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Fisiologia do musculo esqueletico 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
FISIOLOGIA – PROFESSORA: ALBA SILVA 
 
FISIOLOGIA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO 
 
 
A função básica dos músculos é a contração e como consequência há o movimento. Os músculos fazem 
parte do aparelho locomotor, que é formado pelos ossos (arcabouços) e articulações (“dobradiças”). A contração 
muscular é fenômeno celular. O encurtamento do músculo intacto resulta do encurtamento de suas células 
individuais, e a força que o músculo produz representa a soma das forças produzidas por suas células. 
 Os músculos são responsáveis por movimentos amplos e vigorosos, como os envolvidos ao caminhar, 
correr e levantar objetos pesados, bem como pelos movimentos pequenos e delicados que posicionam os globos 
oculares ou que permitem a manipulação de objetos minúsculos. Alguns músculos esqueléticos são 
especializados para a manutenção a longo prazo da tensão, por exemplo, os músculos do tronco, envolvidos na 
manutenção da postura ereta, podem ficar ativos por muitas horas sem apresentar fadiga excessiva. Outros 
músculos como os do braço, estão mais adaptados para a realização de movimentos rápidos e vigorosos; porém, 
se cansam com bastante rapidez, quando solicitados a levantar e a manter cargas mais pesadas. 
 Seja qual for a sua especialização, o músculo esquelético funciona como o elo entre o corpo e o mundo 
exterior. Grande parte dessa interação, como a marcha ou a fala, está sob controle voluntário. Outras ações, 
como a respiração ou o pestanejar das pálpebras, são essencialmente automáticas, embora possam ser 
suprimidas, conscientemente, por curtos períodos de tempo. Para que haja contração dos músculos esqueléticos 
existe a necessidade de um sinal proveniente do sistema nervoso somático. Cada fibra é ativada por um único 
neurônio motor (ou motoneurônio), e um mesmo neurônio motor pode inervar várias fibras musculares, formando 
uma unidade motora. Há relação de inervação, onde um neurônio motor inervando poucas fibras musculares 
garante alta precisão nos movimentos. 
 
 
 Nem todos os músculos esqueléticos estão conectados ao esqueleto. A língua humana, por exemplo, é 
constituída por músculos esqueléticos que não movimentam, nem aproximam estruturas ósseas. 
 Importante função secundária do músculo esquelético é a produção de calor corporal. Isso pode ser 
desejável, como ocorre quando a pessoa tem calafrios, para se aquecer. Durante o exercício pesado, porém, a 
contração muscular pode ser fonte excessiva de calor que deverá ser eliminado do corpo. 
 O músculo esquelético é tecido extremamente organizado. É constituído por numerosas células 
musculares, denominadas fibras musculares. O músculo contém abundante suprimento de mitocôndrias, que são 
vitais para o fornecimento de energia química, na forma de ATP, ao sistema contrátil. As mitocôndrias estão 
localizadas próximo dos elementos contráteis nas células, sendo particularmente abundantes nas fibras 
musculares esqueléticas especializadas para as contrações rápidas e vigorosas. 
Cada fibra muscular é subdivida longitudinalmente em várias centenas a milhares de miofibrilas paralelas. As 
miofibrilas têm faixas alternantes claras e escuras, o que confere à fibra seu aspecto estriado. Esse padrão de 
faixas alternantes se repete, por todo o comprimento da fibra muscular. A unidade repetitiva é chamada 
sarcômero, e é definida como o espaço entre (e incluindo) duas linhas Z sucessivas. 
Exame mais atento de um sarcômero mostra que as faixas A e I são formadas por dois tipos de estruturas 
paralelas denominadas miofilamentos. A faixa I contém filamentos finos, constituídos principalmente, pela 
proteína actina, e as faixas A contêm filamentos grossos, constituídos pela proteína miosina. 
No filamento fino ainda encontramos as proteínas tropomiosina e troponina [Tn] (Tn-C-fixa o cálcio, Tn-T-conecta 
o complexo à tropomiosina, Tn-I desempenha função inibitória). 
Filamentos grossos – a unidade fundamental desse filamento é a miosina, que consiste numa cadeia 
proteica retilínea que termina numa cabeça globular, que tem atividade enzimática e química que resulta na 
contração muscular. Contém o local de fixação da actina, pelo qual consegue interagir com o filamento fino, e o 
local de fixação do ATP que participa no suprimento de energia para o processo real da contração. 
 
 
 
 
 
 
 
O termo distrofia muscular (DM) engloba ampla variedade de doenças musculares degenerativas. A 
mais comum dessas doenças é a distrofia muscular de Duchenne (DMD), doença hereditária ligada ao X, 
que afeta, principalmente, crianças do sexo masculino (1 de 3.500 nascimentos vivos, de crianças do sexo 
masculino). A DMD se manifesta por fraqueza muscular progressiva, durante os anos de crescimento, 
tornando-se evidente por volta dos 4 anos de idade. Aumento característico dos músculos afetados, 
especialmente dos da panturrilha, é devido à degeneração gradual e necrose das fibras musculares e sua 
substituição por tecido fibroso e adiposo. Por volta dos 12 anos de idade, a maioria das vítimas não está 
mais deambulando (andando), e a morte ocorre, geralmente, no final da segunda década ou no início da 
terceira década de vida. Os defeitos mais graves surgem no músculo esquelético, porém os músculos liso e 
cardíaco também são afetados, com muitos pacientes apresentando cardiomiopatia. Com a técnica genética 
do mapeamento cromossômico, os pesquisadores localizaram o gene responsável por DMD na região p21 
do cromossoma X. Trata-se de um grande gene que apresenta alta taxa de mutação. Cerca de um terço dos 
casos de DMD são devidos a novas mutações e os outros dois terços, à transmissão ligada ao sexo do 
gene defeituoso. O produto do gene DMD é a distrofina, uma grande proteína que está ausente nos 
músculos dos pacientes com DMD. Em várias formas de distrofia muscular, tanto a laminina quanto a 
distrofina estão ausentes ou são defeituosas. 
 
 
 
Além das proteínas envolvidas 
diretamente no processo de contração, existem 
várias outras proteínas estruturais importantes. A 
titina, se estende a partir das linhas Z para a 
porção descoberta (lisa) dos filamentos de 
miosina, podendo ajudar a prevenir a extensão 
excessiva dos sarcômeros e a manter a 
localização central das faixas A. A nebulina, 
proteína filamentar que se estende ao longo dos 
filamentos finos, pode desempenhar algum papel 
na estabilização do comprimento dos filamentos 
finos, durante o desenvolvimento do músculo. A 
proteína -actina, associada com as linhas Z, 
funciona ancorando os filamentos finos na 
estrutura da linha Z. A distrofina, localizada 
imediatamente por dentro do sarcolema, participa 
da transferência de força do sistema contrátil 
para o exterior das células, por meio de proteínas 
que circundas as membranas, conhecidas como 
integrinas. Por fora das células, a proteína 
laminina forma elo entre as integrinas e a matriz 
extracelular. Essas proteínas são afetadas no 
grupo de doenças genéticas, denominadas, 
coletivamente, distrofia muscular, e sua ausência, 
ou funcionamento inadequado, resulta em 
degeneração e fraqueza muscular e morte. 
 
SARCÔMERO 
 
 
 
 Existe um tamanho ideal do sarcômero que vai de 2,0 a 2,2 micrômetros (m), em que o músculo se 
contrai com sua força máxima (contração máxima do músculo). Neste tamanho ideal do sarcômero, existe uma 
interação ideal entre a actina e a miosina (formação do máximo de pontes cruzadas). Abaixo deste tamanho do 
sarcômero, a força de contração diminui, pois a actina e a miosina já estão muito interagidas; acima deste 
tamanho do sarcômero a força de contração também diminui, pois actina está muito distante da miosina, 
dificultando a interação entre estas proteínas. 
Em relação ao músculo esquelético, suas fibras musculares já se contraem ao máximo, pois seus 
sarcômeros já se encontram no tamanho ideal de 2,0a 2,2 m, uma vez que o músculo esquelético se encontra 
fixado em suas extremidades. Para aumentar a força de contração do músculo esquelético, tem-se que recrutar 
mais unidades motoras (somação espacial). Entretanto, no músculo cardíaco, como este não está fixo em suas 
extremidades, o tamanho do sarcômero de suas fibras pode variar. O que dá o tamanho do sarcômero do 
músculo cardíaco é o volume de sangue nos ventrículos ao final da diástole (volume diastólico final). Em 
repouso, o coração está se contraindo com uma força menor, pois o tamanho do sarcômero é menor que 2,0 m. 
Quando retorna mais sangue das veias (retorno venoso) para o coração (por exemplo, durante o exercício), 
aumenta o volume de sangue nos ventrículos, aumentando o tamanho do sarcômero e consequentemente a 
força de contração do coração, até atingir o tamanho máximo de 2,0 a 2,2m em que o coração se contrai com 
sua força máxima, bombeando o máximo de sangue para as artérias. Se retornar muito sangue das veias para o 
coração, o tamanho do sarcômero irá ultrapassar 2,2 m, o que leva à diminuição da força de contração do 
coração, diminuindo assim o volume de sangue bombeado para as artérias, levando à queda da pressão arterial. 
 
 
Rigor mortis – sua base pode ser explicada pela ligação da actina e miosina. À medida que o músculo 
começa a degenerar após a morte, as cisternas sarcoplasmáticas liberam seus íons de cálcio, o que permite que 
as cabeças de miosina se combinem com seus pontos na molécula de actina. À proporção que o suprimento de 
ATP diminui, nenhuma fonte de energia fica disponível para começar a interação normal entre a actina e a 
miosina, e o músculo passa a um estado de rigor, até que a degeneração posterior destrua as ligações cruzadas 
entre a actina e a miosina. 
 
 
 
TAMANHO IDEAL DO SARCÔMERO 
 
 
JUNÇÃO NEUROMUSCULAR 
 
 
MEMBRANA QUIMIOEXCITÁVEL 
Região sub-sináptica 
Receptores colinérgicos nicotínicos II (ionotrópicos) 
Canais iônicos inespecíficos lentos tipo ROCs 
Gera potenciais graduados 
Pode manter despolarizações 
Não tem limiar 
Estimulada pela acetilcolina 
 
 
MEMBRANA ELETROEXCITÁVEL 
Sarcolema fora da região sub-sináptica (membrana adjacente) 
Ativada por ddp 
Não tem receptores colinérgicos 
Tem canais iônicos PDC específicos 
Tem limiar de excitabilidade 
Pode gerar potenciais de ação 
Não pode manter despolarizações prolongadas 
Há inativação dos canais de Na+ 
 
 
 
LIBERAÇÃO DE ACETILCOLINA NA JUNÇÃO NEUROMUSCULAR 
 
Em se tratando da síntese de acetilcolina, a acetil CoA é produzida pelos neurônios , assim como 
acontece na maioria das células, porém a colina é obtida por captação ativa do fluido extracelular através de 
transporte ativo secundário, acoplado ao Na+, que pode acumular colina contra um gradiente de potencial 
eletroquímico. 
 A Ach não é liberada continuamente por terminais nervosos, ela é liberada em pacotes, cada pacote 
correspondendo à liberação de uma vesícula sináptica. A quantidade de Ach contida em uma vesícula é 
chamada de um quantum de Ach. 
 A acetilcolinesterase (ACHE) está concentrada na superfície externa da membrana pós-juncional e na 
lâmina externa. Drogas que inibem esta enzima são chamadas anticolinesterásicas. Na presença de um 
anticolinesterásico o potencial excitatório pós-sináptico (PEPS) é maior e dramaticamente prolongado. 
A acetilcolina é rapidamente hidrolisada pela enzima acetilcolinesterase (ACHE). Esta última, também 
conhecida como colinesterase específica ou verdadeira, é encontrada em neurônios colinérgicos, nas 
adjacências das sinapses colinérgicas e em outros tecidos. É altamente concentrada na junção neuromuscular. A 
hidrólise da acetilcolina ocorre também ao redor das terminações nervosas. 
O sítio ativo de ACHE consiste em um sítio aniônico, que interage com um grupo nitrogênio quaternário 
da molécula de ACHE, e um sítio esterásico, que interage com o grupo éster da Ach e o hidrolisa. 
A butirilcolinesterase, também conhecida como pseudocolinesterase ou esterase sérica, está presente em 
diversos tipos de células gliais. É especialmente encontrada no plasma sanguíneo e no fígado. 
Embora ambos os tipos de enzima sejam capazes de hidrolisar a acetilcolina, eles podem ser 
diferenciados por suas taxas de hidrólise da pseudocolinesterase. 
Nas placas terminais motoras da musculatura esquelética, a maior parte das ACHE encontra-se na 
superfície e nas invaginações da membrana pós-juncional. 
A ação da ACHE é imediata, sendo que aproximadamente 90% da Ach liberada podem ser hidrolisadas 
antes de chegar na membrana pós-sináptica. Os produtos de degradação são ácido acético e colina. O primeiro 
é rapidamente recaptado para as diferentes vias bioquímicas no interior do citoplasma, enquanto que a segunda 
é ativamente transportada de volta para a terminação nervosa, local onde será novamente reutilizada na síntese 
de Ach. 
 
ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO 
 
 
 
 
Potencial de placa motora 
PA 
ETAPAS: 
 Descarga do neurônio motor 
 Liberação de acetilcolina na placa motora (quimioexcitável) 
 Ligação da acetilcolina com os receptores nicotínicos II (ionotrópicos) 
 Aumento da condutância ao Na+ e K+ na membrana da placa motora 
 Geração do potencial de placa motora 
 Geração do potencial de ação na membrana eletroexcitável 
 Despolarização das membranas dos túbulos T 
 Alteração conformacional do receptor di-hidropiridina (DHP), que é voltagem sensível. Essa alteração 
conformacional abre os canais de liberação de Ca2+ (receptores rianodina 1 e IP3) no retículo 
sarcoplasmático (RS). 
 Fosforilação do canal de Ca2+ 
 Liberação de Ca2+ para o mioplasma 
 
 
 
 [ Ca2+ ] mioplasmático 
 
 
 
 Ativa bombas de cálcio Ligação com troponina C para iniciar a contração 
(serca) para o relaxamento 
 
 
 Deslocamento da tropomiosina – actina e miosina se fixam para formar as pontes cruzadas – cabeças da 
miosina das pontes cruzadas se dobram gerando tensão 
 Ativação da ATPase miosínica – hidrólise do ATP 
 Deslizamento dos filamentos finos para o centro da banda A 
 Relaxamento muscular – captação de Ca2+ para o retículo sarcoplasmático 
 
No músculo esquelético, todo o cálcio utilizado na contração é liberado do retículo sarcoplasmático. 
O ciclo das pontes cruzadas continuará ocorrendo até que a contração seja finalizada pela remoção do 
cálcio. O ciclo das pontes cruzadas causa o desenvolvimento de tensão ou o encurtamento (ou uma combinação 
dos dois) do músculo, dependendo da carga. Se a carga for muito grande, ocorrerá contração isométrica, na qual 
há o desenvolvimento de uma tensão, mas não o encurtamento do músculo. Se a carga for menor, haverá uma 
contração isotônica, na qual o músculo se encurta após o desenvolvimento de tensão. 
A contração muscular proporciona desenvolvimento de força mecânica ou tensão. Essa força causa 
movimento ou se opõe a uma carga (peso). 
A carga aplicada ao músculo antes dele se contrair e que causa certo estiramento inicial do sarcômero, é 
chamada de pré-carga. A carga que o músculo tem que vencer para se contrair isotonicamente, isto é, se 
encurtar, é chamada de pós-carga. A velocidade de encurtamento do músculo será inversamente proporcional à 
pós-carga. Quanto maior a pós-carga, menor a velocidade de encurtamento do músculo. 
 
REGULAÇÃO DA FORÇA DE CONTRAÇÃO NO MÚSCULO ESQUELÉTICO – RECRUTAMENTO, 
SOMAÇÃO E TÉTANO 
 A maneira fisiológica para o músculo esquelético intacto aumentar a tensão é por meio de alterações no 
padrão de estimulação pelos neurônios motores. O recrutamento espacial refere-se ao aumento do número de 
neurônios motores disparando e, portanto, mais unidades motoras se contraindo. O recrutamento temporal 
refere-se ao aumento da frequência de potenciais de ação em um neurônio motorafetando, portanto, a contração 
das fibras musculares dentro de sua unidade motora. Dentro de um músculo, geralmente apenas uma pequena 
porcentagem das células ou fibras musculares irá contrair a qualquer momento, mas a contração de cada fibra 
será máxima. Todas as fibras musculares inervadas pelo mesmo neurônio motor irão contrair ao mesmo tempo. 
A força de contração do músculo como um todo aumenta se mais neurônios motores são ativados, e, portanto, 
mais fibras musculares são estimuladas a se contrair – recrutamento espacial. 
 O recrutamento temporal é resultado do aumento da frequência de potenciais de ação no neurônio motor. 
Na figura a seguir a curva A mostra a contração ou abalo muscular em resposta a um estímulo. Disparando mais 
rápido (mais potenciais de ação por segundo), a acetilcolina é liberada repetidamente para ativar os receptores 
nicotínicos, gerando mais potenciais de ação na membrana eletroexcitável. Se dois estímulos aplicados forem 
separados por um período suficiente (por exemplo, 300 milissegundos de atraso, como mostrado por B na 
figura), ocorrerão duas contrações idênticas e separadas. Quando os dois estímulos são separados por 
aproximadamente 40 a 50 milissegundos, a contração muscular parece produzir um único abalo, mas a força da 
contração é maior do que aquela gerada por um único estímulo (curva D). Essa resposta é chamada de 
somação. A base da somação é que a segunda contração começa antes do início do relaxamento da primeira 
contração. Se os estímulos forem separados por mais de 40 a 50 milissegundos (curva C), a primeira contração 
começa a desaparecer antes do início da segunda contração, dando uma aparência bifásica às contrações. O 
retardo ideal entre dois estímulos pode variar entre diferentes músculos esqueléticos, mas a capacidade para 
aumentar a força por somação está presente em todos os músculos esqueléticos. À medida que o atraso entre 
os estímulos se torna cada vez menor, a contração se torna cada vez mais fraca, até que finalmente a contração 
“somada” se tornará idêntica à contração iniciada por um único estímulo – todas as fibras se tornarão refratárias 
ao segundo estímulo -, respondendo somente ao primeiro estímulo. Isso geralmente ocorre com estímulos que 
estão separados por 1 a 2 milissegundos um do outro (E). 
 A tensão máxima que pode ser desenvolvida ocorre durante as contrações tetânicas. A base para esse 
aumento na tensão é que existem tantos potenciais de ação (por exemplo, 60/s) que os mecanismos de liberação 
de cálcio ativados a cada potencial de ação excedem os mecanismos de captação de cálcio; assim, os níveis de 
cálcio citosólico permanecem elevados continuamente, e o músculo não relaxa entre os estímulos. As pontes 
cruzadas continuam interagindo ciclicamente até que o estímulo cesse e as concentrações de cálcio citosólico 
diminuam ou até que a célula entre em fadiga. Ambos, somação e tétano (contrações tetânicas), são exemplos 
de recrutamento temporal – as mesmas fibras são estimuladas a se contraírem pelos mesmos neurônios 
motores, mas a frequência de estimulação pelo neurônio altera a resposta muscular. Uma tetania muito 
prolongada ocasiona a fadiga muscular. Um músculo fadigado, após se relaxar, perde por um certo tempo, a 
capacidade de se contrair. Pode ocorrer por deficiência de ATP, incapacidade de propagação do estímulo 
nervoso através da membrana celular ou acúmulo de ácido lático. 
Em resumo, a força de contração de um músculo intacto formado por muitas unidades motoras diferentes 
pode ser aumentada por: (1)aumento do número de neurônios motores ativados, aumentando o número de 
unidades motoras em contração; e (2) aumento da frequência dos potenciais de ação do neurônio motor, 
promovendo, assim, a somação ou tétano das fibras musculares daquela unidade motora. 
 
 
 
INTERFERÊNCIAS NA JUNÇÃO NEUROMUSCULAR 
 
A liberação do neurotransmissor acetilcolina pelo impulso nervoso depende do influxo de cálcio na 
terminação nervosa do motoneurônio. As substâncias que atuam a nível pré-sináptico, interferindo com o influxo 
de cálcio, como por exemplo, o magnésio, impedem a liberação da acetilcolina. Há outro grupo de substâncias 
que inibem a propagação do impulso nervoso através do axônio do motoneurônio, como os anestésicos locais, 
causando bloqueio neuromuscular. Um outro grupo atua a nível pós-sináptico, interferindo diretamente com a 
ligação da acetilcolina com seus receptores nicotínicos tipo 2 da placa motora (bloqueadores neuromusculares), 
ou bloqueando a enzima acetilcolinesterase (anticolinesterásicos) de maneira prolongada e irreversível, 
interferindo assim, na hidrólise da acetilcolina na fenda sináptica, causam bloqueio neuromuscular, podendo levar 
à paralisia muscular. 
 
 BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES 
O bloqueio neuromuscular não é uma intervenção terapêutica. Só é utilizado como adjuvante da 
anestesia, quando se dispõe de ventilação artificial, para relaxar músculos para melhor visualização dos órgãos 
internos e relaxar a mandíbula para intubação. As substâncias utilizadas com este objetivo atuam a nível pós-
sináptico, bloqueando os receptores colinérgicos nicotínicos da placa motora (bloqueadores não-despolarizantes 
ou competitivos, também chamados drogas curarizantes) ou estimulando receptores colinérgicos nicotínicos da 
placa motora (bloqueadores despolarizantes ou não-competitivos). 
Os bloqueadores neuromusculares não-despolarizantes ou agentes curarizantes (atracúrio, 
pancurônio,, verucônio,etc.) atuam como antagonistas competitivos, competindo com a acetilcolina pelos seus 
receptores nicotínicos da placa motora. Uma vez que a transmissão neuromuscular normal exige a ativação de 
20 a 30% do total de receptores da placa motora (70 a 80% são receptores de reserva), é necessário bloquear 
mais de 70 a 80% dos receptores para que ocorra falha total na transmissão neuromuscular. Quando este 
bloqueio acontece, ainda é gerado na placa motora o potencial de placa motora, mas de amplitude sublimiar, não 
sendo suficiente para gerar potencial de ação na membrana eletroexcitável das fibras musculares esqueléticas, 
levando à paralisia muscular flácida. Os primeiros músculos afetados são os músculos oculares extrínsecos 
(levando à diplopia) e os pequenos músculos da face, faringe e membros. Os últimos a serem afetados são os 
músculos da respiração. A paralisia muscular causada por estas drogas dura em torno de 15 minutos a 2 horas, 
pois são inativados principalmente no fígado (exceto o atracúrio, hidrolisado pela colinesterase plasmática). Estes 
fármacos são utilizados na anestesia para produzir relaxamento muscular. 
 
Obs.: O curare, cujo nome provém de palavras indígenas que significam veneno ( woorari , woorali , 
urari), é uma mistura de ervas fervidas em água por cerca de dois a três dias e então evaporada para 
tornar-se um xarope ou uma pasta escura e espessa. Tal mistura era guardada em sigilo pelos índios e 
usada na ponta das flechas como veneno para imobilizar a presa. Foi patenteado pelos EUA na década de 
40 após o isolamento do princípio ativo, d-tubocurarine, e passou a ser utilizado na produção de 
relaxantes musculares e anestésico cirúrgico. São usados cerca de 40 tipos de curare na Amazônia e há 
a necessidade, às vezes, da substituição de algumas das plantas, pois nem todas crescem no mesmo 
local. 
Usado nas pontas de flechas pelos índios, o curare serve para paralisar a caça ou matar seus 
inimigos. Causa paralisia dos músculos interferindo na transmissão de impulsos nervosos entre a ação 
do nervo e o mecanismo da contração muscular, provocando morte por asfixia. Com o auxílio de 
respiração artificial, a vítima pode se recuperar sem lesões. Os povos indígenas também usam o curare 
como anti-séptico, diurético, antifebril, e até como tônico. 
 
Os bloqueadores neuromusculares despolarizantes (succinilcolina, suxametônio,...) estimulamos 
receptores nicotínicos da mesma maneira que a acetilcolina, mas causam uma despolarização persistente da 
placa motora, levando assim a despolarização mantida da membrana eletroexcitável. Inicialmente eles causam 
contrações musculares devido à despolarização da placa motora, que gera potenciais de ação na fibra muscular. 
Após alguns segundos, por manterem a placa motora despolarizada, ocorre a inativação dos canais PDC de Na+ 
da membrana eletroexcitável, tornando a membrana eletroexcitável inativa, levando à paralisia muscular flácida. 
Isto se deve ao tempo que estas drogas levam para desaparecer da placa motora (difundir-se para o sangue e 
serem inativadas pela pseudocolinesterase plasmática uma vez que são resistentes à enzima acetilcolinesterase 
(colinesterase verdadeira) presente na placa motora. A succinilcolina ainda é bastante empregada na prática 
anestésica, sendo ideal em situações onde se prevê dificuldades para a intubação traqueal, em pacientes 
com estômago cheio e em procedimentos de curta duração, onde a ventilação espontânea é desejada. Sua 
atividade se inicia rapidamente, produzindo relaxamento adequado e de curta duração. É rapidamente 
hidrolisada pela colinesterase plasmática (conhecida como pseudocolinesterase plasmática, colinesterase 
falsa ou butilcolinesterase), enzima produzida pelo fígado, o que resulta em seu término de ação em poucos 
minutos. No entanto, nas situações onde a atividade desta enzima está diminuída, seja por causa genética, 
por estados patológicos e/ou toxicológicos, pode ocorrer prolongamento da duração do bloqueio 
neuromuscular. O quadro clínico é de apnéia prolongada e o diagnóstico definitivo é feito, na maioria dos 
casos, por exames laboratoriais. 
A acetilcolina, por sofrer a ação da acetilcolinesterase na fenda sináptica, num tempo extremamente curto 
(menos de 10mseg), desaparece rapidamente da placa motora, nunca causando despolarização prolongada da 
placa motora. 
Os bloqueadores neuromusculares despolarizantes, por sofrerem hidrólise no plasma pela colinesterase 
plasmática, ou hidrólise espontânea possuem ação curta (aproximadamente 10 a 15 minutos), ao contrário dos 
bloqueadores neuromusculares não-despolarizantes que possuem ação longa (1 a 2 horas), sendo, portanto, 
utilizados para procedimentos de pequena duração (intubação traqueal e terapia eletroconvulsiva). 
 
ANTICOLINESTERÁSICOS 
Os anticolinesterásicos são substâncias que bloqueiam a enzima acetilcolinesterase, impedindo, a 
quebra da acetilcolina na fenda sináptica, aumentando assim, os níveis de acetilcolina na fenda sináptica. Os de 
ação reversível, de curta ou média duração, são usados na clínica em situações em que se deseja aumentar a 
acetilcolina na fenda sináptica, como por exemplo, em pacientes portadores de miastenia grave para reduzir a 
fraqueza muscular do paciente; para reverter o bloqueio neuromuscular após cirurgia em pacientes com paralisia 
muscular pelo uso de bloqueador neuromuscular competitivo, como também para tratamento do glaucoma. Os de 
ação reversível, de duração muito prolongada (por exemplo, o chumbinho, duração de 24 horas) e os de ação 
irreversível, como os inseticidas organofosforados e os gases bélicos, são venenosos. No caso dos reversíveis 
de ação muito prolongada, a enzima se mantém inibida por tempo prolongado, daí a acetilcolina permanece na 
fenda sináptica também por tempo prolongado, o suficiente para que a nível do músculo esquelético, a placa 
motora seja mantida despolarizada, impedindo a geração de potenciais de ação, levando à paralisia muscular 
flácida ( músculo fica relaxado, não mais contrai). 
No caso dos anticolinesterásicos de ação irreversível, como os inseticidas organofosforados, o bloqueio 
da enzima é irreversível, sendo necessários 8 dias para o organismo sintetizar novas enzimas para que a 
acetilcolina seja removida da placa motora. Assim, no caso de intoxicação aguda por inseticida, o paciente deve 
ser intubado e mantido com respiração artificial durante 8 dias. Além disso, o paciente irá apresentar efeitos 
exacerbados da acetilcolina (efeitos muscarínicos) em órgãos inervados pelo parassimpático, como coração, 
glândulas salivares, bexiga, trato gastrintestinal, uma vez que o neurotransmissor do parassimpático é a 
acetilcolina e, portanto, nestes órgãos em que há a enzima acetilcolinesterase, esta se encontra bloqueada pelo 
inseticida. Assim, o paciente também apresentará um quadro de bradicardia intensa, hipotensão arterial grave, 
hipersecreção salivar, micções frequentes e diarreias constantes. Além de manter o paciente ventilado 
artificialmente, é necessário aplicar altas doses de atropina ( bloqueador colinérgico) para impedir a bradicardia 
intensa, que pode ser fatal para o paciente. 
Os inseticidas organofosforados (assim como os gases bélicos – exemplo o sarin, tabun, VX, R-VX) são 
altamente lipossolúveis e, portanto, facilmente absorvidos através de mucosas e até mesmo através da pele 
íntegra. No caso de uma intoxicação crônica, a quantidade de inseticida vai aumentando aos poucos no sangue, 
como por exemplo, um agricultor que entra em contato com o inseticida a cada dia, ao pulverizar a sua 
plantação. Neste caso, o número de enzimas bloqueadas pelo veneno vai aumentando aos poucos. Inicialmente 
o paciente apresenta certo grau de fraqueza muscular, ligeira bradicardia e hipotensão arterial, hipersecreção 
salivar e com o tempo estes sinais e sintomas vão aumentando progressivamente. 
MIASTENIA GRAVE ou MIASTENIA GRAVIS (MG) 
A miastenia grave é uma doença autoimune em que há produção de anticorpos contra os receptores 
colinérgicos nicotínicos da placa motora, afetando assim a junção neuromuscular, interferindo na transmissão 
neuromuscular, resultando em incapacidade dos músculos esqueléticos de produzirem contrações musculares 
duradouras. A ptose palpebral que ocorre em pacientes miastênicos é um sinal destes efeitos. Esta doença 
acomete um em cada dois mil indivíduos. Os pacientes portadores deste distúrbio apresentam fraqueza muscular 
e grande cansaço devido à falha na transmissão neuromuscular. Foi demonstrado através de estudos 
eletrofisiológicos que a liberação da acetilcolina é normal, mas a amplitude do potencial de placa motora é 
bastante reduzida, sendo frequentemente incapaz de atingir o limiar de excitabilidade da membrana 
eletroexcitável e deflagrar o potencial de ação muscular. 
A detecção da MG pode ser feita com: 
a)teste da anticolinesterase: utilizando uma droga que inibe a enzima, o edrofônio (Tensilon), 
anticolinesterásico de curta ação, administrado por via intravenosa; quando a fraqueza é provocada pela 
miastenia grave, ocorre aumento transitório intenso da função muscular. 
b)detecção da presença de anticorpos contra a proteína receptora da acetilcolina na placa motora pode 
ser detectada no soro de pacientes miastênicos. 
A maioria dos pacientes miastênicos desenvolve fraqueza generalizada, envolvendo as pálpebras, os 
músculos extraoculares, os músculos dos membros, o diafragma e os músculos extensores do pescoço. 
O tratamento da miastenia grave envolve procedimentos que: 
1)Aumentam a quantidade de acetilcolina na placa motora – anticolinesterásicos de duração média 
(inibidores da acetilcolinesterase – neostigmina, piridostigmina) 
2)Suprimem as respostas imunes – drogas depressoras do sistema imunológico ou plasmaforese. 
Os glicocorticoides (por exemplo, a predisona, e a predinisolona) suprimem o sistema imunológico e 
outras drogas imunossupressoras (azatioprina – inibem a síntese de DNA; ciclosporina – inibe a produção de 
interleucina 2 pelo linfócito T). 
A plasmaferese ou troca do plasma remove os anticorpos anormais da circulação sanguínea. É uma 
terapia de curta duração que é usada em pacientes com crise miastênica ou nos indivíduos submetidos á 
timectomia. 
Timectomia, a remoção cirúrgica da glândulatimo (que é anormal na maioria das pessoas com MG). Esta 
cirurgia é realizada tanto para pessoas com MG que têm tumores (timonas) independente da idade, bem como 
para os indivíduos sem tumores, com 50 a 60 anos de idade ou mais com início recente de doença moderada. 
Ela melhora os sintomas em mais de metade dos indivíduos sem tumores. Ela pode curar algumas pessoas com 
MG, possivelmente por reequilibrar o sistema imunológico (o mecanismo pelo qual a cirurgia exerce seu efeito é 
desconhecido). 
Imunoglobulina intravenosa apresenta efeito temporário, mas que pode durar de semanas até meses. É 
uma terapia muito cara, o que limita o seu emprego. (O mecanismo de ação das imunoglobulinas é 
desconhecido). 
CRISE MIASTÊNICA – os pacientes podem vivenciar súbita exacerbação dos sintomas e fraqueza, a ponto de 
comprometer a ventilação. Essa crise pode ocorrer durante um período de estresse, como infecção, 
contrariedade emocional, gestação, ingestão de álcool, frio ou após cirurgia. Os medicamentos que exacerbam a 
fraqueza muscular e acionam a crise miastênica são a quinidina, os antibióticos aminoglicosídeos, bloqueadores 
beta-adrenérgicos, bloqueadores dos canais de cálcio e sulfato ou citrato de magnésio. A crise também pode ser 
consequente a doses inadequadas ou excessivas das drogas anticolinesterásicas usadas no tratamento do 
distúrbio. 
 O paciente miastênico irá apresentar efeitos colaterais tanto pelo uso do anticolinesterásico quanto pelo 
uso de glicocorticoides. 
 Os anticolinesterásicos levarão o paciente a apresentar transmissão parassimpática exacerbada devido 
ao aumento de acetilcolina na fenda sináptica, levando a: bradicardia, hipotensão arterial, hipersecreção salivar, 
broncoconstrição, aumento da motilidade intestinal, etc. 
 No caso do uso crônico de glicocorticoides, o paciente estará sujeito a infecções, devido à depressão do 
sistema imunológico; comprometimento da cicatrização de feridas, devido à ação desses fármacos em retardar o 
processo de cicatrização tecidual; osteoporose com risco de fraturas, devido à diminuição da absorção de cálcio 
da dieta pelo glicocorticoide, o que induz a liberação de paratormônio pelas paratireoides, que estimulam a 
reabsorção óssea, para restabelecer a calcemia; hiperglicemia, por causar resistência insulínica, podendo levar 
ao desenvolvimento de diabetes mellitus; atrofia muscular, por estimular o catabolismo proteico a fim de 
aumentar a concentração de aminoácidos circulantes disponibilizando os mesmos para a gliconeogênese 
hepática. 
 
Venenos atuantes na formação do impulso nervoso: 
TETRODOTOXINA (TTX), ANESTÉSICOS LOCAIS – bloqueiam os canais PDC de Na+ impedindo a 
propagação do PA no neurônio tendo como efeito o bloqueio da liberação de acetilcolina causando relaxamento 
muscular. 
 
Baiacu (tetrodotoxina) 
 
TETRAETILAMÔNIO (TEA) - bloqueia os canais de potássio, interferindo na corrente de saída, prejudicando a 
repolarização. Outras drogas com efeito similar são o Césio e a 4-aminopiridina 
 
TOXINA BOTULÍNICA (encontrada no solo e em alimentos contaminados) – hidrolisa a sinaptobrevina e 
sintaxina levando ao bloqueio da liberação de acetilcolina. 
 
ANTIBIÓTICOS AMINOGLICOSÍDEOS (como a gentamicina) – bloqueio dos canais de cálcio do neurônio 
motor e consequentemente bloqueio da liberação de acetilcolina. 
 
LATROTOXINA (veneno da viúva negra) – ativação da neurexina levando à liberação explosiva de 
acetilcolina. 
 
SAXITOXINA – É produzida pelos dinoflagelados, constituindo um malefícios da maré vermelha, pois pode 
contaminar os bivalves que a ingerem através dos dinoflagelados. 
 
SÍNDROME DE LAMBERT EATON – anticorpos contra os canais de cálcio neuronais com consequente 
bloqueio da liberação de acetilcolina levando à paralisia muscular. 
 
CÁTIONS DIVALENTES ( Mn2+, Mg2+) – inibem a entrada de cálcio no citosol levando à redução na liberação 
de acetilcolina. 
 
BATRACOTOXINA (veneno de rã) – aumentam a condutância ao Na+ causando despolarização mantida, 
impedindo condução axonal. 
 
TOXINA ESCORPIÔNICA – inibe a inativação do canal de Na+ levando à despolarização mantida, impedindo 
assim a condução axonal. 
 
DENDROTOXINA, APAMINA E CAIBDOTOXINA: tais toxinas tem como efeito primordial o bloqueio dos 
canais de potássio. 
 
TOXINA TETÂNICA (toxina produzida pelo microrganismo Clostridium tetani) – transportada 
retrogradamente à medula espinhal inibe a liberação de glicina (neurotransmissor inibitório) aumentando assim a 
atividade do motoneurônio ocasionando espasmos musculares. 
 
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA ou doença de Lou Gehrig, ou doença de Charcot) – é 
considerada uma doença degenerativa do sistema nervoso, que acarreta paralisia motora progressiva, 
irreversível, de maneira limitante, sendo uma das mais temidas doenças conhecidas. É um distúrbio 
caracterizados por fraqueza muscular e atrofia por denervação. É provocada pela degeneração progressiva no 
primeiro neurônio motor superior no cérebro e no segundo neurônio motor inferior na medula espinhal. Esses 
neurônios são células nervosas especializadas que, ao perderem a capacidade de transmitir os impulsos 
nervosos, dão origem à doença. Não se conhece a causa específica para a esclerose lateral amiotrófica. Parece 
que a utilização excessiva da musculatura favorece o mecanismo de degeneração da via motora, por isso os 
atletas representam a população de maior risco. Outra causa provável é que dieta rica em glutamato seja 
responsável pelo aparecimento da doença em pessoas predispostas. Isso aconteceu com os chamorros, 
habitantes da ilha de Guan no Pacífico, onde o número de casos é cem vezes maior do que no resto do mundo. 
Estudos recentes em ratos indicam que a ausência de uma proteína chamada parvalbumina pode estar 
relacionada com a falência celular característica da ELA, uma doença relativamente rara (são registrados um ou 
dois casos em cada cem mil pessoas por ano, no mundo), que acomete mais os homens do que as mulheres, a 
partir dos 45/50 anos. 
Câimbras são comuns e podem anteceder a fraqueza muscular e atrofia que se inicia pelas mãos, outras 
vezes pelos pés. A doença se caracteriza por degeneração dos feixes corticospinais (via piramidal) e dos cornos 
anteriores da medula, motivos pelos quais poderão aparecer fraqueza muscular sem dores, atrofias musculares, 
fasciculações (movimentos involuntários visíveis em repouso) e espasticidade (contração súbita e involuntária 
dos músculos). 
Este quadro começa lentamente a progredir, comprometendo finalmente os membros superiores e 
inferiores juntamente com a musculatura do pescoço e da língua, em alguns casos. O paciente pode manifestar 
dificuldade para deglutir, engolir a saliva e os alimentos (disfagia), apresentar perda de peso, e dificuldade na 
articulação das palavras (disartria). A fala pode ser flácida ou contraída, podendo haver uma alternância desses 
dois aspectos. A dificuldade de deglutir resulta em sialorréia (salivação), enquanto as dificuldades de respirar 
levam a queixas de cansaço. A morte ocorre geralmente dentro de dois a cinco anos, sendo que 20% dos 
pacientes sobrevivem seis anos. 
 
POLIOMIELITE, CERTOS TIPOS DE MENINGITE, ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL, TRAUMATISMOS, 
ESCLEROSE MÚLTIPLA – são situações que interferem na primeira etapa da transmissão neuromuscular, 
impedindo a geração e, portanto a propagação do potencial de ação através do motoneurônio, levando à 
paralisia muscular flácida. Na esclerose múltipla, como também no diabetes mellitus não controlado e na doença 
de Guillain Barré, isto se deve à desmielinização do motoneurônio. Em casos de acidente vascular cerebral, isto 
se deve a isquemia (AVC isquêmico) ou hemorragia (AVC hemorrágico), levando à falta de ATP para o neurônios 
e portanto a inativação da bomba Na+/K+-ATPase, fazendo com que a célula perca seu potencial de repouso, nãopodendo mais gerar potenciais de ação. Nos casos de poliomielite e meningite, como também no traumatismo há 
lesão de neurônios, não havendo a geração e a propagação do potencial através do motoneurônio.

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