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Scheila Maria 2017 URGÊNCIAS EM UROLOGIA Traumáticas: renal (67%), ureteral (1%), vesical (22%), uretral (3%) e da genitália (7%) Não traumáticas: retenção urinária, parafimose, escroto agudo, priapismo e síndrome de Fournier TRAUMA RENAL Incidência Aproximadamente 10% dos traumas envolvem o trato urinário, sendo o *rim o órgão mais afetado. A maioria das lesões renais são decorrentes de traumas fechados (90%) 5 a 10 % dos traumas renais e 70% das lesões penetrantes requerem ttt cirúrgico. A rápida desaceleração pode acarretar danos aos vasos renais, com trombose de a. renal, rotura da v. renal ou avulsão do pedículo. Em 24-30% dos casos a urina não chega à bexiga Crianças: ocorre quando há fatores predisponentes como patologias renais prévias. Classificação Grau I: contusões, escoriações e hematomas subcapsulares com cápsula renal intacta. Grau II: pequenas lacerações do parênquima estendendo-se através do córtex superficial, não envolvendo a medula e o sistema coletor. Grau III: grandes lacerações do parênquima estendendo-se através córtex e da medula, sem lesão do sistema coletor. Grau IV: lacerações estendendo-se pelo córtex e medula renal e atingindo sistema coletor, bem como lesões vasculares. Grau V: múltiplas e profundas lacerações do parênquima estendendo-se para o córtex e medula renal, sistema coletor, lesões vasculares, extensa hemorragia. Quadro clínico – trauma contuso Equimose em região lombar | dor abdominal | hematúria (95%) | massa palpável em flanco | fratura dos últimos arcos costais | lesão penetrante em flancos, hipocôndrio, região lombar | choque hipovolêmico. Obs: a hematúria é o sinal mais comum e um sinal clínico importante, porém seu grau não está relacionado com a gravidade da lesão. Diagnóstico História clínica + exame físico + exames complementares Exame de urina – fornece dados precocemente. Estudo radiológico Indicações: - Ferimento penetrante em flanco ou dorso - Trauma fechado com hematúria macroscópica ou microscópica com choque - Trauma abdominal fechado com hematúria e choque - Mecanismo de trauma envolvendo desaceleração - Crianças com hematúria Urografia excretora Ultrassonografia- avaliação diária Tomografia computadorizada- método de escolha Arteriografia renal – pouco utilizada (apenas em fístula arteriovenosa e embolização terapêutica) Tratamento conservador Indicado sempre nas lesões de grau I, II, III. Indicado na lesão de grau IV apenas quando hemodinamicamente estável Medidas de suporte: repouso no leito | colocação de DJ | Ht/Hb seriados e controle hemodinâmico | antibioticoterapia se houver hematoma | tomografias seriadas Princípios de reparo: desbridamento de tecidos desvitalizados | reparo do pedículo vascular | anastomoses, suturas e drenos. Tratamento cirúrgico Lesões de grau IV (hemodinamicamente instáveis ou com lesão vascular) Lesões de grau V Indicações absolutas: trauma penetrante | hematoma retroperitoneal em expansão | instabilidade hemodinâmica | trauma renal contuso com lesões de outras vísceras. Indicações relativas: extravasamento urinário relevante | tecido não viável | estadiamento incompleto | trombose arterial Complicações: Precoces: hemorragia | dor | fístulas urinárias | infecção | sepse | trombose vascular. Tardias: atrofia renal | hipertensão renovascular | litíase | hidronefrose TRAUMA URETERAL Incidência Condição rara – menos de 1% Iatrogenia no intraoperatório – 80% Lesões externas – 20% lesões por arma de fogo – 90% Mortalidade: 33% Truque – Furosemida Lesão por trauma fechado: crianças (hidronefrose secundária à estenose da junção pieloureteral) Aspectos clínicos 25-75% sequer apresentam hematúria microscópica Fase tardia: íleo prolongado | perda urinária | anúria | sepse | choque Peritonite | tumoração e dor local | febre e infecção secundária | fístula urinária Classificação Grau I – contusão ou hematoma sem desvacularização Grau II – laceração com < 50% de transecção Grau III – laceração com > 50% da transecção Grau IV – transsecção completa com desvascularização < 2cm Grau V – transsecção completa com desvascularização > 2cm Diagnóstico Pielografia retrógrada – padrão ouro: diagnosticar e quantificar Tomografia computadorizada – mais comumente usada Retroperitônio e quantificação de hematomas e coleções Urografia excretora single shot Tratamento Princípios de reparo: desbridamento | espatulação dos cotos | anastomose sem tensão | suturas, stents, DJ, drenos. Tratamento varia de acordo com a topografia e extensão da lesão Lesões pontuais, angulações e transecções parciais: cateter duplo J Terço superior e médio: anastomose término-terminal Grandes extensões: transuretero-uretero anastomose ou retalho do intestino Obs: na lesão por arma de fogo deve ser feito o desbridamento dos cotos Terceiro terço: reimplante ureterovesical [no caso do coto não alcançar a bexiga uma possível alternativa é a fixação da bexiga no m. psoas – bexiga psoica OU a confecção de retalho – retalho de Boari] Complicações Extravasamento urinário | abscesso perinéfrico | fístulas urinárias | estreitamentos | urinoma e peritonite | nefrectomia | calcificação do duplo J. Previne: colocação precoce de dreno; 50-70% não são tratadas imediatamente perda da função renal | hidronefrose TRAUMA VESICAL Incidência Ocorre em 1,6% dos traumas abdominais fechados que é a causa em 80% Bem protegida pela pelve, portanto associada à sua fratura em 80 a 95% dos casos. É o terceiro órgão geniturinário mais traumatizado. Rupturas extraperitoniais correspondem a 55% das lesões de bexiga, seguidas pelas intraperitoneais (38%) e pelas mistas (5 a 8%). Classificação Lesões não penetrantes, contusas ou fechadas: contusão, ruptura extraperitonial, ruptura intraperitonial e lesão mista. Lesões penetrantes. Grau I – contusão; Grau II – laceração extra-peritoneal < 2 cm; Grau III – laceração extra-peritoneal > 2 cm; Grau IV – laceração intraperitoneal > 2 cm Grau V – laceração intra e extraperitoneal com extensão para o colo vesical e meato ureteral. Quadro clínico Fraturas de bacia associadas à hematúria macroscópica. Dor suprapúbica | anúria ou oligúria | coágulos intravesicais | líquido livre intraperitoneal | distensão abdominal | íleo paralítico. Diagnóstico Cistografia – 100% sensibilidade Indicações absolutas: fratura pélvica e hematúria franca. Indicações relativas: fratura pélvica com hematúria microscópica, hematúria microscópica isolada e hematúria franca sem fratura pélvica. Tratamento Lesão extraperitoneal - Tratamento conservador: sondagem vesical de demora por 10 dias associada a antibióticos e reavaliação por cistografia. - Tratamento cirúrgico: lesões vesicais associadas a fragmentos ósseos intravesicais, fraturas pélvicas expostas, perfuração de reto. Lesão intraperitoneal - Tratamento cirúrgico. - Mais comum em crianças e traumas com o cinto ou volante. - Lesão horizontal comum na cúpula diafragmática por pressão na bexiga cheia Complicações Precoces: hematúria persistente, uroascite, abcessos, sepse e morte. Tardias: incontinência urinária, instabilidade vesical, fístula, estenose e pseudodivertículo. TRAUMA DE URETRA Incidência Divididos em anterior e posterior (prostática e membranosa) lesão de uretra posterior é a mais comum Mais comum em homens. Lesão de uretra anterior: causadas por trauma perineal que comprime a uretra contra o púbis “queda a cavaleiro” é forma mais comum Lesão de uretra posterior: *associam-se a fraturas de pelve e traumas de alta energia Homens pré-puberes têm mais risco de lesão de colo vesical por causa da próstata de pequena dimensão. Mulheres: extremamente raras e geralmente associadas a traumas de alta energia com fraturas de bacia e lacerações vaginal e retal uretra curta e móvel Quadro clínico Sangue no meato uretral – uretrorragia Hematoma escrotal ou perineal Próstata elevada ou deslocada quenão pode ser palpada no toque retal Retenção urinária aguda – globo vesical palpável Urgência miccional com incapacidade de esvaziar a bexiga. Classificação Tipo I – uretra intacta e elevação da próstata e bexiga. Tipo II – ruptura da uretra na junção membrano-prostática Tipo III – deslocamento proximal da próstata com ruptura de diafragma e uretra Tipo IV – lesão de colo vesical com extensão para uretra prostática; Tipo V – lesão parcial ou total de uretra anterior isolada. Diagnóstico Uretrocistografia Tratamento Inicialmente sonda de foley. Cistostomia suprapúbica.. Realinhamento uretral fechado pelo cateterismo uretral *Lesão de uretra posterior: faz uretrocistografia e cistostomia [Evitar sonda]. Complicações Estenose uretral. Disfunção erétil. Incontinência urinária. TRAUMA DE GENITAIS EXTERNOS PÊNIS Resulta da ruptura da túnica albugínea 80% dos pacientes tem alguma doença psiquiátrica.. 7% dos traumas genitourinários. Causas: fraturas, amputação, constrição por anel, mordidas. Causas Fraturas Durante o ato sexual e encurvamento do pênis. Quadro clínico: tríade – dor, estalido, detumescência rápida Uretrorragia nos casos de ruptura de uretra (15%) Diagnóstico: história clínica + USG em alguns casos Tratamento: cirurgia até 24h | rafia da túnica albugínea Amputação 80% ocorrem em pacientes psiquiátricos Viabilidade: até 24 horas a frio ou 6 horas a quente. Tratamento: cirúrgico Complicações: perda da sensibilidade (8%) | infecção (10%) | estenose de uretra (20%) | disfunção erétil (21%) | necrose de pele (35%). Corpo estranho Colocação de objetos no pênis Quadro clínico: edema peniano distal | priapismo ou pseudo | necrose distal (tardio) Tratamento: anestesia e retirada | remover tecido necrosado TESTÍCULOS Traumáticas Causados por acidentes, lesões esportivas, agressões, armas de fogo. Não são muito comuns devido à mobilidade e resistência da túnica albugínea Quadro clínico: dor, edema, equimose. Diagnóstico: história clínica + USG com doppler Tratamento Fechado sem lesão testicular: analgesia | compressas de gelo | ATB Fechado com lesão testicular: cirúrgico | desbridamento | rafia da túnica albugínea Perfurante: orquiectomia Não traumáticas Escroto agudo, parafimose, síndrome de Fournier, retenção urinária, priapismo Torção do funículo espermático Mais frequente causa de escroto agudo. 30% na infância e 60% na adolescência. Torção extra-vaginal: intraútero e RN Torção intra-vaginal: adolescente Quadro clínico: dor testicular súbita, aumento do volume testicular, edema, rubor, e podendo acompanhar-se de manifestações gerais (náuseas, vômitos, febre) Diagnóstico: USG com Doppler (padrão ouro) Tratamento: cirúrgico. Parafimose Passagem da glande por orifício prepucial estreito Diagnóstico: edema prepucial, dor, congestão glandar Conduta: redução manual | incisão dorsal do prepúcio (injeção de hialuronidase) | cirurgia de circuncisão nos casos não solucionados ou em que haja necrose. Gangrena de Fournier Processo inflamatório ou necrosante da região perineal, genital ou perianal Evolução rápida e letal em 50% Imunossupressão x infecção Diabetes e alcoolismo Retenção urinária aguda Dor progressiva em hipogástrio | parada de micções | globo vesical Etiologias: mal formação congênita, HPB, pós-operatório, parafimose, estenose de uretra, etc. Tratamento: sondagem vesical | cistostomia | vesicostomia | ATBterapia PRIAPISMO Ereção prolongada e persistente não relacionada com o desejo sexual. Aumento da incidência: uso de drogas lícitas e ilícitas *Dois tipos: baixo fluxo (veno-oclusiva) | alto fluxo (arterial) | Idiopáticas: 50% Veno-oclusiva – isquêmico ou baixo fluxo Mais frequente Redução do retorno venoso – hipoxia e isquemia – acidose tecidual pO² Doloroso | aspirado com sangue vermelho escuro Causas: idiopáticos (30-50%) | hematológicas (ex. anemia falciforme) | neoplasias | disfunções neurológicas | medicamentos intracavernosos | drogas. Arterial – não isquêmico ou alto fluxo Menos frequente Aumento do fluxo arterial com retorno venoso normal – sem acidose pO² Indolor | aspirado de sangue vermelho vivo Causas: Traumas Diagnóstico História clínica + exame físico Avaliação laboratorial: hemograma, metabólitos na urina, eletroforese de Hb Gasometria do aspirado (pO²) Ecodoppler para avaliar fluxo Arteriografia Seletiva – nos casos de embolização seletiva Tratamento Baixo fluxo: punção e esvaziamento, lavagem com soro fisiológico e irrigação do corpo cavernoso com 10 mL de agonista adrenérgico (epinefrina, fenilefrina) Alto fluxo: sedação, analgesia, agonista adrenérgico intracavernoso e arteriografia com embolização da artéria (eletiva). Riscos: fibrose dos corpos cavernosos e disfunção erétil
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