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Resenha Crítica - A luta pelo Direito

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A luta pelo Direito, obra de autoria do jurista alemão Rudolf Von Ihering, traduzida por João Vasconcelos, mostra o direito na sua realidade, expondo reflexões científicas, cujas podem ser entendidas sem muita complicação por qualquer leitor interessado na ciência do Direito. Ao longo do livro percebem-se contestações do autor a pensamentos de Savigny e Puchta, já que os mesmos acreditavam que o direito se devolvia sem dificuldade e que não era necessário lutar,o que para Ihering não era apropriado; e uma crítica da peça "O mercador de Veneza" de Wiliiam Shakespeare, que para o autor o direito de Shyrlock (personagem) foi violado pela decisão do juiz, onde este pagou a pena monetária, considerada pequena, concebida para que o devedor pagasse ao credor (Shyrlock).  
   Caspar Rudolf Von Ihering nasceu em Aurich, em 22 de agosto de 1818. Em 1836 iniciou os estudos do Direito na famosa universidade de Heidelberg. Em 1843 doutorou-se em Direito e entre os anos 1862 e 1872, torna-se professor de Direito Romano em Viena, quando neste último ano já estava morando em Gotinga, onde escreveria até a sua morte, em 1892. Suas principais obras foram "A luta pelo Direito" e "A finalidade do Direito", onde a primeira foi em sua maior parte escrita em Giessen e que quando concluída, teve grande influência no Direito privado de todos os países da Europa.   
 A obra iniciada com três prefácios e cinco capítulos, Rudolf tem como fim, despertar os indivíduos para a busca dos seus direitos. No primeiro capítulo, Introdução: propõe-se que para alcançar o Direito, é necessária a luta, evidenciando que o direito "é a razão porque a justiça, que sustenta em uma das mãos a balança em que pesa o direito, empunha na outra a espada que serve para fazê-lo valer." e esclarecendo que "a espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é o direito impotente" p.21. Diante disso considera-se que o direito precisa da violência representada pela espada, sendo esta violência, a coerção que o direito junto com Estado age sobre as leis violadas, para que estas não mais sejam descumpridas. No texto, o autor mostra também que todas as grandes conquistas da história do direito, a maioria delas foram marcadas por lutas e guerras, com muito sangue. Afirmando que a luta é a graça para tornar o Direito prático. 
 No segundo capítulo, O interesse na luta pelo Direito: é evidenciado que a pessoa pode querer ou não lutar pelo direito, e que essa decisão exige um sacrifício; ou sacrificará o direito à paz ou a paz ao direito. Então tal ideia é relacionada com exemplos práticos, como um povo que se apoderou de uma légua de terra de outro, e assim foi questionada a decisão daquele que sofreu a lesão de seu direito, e que por mais que uma légua de terra não tenha grande valor material, pode ser considerado o seu valor moral, que fará com que este povo queira ou não declarar guerra para retomar o seu direito. Para Ihering, deve-se defender o direito, pois a vida do homem é dividida em material e moral, onde será defendida a propriedade e a honra do individuo. E menciona que: “Resistir à injustiça é um dever do indivíduo para consigo mesmo, porque é um preceito da existência moral”p.27.
 A luta pelo direito na esfera individual: inicia-se com tal concepção: “o homem sem direito desce ao nível dos brutos (...)” p.28, e que ao desistir de defender o seu direito, equivaleria a um suicídio moral. Contudo pode haver conflitos que fazem com que a pessoa fique “sem saída”, como é o caso, por exemplo, quando um assaltante ameaça a vitima, impelindo escolher à vida ou o dinheiro, tal situação justifica a renúncia à propriedade e a honra.
 Comparando a dor moral com a dor física, é evidenciado que esta faça com que o indivíduo lute para combater o mal que a dor lhe causa, e que pelo fato dessa dor ser mínima, é importante tratá-la logo, para que não se acumule e gere um problema maior, esta equivale a dor que indica mal estar no organismo e aquela, um sinal de violação ao direito. Neste capítulo é demonstrado também o grau do sentimento à reação contras as lesões, ou seja, que o individuo defende cada direito de acordo com a importância deste para a sua existência moral, um exemplo disso é que o crédito é para comerciante o que a honra é para o militar e a propriedade é para o camponês. 
 
 No capítulo IV, “A luta pelo direito na esfera social”, Ihering relaciona o direito objetivo e o subjetivo, aquele é o direito como norma jurídica e este o privilégio que um indivíduo tem para fazer valer o direito sobre seus interesses individuais. Ele evidencia também que o direito público deve ser defendido como se fosse o direito privado, pois o que acontece na sociedade reflete também em cada indivíduo, e vice-versa. Assim afirma-se que aquele é que se origina deste, e que quando alguém possui interesse apenas para defender o direito pessoal, esta se auto resumindo em puro individualismo e egoísmo que um homem cultiva, tornando-se uma pessoa medíocre. Com isso, para saber se a nação defende seus direitos políticos, é só analisar se cada indivíduo defende o direito pessoal na vida privada. O autor mostra que as leis devem ser usadas com frequência , caso contrário, caem em desuso. Outro fator explícito por Von, é que o pecado mortal do direito acontece quando um juiz é corrupto, pois é enxergado como um assassino do judiciário, “é como o médico que envenena o doente” p. 40. Para ele o injustiçado se torna um perigo para a sociedade, pois irá criar um sentimento de vingança, convertendo a luta pela lei, para uma luta contra ela.
 No V e último capítulo, “O direito alemão e a luta pelo direito”, Rudolf compara o direito alemão com o direito romano. Para ele os romanos tinham um sentimento do direito justo, onde as punições não visavam apenas o valor monetário, mas a moral do cidadão condenado, que perdia, por exemplo, direitos na vida política. Já no direito atual, tudo se resume na conversão do direito em dinheiro, e este direito é considerado pelo autor como perdido, mas nem por isso deve-se abandoná-lo, pois é o mesmo que desistir do direito. No decorrer do capitulo, ele cita que “Um é um bem que se pode facilmente substituir; do outro é inteiramente irreparável a sua perda”, intensificando a ideia de materialismo que o direito alemão, o que se predomina até os tempos atuais. Para finalizar é evidenciada novamente a importância de se lutar para obter o direito, e “Que só merece a liberdade e vida Aquele que cada dia sabe ganhá-las”.
 A luta pelo direito é uma obra de fácil compreensão, muito importante, tanto paras o que estudam a ciência, quanto para quem possui interesse em entender algumas noções do Direito, pois o interessante do livro, é que ainda se aplica a nossa realidade atual, mesmo sendo antigo, demonstrando que o direito não tem mudado muito desde a época do autor. 
 Rudolf prioriza o estímulo dos cidadãos à defesa de seus direitos, pois o direito se tornaria inválido se não for devidamente defendido. Contudo ele mostra através de suas comparações entre o direito romano e o moderno, críticas a este, formulando que devemos nos espelhar naquele, já que o nosso está perdendo a essência do direito, por materializá-lo. Por isso, digo que tal livro que é um clássico, pode e deve ser lido pelos jovens de hoje, a fim de tentar reverter essa situação, aflorando o sentimento desses para tratar o direito, com todo o sentimento de honra e moralidade, que recai principalmente na sociedade, já que o direito é um fenômeno social, que deve agir e pensar conforme esta, para conservar assim a convivência social. 
 Para concluir, enfatizo a seguinte frase de Ihering:“A luta é o trabalho eterno do direito”, e mesmo que essa busca pelo direito seja individual, ela acaba se tornando essencial, pois de pouco em pouco atingimos uma solução para todos. Então leitores cabem a nós seguirmos esta incessante luta...

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