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Scheila Maria 2017 NIA – NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA Caracterizam-se por um infiltrado inflamatório mononuclear (linfócitos e monócitos) em todo o interstício renal, sobretudo no córtex. Em alguns casos o infiltrado pode ser por polimorfonucleados, como na nefrite bacteriana, ou por eosinófilos na lesão fármaco induzida. Geralmente ocorre um importante edema entre os túbulos renais, mas os glomérulos costumam ser preservados. Correspondem a 2% das IRAs em hospitais ETIOLOGIA Medicamentosa 75% – mais frequente (1/3 é por antibióticos) Por infecção direta do parênquima (5-10%) – por bactérias, fungos, vírus ou parasitas. Infecção à distância – leptospirose, sífilis, difteria, toxoplasmose, etc. Associada a doenças sistêmicas (10%) – LES, sarcoidose, vasculites, rejeição de transplantes. Idiopática – doença do anticorpo antimembrana basal tubular, TINU (5-10%) QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO IRA é a apresentação clinica típica Assintomático – sem comorbidades, doenças sistêmicas ou infecciosas. Medicamentosa: febre, rash, eosinofilia (>30% dos pacientes) – sintomas alérgicos. Oligúria – por compressão tubular causada pelo edema Dor Lombar – resultante da distensão da cápsula renal pelo edema SUMÁRIO DE URINA Proteinúria subnefrótica (incomum). Hematúria não dismórfica Piúria, pelo processo inflamatório do tecido renal que elimina os leucócitos pelos túbulos. Cilindros leucocitários – apesar de poder estar presente na GN, são clássicos da NIA. Se fármaco induzida é clássico achar eosinofilúria – identifica com coloração de Hansel Rins normais a aumentado em imagens Obs. – o quadro de NIA pode se confundir com a síndrome nefrítica (GNDA) pela oligúria, piúria, hematúria e proteinúria subnefrótica. Para diferenciar devemos buscar manifestações sistêmicas que podem estar associadas às causas básicas e pesquisar dismorfismo eritrocitário. Manifestações alérgicas cutâneas (rash) que sugerem a NIA fármaco induzida, ou a combinação de artrite-uveite, que sugere Lúpus. Pesquisa de dismorfismo eritrocitário, que indicara uma síndrome nefrítica. FENA – NIA > 1% | GN < 1% DIAGNÓSTICO Azotemia Eosinofilia e eosinofilúria SU: hemácias sem dismorfismos, piócitos, leucocitúria Fe de sódio > 1% Proteinúria – incomum Exames radiológicos Biopsia (geralmente desnecessária) - ausência de melhora da função renal dentro de 3-7 dias, após suspensão de fármaco suspeito. Indicações da biopsia: Sumário de urina característico, sem uso de droga culpada. Corticoterapia Sem melhora após interrupção do agente causador Insuficiência renal avançada e de início recente Diagnóstico duvidoso (ex: Proteinúria grave) NIA FÁRMACO INDUZIDA AINEs: 2/3 dos casos – derivados do ácido propiônico (fenoprofeno, naproxeno, ibuprofeno) Longo tempo de exposição: 2 semanas – 18 meses. Outras drogas: ampicilina | penicilina | cefalotina | cotrimoxazol | sulfametoxazol | fenitoína | fenindiona| tiazidicos | alopurinol, cimetidina. Patologia: lesão mínima e ocasionalmente granuloma intersticial. Complicação: IRC Manifestações clínicas Tríade – rash cutâneo, febre e eosinófilia – 30% Aumento de IgE sérica Oligúria com azotemia Hematúria não dismorfica HAS, edema e síndrome nefrótica em 80% dos casos. Rifampicina Dor no flanco e HAS Trombocitopenia, hemólise e disfunção hepática IRA oligúrica Diálise em 2/3 dos pacientes Betalactâmicos Surge em média após 2 semanas de uso Não há relação entre dose e desenvolvimento da lesão = reação idiossincrásica. TTo com suspensão do antibiótico em uso e introdução de outro (costuma resolver); Poucos pacientes necessitam de diálise. Prednisona por 1 a 2 semanas pode acelerar esta recuperação AINEs Pode ocorrer em associação com DLM (70%)* ou na forma pura de doença intersticial. Pode se desenvolver em uma semana, mas geralmente dura meses ou anos de uso. OBS: No tipo mais clássico, a NIA se associa a outra forma de lesão renal destes fármacos: glomerulopatia por lesão mínima (70%). No segundo tipo, desenvolve-se uma forma pura de doença intersticial, com seus sinais e sintomas clássicos (20%). Nos 10% restante, ocorre apenas a glomerulopatia. Os pacientes que reagem aos AINEs desenvolvendo NIA + lesão mínima costumam se apresentar com insuficiência renal aguda + síndrome nefrótica, geralmente sem as manifestações sistêmicas alérgicas clássicas das nefrites fármaco induzidas. Dessa forma, os AINEs (ibuprofeno, fenoprofeno e naproxeno) devem ser lembrados, junto com a amiloidose e o diabetes mellitus, como causas de falência renal avançada associada à proteinúria maciça. NIA ASSOCIADA À INFECÇÃO Pielonefrite bacteriana É uma causa clássica de NIA, causada por infecção direta do parênquima. Infiltrado de polimorfonucleados. Geralmente não evolui para IRA, exceto: Casos de sepse grave Infecção em rim único Obstrução urinária Necrose de papila NIA ASSOCIADA À DOENÇA SISTÊMICA Lúpus, Granulomatose de Wegener, Sarcoidose e rejeição de transplante são, os principais. Na maior parte das vezes o processo de lesão tecidual se relaciona a processos imunológicos e/ou a formação de granulomas no parênquima renal NIA IDIOPÁTICA Em alguns casos encontram-se anticorpos antimembrana basal tubular IRA não oligúrica TINU – síndrome túbulo intersticial nefrítica e uveítes – caracterizada pela associação dessas patologias. Em geral são adolescentes do sexo feminino. Trata com corticoides TRATAMENTO No geral retira-se a causa, resolvendo o problema. Se demorar a descobrir a causa pode evoluir para IRC Corticoides (prednisona) para pacientes que não melhora após eliminação da causa [lembrando que essa não melhora é indicativo de biopsia renal] Pulsoterapia com metilprednisolona em casos graves Se corticoide não melhora usa-se CICLOFOSFAMIDA PLAMAFÉRESE em casos de participação de anticorpos antimembrana basal. Somente 10% permanecem em diálise NIA idiopática: 50% têm resolução espontânea e 50% IRC
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