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Planejamento Social e Formulação de Projeto de Intervenção 2/178 Planejamento Social e Formulação de Projeto de Intervenção Autora: Alessandra Medeiros Como citar este documento: MEDEIROS, Alessandra. Planejamento Social e Formulação de Projeto de Intervenção. Valinhos: 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo 05 Assista a suas aulas 20 Unidade 2: Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa 27 Assista a suas aulas 42 Unidade 3: A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais 50 Assista a suas aulas 64 Unidade 4: Planos, Programas e Projetos Sociais 72 Assista a suas aulas 85 2/178 3/1783 Unidade 5: Metodologia de Elaboração de Projetos Sociais: Emergência do Projeto, Diagnóstico, Reflexão Estratégica, Execução e Avaliação 93 Assista a suas aulas 106 Unidade 6: Elaboração, Execução, Monitoramente e Avaliação de Projetos Sociais 113 Assista a suas aulas 126 Unidade 7: Elaboração, Execução, Monitoramento e Avaliação de Projetos Sociais 133 Assista a suas aulas 150] Unidade 8: O Gestor Social e o Planejamento 158 Assista a suas aulas 171 Sumário Planejamento Social e Formulação de Projeto de Intervenção Autora: Alessandra Medeiros Como citar este documento: MEDEIROS, Alessandra. Planejamento Social e Formulação de Projeto de Intervenção. Valinhos: 2015. 4/178 Apresentação da Disciplina Esta disciplina tem como objetivo apresentar os principais conceitos do planejamento, especialmente no que tange à elaboração, implantação e implementação de projetos de intervenção, como requisitos fundamentais a um gestor social. Planejamento Social e Formulação de Projeto de Intervenção é a disciplina que compõe o projeto pedagógico do curso de pós-graduação EaD em Gestão Social: Políticas Públicas, Redes e Defesa de Direitos e, nesse sentido, está em consonância com a proposta de subsidiar melhores condições de avaliação nas ações interventivas, contribuindo, ainda, para a elaboração de estratégias de enfrentamento das demandas sociais que requisitam a intervenção profissional mediada pelos serviços oferecidos pela rede social. Assim, apresentamos a ementa desta disciplina: planejamento social: dimensão ético-política, sócio-histórica e técnico- operativa; processo lógico, político e administrativo. A planificação do planejamento: políticas públicas, espaços socioinstitucionais, planos, programas e projetos sociais. Formulação de projeto de intervenção. 5/178 Unidade 1 Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo Objetivos 1. Este será o primeiro momento de um conjunto de oito aulas, no qual exploraremos o universo do planejamento e sua relação com a atuação do gestor social, principalmente no processo de formulação, implementação e implantação de um projeto social ou projeto de intervenção. 2. Os objetivos da primeira aula consistem em apresentar a disciplina e introduzir os seus conceitos basilares, tais como o ciclo do planejamento e a importância da temática para o profissional responsável pela gestão de programas, projetos relacionados à política social. Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo6/178 1.1 O Termo Planejamento Na aula de hoje, será abordado o conceito de planejamento, de suma importância para a compreensão da disciplina em sua totalidade. Os conceitos ora abordados estão fundamentados no livro Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação, de Myrian Veras Baptista (VERAS, 2007). Para saber mais Link para saber mais sobre o livro citado e autora: <http://veraseditora.com.br/planejamento- social-intencionalidade-e-instrumentacao/> A professora Myrian Veras Baptista possui graduação em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, concluída em 1954, e doutorado em Serviço Social pela mesma universidade, finalizado em 1974, em que foi professora titular, exercendo a docência praticamente até seu falecimento. Tinha experiência na área de Serviço Social, com ênfase em Serviço Social na área da infância, adolescência e juventude, atuando principalmente nos seguintes temas: crianças, adolescentes e famílias; teoria e prática do serviço social; defesa de direitos. Foi fundadora e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Crianças e Adolescentes – NCA/PUC-SP e fundadora da Associação dos Pesquisadores de Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente – Neca. Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo7/178 O que vem a ser planejamento? O termo planejamento, [...] na perspectiva lógico-racional, refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. Enquanto processo permanente, supõe ação contínua sobre um conjunto dinâmico de situações em um determinado momento histórico [...] supõe uma sequência de atos decisórios, ordenados em momentos definidos e baseados em conhecimentos teóricos, científicos e técnicos (BAPTISTA, 2007, p. 13). Para saber mais Pesquise vários conceitos de planejamento. Por exemplo: o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2008, p. 634) coloca que planejar é: 1. Fazer o plano ou a planta de; projetar; traçar 2. Tencionar, projetar 3. Elaborar um plano de Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo8/178 Desse modo, o planejamento social está relacionado com questões que se apresentam no mundo social e também destacamos que está diretamente vinculado a processos de tomada de decisão. Para tornar mais inteligível o processo de tomada de decisão, será utilizado um caso, que faz parte da realidade social de uma metrópole, como por exemplo: a cidade de São Paulo. Assim sendo: A Prefeitura de São Paulo decidiu reduzir a velocidade das marginais, e ainda vem desenvolvendo uma política de mobilidade urbana, com implantação de corredores de ônibus e ciclovias. Com certeza, essas decisões não são consenso na população e fizeram parte de um processo de decisão dentro do planejamento da política pública urbana. Para saber mais O dicionário do pensamento social do século XX (1996, p. 571) traz a seguinte reflexão: “existem muitas interpretações do planejamento em geral e do planejamento social em particular. Na abordagem mais simples, o planejamento social é planejamento aplicado a instituições e recursos sociais”. Pode referir-se a objetivos globais ou parciais. Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo9/178 Pode abranger o planejamento para todo um sistema social ou referir apenas ao planejamento de aspecto específicos de um projeto em uma agência de serviço social. O próprio planejamento tem que ser descrito com maiores detalhes para evitar a circularidade nessa definição (Ibidem, p. 571). Planejar o cotidiano é uma ação que o homem executa de forma automática, sem se dar conta da abrangência e da importância dessa ação. Assim sendo, planeja uma viagem, a compra de um imóvel, estabelece metas de curto, médio e longo prazo etc. E na área social? É fácil planejar? Esta disciplina demonstrará que não. Isso porque o homem se concentra no fazer, no agir e não privilegia os momentos que antecedem essas ações. Planejar na área social refere-se à seleção de atividades e otimização de tempo, recursos etc. O planejamento subsidia a escolha dos caminhos, que serão percorridos e as providências necessárias, como também acompanha a execução das ações, monitorando-as e redefinindo- as de acordo com as necessidades.Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo10/178 1.2 O Ciclo do Planejamento A aula de hoje centra-se na compreensão do ciclo do planejamento. Para iniciarmos sua conceituação, observe o esquema a seguir: Para saber mais E como podemos entender o conceito de planejamento estratégico? Planejamento estratégico é um conceito comum no âmbito da administração, que significa o ato de pensar e fazer planos de uma maneira estratégica. Planejamento estratégico: <http://www. significados.com.br/planejamento- estrategico/>. Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo11/178 Este esquema permite perceber que o ciclo do planejamento é composto por quatro etapas interligadas e que podem ser interrompidas a qualquer momento, retomando-se novos passos. As quatro etapas do ciclo do planejamento, reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão, correspondem a necessidade de aproximações sucessivas diante do objeto do planejamento, ou seja, revela a necessidade de construção e reconstrução da intervenção diante do objeto – a realidade social - tais etapas são conceituadas conforme Baptista (2007, p. 15): A reflexão: [...] “diz respeito ao conhecimento de dados, à análise e estudo de alternativas, à superação e reconstrução de conceitos e técnicas de diversas disciplinas relacionadas com a explicação e quantificação os fatos sociais [...]”. Em uma organização, o momento em que são levantadas as informações sobre as problemáticas identificadas será, então, o momento da reflexão. O momento de reflexão pode ser exemplificado quando um grupo de pessoas de uma organização se reúne para pensar melhorias nos atendimentos ou projetos já realizados, ou, ainda, quando esse mesmo grupo identifica uma nova problemática e passa a levantar dados para conhecer a nova demanda. A decisão “se refere à escolha de alternativas, à determinação de meios, à definição de prazos, etc.” (Ibidem, p.15). Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo12/178 Após a reflexão, o momento em que a equipe decide os caminhos que serão adotados pode ser identificado como o “pontapé” inicial rumo à ação, ou seja, antes de qualquer ação, existe o momento de decisão. Com os dados levantados na fase de reflexão, a equipe reúne um conjunto de informações, que passam a subsidiar a decisão de qual caminho será tomado. Nesse sentido, se havia alguma dúvida, por exemplo, entre implantar um projeto voltado ao atendimento das necessidades de crianças e adolescentes ou de idosos, os dados levantados na fase da reflexão contribuirão para a decisão de todos pelo projeto que seja mais viável e relevante. Já a ação está “relacionada à execução das decisões. É o foco central do planejamento. Orienta-se por momentos que a antecedem e é subsidiada pelas escolhas efetivadas na operação anterior, quanto Para saber mais Vamos estudar o conceito de decidir? Decidir significa, de acordo com Ferreira (2008, p. 286): 1. Determinar, resolver 2. Solucionar 3. Dar decisão 4. Tomar deliberação. 5. Dar preferência 6. Resolver-se Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo13/178 aos necessários processos de organização” (BAPTISTA, 2007, p. 15). Para entender o conceito de ação, basta imaginar que todas as providências que são tomadas, após a decisão, já fazem parte da ação para que se efetive o desejado. Retomando os exemplos citados nas fases anteriores, ao se decidir por um projeto que atenda crianças e adolescentes, o primeiro passo a ser executado para que o projeto se efetive pode já ser considerado parte da ação. Entende-se por retomada da reflexão “operação de crítica dos processos e dos efeitos da ação planejada, com vistas ao embasamento do planejamento de ações posteriores” (BAPTISTA, 2007, p. 15). Com a finalização da ação, nada mais natural do que avaliar como o processo transcorreu, ou seja, novamente refletir, só que, dessa vez, a reflexão está direcionada para um balanço da ação que foi desenvolvida. A retomada da reflexão pode acontecer em vários momentos. É claro que se espera que aconteça ao término das ações desenvolvidas. No entanto, se algo acontecer no decorrer da implementação do projeto, impactando negativamente as ações desenvolvidas, cabe ao grupo executor interromper a ação, retomar a reflexão para correção da rota, dando início, portanto, a um novo ciclo do planejamento. Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo14/178 Importante ressaltar que essas operações estão interligadas e podem ser interrompidas a qualquer momento, redimensionando-se o planejado para uma nova rota, em função de novas circunstâncias postas na realidade. Para saber mais Artigo científico: “Política e Planejamento Social: decifrando a dimensão técnico-operativa na prática profissional e veja um exemplo prático do uso do planejamento na política de assistência social”, de Odária Battini (Disponível em: <http://www.cedeps.com.br/wp-content/uploads/2009/06/ Pol%C3%ADtica-e-planejamento-social.pdf>). Vale destacar: O Planejamento Social pode ser entendido sob diferentes enfoques, a saber: a) como ferramenta de trabalho que propicia uma prática metodologicamente conduzida e eticamente comprometida com a cidadania; b) como processo lógico, político e administrativo que, por meio de seu movimento, adensa formas de participação popular nos níveis decisórios e operativos; c) como instrumento que busca racionalizar e dar direção para redefinições futuras de organizações, políticas sociais, setores ou atividades, Influenciando o nível técnico e político e d) como mediação entre a burocracia e as condições objetivas para efetivação de direitos (BATTINI, 2009, p. 7). Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo15/178 Glossário Implementação: “significa tomar providências concretas para a realização de algo planejado. A fase de implementação pode ser considerada como a busca, formalização e incorporação de recursos humanos, físicos, financeiros e institucionais que viabilizem o projeto, bem como a instrumentalização jurídico-administrativa do planejamento” (BAPTISTA, 2007, p. 103). Implantação: é a “operação, nos espaços e nos prazos determinados, das ações previstas no planejamento” (Ibidem, p. 103). Intervenção: modo de interferir na realidade com vistas a transformá-la (Ibidem, p. 103). Questão reflexão ? para 16/178 A partir do ciclo do planejamento, estabeleça uma relação desse com a prática de um gestor social em seu cotidiano. Atenção: comece com uma reflexão e, em seguida, decida, estabeleça a ação e como você faria para retomar a reflexão. 17/178 Considerações Finais (1/2) É de extrema importância retomar os principais tópicos estudados, na aula de hoje, para que sejam colocados em prática no cotidiano profissional: • O planejamento requer uma ação contínua, sempre relacionadas a tomadas de decisões. É imperativo considerar que mesmo em situações caracterizadas nos termos da proteção social, como emergenciais, ou seja, que demandem ações de prevenção, resposta e recuperação, assim como, a articulação das Políticas Públicas para garantir o acesso a bens e serviços públicos a população atendida. É, justamente, do processo de planejamento que emergem os procedimentos a serem adotados no enfrentamento de tais circunstâncias; • para planejar, é preciso relacionar os conhecimentos teóricos, científicos e técnicos adquiridos. Um planejamento adequado requer organização e procedimentos lógicos; 18/178 • planejar na área social é um grande desafio, poiso cotidiano é impregnado de imediaticidade, ou seja, na ação em si mesma, no fazer, de modo que pensar, planejar é comumente atribuído pelo senso comum como “perda de tempo”; • planejar subsidia a escolha de caminhos a serem tomados e ainda permite a correção de rotas que, por questões circunstanciais, precisarão ser redimensionadas em função de variáveis encontradas no decorrer da execução da ação que estiver sendo desenvolvida; • Pode-se concluir, então, que o planejamento é de suma importância na elaboração de qualquer intervenção social e consiste em vários passos que serão esmiuçados nas próximas aulas. Considerações Finais (2/2) Unidade 1 • Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo19/178 Referências BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2000. BATTINI, Odária. Política e Planejamento Social: decifrando a dimensão técnico-operativa na prática profissional. In: II Encontro Estadual do Sistema Municipal e Gestão Local do CRAS, 2007. SETP/NUCLEAS. Curitiba-PR. Disponível em: <http://www.cedeps.com.br/wp-content/ uploads/2009/06/Pol%C3%ADtica-e-planejamento-social.pdf> . Acesso em: 01 nov. 2015. DICIONÁRIO do pensamento social do século XX. Editado por William Outhwaite, Tom Bottmore; com a consultoria de Ernest Gellner, Robert Nisbet, Alain Touraine; editoria da versão brasileira, Renato Lessa, Wanderley Guilherme dos Santos. Tradução de Eduardo Francisco Alves, Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2008. 20/178 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ c9f2324dfee23eac279d87bc834f59e6>. Aula 1 - Tema: Planejamento Social: Processo Lógico, Político e Administrativo - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/6ef- 50134cf21259dc54e32e0dc7fbc1d>. 21/178 1. Qual o ciclo do planejamento? a) Ação, decisão, reflexão e retomada da reflexão. b) Reflexão, ação, decisão e retomada da reflexão. c) Reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão. d) Retomada da reflexão, decisão, ação e reflexão. e) Retomada da reflexão, ação, decisão e reflexão. Questão 1 22/178 2. Das alternativas abaixo, assinale a que mais condiz com o conceito de planejamento social: a) Refere-se ao processo final e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. b) Refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. c) Refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem social e científica de questões que se colocam no mundo racional. d) Refere-se ao processo permanente e teórico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. e) Refere-se ao processo permanente e metódico de intervenção social e científica de questões que se colocam no mundo social. Questão 2 23/178 3. É o foco central do planejamento: a) a reflexão b) a retomada da reflexão c) a ação d) a decisão e) o agir Questão 3 24/178 4. Operação de crítica dos processos e dos efeitos da ação planejada: a) Retomada da ação. b) Retomada da decisão. c) Retomada da avaliação. d) Retomada da reflexão. e) Retomada do planejamento. Questão 4 25/178 5. A __________________ significa tomar providências concretas para a realização de algo planejado. Já a _____________________________ é operação, nos espaços e nos prazos determinados, das ações previstas no planejamento. As palavras que completam corretamente as lacunas são: a) implantação / implementação b) implementação / implantação c) implantação / intervenção d) implementação / intervenção e) intervenção / implantação Questão 5 26/178 Gabarito 1. Resposta: C. O ciclo do planejamento é: reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão. 2. Resposta: B. Refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. Planejar implica método, ação racional e científica de questões colocadas no mundo social. 3. Resposta: C. O foco do planejamento é a ação. O planejamento existe para que algo seja realizado/materializado. 4. Resposta: D. Chamamos de retomada da reflexão a operação de crítica dos processos e dos efeitos da ação planejada. 5. Resposta: B. A implementação significa tomar providências concretas para a realização de algo planejado. Já a implantação é operação, nos espaços e nos prazos determinados, das ações previstas no planejamento. 27/178 Unidade 2 Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico- Operativa Objetivos 1. Na primeira parte da aula de hoje, o objetivo será compreender a dimensão política que permeia o planejamento. Faz-se mister ressaltar que a perspectiva política ora mencionada é, em seu sentido amplo, como mediação para as relações humanas, tais como o trabalho, o lazer, o amor, ou seja, a vida em sociedade. Comumente, a dimensão política é sempre relacionada às instituições políticas, pelas quais se exerce o poder, e pela qual se efetiva a representatividade numa sociedade democrática, logo, a política partidária. Contudo, a perspectiva da dimensão política ora empregada se refere ao poder. Poder como relação, ou como um conjunto de relações, sendo assim, “como capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos”, portanto, uma estratégia política (ARANHA; MARTINS, 1993, p.180). 28/178 Unidade 2 Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico- Operativa Objetivos 2. Desse modo, se pensarmos a política enquanto poder, e o poder como uma relação ou um conjunto de relações pelas quais, um indivíduo ou um grupo, interfere nas atividades de outros indivíduos e grupos, a relação existente entre elemento político como fator de tomada de decisões é fundamental para o planejamento social. 3. Na segunda parte da aula, será materializado o ciclo do planejamento, ou seja, será articulado o conteúdo trabalhado na aula passada: reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão, de maneira que se possa visualizar sua utilização no cotidiano das organizações sociais. 4. Ressalta-se a importância de se compreender que o planejamento em sua dimensão política deve ser estrategicamente articulada com a sequência das atividades realizadas durante o processo de planejamento. Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa29/178 2.1 O Planejamento como Ato Político Pensar no planejamento como ato político não é tarefa fácil, entretanto é um exercício que deve ser realizado cotidianamente, tendo em vista que qualquer atividade profissional realizada em espaços sócio- ocupacionais subordina indivíduos ou grupos de indivíduos a outros grupos e ou instituições, portanto, é fundamental considerar todas as pessoas, grupos, instituições envolvidas no processo de planejamento. Torna-se imperativo considerar a diversidade de pensamentos e estratégias que emanam dos profissionais envolvidos no processo de planejamento, em relação a uma mesma situação “problema”, de modo que essa será analisada e elaboradas possíveis intervenções de perspectivas muito diferentes. A situação a seguir ilustra essa problemática.“Existe a necessidade de estratégias porque existem confrontos e existem maneiras diferentes de enfrentá-los” (RIVERA apud BAPTISTA, 2007, p. 17). Baptista (2007, p. 17) ainda esclarece que “a dimensão política do planejamento decorre do fato de que ele é um processo contínuo de tomada de decisões”. Essas decisões são tomadas por pessoas, e, para que a ação se efetive, todos os envolvidos deverão participar dos processos decisórios, inclusive o público-alvo a ser atendido, a fim de que opinem e se manifestem com relação às necessidades e problemáticas vividas no cotidiano. Baptista (2007, p. 21-22) alerta que, Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa30/178 Para que o planejado se efetive na direção desejada, é fundamental que, além do conteúdo tradicional de leitura da realidade para o planejamento da ação, sejam aliados: apreensão das condições subjetivas do ambiente, como vontade política dos grupos envolvidos, correlação de forças, articulação dos grupos, alianças ou incompatibilidades [...]. Para saber mais As prioridades contempladas pelas políticas públicas são formuladas pelo Estado, mas nascem na sociedade civil. Por isso mesmo, estão em permanente disputa. Demandas e necessidades tornam-se prioridade efetiva quando ingressam na agenda estatal, tornando-se interesse do Estado e não mais apenas dos grupos organizados da sociedade (CARVALHO, 2001, p.16). Então, considerar tudo o que se encontra na realidade, e até o que não está facilmente visível, faz parte do processo de planejamento e é um grande desafio. Lozano e Martin apud Baptista (2007, p. 18-19) chamam ainda atenção para o fato de que não é fácil estabelecer a inter-relação necessária entre o elemento técnico (ou de concepção) Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa31/178 e o elemento político (ou de decisão) no processo de planejamento. O que eles querem dizer com isso? Não adianta elaborar uma proposta metodologicamente correta, se as negociações/decisões não foram pactuadas coletivamente. Corre-se, então, o risco de um projeto bem redigido não sair do papel. Todo ato político na tomada de decisões pode impactar diretamente na vida de milhões de cidadãos. Por exemplo: os recursos utilizados no Programa Bolsa Família são questionados por muitos brasileiros que não possuem clareza do impacto da redução da miséria na vida de muitas pessoas. Ao mesmo tempo, pode-se também tomar decisões políticas equivocadas na alocação de recursos que usados e aplicados indevidamente interrompem grandes obras, como vias e estações de metrô e trem, afetando diretamente a vida de milhares de pessoas. Para saber mais Assista ao filme Saneamento Básico. Produção brasileira, demonstra o planejamento como ato político. Como identificar o planejamento como ato político nesse filme? Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa32/178 2.2 A Sequência de Atividades no Ato de Planejar A utilização do ciclo do planejamento em atividades pode ser esquematizada da seguinte forma: 1) Equacionamento Momento da reflexão. “O equacionamento corresponde ao conjunto de informações significativas, para a tomada de decisões, encaminhadas pelos técnicos aos centros decisórios” (BAPTISTA, 2007, p. 19). O que significa isso? Após todo o levantamento e análise dos dados, essa situação identificada como problema e que demanda uma intervenção, deverá ser encaminhada para quem tem poder de decisão, ou seja, se existe a possibilidade de continuidade no processo de elaboração de um projeto de intervenção. Não se pode esquecer que o planejamento engloba todas essas etapas que precedem a redação de um projeto. “A função essencial do planejamento, como instrumento técnico, é aumentar a capacidade e melhorar a qualidade do processo de adoção de decisões, oferecendo dados básicos da situação e necessidades” (BAPTISTA, 2007, p. 19). Vale ressaltar um ponto muito importante: “diante de um mesmo problema e de uma mesma demanda, as pessoas têm diferentes formas de encaminhamento de apreensão do real” (BAPTISTA, 2007, p. 19). Isso está relacionado à visão de mundo de cada pessoa e à fonte em que busca seus Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa33/178 fundamentos. Cada pessoa irá encaminhar a situação analisada de acordo com seus referenciais. Esse é mais um grande desafio do planejamento: como planejar algo em conjunto, com as pessoas pensando e avaliando possivelmente de maneiras diferentes? Planejar vai requerer, então, muita discussão e um balizamento da compreensão de todos sobre as temáticas centrais do projeto. Por exemplo: se um projeto irá contribuir para a melhoria da autoestima de mulheres vítimas de violência, um conceito em que todos deverão debruçar e traçar um entendimento coletivo é o de autoestima. Para saber mais A partir do conteúdo estudado, no que se refere à diversidade de pontos de vista, estratégias e possibilidades de enfrentamento da situação objeto. Os diferentes profissionais envolvidos nas atividades de planejamento, terão diferentes formas de apreender a realidade vivenciada, consequentemente, diferentes formas de encaminhamento. Neste sentido, tomando como exemplo a charge a seguir, pesquise formas de expressão artística, como imagens e/ou charges que expressem tal diversidade. Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa34/178 Fonte: Winkal, 2015. Disponível em: <http://winkal.com/share/m/N0oJ>. Importante atentar-se para o fato de que, Se sua perspectiva da realidade se faz a partir de um ângulo conservador, o planejador, vai percebê-la enquanto fato social objetivo, tomando o dado como limite da reflexão [...] fazendo com que a apreensão do real se resuma nas questões colocadas no cotidiano, não interessando o processo que está em sua gênese (BAPTISTA, 2007, p. 20). Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa35/178 O que a autora quer dizer com isso? Caso a pessoa tenha uma base de análise conservadora, isso irá influenciar no planejamento por ela elaborado, e corre-se o risco que ela perca de vista o processo, atentando apenas para o dado real ou o problema identificado de maneira isolada. Devemos, então, realizar o exercício de ir além da aparência do real, pois em tudo existe uma essência velada. Para saber mais Como exemplificar um pensamento conservador? Ou um pensamento que analise apenas o fato social objetivo? Por exemplo: pessoas moram na rua por não querer trabalhar ou preferem viver sem regras. Esse é um exemplo de pensamento conservador que não considera as histórias de vida, nem condições sociais mais amplas. Você consegue identificar algum outro exemplo de pensamento conservador? 2) Decisão O conceito de decisão acaba sendo o mais fácil, já que corresponde às diferentes escolhas necessárias no decorrer do processo de planejamento. Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa36/178 Baptista reforça a necessidade de participação do público-alvo nas decisões, pois “as resultantes dessas análises determinam a importância da participação de segmentos da população, como sujeito político no processo decisório” (2007, p. 21). É importante enfatizar que, enquanto no planejamento tradicional perdia-se a referência concretaao sujeito – a população entrava como ‘usuária’, ‘demandante’, ‘clientela’, mas nunca como ser histórico. No planejamento agora proposto a população é personagem central do processo (Ibidem, p. 21). 3) Operacionalização Talvez essa seja a parte em que as pessoas apresentem maior resistência em sua execução. Depois das decisões tomadas, o passo seguinte será colocar todas as ideias no papel, por meio de planos, programas e projetos. Dessa forma, a operacionalização “relaciona-se ao detalhamento das atividades necessárias à efetivação das decisões tomadas, cabendo aos técnicos sua consubstanciação em planos, programas e projetos” (BAPTISTA, 2007, p. 23). Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa37/178 Muitas pessoas possuem dificuldade em operacionalizar. Por exemplo, após se decidir realizar uma intervenção, é imperativo, antes de começar a execução, esquematizá-la por escrito. A ânsia de já começar a executar faz com que a operacionalização seja uma etapa que recebe pouca dedicação, porém, quanto mais dedicação ao ato de escrever planos, programas e projetos, detalhadamente, maior será a eficiência das ações e o monitoramento das atividades. 4) Ação Destaca-se que a ação é o foco central do planejamento. Assim, quando é iniciada a tomada de providências para executar o planejado, já se iniciou a ação. Vale lembrar ainda que a retomada da reflexão estudada no ciclo do planejamento também acontece na ação, pois é natural que, ao final da execução do planejado, se faça um balanço sobre o que deu certo, o que precisa ser corrigido etc. Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa38/178 Glossário Consubstanciação: concretização, deixar algo real, palpável. De acordo com o Dicionário Aurélio: consolidar, unir-se, ligar-se intimamente (2008, p. 261). Operacionalizar: colocar ideias em ações. Tornar algo operacional. Conforme o Dicionário Aurélio, operacional é o que está pronto para funcionar (2008, p. 593). Ato político: ato relacionado ao poder de decisão. Não se relaciona a partidos políticos. Questão reflexão ? para 39/178 Vamos agora colocar em prática os conhecimentos adquiridos nesta aula. Apresente uma situação que exemplifique o planejamento como ato político. E depois reflita: você tem dificuldade em operacionalizar? 40/178 Considerações Finais Vale ressaltar que: a) a dimensão política do planejamento está relacionada ao processo de tomada de decisões; b) as pessoas possuem diferentes formas de analisarem e interpretarem a realidade; c) todos os envolvidos deverão participar do processo de planejamento e tomada de decisões; d) o planejamento ajuda a subsidiar a tomada de decisões e os melhores caminhos a serem adotados; e) a operacionalização objetiva colocarmos nossas ideias no papel. Unidade 2 • Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio-Histórica e Técnico-Operativa41/178 Referências ARANHA, M.L. de A; MARTINS, M.H.P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2000. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 13-18. DICIONÁRIO do pensamento social do século XX. Editado por William Outhwaite, Tom Bottmore; com a consultoria de Ernest Gellner, Robert Nisbet, Alain Touraine; editoria da versão brasileira, Renato Lessa, Wanderley Guilherme dos Santos. Tradução de Eduardo Francisco Alves, Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2008. 42/178 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio- Histórica e Técnico-Operativa - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 873feedefe0502f0ae3cd36e55070c14>. Aula 2 - Tema: Planejamento Social: Conceito, Finalidades, Dimensão Ético-Política, Sócio- Histórica e Técnico-Operativa - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 362811d73a99ac58c198a068bbc6e290>. 43/178 1. A dimensão política do planejamento está relacionada: a) ao processo de tomada de decisões; b) ao partido político de quem apresenta as propostas; c) à retomada da reflexão; d) ao processo de monitoramento; e) à ação propriamente dita. Questão 1 44/178 2. É importante enfatizar que, enquanto no planejamento tradicional per- dia-se a referência concreta ao sujeito – a população entrava como “usu- ária”, “demandante”, “clientela”, como objeto passivo sem capacidade de protagonizar as ações, ou seja, nunca como ser histórico, no planejamento agora proposto à população: a) é compreendida como público-alvo; b) é personagem central do processo; c) ainda pode ser compreendida como cliente; d) deve ser tratada apenas como usuária. e) nenhuma das alternativas anteriores. Questão 2 45/178 3. “relaciona-se ao detalhamento das atividades necessárias à efetivação das decisões tomadas, cabendo aos técnicos sua consubstanciação em planos, programas e projetos”. Essa frase refere-se à(a): a) ação b) decisão c) operacionalização d) retomada da reflexão e) equacionar Questão 3 46/178 4. Relaciona-se às providências que transformarão em realidade o que foi planejado. Estamos nos referindo à(a): a) ação b) decisão c) operacionalização d) retomada da reflexão e) equacionar Questão 4 47/178 5. “O _________________ corresponde ao conjunto de informações sig- nificativas, para a tomada de decisões, encaminhadas pelos técnicos aos centros decisórios.” a) gerenciamento b) levantamento c) plano de trabalho d) monitoramento e) equacionamento Questão 5 48/178 Gabarito 1. Resposta: A. A dimensão política do planejamento está relacionada ao processo de tomada de decisões. 2. Resposta: B. É importante enfatizar que, enquanto no planejamento tradicional perdia- se a referência concreta ao sujeito – a população entrava como “usuária”, “demandante”, “clientela”, mas nunca como ser histórico, no planejamento agora proposto a população é personagem central do processo. Trata-se de trabalhar na perspectiva do protagonismo da população atendida, não como objeto passivo de ações, mas como sujeito que participa do processo de planejamento. 3. Resposta: C. A operacionalização “relaciona-se ao detalhamento das atividades necessárias à efetivação das decisões tomadas, cabendo aos técnicos sua consubstanciação em planos, programas e projetos”. 4. Resposta: A. A ação relaciona-se às providências que transformarão em realidade o que foi planejado. 49/178 Gabarito 5. Resposta: E. “O equacionamento corresponde ao conjunto de informações significativas, para as tomadas de decisões, encaminhadas pelos técnicos aos centros decisórios”. 50/178 Unidade 3 A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais Objetivos 1. Os objetivos da aula de hoje são: a) discutir o planejamento como processo técnico-político; b) compreender o planejamento como processo técnico-político; c) contextualizar as situações socioinstitucionais, no sentido de que se possa apreender o objeto do planejamento, num processode construção e reconstrução durante toda a ação; e d) apresentar o conceito de planificação. Estes elementos são essenciais para a articulação junto às Políticas Públicas nos mais diferentes espaços socioinstitucionais. Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais51/178 3.1 O Planejamento como Processo Técnico-Político O processo de planejamento se realiza a partir de aproximações sucessivas, que tem como centro de interesse a situação delimitada como objeto de intervenção. Vale esclarecer que delimita um objeto de intervenção, a partir de nossos objetivos, pois não conseguimos planejar a realidade como um todo. E é claro que essa delimitação dependerá das circunstâncias particulares de cada situação. O planejamento surge de necessidades como: a) utilizar recursos escassos para atender a grandes problemas (na maioria das vezes); b) necessidade de utilizar recursos excedentes ou de utilizar equipamento ocioso; c) disponibilidade de recursos de agências de financiamento; d) transferência do poder decisório para novas lideranças (já que, em uma mudança de partido, por exemplo, haverá a necessidade de se planejar a transição de um governo para outro); e) necessidade de fundamentar novos programas, já que, ao final de uma intervenção, avaliações são realizadas para subsidiar novas ações, corrigindo o que for necessário; Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais52/178 f) planejar planos, programas e projetos com prazo limitado ou ação permanente de intervenção. Importante esclarecer que uma ação permanente poderá se configurar como um serviço. Vale lembrar que realizar planos, programas e projetos relaciona-se às decisões políticas que pressupõem alocação de recursos para sua realização. Como descrever os passos do planejamento? Após a decisão de planejar, o movimento reflexão-decisão- ação-retomada da reflexão pode ser assim caracterizado: pela construção/ reconstrução do objeto; pelo estudo da situação; pela definição de objetivos para a ação; pela formulação e escolha de alternativas; pela montagem de planos, programas e/ou projetos; pela implementação; pela implantação; pelo controle da execução; pela avaliação de processo e da ação executada e pela retomada do processo em um novo patamar. Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais53/178 O quadro a seguir demostra como as fases metodológicas se transformam em documentos no decorrer do processo de planejamento: Para saber mais O Dicionário do pensamento social do século XX (1996, p. 572) nos traz a seguinte reflexão: Teoricamente, todos os atores sociais podem tomar decisões mais ou menos racionais acerca de sua própria ação e conduta futura. Assim, planos podem ser feitos por famílias, firmas e outras organizações, comunidades locais e unidades dotadas de governo próprio, até o corpo central dos responsáveis pelas decisões. Estamos interessados aqui no planejamento que vai além das fronteiras de uma unidade autônoma, autossuficiente, como uma família ou firma, em especial, no planejamento em nível global, implicando a sociedade como um todo. Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais54/178 Quadro 1: Fases metodológicas do processo de planejamento Fonte: (BAPTISTA, 2007, p. 29). Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais55/178 O quadro demonstra como todas as etapas do planejamento deverão se materializar em documentos. Nesse curso, ainda serão trabalhadas as fases metodológicas, principalmente a importância do estudo da situação. Para saber mais O Dicionário do pensamento social do século XX nos traz a seguinte reflexão: A tomada de decisões em matérias sociais constitui um processo político em que os valores e interesses dos participantes desempenham um papel predominante, se bem que nem sempre ostensivo. Além disso, a realização do plano é um processo social que raras vezes é totalmente guiado, se é que alguma vez o foi pelas intenções dos planejadores. Vários atores sociais operando em outros níveis de intencionalidade participam desses processos. O resultado, portanto, dependerá do vigor e da solidez das ações não planejadas e as chamadas consequências não premeditadas ocorrerão inevitavelmente. Da perspectiva do planejador, elas podem ser vistas como espontâneas. E a divergência entre plano e resultado depende de certo número de fatores. Alguns dos mais importantes são a complexidade do sistema-alvo, as contradições internas e os conflitos entre componentes do sistema-alvo, o impacto de forças exteriores (como as naturais) ou a natureza estocásticas dos vínculos intrassistêmicos em uma sociedade (SZTOMPAKA, 1981 apud 1996, p. 572). Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais56/178 Importante destacar os contextos institucionais, ou seja, a partir de que lugar serão realizados os processos de planejamento? Há que se considerar de qual setor que envolve diretamente ou indiretamente o aparato do Estado, ou seja, o poder público, a iniciativa privada, como também o chamado terceiro setor. As dinâmicas institucionais são muito diferentes e, nesse sentido, dependendo do lugar que solicita uma intervenção, o objeto poderá se construir e reconstruir ao longo de toda a ação planejada. Por exemplo, inicialmente a demanda pode se referir no território a um projeto de intervenção voltado para o atendimento a idosos e o contato com as pessoas envolvidas e com a realidade. Esse objeto inicial poderá se transformar para o atendimento de adolescentes grávidas. Não se pode esquecer que o objeto do planejamento da intervenção profissional é o segmento da realidade que é posto como desafio. Nesse sentido, deve-se considerar que a realidade social é dinâmica e, para apreendê-la, fazem-se necessárias sucessivas aproximações. Nessas aproximações, o objeto de intervenção poderá mudar e, por isso, ele constrói-se e reconstrói-se, permanentemente, durante toda a ação planejada. Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais57/178 Na prática, a (re) construção do objeto da ação profissional é um processo que envolve operacionalização das demandas institucionais, das pressões dos usuários e das decisões profissionais. Uma vez que a intervenção e o planejamento da ação profissional se realizam primordialmente nas instituições, é a demanda institucional o ponto de partida e o ponto de referência para essa construção e para o planejamento da intervenção (BAPTISTA, 2007, p. 32). Deve-se, então, considerar a demanda institucional como o ponto de partida para novos desafios e novas oportunidades de intervenção e não ficar preso aos dados colocados na realidade inicialmente. Os profissionais vivem em uma polaridade: de um lado, empregador, e, do outro, as pessoas que demandam o trabalho. Estar entre essas duas forças cria um falso dilema. O que seria esse falso dilema? O imperativo de ter de escolher um lado. Estar no meio dessa força é inerente a profissões colocadas no sistema capitalista. Sempre se estará entre contextos, cujos interesses poderão ser contrários, porém, a partir dessa contradição, deve-se buscar alternativas profissionais para a transformação da realidade. Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais58/178 Assim, deve-se reconstruir o objeto, superando a demanda institucional imediata, ou seja, ultrapassar limites daquilo que nos foi colocado no momento de nossa contratação, buscandoinovar e encontrando novos espaços. 3.2 Planificação Compreender o conceito de planificação é fundamental para a apreensão dos conteúdos que serão abordados nas próximas aulas. Planificação é a sistematização das atividades e dos procedimentos em documentos que “representam graus decrescentes de níveis de decisão: planos, programas e projetos” (BAPTISTA, 2007, p. 97). Os diferentes níveis dos planos, programas e projetos será assunto da próxima aula. Pode-se perceber que o conceito de planificação está relacionado com a operacionalização, ou seja, planificar no momento em que se está operacionalizando uma intervenção. Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais59/178 Para saber mais O Dicionário de Língua Portuguesa apresenta o seguinte conceito de planificar: 1. Apresentar em planta 2. planejar, projetar 3. Submeter a plano. (FERREIRA, 2008, p. 635). Agora, pesquise o link a seguir e veja o conteúdo desta aula usado no cotidiano da política de saúde: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/sus_instrumento.pdf> Nesse arquivo, é exemplificado um planejamento colocado em prática, em todas as suas etapas. Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais60/178 Glossário Polaridade: forças antagônicas. Conforme o Dicionário Aurélio, polarizar: atrair para si, concentrar-se para um certo fim (2008, p. 638) Dilema: dúvida. Conforme o Dicionário Aurélio, dilema: situação difícil, na qual é preciso escolher entre duas alternativas contraditórias ou antagônicas ou insatisfatórias (2008, p. 319). Aproximações sucessivas: pautadas no movimento dialético, devemos olhar para a realidade, questioná-la, buscar novos conhecimentos e olhar novamente para a realidade com um novo olhar/pensamento reconstruído. Questão reflexão ? para 61/178 Reflita sobre exemplos de circunstâncias que usamos o planejamento, tanto no poder público como na iniciativa privada e também no terceiro setor. Será que existem desafios comuns? 62/178 Considerações Finais Nesta aula, alguns pontos devem ser destacados: a) o objeto de intervenção pode construir-se e reconstruir-se no decorrer da ação planejada; b) isso acontece por vários motivos, dentre eles: a realidade social é complexa e mutável; c) dessa forma, é preciso realizar várias aproximações; d) depois de se ter o objeto bem definido, deve-se colocar as ideias no papel, em documentos, como: planos, programas e projetos. Unidade 3 • A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Socioinstitucionais63/178 Referências BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2000. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 13-18. DICIONÁRIO do pensamento social do século XX. Editado por William Outhwaite, Tom Bottmore; com a consultoria de Ernest Gellner, Robert Nisbet, Alain Touraine; editoria da versão brasileira, Renato Lessa, Wanderley Guilherme dos Santos. Tradução de Eduardo Francisco Alves, Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2008. 64/178 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Sócio-Institucionais - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/5e2d6fb537a350cfb0779a9697c68813>. Aula 3 - Tema: A Planificação do Planejamento: Políticas Públicas, Espaços Sócio-Institucionais - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/894a6ac7269ed6484eb4969f19d80fb3>. 65/178 1. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa correta: I. O processo de planejamento se realiza a partir de aproximações sucessivas. II. O processo de planejamento tem como centro de interesse a situação delimitada como objeto de intervenção. III. Delimitamos um objeto de intervenção, a partir de nossos objetivos, pois não conseguimos planejar a realidade como um todo. a) Todas as frases estão corretas. b) Apenas as frases I e II estão corretas. c) Apenas as frases II e III estão corretas. d) Apenas as frases I e III estão corretas. e) Todas as frases estão incorretas. Questão 1 66/178 2. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa correta: O planejamento surge de necessidades, como: I. Utilizar recursos abundantes para atender a grandes problemas. II. Necessidade de utilizar recursos excedentes ou de utilizar equipamento ocioso. III. Disponibilidade de recursos de agências de financiamento. a) Todas as frases estão corretas. b) Apenas as frases I e II estão corretas. c) Apenas as frases II e III estão corretas. d) Apenas as frases I e III estão corretas. e) Todas as frases estão incorretas. Questão 2 67/178 3. Com relação à construção e reconstrução do objeto, analise as frases: I. Devemos considerar que a realidade social é dinâmica e, para apreendê-la, se fazem necessárias sucessivas aproximações. II. Nessas aproximações, nosso objeto de intervenção poderá mudar. III. O objeto constrói-se e reconstrói-se permanentemente durante toda a ação planejada. a) Todas as frases estão incorretas. b) Apenas as frases I e II estão corretas. c) Apenas as frases II e III estão corretas. d) Apenas as frases I e III estão corretas. e) Todas as frases estão corretas. Questão 3 68/178 4. A _______________ é a sistematização das atividades e dos procedi- mentos em documentos. A palavra que preenche a lacuna é: a) planificação b) operacionalização c) avaliação d) ação e) decisão Questão 4 69/178 5. No que consiste o falso dilema? a) Escolher o lado do empregador. b) Escolher o lado da população. c) Achar que temos de escolher um lado. d) Aceitar a demanda institucional imediata. e) Aceitar a demanda institucional mediata. Questão 5 70/178 Gabarito 1. Resposta: A. O processo de planejamento se realiza a partir de aproximações sucessivas. O processo de planejamento tem como centro de interesse a situação delimitada como objeto de intervenção. Delimitamos um objeto de intervenção, a partir de nossos objetivos, pois não conseguimos planejar a realidade como um todo. 2. Resposta: C. O planejamento surge de necessidades como: de utilizar recursos escassos para atender a grandes problemas; necessidade de utilizar recursos excedentes ou de utilizar equipamento ocioso; disponibilidade de recursos de agências de financiamento. 3. Resposta: E. Com relação à construção e reconstrução do objeto, devemos considerar que a realidade social é dinâmica e, para apreendê-la, se faz necessárias sucessivas aproximações. Nessas aproximações, nosso objeto de intervenção poderá mudar, ou seja, o objeto constrói-se e reconstrói-se permanentemente durante toda a ação planejada. 71/178 Gabarito 4. Resposta: A. Planificação é a sistematização das atividades e dos procedimentos em documentos. 5. Resposta: C. O falso dilema consiste em não termos de escolher um lado. 72/178 Unidade 4 Planos, Programas e Projetos Sociais Objetivos 1. A aula de hoje tem como principal desafio apresentar as diferenças conceituais entre planos, programas e projetos e ainda compreender esses documentos como formas materiais resultantes do processo de planificação. 2. Novamente,será retomada a reflexão citada nas aulas anteriores da dificuldade que muitas pessoas possuem em colocar suas ideias no papel. Materializar intenções antes de executar ações se torna, portanto, um ponto fundamental no processo de planejamento. 3. Assim, serão apresentados aspectos comuns desses três tipos de documentos e, em seguida, será discutido, particularmente, cada um deles. 4. Sugere-se que, para o melhor aproveitamento deste conteúdo, sejam pesquisados exemplos desses três tipos de documentos e perceba a diferenciação, entre eles, pelo estilo da redação e conteúdo neles expresso. Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais73/178 4.1 Planos, Programas e Projetos: Características Gerais O desenho acima apresentado remete-se à ideia das dimensões desses três documentos, como se o plano estivesse numa dimensão mais externa, o programa no meio, e ao centro, Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais74/178 os projetos. Podemos ainda afirmar que em uma dimensão mais externa ao plano seriam as políticas, especialmente políticas públicas, no caso deste curso. Importante esclarecer ainda que ao centro também estão os serviços. O que diferencia um projeto de um serviço? Um serviço apresenta a característica de ser ofertado continuamente, enquanto um projeto tem, necessariamente, um tempo limitado. Existem algumas dimensões essenciais tanto nos planos como programas e projetos. São elas: Tempo: tanto um plano como programa e um projeto cobrem um tempo limitado; esse tempo vai variar de acordo com as características próprias dos documentos. Por exemplo: um plano de governo terá a duração de quatro anos, tempo de duração de um mandato. Espaço: os planos, programas e projetos também deverão contar com áreas delimitadas espacialmente, ou seja, estamos nos referindo a uma cidade, uma região específica, uma política em especial? Volume: os planos, programas e projetos também deverão apresentar resultados concretos mensuráveis, inclusive, recursos materiais e físicos concretos. Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais75/178 4.2 Plano “O plano delineia as decisões de caráter geral do sistema, suas grandes linhas políticas, suas estratégias, suas diretrizes e precisa responsabilidades” (BAPTISTA, 2007, p. 99). Essa definição permite afirmar que o plano apresenta diretrizes mais amplas, mais gerais, e não apresenta, na maioria das vezes, a metodologia que será realizada, principalmente quando se tratar de um plano de diretrizes e não um plano de ações. Para saber mais Pesquise planos, programas e projetos. Plano Brasil Sem Miséria: <http://www. brasilsemmiseria.gov.br/> Podemos citar vários planos nacionais: • Plano Nacional de Cultura • Plano Nacional de Educação • Plano Nacional de Resíduos Sólidos • Plano de Combate ao Tráfico de Seres Humanos Para saber mais Na perspectiva do sistema de planejamento, uma política é um processo de tomada de decisões que ‘começa com a adoção de postulados gerais que depois são desagregados e especializados. [...] Quando a priorização é plasmada em um modelo que relaciona meios e fins, concatenando-se temporalmente, se obtém um plano” (CURY, 2001, p. 43). Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais76/178 • Plano Nacional de Combate ao crack e outras drogas • Plano Nacional de Política para Mulheres 4.3 Programa “É a setorização do plano [...] é, basicamente, um desdobramento do plano” (BAPTISTA, 2007, p. 100). O conceito acima mostra que um programa geralmente faz parte de um plano, sendo direcionado para uma região específica ou para um público particular. Retomando o exemplo do Plano Brasil Sem Miséria, tem-se nele o Programa Bolsa- família. Pode-se compreender que o Bolsa- família está direcionado para um segmento específico dentro de um plano de diretrizes gerais mais amplas. No Brasil, destaca-se também o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Para saber mais Pesquise um desses planos e veja como se estrutura e quais são seus principais itens. Por exemplo: o Plano Nacional de Cultura possui até um site para, inclusive, você conhecer e opinar sobre suas metas em alguns momentos. Disponível em: <http://pnc.culturadigital.br/>. Também existem links no YouTube sobre a implantação de planos. Pesquise e confira. Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais77/178 Infantil, que objetiva acabar com o trabalho de crianças e adolescentes entre 7 e 15 anos. Para saber mais Um programa “engloba um conjunto de projetos que são articulados por meio de diferentes estratégias. Instrumento utilizado, no nível governamental, para a concretização das ações e dos objetivos traçados” (DICIONÁRIO DO TERCEIRO SETOR, 2011, p. 195). 4.4 Projeto Conceitua-se projeto como “[…] o documento que sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de um conjunto de ações” (BAPTISTA, 2007, p. 102). Como característica desse tipo de documento, pode-se afirmar que ele está mais próximo da execução, portanto deverá ser muito detalhado. Nesta disciplina, busca-se compreender como se elabora um projeto social ou projeto de intervenção. Vale iniciar este conteúdo pelas qualidades esperáveis em um projeto, de acordo com Baptista (2007, p.102). São elas: Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais78/178 • Simplicidade e clareza na redação: um projeto deverá comunicar claramente sua ideia, sem linguagem rebuscada, transmitindo as informações de modo que atraia a atenção do leitor. • Disposição gráfica adequada: o projeto deverá ser apresentado de uma forma que o texto fique atrativo e facilite sua leitura. • Clareza e precisão nas ilustrações: além de um texto claro, o projeto também poderá trazer ilustrações que condensem os dados apresentados e auxiliem a interpretação do leitor. • Objetividade e exatidão nas informações, na terminologia e nas especificações técnicas: o projeto deverá apresentar informações precisas, pautadas na realidade e em dados concretos para que os dados não sejam interpretados como “achismos” ou ainda senso comum. • Descrição adequada de cada operação: já que um projeto serve como um guia para a ação, ele deverá apresentar o “passo a passo” para sua realização. Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais79/178 Um projeto também deverá apresentar sua abrangência, ou seja, o projeto deve se referir de forma exaustiva a todos os aspectos da estrutura da questão a que se destina, delimitando um recorte para sua intervenção. Uma característica também fundamental consiste em ser compatível e coerente em suas relações entre as partes e em suas relações com outros níveis da programação, ou seja, se um projeto se desmembra de um programa e de um plano, deverá apresentar metodologia consistente e não destoar das linhas propostas nos outros documentos. Um projeto também deverá ter relação visível entre as operações previstas e o alcance dos resultados desejados, expressos nos objetivos, ou seja, manter uma linha metodológica de raciocínio que uma seção desencadeie das ideias já postas anteriormente. Por último e não menos importante, um projeto deverá apresentar limitação temporal e espacial, como já indicamos nos aspectos comuns entre planos, programas e projetos. Vale ainda reforçar a diferença entre serviço e projeto. Um serviço não tem prazo de término. Já um projeto deve, necessariamente, ter um começo, um meio e um fim. Atenção: muitas pessoas confundem projeto de pesquisa com projeto social ou projeto de intervenção. Projetar relaciona- Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais80/178 se a colocar suas ideias no papel para objetivaruma ação. No caso da pesquisa, o projeto de pesquisa é o norte para um levantamento de dados, e, no caso de um projeto de intervenção, é um norte para a mudança de uma realidade. Para saber mais “O Projeto é a implementação de uma causa ou um ideal. São empreendimentos que são planejados a partir de um conjunto de objetivos específicos claros e bem definidos” (DICIONÁRIO DO TERCEIRO SETOR, 2011, p. 195). Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais81/178 Glossário Dimensões essenciais: são balizas imprescindíveis que não poderão deixar de ter em um plano, programa e projeto. Diretrizes: como uma linha reguladora, norteadora. Conforme Dicionário Aurélio: linha reguladora de um caminho ou estrada, de um plano, um negócio, ou de procedimento (2008, p. 321). Erradicar: acabar. O Dicionário Aurélio nos remete ao verbo desarraigar, ou seja, arrancar pela raiz, extinguir ou destruir inteiramente (2008, p. 296). Questão reflexão ? para 82/178 No seu cotidiano você tem acesso a planos, programas e projetos? Quais planos são necessários para melhor compreensão e atuação profissional? A partir de sua área de atuação, levante os planos e programas governamentais que deverão subsidiar sua ação. 83/178 Considerações Finais Nesta aula, pode-se perceber que, mesmo com as dificuldades cotidianas, um gestor precisa colocar suas ideias no papel por meio de planos, programas e projetos. Também ficou perceptível que planos, programas e projetos são documentos diferentes em termos da profundidade de seu conteúdo. Enquanto um plano apresenta diretrizes mais gerais, um projeto deverá ser muito mais detalhado em sua metodologia. Já um programa acaba sendo o desmembramento de um plano, direcionado para uma área ou região específica, ou ainda a um determinado público-alvo. Unidade 4 • Planos, Programas e Projetos Sociais84/178 Referências BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 2000. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Introdução à temática da gestão social. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 13-18. CURY, Thereza Christina Holl. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, Célia M. (Org.). Gestão de projetos sociais. 3 ed. rev. São Paulo: Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001. p. 39-60. MEREGE, Luiz Carlos; MOUSSALLEM, Márcia (Orgs.). Dicionário do Terceiro Setor. São Paulo: Plêiade, 2011. 85/178 Assista a suas aulas Aula 4 - Tema: Planos, Programas e Projetos Sociais - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ a89c014d61db71ea171bf793e9683a4b>. Aula 4 - Tema: Planos, Programas e Projetos Sociais - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ b149ccac56a23fca1017cb848e9267ae>. 86/178 1. Das dimensões citadas nesta aula, está correta a seguinte ordem: a) Serviços, planos, projetos e programas. b) Programas, projetos, serviços e planificação. c) Planificação, programa, projetos e serviços. d) Plano, programa, projetos e serviços. e) Projeto, programa, serviços e planificação. Também ficou perceptível que planos, programas e projetos são documentos diferentes em termos da profundidade de seu conteúdo. Enquanto um plano apresenta diretrizes mais gerais, um projeto deverá ser muito mais detalhado em sua metodologia. Já um programa acaba sendo o desmembramento de um plano, direcionado para uma área ou região específica, ou ainda a um determinado público-alvo. Questão 1 87/178 2. Considerando à diferença em profundidade de seu conteúdo, no que se refere a planos, programas e projetos. Qual documento a seguir apresenta as diretrizes mais gerais? a) Centro de Referência de Assistência Social. b) Programa Nacional de Apoio à Cultura. c) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. d) Programa Bolsa Família. e) Plano Nacional Viver sem Limites. Questão 2 88/178 3. Um gestor social, a partir de sua formação acadêmica, deve estar apto à formulação de políticas públicas, portanto é importante ter clareza dos conceitos discutidos nesta aula. Quanto à elaboração de projetos, é correto afirmar que: I. Um projeto social deve estar direcionado a uma dada realidade territorial. II. Um projeto social tem caráter permanente, por isso todos os seus custos devem ser bem planejados. III. A clareza na redação de um projeto é de extrema importância, pois a partir dela serão apresentados elementos relevantes para captação de recursos. IV. Um projeto social também se caracteriza por seu tempo de duração; dessa forma, faz-se necessário conter em seu bojo como cada ação será monitorada e avaliada. V. No processo de elaboração de um projeto, não se faz necessário dialogá-lo com um plano nacional. Questão 3 89/178 Questão 3 Assinale as alternativas corretas: a) I, II e V. b) II, II, e IV. c) I, III e IV. d) III, IV e V. e) Todas as alternativas estão corretas. 90/178 4. São dimensões essenciais tanto nos planos como programas e projetos: a) Tempo, volume e espaço. b) Tempo, volume e objetivo. c) Tempo, espaço e meta. d) Espaço, volume e cronograma. e) Distância, redação e forma. Questão 4 91/178 5. O __________ se caracteriza como a setorização do _____________. As palavras que completam a frase são: a) projeto / plano b) projeto / programa c) programa / plano d) plano / programa e) plano / projeto Questão 5 92/178 Gabarito 1. Resposta: D. Quanto à dimensão hierárquica, tem-se: plano, programa, projeto e serviços. 2. Resposta: E. Por ser um plano de dimensão nacional, esse traz diretrizes importantes para elaboração de programas e projetos em outras esferas do governo. 3. Resposta: C. Um projeto social sempre estará direcionado a uma dada realidade territorial. Como explicamos durante a aula, faz-se necessário ter uma redação bem escrita (justificativa, objetivos e metas, por exemplo), pois são elementos que “vendem” o projeto. Outra grande diferenciação do projeto está voltada para o seu contexto de tempo: começo, meio e fim, e com isso as respectivas avaliações e monitoramentos para cada fase dele. 4. Resposta: A. Tempo, volume e espaço são dimensões essenciais destes documentos. 5. Resposta: C. O programa se caracteriza como a setorização do plano. 93/178 Unidade 5 Metodologia de Elaboração de Projetos Sociais: Emergência do Projeto, Diagnóstico, Reflexão Estratégica, Execução e Avaliação Objetivos 1. Esta aula deverá apresentar os primeiros passos para a elaboração de um projeto de intervenção. Para tanto, o conteúdo foi dividido em dois eixos: o primeiro conceituará o início desta etapa e o segundo explicará os passos para realizá-la. 2. O objetivo desta quinta aula é apresentar a metodologia de elaboração de projetos sociais e os caminhos que deverão ser percorridos durante as etapas de execução desse tipo de documento. Unidade 5 • Metodologia de Elaboração de Projetos Sociais: Emergência do Projeto, Diagnóstico, Reflexão Estratégica, Execução e Avaliação 94/178 5.1 Como Começar um Projeto Social? A elaboração de um projeto social, necessariamente, deverá começar pelo estudo da situação. Alguns autores também chamam esse momento de: análise da situação, estudo diagnóstico, avaliação ex-ante etc. Não importa a nomenclatura a ser utilizada; o fundamental é que este primeiro momento traga um panorama da situação apresentada para compreensão da realidade que será o objeto da intervenção.Uma primeira aproximação será iniciada pelo conceito de estudo da situação. Este estudo Consiste na caracterização (descrição interpretativa), na compreensão e na explicação de uma determinada situação tomada como problema para o planejamento e na determinação da natureza e da magnitude de suas limitações e possibilidades (BAPTISTA, 2007, p. 39). O conceito chama a atenção em alguns pontos. Primeiro: deve-se explicar a realidade, não somente descrevê-la ou interpretá-la. Segundo: a situação tomada como problema remete à necessidade de focar, delimitar, ou seja, recortar o segmento da realidade que está colocado como desafio, ou, ainda, o objeto da intervenção. Terceiro: ao analisar essa realidade, deve-se olhar também as potencialidades e não apenas os problemas. Unidade 5 • Metodologia de Elaboração de Projetos Sociais: Emergência do Projeto, Diagnóstico, Reflexão Estratégica, Execução e Avaliação 95/178 Deve-se retomar neste momento alguns conhecimentos já discutidos nas aulas anteriores, como: a necessidade de conhecermos como se estabelecem as instâncias de poder presentes na realidade estudada. Além disso, também deve-se estabelecer a superação do enfoque situacional, ou seja, não adotar uma visão reducionista. São objetivos do estudo da situação (MATTELART 1968 apud BAPTISTA, 2007, p. 41): • a configuração do marco de situações ou de antecedentes, acompanhada de análise compreensiva e explicativa de suas determinações; • a identificação sistemática e contínua de áreas críticas e de necessidades, a que se pode acrescentar, ainda, de oportunidades e ameaças; • a determinação de elementos que permitam justificar a ação sobre o objeto; • o estabelecimento de prioridades; • a análise dos instrumentos e técnicas que podem ser operados na ação; • a identificação de alternativas de intervenção. Unidade 5 • Metodologia de Elaboração de Projetos Sociais: Emergência do Projeto, Diagnóstico, Reflexão Estratégica, Execução e Avaliação 96/178 Pode-se perceber que o estudo da situação é um momento trabalhoso e que demanda a análise de muitos dados e, ao mesmo tempo, é a partir dele que a decisão será tomada quanto a quais caminhos serão percorridos e quais mudanças se pretende alcançar. 5.2 Estudo da Situação Será apresentado agora como se configura o estudo da situação. Ele abarca um conjunto de atividades, citadas a seguir: • Levantamento das hipóteses preliminares; • construção de referenciais teórico- práticos; • coleta de dados; • organização e análise: descrição/ interpretação/ compreensão/ explicação dos dados obtidos; • identificação de prioridades de intervenção; • definição de objetivos e estabelecimento de metas; • análise de alternativas de intervenção. Pode-se perceber, então, que o estudo da situação será um caminho a ser percorrido, que começará com o levantamento das hipóteses preliminares até a conclusão de qual a melhor alternativa de intervenção. Unidade 5 • Metodologia de Elaboração de Projetos Sociais: Emergência do Projeto, Diagnóstico, Reflexão Estratégica, Execução e Avaliação 97/178 Para compreender essas atividades, é necessário estudar agora cada uma delas. Inicia-se o estudo da situação pelo levantamento de hipóteses preliminares. Hipóteses podem ser compreendidas como pressupostos, ou seja: a ideia inicial básica que norteará a coleta de informações e o seu processamento. Por exemplo, você pode já ter contato com uma realidade e, por meio de sua observação, pode imaginar que existe a necessidade de implantação de um projeto para atendimento de adolescentes grávidas. Essa, portanto, é sua hipótese preliminar. O passo a seguir é a construção de referenciais teórico-práticos. Essa atividade consiste em analisar a hipótese levantada à luz de conhecimentos. Esses conhecimentos que compõem os referenciais teórico-práticos são de diferentes naturezas. São conhecimentos éticos, morais, filosóficos, teóricos, científicos, técnicos, além dos próprios valores e padrões normativos assumidos pela equipe planejadora, instituição e população envolvida no processo (BAPTISTA, 2007). Nesse momento, deve-se conhecer a realidade em sua totalidade, ou seja, não focar apenas a região em que se está atuando, e também como se dá e explica tal situação de um modo mais amplo, na cidade ou ainda nacionalmente. Também nesse momento, deve-se embasar em um conhecimento de ordem transdisciplinar. Unidade 5 • Metodologia de Elaboração de Projetos Sociais: Emergência do Projeto, Diagnóstico, Reflexão Estratégica, Execução e Avaliação 98/178 É imperativo na construção desses referenciais levantar um sistema de indicadores. Esses indicadores poderão estar prontos e disponibilizados em órgãos como o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada etc. Além dos indicadores oficiais, outros poderão ser criados pela equipe a partir do levantamento de dados e pesquisas planejadas. Como realizar um sistema de indicadores a partir de levantamento de dados e pesquisas planejadas? Por exemplo, sua organização social identificou uma necessidade de intervenção em determinada região de sua cidade e vocês já buscaram dados na prefeitura local para melhor compreender a situação, conferindo a todos um panorama inicial da problemática. No entanto, os problemas identificados são de naturezas diversas, como: falta de acesso à saúde, educação, trabalho etc. Para saber mais O conhecimento de ordem transdisciplinar é aquele que lança mão de conhecimentos das diferentes disciplinas e, não sendo propriedade de nenhuma delas, as supera criando um conhecimento novo, tendo como referência uma teoria social que ilumina (modificando) os conhecimentos construídos a partir de outras perspectivas, dando-lhes uma nova dimensão (BAPTISTA, 2007, p. 46). Unidade 5 • Metodologia de Elaboração de Projetos Sociais: Emergência do Projeto, Diagnóstico, Reflexão Estratégica, Execução e Avaliação 99/178 Para contribuir com o mapeamento das necessidades da região, recomenda-se que as famílias em situação de vulnerabilidade que vivem no local sejam ouvidas, por meio de pesquisas, como: entrevistas, aplicação de questionários etc. Isso permitirá que o grupo possa construir um sistema de indicadores iniciais ou marco-zero para a situação local. Exemplo: 70% das crianças entre 0 e 3 anos estão fora da creche. A próxima atividade do estudo da situação consiste na coleta de dados da realidade identificada como objeto do planejamento e também como ela é percebida por todos os envolvidos (sociedade, quem vivencia, quem trabalha com a questão, por exemplo). Reafirma-se aqui a necessidade da população que será atendida participar desse processo e, também, manifestar suas necessidades e opiniões. Mais uma vez, terá de se garantir que não se trata de julgamento ou avaliação pela aparência, mas de fruto de reflexão e retomada da reflexão, numa aproximação a essência da situação problema. Dando continuidade no estudo da situação, deve-se levantar os dados da instituição demandatária da ação, ou seja, deve-se Para saber mais Levante os principais sites oficiais que apresentam indicadores sociais que apresentem dados de diferentes políticas. Unidade 5 • Metodologia de Elaboração de Projetos Sociais: Emergência do Projeto, Diagnóstico, Reflexão Estratégica, Execução e Avaliação 100/178 conhecer o maior número de informações que caracterizem e instituição que demanda a intervenção: sua missão, visão, história da instituição, atividades, etc. Necessidade de se conhecer o perfil instituição para qual a intervenção deve ser planejada. Em seguida, é preciso
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