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Módulo Características dos Documentos2 Brasília - 2015 Gestão da Informação e Documentação Conceitos básicos em Gestão Documental © Enap, 2015 Enap - Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Comunicação e Pesquisa SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Telefone: (61) 2020 3096 - Fax: (61) 2020 3178 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Gleisson Rubin Diretor de Desenvolvimento Gerencial Paulo Marques Coordenadora-Geral de Educação a Distância Natália Teles da Mota Teixeira Conteudistas: Célia Maria da Silva Torres Joana Gonzaga Ronchi Reis Renata G. Paixão Gracindo André do Espírito Santo Pereira Revisor técnico: Márcio Augusto Ferreira Guimarães Diagramação realizada no âmbito do acordo de Cooperação TécnicaFUB/CDT/Laboratório Latitude e Enap. SUMÁRIO 1 Introdução ...................................................................................................5 2 Valor ............................................................................................................5 3 Os Atributos dos Documentos ......................................................................8 4 Quanto ao gênero ........................................................................................9 5 Quanto à espécie .......................................................................................11 6 Quanto ao Tipo .........................................................................................11 7 Quanto à natureza do assunto ...................................................................12 8 Referências Bibliográficas ...........................................................................14 5 1 Introdução As características de um documento são todos os atributos que o compõe, ou seja, aquilo que torna o documento substancial. Comecemos pelo seu valor: 2 Valor Basicamente os documentos possuem dois valores: o primário/imediato e o secundário/ mediato. 1) Valor primário ou imediato: é inerente à criação do documento, podendo apresentar valor administrativo, fiscal ou jurídico. Vamos ver cada um deles: a) Valor administrativo: quando o documento é necessário às atividades cotidianas, correntes, de quem o criou, refere-se ao uso administrativo para o órgão, razão primeira da criação do documento. Módulo Características dos Documentos2 6 Um exemplo: um memorando circular do setor de RH informando sobre o ponto facultativo dos servidores. Esse memorando foi criado por uma razão, ou seja, informar aos servidores do órgão sobre o ponto facultativo. Esse é o seu valor primário. Um fim administrativo. Todo documento nasce com valor primário, mas com o passar do tempo ele perde esse valor, ele prescreve administrativamente, podendo ser eliminado ou arquivado permanentemente se ele possuir valor histórico para a instituição. No caso desse memorando, uma vez informado para todas as áreas o assunto sobre o qual trata, ele não precisará ser guardado para sempre, por não possuir um valor secundário ou histórico para a instituição. b) Valor fiscal: quando o documento é gerado para comprovar operações financeiras, dessa forma, seu valor cessa quando tal operação se conclui. c) Valor jurídico: são os documentos que comprovam direitos de curto ou longo prazo. 2) Valor secundário ou mediato: é identificado quando cessa o valor primário e a guarda do documento faz-se necessária permanentemente. Podemos classificar o valor secundário em três categorias: probatório, informativo e histórico. Conheça um pouco mais sobre cada uma delas: a) Valor probatório: atribui-se quando o documento pode comprovar as ações de determinado indivíduo que o produziu. b) Valor informativo: quando os documentos registram informações sobre pessoas, lugares, objetos, fatos ou fenômenos que aconteceram e que se pretende preservar. 7 c) Valor histórico: quando temos um documento que representa um acontecimento, fato ou situação relevante para a história do órgão e da sociedade, bem como os de grande repercussão nos meios de comunicação. O valor secundário ou histórico refere-se ao uso para outros fins que não aqueles para os quais os documentos foram criados. Um documento com valor histórico é considerado como fonte de pesquisa e conta a história e evolução do órgão com o passar do tempo. Os documentos com valor secundário serão preservados na fase ou idade permanente, ou seja, nunca poderão ser eliminados. E é importante lembrar que, nessa fase, o documento pode ser acessível não somente pela administração que o produziu como também por pesquisadores e historiadores e pessoas diferentes daquelas que produziram o documento. O documento pode ou não ter valor secundário e, uma vez adquirido esse valor, ele jamais o perderá. A definição desses valores é fundamental para determinar o tempo de guarda dos documentos, afinal, não se pode guardar todo e qualquer documento por toda vida! Fazendo um paradoxo ao que foi dito anteriormente, sobre o tempo de guarda de um documento, leia abaixo o poema “Memórias” do escritor Carlos Drummond de Andrade: Quer conhecer mais as poesias Drummondianas? Acesse o sítio: http://www.releituras.com/drummond_bio.asp 8 3 Os Atributos dos Documentos Ainda explorando as características dos documentos, encontramos também os seguintes atributos: proveniência, unicidade, organicidade, indivisibilidade, confiabilidade, autenticidade, acessibilidade glo. Conheça abaixo um pouco mais sobre cada um deles: Proveniência P – A proveniência é o registro da identidade de quem produziu o documento, ou seja, de sua origem. Essa característica mostra que os arquivos devem ser organizados em obediência à competência da instituição ou pessoa legitimamente responsável pela produção, acumulação ou guarda do documento. Organicidade O - A organicidade é a característica que recebe um documento por ser estruturado e ter funções e atividades definidas pela entidade produtora/acumuladora, em suas relações internas e externas. Os documentos são organizados a partir do Plano de Classificação (veremos mais adiante) e da Tabela de Temporalidade, uma vez que contextualizam o conjunto a que pertencem e definem o tempo de guarda dos documentos. Unicidade U - Cada documento é único no conjunto documental ao qual pertence. Podem existir cópias em um ou mais grupos de documentos, mas cada cópia é única em seu lugar, pois o conjunto de suas relações com os demais documentos do grupo é singular. Indivisibilidade I - Arquivos originários de uma instituição ou de uma pessoa devem manter a respectiva individualidade, dentro de seu contexto orgânico de produção, não devendo ser mesclados a outros de origem distinta. Trata-se do respeito aos conjuntos documentais que guardam relações orgânicas entre si. Confiabilidade C - A confiabilidade está relacionada ao momento em que o documento é produzido e à veracidade do seu conteúdo. Para tanto, há que ser completo, ou seja, dispor de todos os elementos intrínsecosglo e extrínsecosglo exigidos pela organização produtora e pelo sistema jurídico - administrativo ao qual pertence, de maneira que esse mesmo documento possa ter seus procedimentos de criação bem controlados. Autenticidade AU - Um documento autêntico é aquele que é o que diz ser, independentemente de se tratar de minuta, original ou cópia, e é livre de adulterações. Um documento autêntico é aquele que 9 se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta o mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção. Acessibilidade AC - Um documento acessível é aquele que pode ser localizado, recuperado, apresentado e interpretado, ou seja, para assegurar a acessibilidade glo, a gestão deve garantir a transmissão de documentos para outrossistemas, sem perda de informação e de funcionalidade. O sistema deve ser capaz de recuperar qualquer documento, a qualquer tempo, e de apresentá-lo com a mesma forma que tinha no momento de sua produção. Para finalizarmos as características dos documentos, veremos as definições quanto ao GÊNERO, ESPÉCIE, TIPO E NATUREZA DO ASSUNTO: 4 Quanto ao gênero Quando ouvimos falar de gênero, logo nossa mente remete aos gêneros masculino e feminino, que se diferenciam pela forma, certo? Pois bem, quando falamos sobre gênero na gestão documental também estamos representando o documento de acordo com a sua forma, que também pode ser chamada de suporte. Podemos citar alguns tipos de gêneros documentais bastante diferentes entre si, como o documento textual e o audiovisual. O primeiro tem como suporte o papel, livro, carta, etc. Já o segundo é constituído de imagens e registros sonoros. Além desses, também são exemplos de gêneros para gestão documental: documentos cartográficos, iconográficos, filmográficos, sonoros, informáticos e micrográficos. 10 Conheça alguns tipos de gêneros documentais: Documentos textuais: são os documentos manuscritos, datilografados ou impressos. Ex.: atas, cartas, decretos, livros, etc. Documentos cartográficos: documentos que contêm representações gráficas da superfície terrestre ou de corpos celestes e desenhos técnicos. Ex.: mapas, plantas, perfis, etc. Documentos audiovisuais: documentos que contêm imagens fixas, ou em movimento, e registros sonoros. Integram os iconográficos, filmográficos e sonoros. Documentos iconográficos: que contêm imagens fixas, impressas, desenhadas ou fotogradas. Ex.: fotografias, desenhos, gravuras, etc. Documentos filmográficos: são documentos em películas cinematográficas e fitas magnéticas de imagem (tapes), conjugadas ou não a trilhas sonoras, com bitolas e dimensões variáveis, contendo imagens em movimento. Exemplo: Filmes e Fitas. Documentos sonoros: registros sonoros. Ex.: discos, fitas audiomagnéticas. Documentos micrográficos: são documentos em suporte fílmico resultantes da microrreprodução de imagens, mediante utilização de técnicas específicas. Exemplo: Rolo, Microficha, Jaqueta e Cartão Janela. Documentos informáticos: são os documentos produzidos, tratados e armazenados em computador. Exemplo: disco flexível (disquete), disco rígido (winshester) e disco óptico. 11 5 Quanto à espécie É a divisão documental de gênero que reúne tipos documentais pelo teor dos fatos. As espécies documentais, portanto, podem ser definidas em razão da natureza dos atos que lhes deram origem. Veja alguns exemplos de Espécies de Atos: Atos normativos: expedidos por autoridades administrativas, com a finalidade de dispor e deliberar sobre matérias específicas. Exemplo: Medida Provisória, Lei, Decreto, Estatuto, Regimento, Regulamento, Resolução, Portaria, Instrução Normativa, Ordem de Serviço, Decisão, Acórdão. Atos enunciativos: são os opinativos, que esclarecem os assuntos, visando a fundamentar uma solução. Exemplo: Parecer, Relatório, Voto. Atos de assentamento: são aqueles que se destinam ao registro. São documentos que contêm assentamentos sobre fatos ou ocorrências. Exemplos: apostila, ata, termo, auto de infração. Atos comprobatórios: são os que comprovam assentamentos, decisões, etc. Exemplo: Traslado, Certidão, Atestado, Cópia Autêntica ou Idêntica. Atos de ajuste: acordos em que a administração pública (federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal) é parte. Exemplos: tratado, convênio, contrato, termos (transação, ajuste). Atos de correspondência: objetivam a execução dos atos normativos, em sentido amplo. Exemplo: Aviso, Ofício, Carta, Memorando, Circular, Mensagem, Edital, Intimação, Exposição de Motivos, Notificação, Telegrama, Telex, Telefax. 6 Quanto ao Tipo Tipo documental é a espécie de documento com o assunto ao qual se refere. A espécie documental considera a atividade que a gerou. O Tipo corresponde à divisão de espécie, que reúne documentos por suas características comuns no que diz respeito à formula, natureza de conteúdo ou técnica de registro. Veja o exemplo abaixo: Na espécie documental memorando, são exemplos de tipos documentais: memorando circular, memorando conjunto. Na espécie documental decreto, são exemplos de tipos documentais: decretos-lei, decretos legislativos. 12 7 Quanto à natureza do assunto • Documento ostensivoglo: a classificação de ostensivo glo é dada aos documentos cuja divulgação não prejudica a instituição, podendo ser de domínio público. Não possui restrição de acesso glo. • Documento sigilosoglo: consideram-se sigilosos os documentos que, pela natureza de seu conteúdo, são de conhecimento restrito e, portanto, requerem medidas especiais de salvaguarda para sua custódia e divulgação. 13 Quando classificados como sigilosos, os documentos não carregam, para sempre, essa classificação. A partir da data de produção do dado ou informação, a classificação perdura por: - 25 anos, no máximo, se ultrassecreto; Esse prazo poderá ser prorrogado uma vez, por igual período. - 15 anos, no máximo, se secreto; - 5 anos, no máximo, se reservado. Legislação A Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, que regula o acesso a informações, previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências, prevê que: Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada. § 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data de sua produção e são os seguintes: I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; II - secreta: 15 (quinze) anos; e III - reservada: 5 (cinco) anos. § 2º As informações que puderem colocar em risco a segurança do Presidente e Vice- Presidente da República e respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição. § 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º, poderá ser estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso do prazo máximo de classificação. § 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, automaticamente, de acesso público. § 5º Para a classificação da informação em determinado grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e utilizado o critério menos restritivo possível, considerados: I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Estado; e II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que defina seu termo final. 14 8 Referências Bibliográficas 1. VALENTIM, M. L. P, Inteligência competitiva em organizações: dado, informação e conhecimento, ago. 2002, Rio de Janeiro, DataGramaZero. 2. CASANOVA, Eugênio, O manual Archivística, 1928, Siena. 3. LE GOFF, Jacques, 1924.
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