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VT online Processo Civil II

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Prévia do material em texto

AO JUIZO DA _____VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE /MG
João Pobre Coitado, estado civil ..., portador da identidade número..., inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob número..., residente e domiciliado na Rua do Papai, número 20, apartamento 202, Bairro Nova Floresta, Belo Horizonte, Minas Gerais, Código de Endereço Postal ..., endereço eletrônico..., vem, respeitosamente, por seus advogados que esta subscrevem, e para cujo escritório localizado na Rua..., número..., em ..., Código de Endereço Postal ..., devem ser enviadas todas as intimações, perante V. Exa. para propor a presente 
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS
em face de: 
CONSTRUTORA NÃO ESTAMOS NEM AÍ LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas sob o número..., com sede na Rua..., número..., Bairro..., Nova Lima, Minas Gerais, Código de Endereço Postal ..., endereço eletrônico...;
I– DOS FATOS 
João Pobre Coitado firmou promessa de compra e venda de um imóvel localizado na Rua do Papai número 20, apartamento 202, bairro Nova Floresta, Belo Horizonte. Restou pactuado que a entrega do imóvel se daria no dia 2 de fevereiro de 2016. Previa o contrato ainda (cláusula 15ª) que a Construtora responsável pela obra, Não Estamos Nem Aí LTDA, tinha um prazo de tolerância de 180 dias para atraso da obra. Diante da não entrega do bem na data prevista, João se viu obrigado a alugar um outro imóvel pelo valor mensal de R$2000,00.
Consta ainda no contrato firmado que, na hipótese de atraso de pagamento, o comprador deveria pagar ao vendedor multa de 2% sobre o valor da prestação devida e que havendo atraso superior a 30 dias o contrato seria considerado rescindido com incidência de cláusula penal de 10% sobre o valor do contrato.
João Pobre coitado se casou em 1° de janeiro de 2016 e o imóvel somente foi entregue em 1° de setembro de 2016, quando o Autor se mudou para o imóvel adquirido
II- DO DIREITO
A possibilidade jurídica do pedido deve ser entendida como a viabilidade de exame da pretensão do autor pelo Judiciário, ou a ausência de sua vedação pelo ordenamento jurídico.
Da incidência do Código de Defesa do Consumidor
Inicialmente é de se destacar que a presente relação é claramente regulamentada pelo Código de Defesa do Consumidor, nos termos do artigo 2º da Lei 8.078/90. 
Verificada a hipótese de aplicação do Código de Defesa do Consumidor no caso em comento, algumas normas deverão ser aplicadas na espécie para tutelar a relação processual estabelecida pelos jurisdicionados, tais como o direito à completa reparação pelos danos patrimoniais e morais suportados em decorrência da relação de consumo (art. 6, VI, CDC), hipossuficiência técnica dos Autores (art. 6, VIII, CDC), bem como a responsabilidade objetiva do fornecedor de reparar os danos/prejuízos causados a terceiros (art. 14, CDC).
Da Multa pelo Descumprimento do Contrato
Verifica-se no contrato que não há qualquer multa a ser aplicada sobre a empresa Ré em caso de descumprimento do contrato diferentemente do que podemos observar no caso de qualquer atraso em função de pagamento para o Autor.
Não se pode aceitar que um contrato, no caso de adesão, seja tão desproporcional para as duas partes ao ponto de ter obrigações e deveres a uma parte (Autor) e não ter na mesma proporção a outra (Ré).
Neste caso, deve-se aplicar a teoria da proporcionalidade dos contratos, onde devem os contratos serem proporcionais as duas partes, e constar multa/obrigações/deveres às duas partes. Quando não se tem estes três pontos bem definido no contrato, cabe ao judiciário a aplicação e a regularização desta diferença.
Diante disto, uma vez que o contrato foi descumprido pela empresa Ré, e não há multa para ser executada, requerer que seja aplicada a mesma multa prevista para ser aplicada ao consumidor, ora Autor, ou seja, o valor correspondente a 2% do valor da prestação mensal para cada mês de atraso da obra, e, como o atraso foi superior a 30 dias, a incidência de cláusula penal de 10% sobre o valor do contrato.
Dos Danos Materiais
Consoante já mencionado na presente inicial, diversos foram os problemas sofridos pelo Autor, por culpa exclusiva da empresa Ré. O Autor teve inclusive que suportar prejuízos com o pagamento de aluguel de apartamento para morar com sua espôsa até que o imóvel adquirido lhe fosse entregue.
Nosso ordenamento pátrio, Código Civil, no artigo 927, assim dispõe: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imperícia, violar direito ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano". (grifo nosso).
Assim, tendo em vista que a culpa pelo atraso foi única e exclusiva da empresa Ré, esta tem que reparar os valores pelos autores suportados em virtude do atraso das obras. Não devendo recair sobre esta, que cumpriu sua parte no contrato. Durante os 7(sete) meses de atraso para entrega do imóvel adquirido o Autor necessitou alugar um apartamento com o valor do aluguel corresponde a R$2.000,00 por mês, fazendo jus ao ressarcimento de um total de R$ 14.000,00 (quatorze mil e reais).
Assim, requer seja condenada a empresa Ré a pagar os valores que os autores receberiam de aluguel, fazendo assim com que eles não tenham tanto prejuízo pelo atraso na obra.
Da indenização por danos de natureza moral
Ultrapassados os aspectos acima mencionados, tem-se que no Direito Privado, a responsabilidade civil, consubstanciada no dever de indenizar o dano sofrido por outrem, advém do ato ilícito, resultante da violação da ordem jurídica com ofensa ao direito alheio e lesão ao respectivo titular. O pedido indenizatório, fundado em prejuízo material ou moral, exige à sua eficácia a prova de ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente, além do nexo causal entre o comportamento danoso e a lesão que resultará. Estas características se assentam na teoria subjetiva ou da culpa, em cuja etiologia encontram-se presentes esses três elementos essenciais, a saber, o evento contrário ao direito, o dano e o nexo causal.
Nesse sentido, pontifica Humberto Theodoro Júnior:
“O dever de reparar o prejuízo gerado pelo ato ilícito assenta-se na conjugação necessária de três elementos fundamentais:
- a culpa lato sensu, de maneira que só o fato lesivo intencional ou imputável ao agente por omissão de dever autoriza a responsabilidade civil;
- o dano, ou seja, a lesão provocada no patrimônio da vítima; e
- o nexo de causalidade entre o dano e o comportamento censurável do agente”.
Ou seja, para que exista condenação em danos, sejam estes de natureza material ou moral, é imprescindível a demonstração dos três elementos da responsabilidade civil, quais sejam, o ato ilícito, o dano, e o nexo de causalidade entre eles.
Em se tratando de questionamento relativo a danos de natureza extrapatrimonial, tem-se que os elementos ato ilícito e dano devem ser tratados de forma separada, para fins de facilitar a compreensão.
Para fins de demonstração dos danos de natureza extrapatrimonial, tem-se que, no momento da aquisição, foi oferecido um contrato com termos pré-estabelecidos aos autores, os quais continham, dentre inúmeras outras coisas, os dados referentes ao apartamento, bem como prazo de entrega. Naquele momento foi o autor informado também sobre seus deveres, inclusive no tocante aos valores que deveriam ser pagos, bem como a forma.
Ocorre que, a despeito de ter o autor, cumprido para com todas as obrigações que lhe cabiam até o presente momento, não obteve a correspondente contraprestação, pela empresa Ré.
O ato ilícito, para fins demonstração da existência da responsabilidade extrapatrimonial decorre do descumprimento do pacto firmado entre as partes, pela empresa Ré.
Também constitui ato ilícito o fato de ter o imóvel sido adquirido para convívio da família e ter os autores suportado o atraso sem qualquer compensação por tal.
O dano, no caso em tela, também é flagrante. Isso porque, ao adquirir um imóvel, detém o cliente inúmeras expectativas referentesà finalidade que será dada àquele bem. Pode ele servir, por exemplo, para moradia ou investimento. Fato é que presume-se passar a utilizar do bem na data informada no contrato, o que não ocorreu no caso presente, o que acabou por causar grandes frustrações e constrangimento.
O dano decorre, portanto, do fato de ter o autor ficado impedido de se utilizar de patrimônio regularmente adquirido por força de descumprimento contratual da empresa Ré, e por grande período de tempo. Não pode-se entender como dano moral apenas o atraso e o descumprimento do contrato. Para isso existe multa. Devemos considerar o constrangimento que o atraso causou, não só ao Autor como também à sua esposa, que tiveram frustradas suas expectativas de ocuparem o imóvel assim que se casaram. 
Por fim, tem-se como claro o nexo de causalidade, vez que o evento danoso, decorreu, de forma única e exclusiva, de atos ilícitos praticados pela empresa Ré, acima mencionados.
Com tais considerações, resta inconteste a necessidade de se impor, à Ré a obrigação de indenizar os autores.
Neste sentido, é o entendimento jurisprudencial:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - ATRASO SIGNIFICATIVO NO INÍCIO DAS OBRAS E NA ENTREGA DO BEM - RESPONSABILIDADE DA CONSTRUTORA RECONHECIDA - DANO MORAL CONFIGURADO - INDENIZAÇÃO - FIXAÇÃO EM QUANTIA RAZOÁVEL. O atraso injustificado e descomedido da construtora ré em dar início às obras de construção da unidade imobiliária adquirida pela parte autora, frustrando o cumprimento do contrato de promessa de compra e venda firmado entre as partes e, sobretudo, o sonho desta última de adquirir a sua própria residência, bem como causando-lhe imensuráveis transtornos que ultrapassaram, em muito, o mero dissabor, deixa patente a responsabilidade da empresa ré e a configuração de um verdadeiro dano moral suportado pelo requerente/contratante. A indenização deve ser fixada segundo critérios de razoabilidade e proporcionalidade, com observância das peculiaridades do caso e buscando sempre atingir os objetivos do instituto do dano moral, quais sejam, compensar a parte lesada pelos prejuízos vivenciados, punir o agente e inibi-lo na adoção de novas condutas ilícitas, sem jamais implicar no enriquecimento indevido do indenizado. (Apelação Cível 1.0024.09.572250-0/001, Rel. Des.(a) Arnaldo Maciel, 18ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 26/03/2013, publicação da sumula em 03/04/2013).
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO COMINATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - ATRASO NA ENTREGA DA OBRA - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - FIXAÇÃO - RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE - DANOS MATERIAIS - RESSARCIMENTO - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. O atraso na entrega da obra gera dano moral, haja vista a situação de angústia e frustração de legítima expectativa ao direito de moradia própria experimentada pelo consumidor. A indenização por danos morais deve ser fixada em valor suficiente a compensar o ofendido pelo prejuízo experimentado, sem gerar enriquecimento indevido, desestimulando, por outro lado, a reiteração da conduta pelo ofensor, o que exige do magistrado a observância dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Os danos materiais restaram configurados, pois a partir de 11/11/2010 houve pagamento indevido de valores por parte da autora, a título de juros, em razão de atraso da entrega do apartamento e descumprimento do contrato, devendo, portanto, a autora ser ressarcida em relação a eles. (Apelação Cível 1.0145.11.054064-1/001, Rel. Des.(a) Rogério Medeiros, 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 28/02/2013, publicação da sumula em 08/03/2013).
Consoante pacífico na jurisprudência, a fixação do valor da indenização por danos de natureza moral consiste das tarefas mais árduas ao julgador, vez que deve, de acordo com o caso em concreto, valorar o caráter pedagógico e punitivo desse instituto, em contrapartida ao reparatório.
De acordo com a finalidade pedagógica/punitiva, deve o valor da indenização ser suficiente a representar uma forma de repreensão, para que o ofensor se abstenha de novas práticas como aquela, ou mesmo de sua manutenção. Deve ainda ter o caráter reparatório, ou seja, deve servir como forma de ressarcimento, ao ofendido.
Em outras palavras, tem-se que a condenação deve ser suficiente para “atingir o patrimônio do causador do dano com o intuito salutar e moderado de propiciar a sua reflexão e de evitar a sua reincidência em circunstâncias análogas (TJMG, Ap. Cível 287.528-9)”.
É este o entendimento jurisprudencial acerca da questão:
Prevendo o contrato multa moratória para o caso de descumprimento contratual por parte do consumidor, a mesma multa deverá ser aplicada ao fornecedor, caso seja deste a mora ou o inadimplemento, em razão da equidade nas contratações, premissa básica do Código de Defesa do Consumidor.
O dano moral sofrido nos casos de atraso na entrega do imóvel é inconteste, pois, basta considerar o dissabor, o descontentamento, a aflição, a sensação de impotência, a frustração que suportou 0 Autor e sua esposa pela espera da entrega do imóvel.
O quantum indenizatório deve ser fixado com razoabilidade, atento às circunstâncias do caso concreto e orientado pelos critérios construídos pela doutrina e a jurisprudência.
III- DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIAGRATUITA
O autor declara ser pobre no sentido legal, não possuindo recursos para arcar com as custas do processo, sem prejuízo do seu sustento próprio ou de sua família, razão pela qual vêm requerer as benesses previstas no art. 98 do CPC;2015. 
IV- DOS PEDIDOS
Diante de tais fatos, o Autor requer sejam julgados procedentes os pedidos iniciais para:
Condenar a empresa Ré em multa por descumprimento de contrato, pelo prazo de 7 (sete) meses, visto que não há esta fixação no corpo do contrato, não inferir a 10% sobre o valor do contrato, nos termos informados acima;
Condenar à empresa Ré ao pagamento dos alugueis que o Autor teve que pagar para residir pelo período de atraso no importe de R$ 2000,00 por mês de atraso, totalizando R$ 14.000,00 (quatorze mil reais).
Aplicação isonômica das cláusulas contratuais, condenando a empresa Ré a multa de 2% do valor correspondente ao valor de cada mensalidade paga pelo Autor durante o período de atraso da obra, qual seja, de 2/2/2016 a 1/9/2016, totalizando 7(sete) mensalidades. 
Condenar a empresa requerida ao pagamento de indenização por danos morais, em valor a ser arbitrado por este Douto Magistrado, de modo a refletir o caráter pedagógico e punitivo da condenação, sob pena de ser mais vantajoso para os requeridos continuar com a prática das condutas do que se adequar à Lei para cada autor.
Por fim, requerer seja condenada a empresa Ré aos pagamentos dos honorários de sucumbência, fixando em 20% sobre o valor da condenação, bem como a restituição das custas gastas no processo.
V- DOS REQUERIMENTOS
Isso posto:
Requer os Autores a citação da Ré para contestar, acaso queira, sob pena de confesso e revelia; 
Requer que todas as publicações feitas no presente processado sejam em nome do advogado.
Por fim, o cadastramento do advogado subscritor da presente, para recebimento de futuras publicações.
Dá-se à presente causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), para efeitos meramente fiscais.
Local. Data.
_______________________________________
Nome do Advogado
OAB – Estado e Número
Nome do Advogado
Ordem dos Advogados do Brasil número ....

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