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A família cristã e os desafios da pós modernidade

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FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ – FAEPI 
 
 
 
 
 
ROBSON PALMA NASCIMENTO DE SENA 
 
 
 
 
 
 
 
A FAMÍLIA CRISTÃ E OS DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE: 
 Uma abordagem bíblico-histórica em torno da família cristã 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA – PIAUÍ 
2016
ROBSON PALMA NASCIMENTO DE SENA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A FAMÍLIA CRISTÃ E OS DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE: 
 Uma abordagem bíblico-histórica em torno da família cristã 
 
 
Monografia apresentada a Coordenação 
do curso de Bacharel em Teologia da 
Faculdade Evangélica do Piauí – FAEPI, 
como requisito parcial para a obtenção 
do título de Bacharel em Teologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA – PIAUÍ 
2016
 
 
3 
ROBSON PALMA NASCIMENTO DE SENA 
 
 
 
 
 
 
A FAMÍLIA CRISTÃ E OS DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE: 
 Uma abordagem bíblico-histórica em torno da família cristã 
 
 
Monografia apresentada a Coordenação do curso de Bacharel 
em Teologia da Faculdade Evangélica do Piauí – FAEPI, como 
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em 
Teologia. 
 
 Orientadora: Prof.º Jhomara Alves 
 
 
 
Teresina, _____ de ________________ de ____________. 
 
 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
Examinador 
FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
Examinador 
FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
Examinador 
FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. 
Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, 
trazendo consigo os seus molhos. 
Salmos 126:5,6
 
 
5 
Agradecimentos 
 
Nesse estágio da vida em que temos a oportunidade de concluir mais uma etapa da 
vida acadêmica, é imprescindível tecermos alguns agradecimentos às pessoas que estiveram 
ao nosso lado direta ou indiretamente e que contribuíram de algum modo para a efetivação 
desse momento. 
Quero agradecer, primeiramente, ao Senhor nosso Deus pelo dom da vida e por 
aquecer o meu coração nos momentos de dificuldade que enfrentamos e, mais do que isso, por 
ter estado ao meu lado em todas essas etapas, abrindo o entendimento e possibilitando novas 
descobertas que influenciaram nesse trabalho. 
Posteriormente, quero agradecer a minha família: minha esposa, Carolina Sena, e 
minha filha, Lorena Kelly Sena, pela compreensão nos momentos em que estava abafado de 
trabalho e, mesmo presente fisicamente, fomos abdicados de algumas atividades e momentos 
importantes. Mas esta fase está passando. Família é tudo, é a base de uma sociedade sarada. 
Agradeço ao Instituto de Educação El Shaday – IEES, na pessoa do professor Bel. 
Jaimilton Moraes, e suas contribuições na minha formação acadêmica, através da oferta do 
Curso Livre de Bacharel em Teologia. 
Aos professores do Seminário Teológico Filadélfia – SETEFI que, através da 
Faculdade Evangélica do Piauí – FAEPI, trouxeram contribuições relevantes ao nosso 
aprendizado acadêmico, nos possibilitando a abertura de novos horizontes com a 
convalidação do curso de Bacharel em Teologia pelo MEC – Ministério da Educação e 
Cultura. Agradecer a professora Jhomara, minha orientadora que, mesmo não conhecendo 
pessoalmente, mas através da interação nos espaços virtuais, deu suas contribuições sanando 
as minhas dúvidas e sugerindo posicionamentos concisos e eficazes. 
Gostaria de deixar meus agradecimentos ao Pastor Professor Bel. Jorge Silva por 
suas contribuições durante a análise do presente trabalho. 
Gostaria, também, de tecer meus agradecimentos às Igrejas nas quais sou pastor 
(presbítero superintende), que tiveram minha ausência em alguns momentos da monografia e 
que muito me compreenderam nesse sentido. 
Agradecemos, por fim, a todos que direta ou indireta ou indiretamente contribuíram 
para chegar até esse momento ímpar de nossa vida que é a conclusão de uma graduação, 
necessariamente, na área teológica. 
Meu muito obrigado a todos! 
 
 
6 
RESUMO 
A família cristã, desde sua formação, tem enfrentado muitos problemas que vão de encontro 
às configurações essenciais que a tornam modelo de uma sociedade sarada. O advento da 
sociedade pós-moderna trouxe consigo uma maior possibilidade das quebras de valores éticos 
e sociais da família, enquanto célula básica da sociedade, tendo em vista que saímos de um 
modelo de família patriarcal, centrado na figura do “pai” como administrador do núcleo 
familiar pautado na valorização da moral e bons costumes que permeavam no seio de uma 
“família ideal”, para um modelo de família que tem seus conceitos pluralizados e que é 
diretamente influenciado pelas novas configurações humanísticas, secularista e relativista da 
sociedade pós-moderna, o que tem gerado um grande desconforto para as “famílias 
remanescentes”, que tentam de todo modo manter os valores instituídos desde a sua 
concepção. Nesse sentido, vive-se uma zona de vulnerabilidade sem precedentes, 
possibilitando a desestruturação e heterogeneidade que têm se disseminado entre os pares, 
provocando o caos familiar. Nesse cenário, a família tem sofrido grandes bombardeios e 
enfrentado grandes desafios que, para muitos é quase impossível superar. Mas, diante da 
observância da genuína Palavra de Deus e dos princípios trazidos por Ela, que são norteadores 
e base da família, é possível a retomada da perspectiva de uma estruturação e organização 
para que a mesma volte a ser a base de uma sociedade sarada. 
 
 
PALAVRAS – CHAVE: pós-modernidade, família, transformações, desafios, possibilidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
ABSTRACT 
 
 
The Christian family, since its formation, has faced many problems that meet the essential 
settings that make it a model of a healed society. The advent of post-modern society has 
brought with it a greater chance of ethical and social values breaks the family as the basic cell 
of society, given that we left a patriarchal family model, centered on the figure of the "father" 
as administrator nuclear family founded on the appreciation of the moral and good customs 
that pervade within an "ideal family" for a family model that has its pluralized concepts and 
that is directly influenced by the new humanistic settings, secularist and relativist postmodern 
society, which has generated a lot of discomfort to the "remaining family", who try in every 
way to keep the values established since its inception. In this sense, an unprecedented 
vulnerability zone one lives, enabling the breakdown and heterogeneity that are increasingly 
common among peers, causing the family chaos. In this scenario, the family has undergone 
major bombings and faced great challenges, for many it is almost impossible to overcome. 
But, on the observance of the genuine Word of God and the principles brought by her, which 
are guiding and family basis, the resumption of the prospect of a structure and organization so 
that it again be the basis of a healed society is possible. 
 
 
KEY - WORDS: postmodernity, family, transformations, challenges, possibilities.8 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO.................................................................................................09 
1 CONCEITO DE PÓS-MODERNIDADE E FAMÍLIA................................................11 
1.1. PÓS-MODERNIDADE E SEUS CONCEITOS...............................................12 
1.2. FAMÍLIA: UM CONCEITO PLURALIZADO................................................16 
2 O PAPEL DA FAMÍLIA AO LONGO DO TEMPO...................................................19 
2.1. O PAPEL DA FAMÍLIA NO ANTIGO TESTAMENTO.................................20 
3 O PAPEL DA FAMÍLIA NO NOVO TESTAMENTO................................................33 
4 DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA FAMÍLIA CRISTÃ DO SÉCULO XXI: 
CONTEXTUALIZAÇÃO.............................................................................................. 38 
4.1. DIVÓRCIO: O DESAFIO DO SÉCULO.........................................................40 
4.2. POSSIBILIDADES: SUPERANDO OS DESAFIOS POR MEIO DA 
PALAVRA DE DEUS..........................................................................................44 
4.2.1. A EFICÁCIA DA PALAVRA DE DEUS NO CONTEXTO 
FAMILIAR...............................................................................................45 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................47 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
INTRODUÇÃO: a família cristã e os desafios da pós-modernidade 
 
As atuais configurações da família cristã caracterizam-se como um marco sem 
precedentes, constituindo-se como um período sombrio da história da humanidade (2 Tm 3.1-
5), pois o advento da a pós-modernidade tem trazido consigo as marcas que estão se 
impregnando nos valores sociais instituídos por Deus (1 Tm 1.18-20; 2 Pe 1.3-10) ao formar, 
no Éden, o modelo de família que originaria e perpetuaria toda a raça humana na Terra, a 
família patriarcal (Gn 1. 26-28; 2.22-24). 
Nessa perspectiva, em virtude dessa evolução social, de caráter humanista 
proveniente desde o início da modernidade foi, que surgiu segundo Harvey (1998): 
 
Como uma reação às condições de produção (máquina, fábrica e urbanização), de 
circulação (os novos sistemas de transportes e comunicação) e de consumo (a 
ascensão dos mercados de massa, da publicidade) do que um pioneiro na produção 
dessas mudanças (HARVEY, 1998, p.32 apud CARNEIRO, 2008). 
 
Dessa forma, Marçal (2012), corrobora dizendo que ela consegue trazer “em seu 
nascedouro uma ruptura com a tradição, principalmente no que tange à compreensão da 
racionalidade, além de ser um momento de mudanças históricas consideráveis” (MARÇAL, 
2012, p.1). Nesse contexto, a família perde sua estrutura tradicional, tornando-se um desafio 
se organizar nessa nova forma de convívio de modo que esteja também fundamentada nos 
valores disseminados através das Sagradas Escrituras (Pv 7.1- 4; Sl 119.1-19), deixando-a em 
uma zona de risco (Mt 24.12). 
Nesse sentido, falar de família cristã na presente era em que estamos vivendo é 
também propor mecanismos que possibilitem uma tomada de consciência em torno dos 
valores sociais pré-estabelecidos pelo Senhor e sua total efetivação no núcleo familiar, 
desempenhando um papel preponderante na revitalização de seus integrantes, bem como em 
suas funções enquanto modelo pra se constituir uma sociedade sarada (Ef 5.22-25), e mais do 
que isso fortalecendo os laços familiares com toda perseverança a fim de que possamos salvar 
a nossa família que é o nosso maior bem, e porque não dizer, o nosso maior tesouro, do caos 
que tem assolado a sociedade (Mt 24.12,13) 
O presente trabalho visa mostrar o resultado de pesquisas realizadas, à luz da Palavra 
do Senhor e de textos auxiliares publicados em seus mais variados espaços, de como é 
conceituada biblicamente a família cristã vétero e neotestamentária e quais características a 
 
 
10 
constituem como um espaço de um convívio coletivo o mais próximo possível do Senhor, 
tendo em vista a perfeita harmonia e comunhão existentes entre Adão e Eva e Deus, desde o 
Éden (Gn 2.23-25) e como as transformações sociais impregnaram no seio das famílias seus 
conceitos e quais as consequências dessas implicações. Mais do que isso, pretende-se estudar 
as características que diferenciam o modelo de família instituída por Deus no Éden dos atuais 
modelos instituídos pela sociedade deste século. 
Para tal, realizaram-se pesquisas em fontes literárias e nas Sagradas Escrituras e 
analisaram-se as implicações da pós-modernidade ou, mais do que isso, das transformações 
que ocorrem nesse contexto, de acordo as ideias de alguns teóricos desta área. 
Diante do exposto, procurou-se buscar explicações completas e concisas acerca da 
realidade que o cenário familiar tem enfrentado, bem como tentar observar possíveis medidas 
que podem mudar essa realidade, de modo que se possa ter uma família que esteja dentro dos 
padrões estabelecido pelo Senhor à luz das Sagradas Escrituras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
1 CONCEITO DE PÓS-MODERNIDADE E FAMÍLIA 
 
No mundo científico das ideias não se pode dissertar sobre nenhum tema sem antes 
saber seu conceito, sua origem e/ou sua etimologia, pois estes se caracterizam como o ponto 
de partida a direcionar o foco no qual se quer chegar. Nesse sentido, não se pode falar de 
família e pós-modernidade sem antes concebê-los dentro de suas particularidades e 
características. 
Entende-se como conceito àquilo que o espírito concebe ou entende; que se idealiza 
ou entende, no entanto, quando se faz um juízo que não corresponde ao real, acaba-se criando 
o preconceito, que se caracteriza por fazer um juízo por antecedência, isto é, fazer 
julgamentos sem saber de nada que está falando. 
Para Freitbach (1988, p. 123), economista e Mestre pela UFRS, “O conceito serve 
como ponto de partida da observação, uma vez que designa, por abstração, aquilo que num 
primeiro momento não é diretamente perceptível, e vai paulatinamente sendo explicitado na 
medida em que a realidade fenomênica vai sendo desvendada”. 
Nesse sentido, ela parafraseia Grawitz (1975), dizendo que “ (. . .) o conceito não é 
somente uma ajuda para perceber, mas também uma forma de conceber. Organiza a realidade 
conservando os caracteres distintivos e significativos dos fenômenos” (Grawitz, 1975, p. 331). 
Ainda parafraseando Freitbach (1986, p. 12) o conceito tem grande importância na 
formulação de teorias, pois são eles que darão a capacidade de se expressar a essência dos 
fenômenos. Nessa perspectiva, não existe trabalho acadêmico-científico que esteja distante do 
ideal de conceito. Nas palavras da autora 
 
Ele está inserido dentro de um contexto metodológico específico, está sempre 
relacionado a um método, a um conjunto de procedimentos que revela a postura do 
pesquisador. Portanto, o uso de determinados conceitos em detrimento de outros 
indica a maneira de observar a realidade que figura na mente do sujeito. Pode-se 
dizer, então, que o conceito é o "fio condutor" da observação, ao mesmo tempo em 
que, numa outra etapa do processo de conhecimento, ele é o resultado deste 
(FREITBACH, 1988, p. 123). 
 
Nesse sentido, Ao mesmo tempo em que um dos objetivos da teoria é construir o 
conceito, este se constitui também parte integrante da teoria (FREITBACH, 1986, p. 13), pois 
ele caracterizará o aspecto dos fenômenos estudados. 
Dessa forma, se faz necessário estudar os conceitos de pós-modernidade e família 
antes que se possa dar continuidadea esse trabalho. 
 
 
12 
1.1. PÓS-MODERNIDADE E SEUS CONCEITOS 
 
O que é pós-modernidade e quais suas influências no mundo contemporâneo? 
Entender o conceito de pós-modernidade não é algo tão simples. Sabe-se que existem 
vários autores que, de certa forma, tentaram definir o termo pós-modernidade, no entanto, não 
se percebe um consenso sobre essa definição. Destarte, alguns autores nem utilizam essa 
expressão para definir o atual momento em que estamos vivendo. Por exemplo, Bauman 
(1998, 2005) denomina de modernidade líquida, Giddens (1990, 2002) usa a expressão 
modernidade tardia e Harvey (1992), sociedade pós-industrial. 
Então, na compreensão desse conceito, sob o ponto de vista harveyano, se faz 
necessário voltar um pouco no tempo para se entender um pouco sobre as características da 
modernidade e, posteriormente analisar, sob um ponto de vista histórico, a permutação do 
modernismo ao pós-modernismo e, dessa forma, compreender, a partir de uma visão 
sociológica, o que de fato caracteriza a era atual como pós-modernidade, tendo em vista que 
se pode caracterizá-la como uma fase histórica do capitalismo tardio. 
 O período denominado modernidade tem como seu marco inicial o advento da 
revolução francesa, durante o século XVIII que trouxe seu lema “Liberdade”, igualdade e 
“fraternidade”, pondo fim à Monarquia. Diante do exposto, os avanços tecnológicos do século 
XVIII fizeram surgir um novo mito, a ideia de progresso a partir dos ideais iluministas. A 
partir de meados do século XVIII, o capitalismo foi se consolidando em diversos países, sob 
os reflexos do processo de industrialização, atingido amplos setores da economia. Paralelo a 
tudo isso, a expansão e a consolidação do capitalismo trouxeram também novas formas de 
exploração do trabalho humano, gerando conflitos entre a burguesia e os proletariados, 
culminando na difusão das desigualdades sociais (Marx e Engels, 1973). 
É em meio a essa efervescência política e econômica que alguns pensadores 
formularam um conjunto de teorias políticas como o iluminismo que defendiam a crença na 
razão como promotora de progresso rejeitando o governo absolutista, trazendo à tona a 
tomada de consciência da nação. Para os iluministas era necessário um governo constitucional 
que tivesse ao alcance dos cidadãos, inclusive os protegendo contra os abusos do poder. 
Esse processo de ascensão social por parte da burguesia e sua tomada de consciência 
como classe social foi acompanhada pela expansão capitalista do século XVII e XVIII. 
 
 
O projeto de expansão capitalista se realiza com a passagem do feudalismo 
para o capitalismo, com a formação dos Estados - nação, emergência da 
 
 
13 
burguesia, o movimento da Reforma que provocou a quebra da unidade 
religiosa europeia e rompeu com a concepção passiva do homem, entregue 
unicamente aos desígnios divinos, reconhecendo o trabalho humano como 
fonte da graça divina e origem legítima da riqueza e da felicidade. Também 
concebeu a razão humana como extensão do poder divino, o que colocava o 
homem em condição de pensar livremente e responsabilizar-se por seus atos 
de forma autônoma (ESCOBAR, 2009, p.13). 
 
 
É em meados do século XVIII que o capitalismo foi se consolidando em seus mais 
diversos países. Nota-se que esse processo de transformação e consolidação, do qual está 
vinculada a Revolução industrial, atinge amplos setores da economia e trouxe consigo as suas 
mais variadas formas de exploração do trabalho humano, o que acabou gerando uma série de 
conflitos entre dois grandes grupos sociais emergentes: de um lado a burguesia e do outro o 
proletariado. O primeiro é o grupo formado pelos detentores do poder, os detentores dos 
meios de produção e o segundo, através da venda de sua mão de obra, se caracterizado como 
pivô para que as engrenagens do capitalismo funcionem. É nesse contexto que Karl Marx vai 
chamar de “luta de classes”, e defender a classe trabalhadora dizendo que seria preciso uma 
“sociedade igualitária” (Marx, 2010). 
Nesse contexto, para o Socialismo Marxista, a tensão existente na mais-valia poderia 
promover a união da classe proletária que, como dizia seu lema, em busca de uma sociedade 
mais igualitária, tomaria posse dos meios de produção e os passaria ao controle do Estado, 
que seria encarregado de representar o coletivo. Seria, portanto, o contexto de uma Revolução 
Socialista. Com o tempo, em virtude de que não haveria mais dominação de uma classe sobre 
outra, o Estado não seria mais necessário, o que resultaria no que é, para Karl Marx, a etapa 
mais desenvolvida das relações humanas, uma sociedade comunista. 
Diante disso, novas reflexões lançaram desconfiança em relação aos ditames da 
ciência e da tecnologia. Esses complexos caminhos da sociedade contemporânea nos 
expuseram diante de grandes questões como as desigualdades sociais e os rumos do 
desenvolvimento tecnológico-científico, entre outros. Todavia, ali era um marco do cenário 
político e econômico, afinal estava-se vivendo o período moderno marcado pelo crescimento 
e expansão do capitalismo. 
Nesse sentido, Harvey (1992) permite acreditar que na passagem da modernidade a 
pós-modernidade ocorreu uma aceleração nas mudanças de produção, trocas e consumo e que 
as grandes histórias foram combatidas pelo pós-modernismo, que cedeu o espaço para a 
heterogeneidade e a diferença. 
 
 
14 
Dessa forma, o pós-modernismo trouxe consigo uma brusca alteração em toda 
concepção de “sujeito globalizado”, repercutindo sua identidade tendo em vista o choque que 
acomete diretamente sua cultura e seus valores, enquanto sujeito socializado, nos trazendo a 
ideia de choque de identidade. 
Marx (1973), um socialista admirável, disse o seguinte sobre a modernidade: 
 
[...] é o permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas 
condições sociais, a certeza e o movimento eternos [...] Todas as relações fixas e 
eternas com seu cortejo de vetustas representações e concepções, são dissolvidas, 
todas as relações recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo 
que é sólido se desmancha no ar... (MARX e ENGELS, 1973, p.70). 
 
 
A sociedade modernizada passa a ser, então, aquela que está em constantes mudança 
e transformação. Giddens (1990), com seu ideal de modernidade tardia, vai dar sua 
contribuição dizendo que: 
 
[...] nas sociedades tradicionais, o passado é venerado e os símbolos são valorizados 
porque contêm e perpetuam a experiência de gerações. A tradição é um meio de 
lidar com o tempo e com o espaço, inserindo qualquer atividade ou experiência 
particular na continuidade do passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, são 
estruturados por práticas sociais recorrentes (GIDDENS, 1990, p. 37-38). 
 
Nesse sentido, a modernidade não é apenas uma experiência vivida através das 
constantes mudanças, mas também uma forma reflexiva da vida, tendo em vista que “as 
práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz das informações recebidas 
sobre aquelas próprias práticas, alterando, assim, constitutivamente, seu caráter” (GIDDENS, 
1990, p. 37-38). 
Para ele, nesse sentido, a medida que as áreas diferentes do globo são postas em 
interconexão umas com as outras, onda de transformação social atinge a face da terra. São 
essas transformações que impregnam na identidade do sujeito suas novas modalidades de 
pensar, de agir, de se socializar, levando a humanidade a “dançar conforme a música que é 
tocada”, isto é, fazer aquilo que está sendo norteador naquele momento, não importando o que 
acontecerá no próximo episódio. 
 
Tanto em extensão, quanto em intensidade, as transformações envolvidas na 
modernidadesão mais profundas do que a maioria das mudanças características dos 
períodos anteriores. No plano da extensão, elas serviram para estabelecer formas de 
interconexão social que cobrem o globo; em termo de intensidade, elas alteram 
algumas das características mais íntimas e pessoais de nossa existência cotidiana 
(GIDDENS, 1990, p. 21). 
 
 
15 
 
Outrossim, mudanças que repercutiram em toda a vida do sujeito trazendo uma 
roupagem moderna em sua identidade, no entanto, junto com esta traz também as marcas das 
transformações no contexto pessoal e/ou familiar. 
O sujeito é, cada vez mais, marcado pelo distanciamento das relações sociais, 
caracterizando a pós-modernidade como uma reação cultural, ou seja, uma perda de confiança 
no potencial universal do projeto iluminista. 
Nessa perspectiva, caracterizada pela era do imediatismo, toda a população da atual 
sociedade encontra-se numa era em que o sujeito se tornou valorizado por aquilo que tem e 
não, necessariamente, por aquilo que é. É nesse contexto que o pós-modernismo culmina com 
“a aceitação do efêmero, do fragmentário, do descontínuo, do caótico” (HARVEY, 1992, p. 
49), tendo em vista que o homem se torna cada vez mais audacioso a quebrar as fronteiras 
físicas e vivenciar um mundo imaginário se distanciando das pessoas que estão ao seu redor. 
Falando de distanciamento físico, é bom lembrarmo-nos do caos que o advento do 
ciberespaço tem, também, trazido na espécie humana. Com a quebra e/ou distanciamento do 
espaço e o tempo, e a inserção de tecnologias cada vez mais inovadoras, o homem tem estado 
distante cada vez mais de sua espécie e o pior, mesmo estando próximos, fisicamente. 
Giddens (1991) deixa claro que: 
 
O dinamismo da modernidade deriva da separação do tempo e do espaço e de sua 
recombinação em formas que permitem o "zoneamento" tempo-espacial preciso da 
vida social; do desencaixe dos sistemas sociais (um fenômeno intimamente 
vinculado aos fatores envolvidos na separação tempo-espaço); e da ordenação e 
reordenação reflexiva das relações sociais à luz das contínuas entradas (inputs) de 
conhecimento afetando as ações de indivíduos e grupos (GIDDENS, 1991, p. 25-
26). 
 
 
Dessa forma, o que se presencia no contexto familiar da presente era é uma 
intensificação de famílias distantes e fragmentadas, que perderam sua homogeneidade, em 
detrimentos das disputas existentes dentro do próprio espaço familiar, caracterizadas pela 
quebra dos valores que são essenciais e indispensáveis na construção de uma família sadia e 
que seja forte o suficiente para romper a zona de vulnerabilidade diante da atual conjuntura 
social. Isso faz com que a família contemporânea tome rumos diferentes daqueles traçados 
pelos primórdios da família cristã e que marcaram época sobre o modelo de família patriarcal, 
que embora necessitasse ainda de vários aprimoramentos, se constituía referência para a 
construção de uma sociedade sarada. 
 
 
 
16 
1.2. FAMÍLIA: UM CONCEITO PLURALIZADO 
 
Conceituar família, na atual conjuntura social, já se constitui uma tarefa não mais tão 
simples. Nesse sentido, pretende-se trazer as definições realizadas por alguns teóricos da área 
e concluir com a definição encontrada nas Sagradas Escrituras, e fazer um paralelo entre elas, 
de modo que se possa tentar demonstrar as transformações que ocorreram durante o processo 
histórico que se iniciou desde o período bíblico. 
Sob o ponto de vista sociológico, Durham (1983, apud Perez, 2009) diz que a 
família: 
 
[...] se constitui como uma unidade de reprodução social e biológica e uma instância 
de cooperação econômica e de consumo de bens materiais e simbólicos e, 
simultaneamente, um espaço da expressão das emoções, sejam elas de afeto ou 
agressão, de segurança ou rivalidade (DURHAM, 1983 apud PEREZ, p. 2). 
 
 
 
De um modo mais geral, ele deixa claro aqui que a família se caracteriza como 
espaço de formação social do homem, tendo em vista que as suas ações, na sociedade na qual 
está inserido, são reflexos dos valores sociais adquiridos no seio familiar, pois é isso que o 
caracteriza como um espaço de reprodução social que, para Perez, representa um espaço de 
transmissão dos padrões sociais, seja por meio cotidiano e das trocas de experiências, seja por 
meio das práticas de socialização e educação das gerações mais novas (PEREZ, 2009, p. 2). 
Frente a essa nova era da esfera social, a autora, cheia dos ideais de Durham (1983), 
deixa claro que o: 
[...] que caracteriza a família contemporânea é o fato dela se constituir como uma 
unidade social formado por diversos arranjos familiares, mas com finalidades e 
objetivos semelhantes. Dentre algumas constituições familiares temos: família 
nuclear, constituída pelo pai, mãe e filho(s); família ampliada, em que além do 
núcleo familiar, outros parentes agregam-se ao grupo; famílias recompostas que são 
resultados de uma segunda união de um ou ambos os cônjuges; família matrifocais, 
nas quais as mães chefiam o grupo doméstico sozinhas ou com o auxílio de outros 
parentes; famílias patrifocais, em que o pai é o responsável pelos filhos, agregados 
ou não a outros parentes (DURHAM, 1983 apud PEREZ, 2009, p.3) 
 
 
Já para Junior (2013, p.2), “ a família é a mais antiga e mais importante instituição do 
mundo”. Dessa forma, pode-se entendê-la como referencial e modelo de um indivíduo em sua 
totalidade. 
Para Faco e Melchioli (2007): 
 
 
 
17 
A família representa o espaço de socialização, de busca coletiva de estratégias de 
sobrevivência, local para o exercício da cidadania, possibilidade para o 
desenvolvimento individual e grupal de seus membros, independentemente dos 
arranjos apresentados ou das novas estruturas que vêm se formando. Sua dinâmica é 
própria, afetada tanto pelo desenvolvimento de seu ciclo vital, como pelas políticas 
econômicas e sociais (FACO e MELCHIOLI, 2007. In: VALLE, 2009, p. 121-122). 
 
 
Como um dos principais contextos de socialização dos indivíduos, ela possui um 
papel fundamental para a compreensão do desenvolvimento humano, tendo em vista que suas 
crenças, valores e práticas são diretamente ligados às transformações da sociedade. Fala-se 
isso, pois sabe-se que quer queira quer não, há no contexto familiar uma busca da melhor 
adaptação possível para a sobrevivência de seus membros e da instituição como um todo. 
Dessa forma, à medida que a sociedade vai mudando, há uma tendência de o sistema 
familiar ir mudando juntamente com ela, deixando seus membros muitas vezes vulneráveis, 
pois se corre o risco de todos eles serem afetados por pressões interna e externa e, ao mesmo 
tempo, possibilitando as modificações suficientes para a continuidade e o crescimento 
psicossocial de seus membros. 
Para Faco e Melchioli (2007), de acordo com: 
 
[...] as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais ocorridas ao longo dos 
tempos, a sociedade está sendo obrigada a reorganizar regras básicas para amparar a 
nova ordem familiar. No código de 1916, “família legítima” era definida apenas pelo 
casamento oficial. Em janeiro de 2003, começou a vigorar o Novo Código Civil, que 
incorporou uma série de novidades, sendo que a definição de família passou a 
abranger as unidades formadas por casamento, união estável ou comunidade de 
qualquer genitor e descendentes (FACO e MELCHIOLI, 2007. In: VALLE, 2009, 
p.122). 
 
Dentro dessa nova modalidade constitucionalizada, o casamento passou a ser 
“comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges” 
(CAHALIL, 2003, p.467 apud VALLE, 2009, p.122); os filhos que são adotados ou 
concebidos fora do casamento passam a ter os mesmos direitosdos nascidos dentro do 
matrimônio; além disso, a palavra “pessoa” fora substituída por “homem” e, ainda, o “pátrio 
poder”, onde era o poder do pai exercido sobre os filhos passa a ser “poder familiar”, abrindo 
essa atribuição também à mãe. 
Dentro dessa concepção, torna-se mais fácil a possiblidade do divórcio, tendo em 
vista que a lei se flexibilizou a tal ponto de dá maior abertura para a dissolução da família em 
um abrir e fechar de olhos, haja vista não existir mais as burocracias que haviam em outro 
tempo, mas sobre esse tema vamos discorrer mais na frente. 
 
 
18 
É oportuno falar que atualmente a família se apresenta na sociedade com inúmeras 
modificações que foram estabelecidas ao longo da história. A contemporaneidade trouxe 
consigo a pluralização da família, não se restringindo mais a modelos de famílias nucleares, 
mas, geralmente, são caracterizadas por famílias recompostas, homo afetivas, dentre outras 
denominações. 
Dessa forma, a sociedade tem colocado nas mentes humanas em não se pensar mais 
em família enquanto modelo convencional, encadeado pela união de um homem e uma 
mulher unidos pelo casamento e cercados de filhos, mas, para ela, isso é um tabu que deve ser 
quebrado, pois, a partir desse ponto de vista, o que identifica a atual conjuntura familiar não é 
o casamento, nem tampouco a diferença de sexo dos parceiros e sim a presença de um vínculo 
afetivo que provoque a união entre pessoas que, pelo menos, tenham em comum um projeto 
de vida e que haja entre eles, um comprometimento mútuo. 
A Bíblia Sagrada afirma que Deus fez o primeiro casamento entre um homem e uma 
mulher (Gn 2.18) e o institucionalizou (Gn 2.24) como modelo para a construção de um povo 
santo, a nação eleita e o sacerdócio real (1Pe 2.9), que não esteja fora do padrão da Palavra de 
Deus. Ela é a Bússola, é o Guia de Percurso, é a Orientação Salvívica. 
Portanto, quando família procura está dentro dos padrões pré-estabelecidos pelo 
Senhor, procurando centrá-la no seu contexto e não se deixa levar pelas mudanças 
imediatistas dessa nova era, mas antes disso, busca com diligência ser o tabernáculo de 
adoração ao Senhor e o oásis de amor e canal de bênçãos do Senhor para a vida de todos, 
automaticamente ela se torna a família segundo o coração de Deus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
2 O PAPEL DA FAMÍLIA AO LONGO DO TEMPO 
 
Desde o primórdio da história da família, o papel dos integrantes do núcleo familiar 
tem sido redefinido à medida que a sociedade vai se transformando. Essas transformações têm 
sido alvo de grandes preocupações, pois acabam reconfigurando os perfis familiares 
existentes. As famílias têm, nesse sentido, vivenciado expectativas diferentes em seus lares e 
nas relações pessoais dos indivíduos e acabam desenvolvendo suas próprias formas de ajustar-
se ás circunstâncias relativamente inexploradas em que se encontram, o que não deixa de 
gerar um desgaste de seus membros. 
Geralmente, essas transformações sociais têm modificado as formas prévias de 
casamento e de ordenação familiar, conforme já foi mencionado no tópico anterior, trazendo 
um efeito de irreversibilidade. Se for feito um apanhado sobre o papel dos membros do núcleo 
da família, entender-se-ia que o desdobramento da pós-modernidade acarretou, em seu 
contexto, maridos e esposas, cada vez mais distantes do seu objetivo enquanto progenitores de 
uma espécie. 
 Desse modo, através do seu ideal de independência, as mulheres fugiram de suas 
atividades domésticas para entrar no mercado de trabalho e no seu lugar tem ficado as babás, 
que muitas vezes tem sido pessoas desconhecidas pela família. Por outro lado, os pais tem 
sido chefe de setores e não tem parado dentro da casa, em outros casos, tem ficado dentro da 
casa tempo até de mais, tendo em vista que muitas vezes tem trocado a função com a esposa, 
deixando a mesma fazer o papel de marido. 
Nessas últimas décadas, as transformações sociais atingiram diretamente o núcleo 
familiar e originaram novas concepções de família, que não podem mais ser comparadas à 
tradicional família patriarcal. Nesse sentido, a exagerada e imediatista busca pela realização 
pessoal tem diminuído o número de componentes familiares e consequentemente, há uma 
redução exorbitante no tempo que os pais deveriam disponibilizar para os seus filhos. 
É em meio a esse cenário desolador que se percebe o quanto família vem sofrendo 
influências do contexto político, econômico e cultural da sociedade na qual está inserida, 
tendo em vista que a cada dia que se passa, os valores vão se redefinindo e muitas vezes já 
não se sabe quem “dita às regras” dentro dos lares. São, geralmente, formadas por pessoas 
alienadas, pois já não se dão conta dos novos aspectos culturais, sociais nos quais estão 
imersos. Não se dão mais a devida importância aos vínculos familiares sadios, pois estão se 
 
 
20 
reduzindo paulatinamente, consequência de tudo isso são os altos índices de divórcio, à busca 
desenfreada pela satisfação do ego, a perda do senso comum, a falta de respeito pelas 
limitações do outro, dentre outros fatores que só têm assolado a humanidade. 
Destarte, a família pós-moderna tem sido constantemente desafiada por fatores 
externos que entram em jogo para, de alguma forma, redefinir os valores e os critérios, os 
modelos de comportamento de cada membro. Fatores externos, como a mídia, as ideologias 
de poder, a cultura contemporânea, até mesmo a escola, têm exercido fortes influências no 
contexto interno da família, alterando significativamente sua estrutura. Ou seja, em outro 
tempo a criança se adaptava a determinada diretriz de conduta posta pelos pais, enquanto 
hoje, com esse distanciamento dos pais, a função de transmitir valores fica, direta ou 
indiretamente, conferida à mídia e, de forma menos intensa e presente, às escolas. 
 Mas, por que também não falar das influências políticas e econômicas que têm 
levado na palma da mão o futuro de cada família e acaba a colocando em um choque de 
identidade e cultura? Ou seja, é a classe social quem determina o padrão de comportamento 
dos membros de determinada unidade familiar, sendo que se uma família sai de determinada 
classe social para outra, deve se adaptar às condutas e valores dessa nova classe em um abrir e 
fechar de olhos. Esses novos “modelos de valores” e exigências resultam em uma diminuição 
ou ausência do contato entre pais e filhos em proporções exacerbadas e exorbitantes. 
Falar em papel dos membros de uma determinada família, é buscar mecanismos que 
tragam um ideal de família unida, alicerçada e protegida da esfera social desse mundo 
globalizado, tendo como resultante, filhos sadios e de boa conduta, amantes do 
entrelaçamento e/ou dos vínculos familiares sarados e autênticos. 
 
2.1. O PAPEL DA FAMÍLIA NO ANTIGO TESTAMENTO 
Embora seja difícil descrever as variedades de expressões de cunho familiar do 
Antigo Testamento ao longo de milhares de anos, pretende-se tecer em alguns parágrafos, a 
partir da visão de alguns autores, uma descrição concisa e fragmentada de como seria a 
família veterotestamentária. 
Para corroborar com essa abordagem em torno da família do Antigo Testamento, 
Bentho (2010) tenta trazer alguns termos que eram utilizados para descrever a família, no 
Antigo Testamento. Em hebraico eram utilizadas três palavras superimportantes: bayît, bêt e 
mishãhâ. Bentho (2010, apud Junior 2013, p.3), descreve da seguinte maneira: 
 
 
21 
 
A) primeira delas é bayît, que designa tanto uma “residência”, “templo”, “lar”, a 
“parte interior da casa”, “casa”, quanto também o conceito de “família”, ou 
“moradores de uma mesma casa”. O sentido de habitaçãoé um dos mais frequentes 
usos do remo (Êx12.7; Lv 2.29; Dt 11.20). B) outro vocabulário muito frequente é 
bêt, cujo sentido literal é “casa” e ocorre juntamente com outros termos formando a 
ideia completa tal que bêt’el (Casa de Deus), bet lehem (Belém ou “casa de pão”), e 
assim por diante. O termo bêt designa “pessoas de uma casa”, ou juntamente com 
ab, designa “Casa do pai”, C) O outro vocabulário, mishãhâ, literalmente significa 
“família”, “parentes” ou “Clã”. A ênfase está nos laços sanguíneos que existem entre 
as pessoas de um mesmo círculo. Segundo Harris, o termo “se emprega como 
substituição e um grupo maior, tal qual uma tribo ou nação (Nm 11.10) (BENTHO, 
2010, p.27 apud JUNIOR, 2013, p.3). 
 
 
Nota-se que que o termo “mishpahah”, que significa clã, tribo e povo, descreve o 
grupo de pessoas que habitam em um mesmo lugar ou em várias aldeias, que têm interesses e 
deveres comuns e cujos membros são conscientes dos laços de sangue que os unem, pelos 
quais se chamam de “irmãos” (1 Sm 20.29), enquanto o uso da palavra casa (bet ou bayít), 
refere-se figurativamente, ao lugar onde Jeová habita (que pode ser o tabernáculo ou o templo 
ou ainda o santuário). Contudo, esse termo também significa família, descendência e até um 
povo inteiro, como a “casa de Israel”, ou todo Israel (Js 24.15; Ez 20.40). 
Nesse sentido, vale salientar que, para o mesmo autor, o “conceito de família para o 
hebreu abrangia tanto os parentes próximos, longínquos, quanto os escravos. Desde que 
houvesse uma relação consanguínea ou de afinidades, já se constituía um membro da unidade 
familiar” (BENTHO, 2010, p.30, apud JUNIOR, 2013, p.3). Nas histórias bíblicas, vamos 
constar essa verdade em suas várias dimensões. Uma delas acontece quando Abraão envia 
mensageiros para encontrar “entre os seus” que estavam distantes, uma esposa, Rebeca, para o 
seu filho, Isaque. Outro caso semelhante acontece com Hagar, que foi “emprestada” por Sara 
a Abraão, pelo fato de ser sua serva. 
Pereira (2014, p.1) corrobora com essa ideia dizendo que o termo família tem 
concepção bíblica do hebraico mispãhãh que se refere a “todos os integrantes de um grupo 
que estão relacionados por sangue e que compreende esse senso de consanguinidade” (VINE, 
2002). Esses ideais se mantiveram constantes na história bíblica, pois as mudanças que 
ocorreram durante o período veterotestamentário ao neotestamentário, não afetaram os 
costumes familiares. Porém o viver em sociedade exigiu que cada família possuísse 
características que lhes são próprias que a diferenciaram de outras famílias embora 
convivendo no mesmo contexto social. É nesse cenário que se vai adequando à realidade o 
conceito de família ao longo do tempo. 
 
 
22 
Para o autor, no momento que projetou a criação do homem em seu coração: 
 
Deus não pensou exclusivamente no gênero masculino, mas na humanidade em seu 
aspecto morfológico, isto é, sua aparência estrutural externa, independente do gênero 
ser masculino ou feminino. A análise de alguns vocabulários descritos em Gênesis, 
em sua forma original no hebraico, nos ajudaria a entender melhor essa ideia 
(PEREIRA, 2014, p.2). 
 
 
Para ele, o vocabulário homem utilizado na Bíblia, tem quatro traduções no hebraico, 
dois quais, dois são utilizados no livro de Gênesis: o primeiro é îysh, que significa ““varão”, 
“companheiro”, pessoa que é distinta por sua masculinidade, em correspondência à mulher”, 
ishãh, e o segundo é ãdãm, “que significa “humanidade” – termo usado para aludir ao gênero 
humano ou ao homem em geral como criatura criada à imagem de Deus” (PEREIRA, 2014, 
p.2). 
Dentro dessa perspectiva, ele afirma que a união do homem (îysh) com a mulher 
(ishãh) resulta na humanidade (ãdãm), ou seja, a humanidade é fruto da primeira família 
instituída por Deus há milhões de anos, no Jardim do Éden. 
Sobre essa premissa, Molochenco (2004, p.1), alerta que a família é pensada dentro 
dos moldes do patriarcalismo. E faz questão de citar Strozzi (2004) para definir o conceito de 
patriarcal, deixando claro que a família não pode perder o seu foco moral e social: “essa 
palavra, patriarcal, vem da raiz “patri” significando aquele que cuida do patrimônio, que 
sustenta e mantém a família (MOLOCHENCO, 2004, p.1). Percebe-se aí o grau de 
importância que é dado, pelas a várias pessoas que se encarregam de estudar a família e suas 
transformações, ao demonstrar o quanto foi perdido de valores ao longo do tempo, muito 
embora enquanto humanos devamos ser sujeitos às transformações. 
Para Maldonado (2003), pastor e terapeuta familiar, o patriarca, Abraão, viveu uma 
vida seminômade. Tendo estabelecido seus descendentes em Canaã, de acordo a promessa do 
nosso Deus (Gn. 12), eles construíram cidades fizeram algum tipo de interações sociais com 
pessoas da região. 
 
Quando decidiram ter um rei em vez de juízes locais, experimentaram a 
prosperidade, mas também trabalhos forçados, impostos e a separação entre ricos e 
pobres. A divisão do país em dois reinos, as invasões da Síria, Egito, Assíria e 
Babilônia, os 70 anos de exílio e o controle político por parte da Pérsia, Grécia e 
Roma imprimiram marcas profundas e induziram mudanças significativas na vida 
familiar das pessoas do Antigo Testamento. Entretanto podemos afirmar que a 
família foi de vital importância na organização das sociedades no Velho Testamento 
(MALDONADO, 2003, p. 13). 
 
 
23 
 
 
Para ele, através do desempenho de seu importante papel, a família conseguiu se 
contrastar sobre todos os fatores que estiveram presentes na formação das sociedades dos 
períodos mais remotos que vemos no Antigo Testamento, tendo como instrutores os anciãos, 
ou seja, os cabeças de família dos clãs. Tendo em vista que a nação de Israel era formada por 
tribos (doze tribos que levam o nome dos filhos de Jacó o então Israel), de acordo as notações 
bíblicas, entende-se que essas tribos eram formadas por vários clãs, os quais, por sua vez, 
eram grupos de famílias unidas por laços consanguíneos (Js 7.14-18). 
 
Nessa estrutura social, cada indivíduo era visto como membro de uma família. Cada 
família estava unida a outras famílias, que formavam um clã. O clã fazia parte de 
grupos mais extensos, formando as tribos. Assim, toda a nação de Israel era, 
efetivamente, uma grande família de famílias. A família no Antigo Testamento era 
definitivamente patriarcal. Um dos termos que a designavam era casa paterna (bet 
ab). As genealogias eram sempre apresentadas através da linhagem paterna 
(MALDONADO, 2003, p. 13). 
 
Nota-se, nesse contexto que a figura do pai representava autoridade, pois era ela que 
possuía total poder a casa, inclusive sobre os filhos, até mesmo aqueles que já estavam 
casados e sobre suas mulheres, desde que estivessem vivendo com ele, podia inclusive decidir 
se deveriam viver ou morrer. Toda e qualquer desobediência e a maldição aos pais eram 
castigadas com sob pena de morte (Êx 21.15; Lv 20.9; Pv 20.20). 
 À medida que a “sociedade dos tempos bíblicos do Antigo Testamento” foi 
evoluindo, bem como seu sistema de leis, esse direito foi transferido para as cortes sem que 
alterasse sua essência. A essência da Lei Mosaica. Sempre quando havia uma queixa de um 
pai, a casa real pronunciava sentença de morte, conforme a orientação de Moisés no livro de 
Deuteronômio. 
Vale ressaltar que, em virtude de as nações vizinhas a Israel serem pagãs, de modo 
que seus patriarcas eram polígamos, os patriarcas hebreus seguiram os mesmos costumes, mas 
não pela vontade de Deus, muito embora Ele tivesse tolerado, pois sabia que era uma fase que 
passaria logo depois. Dessa forma, abre-se um parêntese para conceituar a família da época 
como também aunião do marido, de suas esposas e seus filhos, suas concubinas e seus filhos, 
os filhos casados, as noras, os netos, escravos de ambos os sexos e seus filhos nascidos sob 
aquele teto, os estrangeiros residentes no mesmo prédio, as viúvas, os órfãos e todos quantos 
se abrigavam sob a proteção do chefe de família, inclusive os escravos, pois eram suas 
propriedades. 
 
 
24 
Quando os reis de Canaã aprisionaram Ló, Abraão reuniu “... trezentos e dezoito 
homens dos mais capazes, nascidos em sua casa...” (Gn 14.14) e foi resgatá-lo. [ O 
termo pai] Era usado para referir-se não somente ao pai, mas também ao avô e aos 
antepassados notáveis, como Abraão. Além disso, aplicava-se a homens de muito 
respeito, sem a necessidade de qualquer parentesco. O pai cumpria obrigações 
sacerdotais. Religião e família estavam entretecidos com as mesmas fibras. A 
comunidade de adoração básica que mantinha a coesão social da época era a família. 
Como acontecia em outros grupos humanos ao redor, entre os hebreus o pai era 
também o sacerdote que vigiava as relações entre as pessoas de sua casa e Deus (Jó 
1.5). Isso torna-se muito mais evidente após o êxodo, quando o pai passa a ocupar o 
lugar predominante no ritual da páscoa (Êx 12-13.8). Os membros da família 
estavam sob a estrita obrigação de reunir-se no santuário familiar (1 Sm 20.29)11. 
Quem cumpria essa função religiosa em lugar de um pai adquiria a mesma 
dignidade. Assim Moisés foi chamado “pai” dos filhos de Arão (Nm 3.1). O profeta 
era chamado “pai” por seus discípulos (2 Rs 2.12) [...] O povo de Israel também 
usou a palavra pai para referir-se a Deus. A Bíblia a utiliza para fazer referência à 
relação de Deus com seu povo (Dt 14.1; Is 4.8; Pv 3.12). Na relação de Jeová com o 
povo de Israel, este é chamado filho ou filha e, às vezes, esposa (Os 11.1; Jr 3.22; 
31.18-20; Is 54.6). Em Isaías 66.13, a imagem análoga para Jeová é de uma mãe e, 
em Isaías 54.5, de marido (MALDONADO, 2003, p. 14-15, grifo nosso). 
 
 
Outra coisa a se considerar na família do Antigo Testamento é a condição de 
fertilidade da mulher. Hoje com as inovações, as mulheres querem a cada vez mais ter menos 
filho. Não se pretende aqui voltar no tempo para se viver as ações das épocas remotas, mas 
demonstrar que a infertilidade no período bíblico era considerada uma maldição, já a 
fertilidade sempre foi sinal de bênção (Gn 49.25). Toda mulher, ao casar queria dar filhos a 
seu esposo, pois a fertilidade era considerada como parte essencial da promessa de Deus ao 
povo judeu em perpetuar a espécie. Isso era tão disseminado na sociedade israelita que, 
quando um homem casado morria sem deixar filhos, a viúva deveria deixa-se ser coabitada 
pelo irmão do seu marido, que por sua vez tinha a obrigação de continuar a descendência de 
seu irmão falecido (Dt 25.5-10). 
A mulher estéril tinha duas opções: ou orava ao Deus dos Céus contando com a sua 
bondade para lhe abrir a madre para que gerasse filho (1 Sm 1) ou, do contrário deveria dar 
uma de suas escravas ao marido para que, através dela, pudesse dar filhos ao seu esposo, 
como aconteceu com Sara ainda antes de gerar Isaque (Gn 30.1-13). Uma vez nascida a 
criança, era de responsabilidade da mãe colocar o nome nela e, geralmente, utilizava o nome 
dando significado a alguma situação que estava vivendo. Toda criança de sexo masculino 
deveria ser circuncidada no oitavo dia de vida, a fim de cumprir a aliança que Deus realizou 
com o seu. Era função do pai, ensinar a Lei aos seus filhos durante o seu cotidiano (Dt 6.4-9), 
que de por sua vez, deveria entendê-la durante um estipulado período de tempo a fim de que 
já pudesse participar das celebrações da páscoa e outras festividades religiosas no lar. 
 
 
25 
Somente depois que voltaram do exílio babilônico (aproximadamente 529 a. C.) que 
se passou a institucionalizar a instrução religiosa, onde como sempre, dava-se muita ênfase na 
obediência aos pais e mestres e usava-se com frequência a vara e o castigo corporal para 
disciplinar as crianças (Pv 22.15; 13.24). 
Já as mulheres, muito embora fizessem grande parte dos trabalhos pesados da casa e 
do campo, tinham uma posição pouco privilegiada, tanto na sociedade como na família. 
 
As solteiras viviam sob a tutela do pai ou de um guardião. Ao que tudo indica, elas 
eram tratadas mais como prendas de valor, que eram “compradas” por seu futuro 
esposo e, inclusive, vendidas como escravas (Êx 21.7). Por norma, apenas os filhos 
do sexo masculino podiam receber herança, e o filho mais velho tinha direito a uma 
porção dupla da propriedade do pai. Somente se não houvesse homens na família é 
que as filhas podiam herdar algo dos pais. Se uma família não tivesse filhos, a 
propriedade passava ao parente varão mais próximo. No compromisso nupcial de 
dois jovens — ato de noivado comprometendo-se ao casamento – o casal trocava 
anéis ou braceletes e firmava um contrato diante de duas testemunhas. O noivo ou 
sua família tinha que pagar ao pai da noiva uma soma em dinheiro, denominada 
mohar. Às vezes, essa importância podia ser paga em forma de trabalho (Gn 29.15-
30). Ao que parece, o pai só podia gastar os dividendos desse capital, mas o mohar 
devia ser devolvido às filhas quando ele morresse ou se elas enviuvassem. Labão 
parece haver quebrado esse costume (Gn 31.15). O pai da moça, em troca, devia lhe 
dar um dote, que podia consistir em serventes, presentes ou terras. O matrimônio era 
mais um evento civil (familiar e comunitário) que religioso. Quando a casa do noivo 
estivesse pronta, celebrava-se a boda. Ele ia com os amigos à casa da noiva, onde ela 
o esperava, ataviada com seu vestido especial para a ocasião e com um punhado de 
moedas que ele lhe havia entregue anteriormente. Dali o noivo a levava para sua 
nova casa ou para a casa dos pais, onde festejavam com os convidados. No trajeto, 
amigos, vizinhos e convidados formavam um cortejo com músicas e danças 
(MALDONADO, 2003, p. 15-16). 
 
Atente-se que mesmo diante de uma realidade que girava em torno da figura 
masculina, dava-se a devida importância e por que não dizer, seriedade ao matrimônio nesse 
período. Atualmente, pelo andar da carruagem, os problemas de cunho familiar e matrimonial 
só se aumentam. Jovens que se casam, cada vez mais, cedo com objetivo de, na maioria das 
vezes, se retratar com Deus, em virtude do pecado sexual ou de uma gravidez indesejada (que 
tem sido o problema dessa era – gravidez na adolescência), casam sem planejamento, sem um 
projeto de vida, sem conhecer um ao outro e acabam vivendo um casamento fracassado, 
conturbado, cheio de problemas, de curto prazo, resultando em um divórcio. 
É preciso repensar a importância do matrimônio para a vida do homem e da mulher 
enquanto progenitores de uma espécie, mas também, mais do que isso, enquanto imagem e 
semelhança de Deus inserido numa sociedade modernizada e influenciada pelas 
transformações desse século. É preciso planejamento, é preciso atitude de fidelidade e temor á 
 
 
26 
Palavra de Deus, é preciso está imbuído de um sentimento familiar que se faça querer colocar 
a família em primeiro lugar como santuário do Senhor. 
Muito embora se possa notar o contraste social da presente era, se faz necessário 
analisar o perfil da esposa para com o seu marido, não no sentido que se queira que a esposa 
seja propriedade de seu marido, mas querendo demonstrar aquela orientação de Paulo a 
ambos quando diz que a mulher deve ser sujeita ao seu marido e, do mesmo modo, o marido 
deve amá-la. No Antigo Testamento, o marido era considerado o senhor (ba'al) de sua esposa, 
tendo em vista que depois do casamento, mulher passava a ser propriedade do esposo. Isso era 
de cunho mais civildo que religioso. O potencial das mulheres, no qual elas eram valorizadas, 
era ser mães, pois eram 
 
[...] destinadas a dar ao clã o mais precioso dos dons: filhos, especialmente homens. 
Por isso a esterilidade, geralmente atribuída a uma falta da esposa, era um estigma, 
considerada um castigo de Deus (Gn 16.1-2; 1 Sm 1.6). Somente quando a mulher 
gerava um menino é que obtinha sua completa dignidade no lar (Gn 16.4; 30.1). O 
fato de não ter um filho homem era um peso para o pai, pois sua descendência ficava 
ameaçada de extinção; as filhas se casavam e iam embora, e somente os homens 
podiam encarregar-se do culto familiar, de discutir a lei e de portar armas. A falta de 
filhos em um casamento podia conduzir ao divórcio ou à poligamia. Entre os 
hebreus, assim como entre os demais povos da antiguidade, ter uma prole numerosa 
era um desejo bastante generalizado. A abundância de filhos era considerada uma 
bênção (Gn 24.60). Eles eram comparados, conforme dizia o salmista, a “setas na 
mão do valente” (Sl 127.3-5). Mais tarde, quando se adotou uma forma de vida mais 
sedentária, as mulheres passaram a ser apreciadas também por sua eficiência no 
trabalho doméstico (Pv 31.11-30) (MALDONADO, 2003, p. 16). 
 
 
Nesse sentido, principalmente na contemporaneidade, a mulher como adjutora dos 
projetos do marido é tão importante que se constitui uma peça indispensável para o progresso 
da família e como tal, quando não se faz um prévio planejamento antes do casamento e que 
acaba por um divórcio, meio que obriga ao homem ir à procura de “uma outra peça – chave de 
seu quebra cabeça”. Muito embora, não seja isso quem justifica os vários casamentos e 
divórcio de um homem, mas precisa-se contratar e dar ênfase da importância da figura 
feminina no contexto familiar, que é indispensável para que se tenha uma família bem-
sucedida. 
Destarte, mesmo numa sociedade patriarcal, os progenitores da família, como 
membros da célula familiar, tinham muita coisa em comum para que as coisas funcionassem 
corretamente. 
 
Um primeiro exemplo é Gênesis 1, onde os dois são feitos à imagem de Deus e 
recebem juntos o mandato cultural de multiplicar-se e dominar a terra. Outro 
exemplo é o quinto mandamento, que fala sobre a honra que os filhos devem a 
 
 
27 
ambos os progenitores (Êx 20.12). O livro de Provérbios fala várias vezes da 
necessidade de respeitar e obedecer aos ensinos do pai e da mãe (Pv 1.8; 6.20) 
(MALDONADO, 2003, p. 17). 
 
 
A figura da mulher é tão importante na correta configuração do contexto familiar que 
na nação israelita houve aquela que se destacaram pelo papel que empenhou na sua Terra, 
“como Débora, conhecida como “mãe em Israel” (Jz 5.7), obviamente um título de muita 
honra” (MALDONADO, 2003, p. 17). 
A família não pode perder seu foco, de altar da fé e dos milagres, o santuário do 
Senhor, o local de instrução espiritual de seus membros, nesse período de efervescência 
política e econômica. Porém, é como já diziam os profetas, ela tem perdido esse foco, levando 
à deterioração e desorientação de seus membros e à quebra de valores espirituais que antes 
eram consagrados a ela (Jr 9.13,14; Am 2.4). 
 
A deterioração da família era um poderoso fator de lembrança para que as pessoas se 
voltassem para Deus (Mq 7.6,7). Vários profetas levantaram a voz para fazer o povo 
voltar a uma relação familiar mais justa e satisfatória, como parte de seu 
compromisso com Deus. Oséias foi um testemunho vivo da preocupação de Deus 
pela monogamia. Miquéias empenhou-se pelo amor na família e o respeito pelos 
progenitores. Isaías proclamou a fidelidade conjugal e declarou que Yahweh era o 
esposo de Israel. Ezequiel continuou defendendo o casamento monogâmico e o 
reconhecimento de uma posição mais elevada para a mulher, tanto na família como 
na sociedade. Com o passar dos tempos, a estrutura familiar em Israel evoluiu. A 
vida urbana trouxe mudanças. A organização dos grupos humanos em aldeias e 
cidades restringiu o número de pessoas que podiam viver sob um mesmo teto. A 
quantidade de escravos em cada casa diminuiu. A responsabilidade pelo julgamento 
de um filho rebelde passou para as mãos dos anciãos da cidade (Dt 21.18-21). 
Segundo os livros sapienciais, é na época pós-exílio que a família judaica parece 
mais humanizada; o amor marital e a educação dos filhos são preocupações 
constantes, e a monogamia é a forma de relação conjugal correntemente aceita 
(MALDONADO, 2003, p. 17). 
 
Porém, na atual sociedade, virou tabu falar em família patriarcal, na qual todos 
integrantes estavam reunidos sob o comando do patriarca, e se reduziu ao que chamamos de 
família moderna e/ou pós-moderna, da qual Vaux (2003) sintetiza: 
 
As condições de moradia nas cidades restringem o número de membros que vivem 
sob um mesmo teto: as escavações nos revelam que as casas eram pequenas. Ao 
redor do pai quase que só se vêem os filhos não-casados. Quando um filho se casa e 
funda uma nova família, diz-se que “edifica uma casa” Ne 7.4. O prólogo do livro de 
Jó, mesmo que pretenda imitar um relato patriarcal, revela, sua época ao apresentar-
nos os filhos de Jó em festas, sucessivamente, na casa de cada irmão, Jó 1.4,13,18 
(VAUX, 2003, p.45). 
 
 
 
28 
Nessa perspectiva, o que se percebe é que enquanto a família patriarcal estava 
concebida em torno do grupo, vivendo em tribos, porém unidos e sob o comando do patriarca 
que mantinha a ordem e dava os comandos de decisões familiares, sem deixar de lado o 
diálogo, a solidariedade e o apreço pelos seus membros, a contemporânea está cada vez mais 
egoísta, individualista, com menos diálogo, a tal ponto de cada integrante familiar delimitar 
seu espaço físico ou invisível dentro da própria casa, que cada vez é mais moderna, menor, e 
o mais distante possível da parentela, desvalorizando muitas vezes os princípios bíblicos e 
sendo alienada pelas ideologias da sociedade atual. 
Sobre esta vertente como falado anteriormente, a escola e os meios de comunicação, 
como a televisão, são uma das maiores agências de propagação desse humanismo anticristão. 
Linhares (2005), afirma essa ideia quando diz que há um: 
 
 
Predomínio de um humanismo ateu e anticristão nas escolas e nos meios de 
comunicação. A maioria das escolas despreza valores morais, integridade e tudo que 
apóia aquilo que é reto e justo. A quase totalidade dos educadores acredita que o 
homem vem do animal, e fazem tudo para que ele viva como animal. Defendem 
atitudes que prejudicam a mente e corpo – drogas, amor livre, rebeldia, 
desobediência aos pais, etc (LINHARES, 2005, p. 23). 
 
É nesse cenário catastrófico que os valores cristãos vão perdendo o espaço da família 
cristã pelas falácias que são inseridas pela mídia de qualquer jeito na vida e/ou no cotidiano 
da família contemporânea. 
 
Imoralidade. A infidelidade destrói o lar e o casamento. A explosão do sexo pelos 
anúncios comerciais, os filmes, a educação e outros meios “desenham”a infidelidade 
como algo que traz felicidade e realização (LINHARES, 2005, p. 25) 
 
Em consequência das atitudes e ações danosas nesse contexto, surgem os fracassos e 
o caos em torno das famílias cristãs. Famílias estas que, de certa forma, tentam mostrar para a 
sociedade que está tudo bem e que possuem características essenciais para serem concebidas 
como o modelo “ideal” para as demais famílias, no entanto, acabam vivendo a prova de que o 
“deus deste século” tem causado a maior conturbação no núcleo familiar resultando uma 
sociedade cada vez mais doentia e distante de Deus (Jo 10.10 ARA). 
Os integrantes do núcleo familiar estão cada vez mais individualizados e 
desintegrados, consequentes das decisões eescolhas individuais. Nesse sentido, a esposa 
 
 
29 
deixou de ser submissa ao marido e o marido perdeu o amor por sua esposa (Ef. 5.22:28). 
Duas verdades necessárias no casamento: amor e submissão. 
Sobre esta, Molochenco (2004), fazendo uma palestra, afirmou que “tem sido mal 
compreendida por esposas e marido. A submissão na Bíblia traz a ideia de companheirismo 
mais do que obediência irrestrita” (MOLOCHENCO, 2004, p.3). Sobre aquele, ela deixa claro 
que: 
Toda mulher quer ser amada e muito amada. O amor do marido lhe traz segurança e 
ela precisa sentir-se segura ao lado do homem que ama. A atitude de submissão traz 
a ele conforto e confiança em sua liderança. Se é difícil para uma mulher aceitar o 
fato de ser liderada talvez ela deva pensar na responsabilidade de liderança do 
homem diante de Deus (MOLOCHENCO, 2004, p. 3-4). 
 
Essa heterogeneidade no meio cristão tem levado ao divórcio que está cada vem mais 
fácil e pode acontecer de “forma amigável”, como se tudo se resolvesse facilmente. O que não 
se pode notar é que para chegar ao divórcio muita coisa pode acontecer que podem trazer 
transtornos para o gênero humano. 
Renovato (2008) apud Junior (2013) elenca uma elenca uma série de problemas que 
a sociedade pós-moderna tem inculcado na raça humana. 
 
a) Educação materializada – o sistema pós-moderno nos valoriza pelo que temos, 
não pelo que somos. O que possuímos revela quem são nossos “amigos”, lugares 
que freqüentaremos, papeis que desempenharemos e nosso futuro. Mesmo não sendo 
o padrão bíblico, muitos cristãos estão algemados por este sistema materialista. O 
dinheiro não é mau, os bens também não, mas o amor a eles é idolatria, e totalmente 
contrário aos mandamentos do Senhor (Renovato, 2008, p.41-42 apud JUNIOR, 
2013, p.6). 
b) Educação ateísta – com o enfoque materialista, consumista, influencia, poder, 
fama e tantos outros recursos humanos, os homens declara que não precisa de Deus. 
Muitas vezes pensamos numa filosofia ateísta na qual se nega a existência de Deus, 
mas nem sempre é se apresenta desta maneira. Muitos não crêem em Deus, pois seu 
deus é o trabalho, o dinheiro, o prazer, o sucesso, a fama, o poder, os vícios, ou 
mesmo sua filosofia de vida individual. O que muitos se esquecem que a vida não 
termina aqui neste plano terreno, ela simplesmente começa aqui. E no segundo plano 
de vida, o eterno, nenhum destes recursos poderão nos garantir a salvação eterna 
(Renovato, 2008, p.43-49 apud JUNIOR, 2013, p.6). 
c) Educação relativizada – a alguns anos atrás as verdades eram absolutas. Valores 
morais e éticos eram observados e repassados de pai para filho. Mas hoje tudo 
mudou. Temos dificuldade com a verdade. Temos dificuldades com valores 
absolutos. Temos dificuldades com padrões morais e éticos. A sociedade tornou-se 
autônoma, independente, e “cada cabeça é uma sentença”. No mundo relativizado, 
cada qual interpreta a vida, as situações, os valores e até a bíblia com sua maneira de 
enxergar (Renovato, 2008, p.139-156 apud JUNIOR, 2013, p.6). 
d) Deseducação sexual – na antiguidade tínhamos o “tabu” de não falar em sexo na 
escola, ou mesmo em casa. Anos se passaram e alguns ícones começaram a puxar a 
filha na educação sexual, a fim de prevenir os males que hoje vemos. O problema é 
que o pendulo da educação sexual passou do prumo e chegou à deseducação sexual, 
aderindo princípios de libertinagem, do sexo livre, da promiscuidade, malícia, 
fornicação e prostituição. Vivemos numa sociedade erotizada, sensual, pornográfica, 
 
 
30 
dominada pelos instintos carnais (Renovato, 2008, p.50-54 apud JUNIOR, 2013, 
p.7). 
e) Formação espiritual de baixa qualidade – Muitos estão perdidos dentro da igreja. 
Falta-lhes o alimento sólido, o pão da Vida. Movidos por muitos eventos e 
movimentos, muitos estão morrendo de fome dentro da casa do Pão, Igreja. Em 
muitos púlpitos se prega o pseudo-evangelho, intoxicando os ouvintes, 
minimizando-lhe a fé e matando-lhes espiritualmente (Renovato, 2008, p.59 apud 
JUNIOR, 2013, p.7). 
f) Sistema de informação corrompido – desviados na rede mundial de computadores. 
As estatísticas revelam que milhares de adolescentes, jovens e até adultos sofrem 
com os efeitos danosos da pornografia e imoralidade virtual. O apelo direto, a 
facilidade ao acesso e o suposto sigilo virtual, tem levado muitos ao óbito espiritual. 
A mídia trabalha com um forte apelo sensual, e pelo que vemos a tendência é de 
quem é sujo, sujar-se cada vez mais (Renovato, 2008, p.58 apud JUNIOR, 2013, 
p.7). 
 
 
Para Junior (2013), isso gera uma sociedade cheias de transformações que vão de 
encontro aos valores familiares e causam prejuízos muitas vezes irreparáveis nas esferas de 
cada família. Ele continua citando Renovato (2008), que traz as consequências das crescentes 
e imediatistas transformações no seio da família. 
 
Doenças Físicas – as origens são múltiplas, e as conseqüências maiores ainda. Mas 
tudo deriva-se do princípio, do pecado do homem, e do comportamento recorrente 
da desobediência. O infarto vem ceifado vidas, o câncer caminha em marcha 
acelerada, o AVC atinge incapacitando e matando milhares, doenças 8 sexualmente 
transmissíveis destroem famílias e vidas diariamente, e a evolução bacteriana evolui 
de maneira assustadora (RENOVATO, 2008, p. 101-103 apud JUNIOR, 2013, p.7-
8). 
Doenças Mentais – podemos entender as doenças mentais como uma “variação 
mórbida do normal, variação está capaz de produzir prejuízo na performance global 
da pessoa (social, ocupacional, familiar e pessoal) ”. Sabemos que boa parte das 
doenças possuem raízes na mente. Paulo falou sobre o homem interior (Rm 7. 22, 2 
Co 4.16). Estamos no ápice das doenças emocionais, e o stress é o grande vilão, 
acompanhado da ansiedade. As tensões emocionais afetam completamente nossas 
rotinas, mexendo no aparelho digestivo, no sistema circulatório, sistema 
gênitourinário, sistema nervoso, nas glândulas, na pele e muitos outros membros do 
corpo humano. O excesso de competitividade, a luta pela profissão, o insucesso 
sentimental, estresses agudos e crônicos, somados do distanciamento de Deus, 
geram doenças incontáveis. Se você se encontra doente, você pode estar sofrendo de 
uma doença psicossomática, nasceu na alma e tem afetado seu corpo (RENOVATO, 
2008, p. 102-104 apud JUNIOR, 2013, p.8). 
Doenças Espirituais – Deus nunca se distanciou do homem, desde o princípio vemos 
Adão tomando a dianteira. Deus vai ao encontro do homem, enquanto o homem pela 
vergonha e culpa se afasta. Cada vez que este fatídico comportamento se repete, 
somos responsáveis por adoecer nosso espírito e toda a nossa tricotomia. Existem 
doenças produzidas por outros, mas existe doenças auto-produzidas. Ainda que 
sejamos tentados, não devemos recuar, nem retroceder, o principio correto é 
avançarmos à cruz do calvário e alcançarmos a remissão de nossos pecados e sermos 
sarados pelo Senhor (RENOVATO, 2008, p. 106-109 apud JUNIOR, 2013, p.8). 
 
 
 
 
31 
Essa nova conjuntura que trouxe consequências danosas para o indivíduo enquanto 
cidadão e passível de valores sociais vigentes, acarretou também mudanças nas relações 
afetivas no contexto familiar. 
Torres e Yacoub (2012) citam as ideias de Giddens (1993) sobre essa vertente, 
destacando que a família se tornou “um local para as lutas entre tradição e modernidade, mas 
também uma metáfora para elas”. (1993 p.63). Nesse sentido: 
 
Há uma revolução global em curso no modo como pensamos nós mesmos e no modo como 
formamos laços e ligações com os outros. É uma revolução que avança de maneira desigual 
em diferentes regiões e culturas, encontrando muitas resistências. (GIDDENS, 1993, p.61 
apud TORRES;YACOUB, 2012, p.5). 
 
A homogeneidade da família (ou do casal) perdeu espaço para as disputas entre 
espaços e territórios dentro do lar, caracterizando-se como um espaço de incertezas e 
decepções. Para Bauman, sociólogo contemporâneo, 
 
Suas fronteiras se tornaram embaçadas e contestadas, e as redes se dissolveram num 
terreno sem título de posse nem propriedade hereditárias. (...). Às vezes um campo 
de batalha, outras vezes o objeto de pendengas judiciais não menos amargas. As 
redes de parentesco não podem estar seguras de suas chances de sobrevivência, 
muito menos calcular suas expectativas de vida. Sua fragilidade as torna ainda mais 
preciosas (BAUMAN, 2004, p.47). 
 
É por isso que Beck (2011) chama a família de “instituições zumbis”, pois são 
instituições que estão “mortas e ainda vivas”. O autor parafraseia Bauman (1999), fazendo e 
respondendo as seguintes perguntas: 
 
Pergunte-se o que é realmente uma família hoje em dia? O que significa? É claro 
que há crianças, meus filhos, nossos filhos. Mas, mesmo a paternidade e a 
maternidade, o núcleo da vida familiar, estão começando a se desintegrar no 
divórcio (...) Avós e avôs são incluídos e excluídos sem meios de participar nas 
decisões de seus filhos e filha. Do ponto de vista de seus netos, o significado das 
avós e dos avôs são incluídos e excluídos tem que ser determinado por decisões e 
escolhas individuais (BAUMAN, 1999 p. 13 apud BECK). 
 
 
No entanto, a atual conjuntura familiar, se comparada ao modelo de família 
patriarcal, está cada vez mais fora dos padrões instituídos por Deus e não tem mais o mesmo 
sentido que se tinha na sociedade do período bíblico, tendo em vista que agora os problemas 
já são acarretados desde o matrimônio, na qual as pessoas confundem aquele versículo de 
Gênesis 2.24, que orienta que o varão deixe seu pai e é entendido por muito que o varão pode 
 
 
32 
abandonar sua família, sua célula familiar, causando o distanciamento entre os componentes 
familiares e entre os pares, mas a Bíblia orienta que não se pode conformar com essa era, mas 
que haja uma transformação da vida de cada sujeito, a partir da renovação do seu 
entendimento (Rm 12.2). 
Dessa forma, para que se tenha uma família pautada nos valores sociais padronizados 
por Deus e para que se possa valorizar a homogênea configuração que faz despertar o 
sentimento mútuo e recíproco e, mais do que isso, o temor ao Senhor e a sua Palavra, tendo 
em vista que é esse temor que principia a sabedoria (Pv 9.10), é preciso voltar a valorizar as 
Sagradas Escrituras enquanto o Manual de Orientações de Deus para a manutenção da sua 
criação chamada família. 
Observando a mensagem descrita nos Salmos 128: 
 
Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos. Pois 
comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como 
a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à 
roda da tua mesa. 
Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor. O Senhor te abençoará 
desde Sião, e tu verás o bem de Jerusalém em todos os dias da tua vida. E verás os 
filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel (SALMOS, 128 in BÍBLIA DE ESTUDO 
PENTECOSTAL). 
 
O salmista do salmo da família revela no primeiro versículo que para ter os 
resultados descritos nos seguintes versículos (vv. 2-6), é preciso temer ao Senhor e andar nos 
seus caminhos (v. 1). Ele expressa aqui que, para que se possa ter uma família abençoada, na 
qual a mulher seja o símbolo da prosperidade e fertilidade, cumprindo o seu papel com muita 
alegria no lar, sendo uma videira frutífera, nesse sentido, com filhos como planta de oliveira, a 
qual produz em estação própria as azeitonas que produzem o azeite, símbolo da alegria, ou 
seja, filhos trazem alegria para seus pais e, por fim, para que o patriarca veja a bênção do 
Senhor na vida de todos seus descendentes, é preciso temer ao Senhor. 
Confrontando essa mensagem com aquela expressa nas sábias palavras do apóstolo 
Paulo aos Romanos 12.2, entende-se que, quando o homem renova seu entendimento 
aprendendo a Palavra de Deus, isto é, quando ele deixa de ser ignorante acerca da vontade de 
Deus para sua vida, e não e conforma com o mundo, mas antes procura temer ao Senhor e 
andar nos seus caminhos, ele é transformado e impulsionado a viver os padrões morais e 
sociais instituídos por Deus, e dessa, forma, o resultado de tudo isso vai ser a bênção do 
Senhor em todas as áreas de sua vida, começando pela família que o princípio da criação. 
Mais uma vez, o temor ao Senhor é o princípio da sabedoria! 
 
 
33 
3 O PAPEL DA FAMÍLIA NO NOVO TESTAMENTO 
 
Entre inúmeras histórias sobre família do Novo Testamento, convém analisar alguns 
perfis, necessariamente os da família de Jesus que é da linhagem de Judá, filho de Jacó, 
personagem do Antigo Testamento (Mt 1.1-17), da qual Mateus faz questão de trazer toda a 
genealogia. Nesse sentido, mostrar-se-á a importância da família veterotestamentária para o 
modelo principal de família neotestamentária, que é a de Jesus. 
Nesse sentido, atente-se para a história de José e Maria. Certamente esse deve ter 
sido um casamento louvável, pois no contexto bíblico se ver o temor ao senhor por parte de 
ambos, se ver também o período de noivado deles e compreender sua importância para a 
história do cristianismo (tendo em vista que Maria, noiva de José era ainda virgem quando 
concebeu Jesus (Mt 1.18)). Percebe-se nessa primeira página do Novo Testamento que, Jesus, 
o Messias, aparece como descendente de Davi, mostrando que as promessas registradas no 
Antigo Testamento (Gn 12.1-3) se cumprem na Pessoa Bendita e obra de Jesus (Lc 3.23; Rm 
4.13; Gl 3.6,7,16). Isso mostra a importância do Antigo Testamento como fator de 
aproximação do cumprimento das promessas no contexto familiar. 
As declarações, no que se refere ao tema casamento e família, tanto no Antigo como 
no Novo Testamento, tem direta relação com a mensagem total das Escrituras, que norteia 
para o testemunho de Cristo (Jo 1.1; 5.39). 
É evidente que após Jesus ter nascido, Maria teve mais filhos, porém não há 
evidências de que ela ter tido um segundo marido, nem que tampouco viveu um casamento 
conturbado, dando maus espelhos à Cristo, mas se ver em toda a sua história uma verdadeira 
harmonia entre ela e seu esposo e, posteriormente, com o seu filho, fazendo-O crescer na 
graça e no conhecimento (Lc 2.52) e o resultado disso é a verdadeira alegria dos pais na vida 
de um jovem cheio da presença do Senhor e observador dos princípios da Palavra de Deus, o 
que fez com que sua mãe acreditasse e apostasse no seu sábio poder de decisão: “fazei tudo 
quanto ele vos disser” (Jo 2.5). 
Lembre-se aqui de alguns personagens do Novo Testamento e de sua relação com 
família e/ou casamento, como Pedro, que se sabe que era casado, Paulo que deixou bem claro 
que ele não era, mas deixou um grande legado acerca dos seus conselhos familiares como, por 
exemplo, aqueles expostos na primeira epístola à Timóteo quando orienta aos presbíteros 
serem maridos de uma só mulher para que sejam respeitados, como líder, como pastor, sendo, 
 
 
34 
portanto, o exemplo dos fiéis, àqueles orientados na Carta aos Efésios, acerca dos deveres do 
marido e da esposa. 
Portanto, entende-se nesses contextos que, não muito diferente do Antigo 
Testamento, a família era governada pela figura do pai e as mulheres não eram consideradas 
iguais aos homens na sociedade neotestamentária, em termo de direitos e deveres. Elas eram 
meio que obrigada a obedecer a figura marital, sendo um dever religioso, como já 
mencionamos acima. Dessa forma, eram excluídas da

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