitivas às mais modernas;
Identificar no texto os pontos que evidenciam a formação marxista do autor;
A Revolução Industrial mudou completamente a vida urbana e, principalmente, a necessidade dos operários se localizarem no tempo;
A mudança na concepção de tempo, agora não mais se passa o tempo, e sim o gasta, o que significa que este é dinheiro;
4- Síntese
A problemática exposta pelo autor, tem como centro de análise a vida do trabalhador de classe média ou baixa. Ou seja, no texto em questão, Thompson se preocupa em estar mostrando como era a vida dos camponeses e artesãos quando a medição do tempo era feita pelas atividades laborais. Depois, ele evidencia a desigualdade social sob a ótica da possessão de relógios portáteis, os quais eram feitos de materiais preciosos. Isso mostrava que até mesmo o tempo estava sob o controle das classes mais ricas. 
Além disso, o autor mostra o quanto a Revolução Industrial mudou a rotina dos cidadãos ingleses e o novo modelo de contratação de mão de obra, onde o empregador exige tempo exato das horas de trabalho, fazendo o uso do relógio algo de extrema necessidade, pois agora, no modelo capitalista industrial, tempo significa dinheiro, que pertence ao empregador. 
Referências:
MARCOS ALVITO. Edward Palmer Thompson: uma vida extra-muros. 2012. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/content/edward-palmer-thompson-uma-vida-extra-muros/>. Acesso em: 04 fev. 2017.
THOMPSON, Edwardo Palmer. Costumes em comum: Tempo, disciplina de trabalho e capitalismo industrial. São Paulo: Editora Schwarcz, 1998.

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