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Universidade Estadual do Paraná – Campus Paranaguá Acadêmico (a): Maria de Fátima Oliveira Bezerra Turma: 1ª Letras Português Docente: Prof. Dr. Dário Neto Disciplina: Teoria Literária I Análise da obra: “Ganhar o Jogo” de Rubem Fonseca. “Ganhar o Jogo” é um conto de Rubem Fonseca, narrado em 1ª pessoa, ou seja, tendo como narrador o próprio protagonista da diegese. O conto ocorre em uma ordem cronológica comum. É possível encontrar digressões no decorrer da narrativa, pois o protagonista introduz alguns comentários no discurso narrativo, fazendo com que o tempo da diegese pare e o tempo do discurso narrativo se alongue. No decorrer do conto, o narrador vai conversando com o leitor, como se ambos estivessem frente a frente e isso faz com que o ledor permaneça intrigado com a história. O motivo de todo o conto, é o puro prazer, sentimento de poder, de ser melhor que o outro, o sentimento de ganhar o jogo, que está vinculado a história e ao conflito dramático. O tema principal da narrativa é a inveja. Tudo começou quando o protagonista, que durante toda a história não é revelada a identidade, explica que quando não está lendo livros da biblioteca pública, liga a tv de sua casa e assiste a programas que mostram a vida de pessoas bem-sucedidas financeiramente, ele pontua o quão bem servidos são essas pessoas. Certo dia, enquanto assistia, depara-se com um caso: “Mas gostei de ouvir um milionário entrevistado durante o jantar dizer que adquiriu um iate no valor de centenas de milhões de dólares porque queria ter um iate maior do que o de um outro sujeito rico. ‘Era a única maneira de eu acabar com a inveja que eu sentia dele’, confessou, sorrindo, dando um gole na bebida de seu copo. Os comensais a sua volta riam muito quando ouviram aquilo. Rico pode ter tudo, até inveja um do outro, e neles isso é engraçado, aliás, tudo é divertido. ” FONSECA, Rubem. Ganhar o Jogo. Como visto, há uma perspectiva diferente entre a inveja do rico e a do pobre, encontramos também uma ênfase, que na vida de uma pessoa melhor sucedida financeiramente, tudo é muito bom, engraçado e ainda diz mais, “tudo é divertido. ” A partir daqui, veremos uma parte do texto onde podemos encontrar a confirmação para o próprio nome do conto: Este trecho acima, evidencia que existe uma ideia de evolução, pois não sente ódio. Então percebemos que a ideia de ganhar o jogo, é um capricho que serve unicamente para sentir o mesmo prazer do homem que teria comprado o iate maior. No decorrer da narrativa, o narrador protagonista, deixa claro, que gostaria de criar as regras, assim como os ricos, sendo assim, ele expõe uma ideia de que há uma maneira de alguém como ele ganhar o jogo, seria matando um rico. Porém não poderia ser qualquer rico, não poderia ser um rico estrangeiro, ou a mulher deles, por artigos de luxo que possuíam, teria que ser “O rico” e o narrador deixa explicito que este rico deve ser um homem. Vejamos abaixo dois trechos comprovam o que foi dito acima: “Eu sou pobre e a inveja de pobre é muito malvista, porque inveja deixa pobre recalcado. Junto com a inveja, vem o ódio dos ricos, pobre não sabe como ir à forra esportivamente, sem espírito de vingança. Mas eu não sinto raiva de nenhum rico, minha inveja é parecida com a do cara do iate maior: como ele, apenas quero ganhar o jogo. ” FONSECA, Rubem. Ganhar o Jogo. “Não tenho pressa, devo escolher com muito rigor, pelo menos igual ao do rico que comprou um iate grande. As pessoas que aparecem, em sua maioria nas revistas publicadas aqui no meu país podem ser chamadas de ricas e famosas, mas matar uma dessas seria fácil, não me fariam ganhar o jogo. ” “Os novos ricos são mais exibidos, mas não quero matar um desses, quero um rico que herdou sua fortuna. ” FONSECA, Rubem. Ganhar o Jogo. Em outro caso, o narrador fala, sobre os bens que não tem, ou melhor que um pobre não possui, e ainda afirma dizendo que perseverança é a única coisa que ele contém. Sendo assim começa a traçar seu plano com calma, demorou dois anos planejando. Começou a trabalhar em um bufê, descreveu como era a dona do negócio, cujo caracterizou-a como: dominadora, observou com detalhes o que fazia e como fazia, nem a rigidez da própria chefe o incomodava ou assustava, já que a moça impunha rígidos padrões como dito no texto. Podemos reparar, o quão analista o narrador é, depois de algumas características da própria chefe, citado no texto. O protagonista planejou tão bem seu plano que a dona do bufê onde trabalhava, caracterizava-o como “o mais obediente”. Sendo assim, explica como pensou, os planos que traçou, para poder chegar a servir no tal bufê: E foi nesse mesmo bufê que dias mais tarde, ocorrerá um jantar muito especial, somente com pessoas bem ricas e sendo assim o narrador protagonista pode desencadear seu grande plano e ganhar definitivamente o jogo. Bom, mas se realmente quiser saber o que e como aconteceu, leia o conto, garanto que será muito interessante. Retomando a outras características sobre a análise deste conto, podemos partir para quem são os personagens. Vemos que no início da obra, mais precisamente no parágrafo nove, o narrador protagonista fala para o leitor a seguinte frase: “não vou dizer o nome dela, não vou dizer o nome de ninguém, nem o meu”, sendo assim, os personagens neste conto não têm os seus respectivos nomes apresentados, mas podemos identificar três principais, que “Antes da avaliação a que me submeti para ser garçom do tal bufê, fiz o meu próprio aprendizado. Primeiro cuidei da minha aparência, arranjei um dentista barato e bom, o que é muito raro, e comprei roupas decentes. Depois, o que foi mais importante, aprendi no meu adestramento solitário, a ser um servo feliz, como são os bons garçons. Mas fingir esse sentimento é muito difícil.” “A dona do bufê me apontava como um exemplo de empregado que realizava o seu trabalho orgulhando-se do que fazia, por isso eu era tão eficiente. ” FONSECA, Rubem. Ganhar o Jogo. são: o narrador protagonista da diegese, a dona do bufê e o rico herdeiro de uma herança, a qual ele quer matar, que aparece só no fim da narração. Quanto ao grau de densidade psicológica, o narrador protagonista é um sujeito plana tipo, ou seja, sua identificação ocorre através da sua categoria social, neste caso, o narrador que era garçom de um bufê chique e que por fim ganhou o jogo. Quantos aos outros dois personagens principais dessa história, não é possível essa definição, já que não temos características suficientes que comprovem como realmente são. O espaço principal da diegese é o magnifico bufê, onde o garçom trabalha, que era muito bem visto, com ótimas indicações e que, logo após o ocorrido, caiu em falência. O nó desta narrativa é quando o protagonista resolve dedicar-se ao treinamento de garçom e ao seu adestramento solitário. Foi deste modo que conseguiu o emprego no bufê e ficou visto como o melhor garçom e mais competente, como o próprio narrador disse, tinha perseverança. O clímax e o desfecho ocorrem quando o narrador protagonista desencadeia todo o seu plano, já que o tão sonhado rico, herdeiro de uma grande fortuna, teria aparecido e assim consegue ganhar o jogo, igual ao homem que comprou o iate maior.
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