Buscar

Luquet e o grafismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Luquet – E o Grafismo Infanti 
 
As concepções de arte que permearam os primeiros estudos estavam calcadas em uma 
produção estética idealista e naturalista de representação da realidade. Sendo a habilidade 
técnica, portanto, uma fator prioritário. Foram poucos os pesquisadores que se ocuparam dos 
aspectos estéticos dos desenhos infantis 
Luquet (1927 - França) fala dos 'erros' e 'imperfeições' do desenho da criança que atribui a 
'inabilidade' e 'falta de atenção', além de afirmar que existe uma tendência natural e voluntária da 
criança para o realismo. 
É assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria individualmente formas expressivas, 
integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então ser apropriadas 
pelas leituras simbólicas de outras crianças e adultos. 
O desenho está também intimamente ligado com o desenvolvimento da escrita. Parte atraente do 
universo adulto, dotada de prestigio por ser "secreta", a escrita exerce uma verdadeira fascinação 
sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar verdadeiros signos. Muito cedo ela 
tenta imitar a escrita dos adultos. Porém, mais tarde, quando ingressa na escola verifica-se uma 
diminuição da produção gráfica, já que a escrita ( considerada mais importante) passa a ser 
concorrente do desenho. 
O desenho como possibilidade de brincar, o desenho como possibilidade de falar de registrar, 
marca o desenvolvimento da infância, porém em cada estágio, o desenho assume um caráter 
próprio. Estes estágios definem maneiras de desenhar que são bastante similares em todas as 
crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade. Esta maneira de 
desenhar própria de cada idade varia, inclusive, muito pouco de cultura para cultura. 
 
Luquet Distingue Quatro Estágios: 
1- Realismo fortuito: começa por volta dos 2 anos e põe fim ao período chamado rabisco. A 
criança que começou por traçar signos sem desejo de representação descobre por acaso uma 
analogia com um objeto e passa a nomear seu desenho. 
2- Realismo fracassado: Geralmente entre 3 e 4 anos tendo descoberto a identidade forma-
objeto, a criança procura reproduzir esta forma. 
3- Realismo intelectual: estendendo-se dos 4 aos 10-12 anos, caracteriza-se pelo fato que a 
criança desenha do objeto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe. Nesta fase ela mistura 
diversos pontos de vista ( perspectivas ). 
4- Realismo visual: É geralmente por volta dos 12 anos, marcado pela descoberta da 
perspectiva e a submissa às suas leis, daí um empobrecimento, um enxugamento progressivo do 
grafismo que tende a se juntar as produções adultas. 
 
Análise Piagetiana: 
1 - Garatuja: Faz parte da fase sensório motora ( 0 a 2 anos) e parte da fase pré-operacional (2 a 
7 anos). A criança demonstra extremo prazer nesta fase. A figura humana é inexistente ou pode 
aparecer da maneira imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o interesse pelo 
contraste, mas não há intenção consciente. Pode ser dividida em: 
• Desordenada: movimentos amplos e desordenados. Com relação a expressão, vemos a 
imitação "eu imito, porém não represento". Ainda é um exercício. 
• Ordenada: movimentos longitudinais e circulares; coordenação viso-motora. A figura humana 
pode aparecer de maneira imaginária, pois aqui existe a exploração do traçado; interesse pelas 
formas (Diagrama). 
Aqui a expressão é o jogo simbólico: "eu represento sozinho". O símbolo já existe. Identificada: 
mudança de movimentos; formas irreconhecíveis com significado; atribui nomes, conta histórias. 
A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, aparecem sóis, radiais e mandalas. A 
expressão também é o jogo simbólico. 
 
2 - Pré- Esquematismo: Dentro da fase pré-operatória, aparece a descoberta da relação entre 
desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos são dispersos inicialmente, 
não relaciona entre si. Então aparecem as primeiras relações espaciais, surgindo devido à 
vínculos emocionais. A figura humana, torna-se uma procura de um conceito que depende do seu 
conhecimento ativo, inicia a mudança de símbolos. Quanto a utilização das cores, pode usar, mas 
não há relação ainda com a realidade, dependerá do interesse emocional. Dentro da expressão, o 
jogo simbólico aparece como: "nós representamos juntos". 
 
3 - Esquematismo: Faz parte da fase das operações concretas (7 a 10 anos).Esquemas 
representativos, afirmação de si mediante repetição flexível do esquema; experiências novas são 
expressas pelo desvio do esquema. Quanto ao espaço, é o primeiro conceito definido de espaço: 
linha de base. Já tem um conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do 
esquema como: exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aqui existe a descoberta 
das relações quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por 
experiência emocional. Aparece na expressão o jogo simbólico coletivo ou jogo dramático e a 
regra. 
 
4 - Realismo: Também faz parte da fase das operações concretas, mas já no final desta fase. 
Existe uma consciência maior do sexo e autocrítica pronunciada. No espaço é descoberto o plano 
e a superposição. Abandona a linha de base. Na figura humana aparece o abandono das linhas. 
As formas geométricas aparecem. Maior rigidez e formalismo. Acentuação das roupas 
diferenciando os sexos. Aqui acontece o abandono do esquema de cor, a acentuação será de 
enfoque emocional. Tanto no Esquematismo como no Realismo, o jogo simbólico é coletivo, jogo 
dramático e regras existiram. 
 
5 - Pseudo Naturalismo: Estamos na fase das operações abstratas (10 anos em diante)É o fim 
da arte como atividade expontânea. Inicia a investigação de sua própria personalidade. Aparece 
aqui dois tipos de tendência: visual (realismo, objetividade); háptico ( expressão subjetividade) No 
espaço já apresenta a profundidade ou a preocupação com experiências emocionais (espaço 
subjetivo). Na figura humana as características sexuais são exageradas, presença das 
articulações e proporções. A consciência visual (realismo) ou acentuação da expressão, também 
fazem parte deste período. Uma maior conscientização no uso da cor, podendo ser objetiva ou 
subjetiva. A expressão aparece como: "eu represento e você vê" Aqui estão presentes o 
exercício, símbolo e a regra. 
 
E ainda alguns psicólogos e pedagogos, em uma linguagem mais coloquial, utilizam as 
seguintes referencias: 
• De 1 a 3 anos É a idade das famosas garatujas: simples riscos ainda desprovidos de controle 
motor, a criança ignora os limites do papel e mexa todo o corpo para desenhar, avançando os 
traçados pelas paredes e chão. As primeiras garatujas são linhas longitudinais que, com o tempo, 
vão se tornando circulares e, por fim, se fecham em formas independentes, que ficam soltas na 
página. No final dessa fase, é possível que surjam os primeiros indícios de figuras humanas, 
como cabeças com olhos. 
• De 3 a 4 anos Já conquistou a forma e seus desenhos têm a intenção de reproduzir algo. Ela 
também respeita melhor os limites do papel. Mas o grande salto é ser capaz de desenhar um ser 
humano reconhecível, com pernas, braços, pescoço e tronco. 
• De 4 a 5 anosÉ uma fase de temas clássicos do desenho infantil, como paisagens, casinhas, 
flores, super-heróis, veículos e animais, varia no uso das cores, buscando um certo realismo. 
Suas figuras humanas já dispõem de novos detalhes, como cabelos, pés e mãos, e a distribuição 
dos desenhos no papel obedecem a uma certa lógica, do tipo céu no alto da folha. Aparece ainda 
a tendência à antropomorfização, ou seja, a emprestar características humanas a elementos da 
natureza, como o famoso sol com olhos e boca. Estatendência deve se estender até 7 ou 8 anos. 
• De 5 a 6 anosOs desenhos sempre se baseiam em roteiros com começo, meio e fim. As figuras 
humanas aparecem vestidas e a criança dá grande atenção a detalhes como as cores. Os temas 
variam e o fato de não terem nada a ver com a vida dela são um indício de desprendimento e 
capacidade de contar histórias sobre o mundo. 
• De 7 a 8 anosO realismo é a marca desta fase, em que surge também a noção de perspectiva. 
Ou seja, os desenhos da criança já dão uma impressão de profundidade e distância. 
Extremamente exigentes, muitas deixam de desenhar, se acham que seus trabalhos não ficam 
bonitos. 
 
Como podemos perceber o linha de evolução é similar mudando com maior ênfase o enfoque em 
alguns aspectos. O importante é respeitar os ritmos de cada criança e permitir que ela possa 
desenhar livremente, sem intervenção direta, explorando diversos materiais, suportes e situações. 
Para tentarmos entender melhor o universo infantil muitas vezes buscamos interpretar os seus 
desenhos, devemos porem lembrar que a interpretação de um desenho isolada do contexto em 
que foi elaborado não faz sentido. 
É aconselhável, ao professor, que ofereça às crianças o contato com diferentes tipos de 
desenhos e obras de artes, que elas façam a leitura de suas produções e escutem a de outros e 
também que sugira a criança desenhar a partir de observações diversas (cenas, objetos, 
pessoas) para que possamos ajudá-la a nutrisse de informações e enriquecer o seu grafismo. 
Assim elas poderão reformular suas idéias e construir novos conhecimentos. 
Enfim, o desenho infantil é um universo cheio de mundos a serem explorados. 
 
Referências Bibliográficas LUQUET, G.H. Arte Infantil. Lisboa: Companhia Editora do Minho, 
1969.

Outros materiais