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TRABALHO ESCRAVO PETIÇÃO

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Redução a condição análoga à de escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho,quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:I – contra criança ou adolescente;II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (grifou-se)
A prática de escravidão contraria todos os objetivos fundamentais da República, que busca ser uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, inciso I, da Constituição Federal), tendo primado pela valorização do trabalho humano (arts. 170 e 193 da mesma carta) e a melhoria das condições sociais laborais (art. 7º,
caput 
), não se devendo olvidar a menção à proteção da dignidade da pessoa humana (art.1º, inciso III)Certo é que no contrato de trabalho existe a subordinação jurídica do trabalhador ao empregador, atinente às ordens necessárias ao desenvolvimento do labor, pois o empregador é aquele que“admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços” (art. 2º da CLT), restringindo-se, destarte, à condução da produção e apenas durante a jornada de trabalho. Entretanto, ressalva-se o direito do obreiro resistir ao rigor excessivo dessa condução,facultando-se-lhe rescindir o pacto laboral, por justa causa patronal, sempre que este abusar do seu poderdiretivo,
ex vi
do art. 483, “h” da CLT. Havendo a submissão total do trabalhador à vontade do empregador, com o cerceamento de sua liberdade pessoal, por meio de uma das condutas do art. 149 do Código Penal, restará configurado o crime de redução à condição análoga à de escravo, também denominado de
crime de plágio.
2
Assim, pode-se afirmar que a ocorrência deste delito se caracteriza pela negação de direitostrabalhistas, violação de direitos humanos e cerceamento da liberdade individual.Com efeito, a conduta da
RÉ
merece a reprovação mais profunda deste M.M. Juízo, poisarregimentaram mão-de-obra nos moldes do que se denomina escravagismo contemporâneo, em quetrabalhadores em situação de extrema pobreza são ludibriados por promessas fantasiosas e coagidos, morale fisicamente, ao trabalho em condições indignas, quais sejam:a) jornada de trabalho extensiva;
2
Pl
á
gio
(plagium) para os romanos era o crime de “desvio de escravo” e plagi
á
rio era quem tomava para si escravoalheio. A evolu
çã
o do voc
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bulo passou a significar apropria
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fico alheio(BELISARIO, Luiz Guilherme.
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o de trabalhadores rurais
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de escravos:
umproblema de direito penal trabalhista. S
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o Paulo: Ltr, 2005, p. 16 e p. 18-19).Rua Santana, nº 2496 – 3º andar – Sala 02 CEP 97510-470 – Uruguaiana/RS
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b) não fornecimento de Equipamento de Proteção Individual e exposição direta aagrotóxicos;c) não fornecimento de abrigos e alojamentos para proteção contra intempéries emcondições sanitárias minimamente adequadas e higiênicas;d) falta de condições mínimas de conforto e higiene para repouso e alimentação;e) não fornecimento de água potável durante o trabalho;f) manutenção de “segurança” armada na propriedade;g) total falta de respeito no tratamento com os trabalhadores;h) alimentação de péssima qualidade nutritiva e preparada sem a menor higiene;i) falta de prestação de socorro e caixa de medicamentos no local de trabalho; j) ausência de exames médicos admissionais.
III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS1. Da admissão
Conforme já foi aduzido, os trabalhadores embarcaram no ônibus em Uruguaiana no dia 13de fevereiro e chegaram em Vacaria no dia 14, mas a
RÉ
fez constar na CTPS do
AUTOR
a data de iníciodo contrato de trabalho como 15 de fevereiro.Assim, há de ser retificada para que passe a constar o dia 13 de fevereiro de 2008.
2. Da jornada de trabalho
O
AUTOR
exercia as atividades obreiras das segundas-feiras aos domingos, iniciando suas jornadas diárias às 6h da manhã e encerrando às 18h e 30min, com apenas em torno de 55min para oalmoço, sem jamais ter recebido as horas extras e domingos trabalhados.Dessa forma, realizava 2h e 30min horas extras diárias durante o período de vinte e umdias, totalizando semanalmente 100h e 30min de horas de trabalho, ultrapassando, bem além, os limiteslegais.O
AUTOR
também não gozava do intervalo legal intrajornada de no mínimo 1h pararepouso e almoço, devendo, nos termos do §4º do art. 71 da CLT, estas horas serem consideradas comoextraordinárias, totalizando, ao longo dos 21 dias o direito de receber mais 21h de horas extras.Uma vez que laborou em jornada extraordinária, faz jus ao descanso semanal remuneradorelativo às horas extras, consoante a Lei n.º 605/49 e Enunciado n. 172 do TST.Do mesmo modo, faz jus à incorporação em sua remuneração mensal de todas as horasextras trabalhadas habitualmente com reflexos em todas demais verbas que lhe vierem a ser deferidas.
Rua Santana, nº 2496 – 3º andar – Sala 02 CEP 97510-470 – Uruguaiana/RS
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Caso Vossa Excelência compreender de maneira diversa, o que se admite apenas porprudência, é-lhe devido o pagamento por trabalhar mais que oito horas por dia e quarenta e quatro nasemana.
3. Da remuneração�
Caso Vossa Excelência compreender de maneira diversa, o que se admite apenas por prudência, é-lhe devido o pagamento por trabalhar mais que oito horas por dia e quarenta e quatro nasemana.
3. Da remuneração
Já foi dito alhures que cada grupo de oito colhedores de maçã receberia o adicional deR$9,00 por cada “bins”. Uma vez que a meta para cada trabalhador era de 36 por dia, faz jus o
AUTOR
aorepasse do valor de R$ 850,50 (oitocentos e cinqüenta reais e cinqüenta centavos) equivalente aos 21 diasde trabalho.O salário pago é ilegal, pois é aquém do salário normativo de R$ 455,00 (quatrocentos ecinqüenta e cinco reais), conforme convenção anexa.Portanto, possui direito a perceber as diferenças salariais e que seja calculada todas ashoras extras que fazia semanalmente e demais verbas nesse piso.
4. Do adicional de insalubridade
O
AUTOR
e demais trabalhadores eram expostos ao contato direto com os agrotóxicos jorrados nas maçãs que eram colhidas sem o fornecimento de qualquer Equipamento de ProteçãoIndividual.Assim, faz jus ao recebimento do adicional de insalubridade em grau máximo a sercalculado com base em seu salário normativo.
5. Da despedida do AUTOR
O
AUTOR
foi demitido sem justa causa sendo que em seu termo de rescisão a
RÉ
fezconstar “pedido de demissão sem justa causa”.Foi-lhe paga na oportunidade a ínfima quantia de
R$ 123,36 (cento e vinte e três reais etrinta e seis centavos)
, sendo-lhe devido o alvará para levantamento das quantias do FGTS, se é que foidepositado, com multa de 40%, diferenças dos reflexos sobre a remuneração a título de férias proporcionaisacrescidas do terço constitucional em 1/12, décimo terceiro salário proporcional em 1/12, indenizaçãoequivalente à metade do valor a que teria direito até o fim do contrato de safra (art. 479 da CLT), incluindo-se os salários, 13º salário e as férias proporcionais (calculados pela média) mais um terço.O não pagamento das parcelas rescisórias no prazo do §6º do art. 477 da CLT implicanopagamento da multa prevista no seu §8º. Cabe, ainda, o acréscimo previsto no art. 467 da CLT na hipótesedessasverbas não serem pagas na primeira audiência.
6. Dos danos morais
As condições de trabalho suportada pelo
AUTOR
e demais trabalhadores durante operíodo em que ficaram sob o jugo da
RÉ
se caracteriza pelo crime tipificado no art. 149 do Código Penal,quer seja, redução de trabalhador à condição analoga à de escravo.
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Como já foi afirmado outrora, a pouca alimentação fornecida aos trabalhadores não atendiasatisfatoriamente as suas necessidades fisiológicas, levando-os a serem acometidos por enfermidades esentirem muita fraqueza para o desempenho do trabalho.Não há de se olvidar da falta de água potável que não era fornecida no desenvolver dotrabalho, levando com que os trabalhadores, para saciar a sede, tivessem de comer maçãs que recentementehaviam sido expostas a agrotóxicos.A
RÉ
não fornecia as mínimas condições de higiene e salubridade na cozinha ealojamentos aos trabalhadores, sendo que estes eram muitas vezes compelidos a fazerem suas necessidadesem locais improvisados a céu aberto, ou no mato.Os prepostos da
RÉ
propositalmente jorravam os agrotóxicos nas maçãs de forma queatingissem diretamente os trabalhadores que estavam desprotegidos sem qualquer EPI.Por fim, sentiam-se coagidos pela constante observância e injúrias proferidas pelos demaisprepostos da
RÉ
que sempre portavam armamento de fogoOs danos morais sofridos encontram-se demonstrados cabendo, portanto, a suaindenização, prevista, a princípio, pela Constituição Federal em seu art. 5º, incisos V e X.É preciso reconhecer que o problema enfrentado não se limita apenas ao resgate dosdireitos sociais e econômicos, pois é inegável que a prática atinge a própria condição de pessoa das vítimase sua dignidade.A fixação da indenização do dano moral deve ser proporcional à lesão cometida econsiderar as condições financeiras do agente de modo a punir e coibir a reincidência na conduta.Assim, considerando-se que o piso salarial do
AUTOR
era de R$ 455,00 (quatrocentos ecinqüenta e cinco reais), requer a condenação por danos morais no dobro do valor deste piso por dia sujeitoà condição degradante.Tendo sido vinte e um dias trabalhados sob tais circunstâncias, possui direito a receber R$19.110 (dezenove mil cento e dez reais).
II – DO PEDIDO
Isso posto, requer a Vossa Excelência o seguinte:
1)
a concessão do benefício da Justiça Gratuita, art. 790, §3, CLT, ensejando a isenção dascustas processuais e honorários advocatícios, por ser o
AUTOR
pobre na acepção legal dotermo, não podendo arcar com tais ônus;
2)
o afastamento da norma do art. 651,
caput,
da CLT no caso concreto, atendendo-se aoprincípio constitucional de livre acesso à Justiça, permitindo o trâmite do processo na Varado Trabalho de Uruguaiana;
3)
a procedência da presente
AÇÃO TRABALHISTA
, reconhecendo-se as horas extrastrabalhadas habitualmente, consoante elucidado, incorporando-as na sua remuneração, bemcomo a incidência das horas extras habituais na base de cálculo das demais parcelaspleiteadas, da
AUTOR
a ser apurado
 
por técnico de confiança deste juízo
,
condenando aempresa
RÉ
ao pagamento de:
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a)
horas extras prestadas diariamente além da oitava contínua;
b)
horas extras prestadas semanalmente além da quadragésima quarta sexta;
c)
horas extras pelo trabalho em domingos e feriados;
d)
horas extras pelo não descanso intrajornada;
e)
férias proporcionais acrescidas do terço constitucional calculada em 1/12;
f)
décimo terceiro proporcional calculado em 1/12;
g)
a condenação da
RÉ
à multa estabelecida pelo art. 477, § 8, da CLT, pelo nãopagamento das verbas rescisórias no prazo estabelecido no § 6 do mesmo artigo.
h)
dos depósitos das diferenças refletidas pela remuneração acrescida das horas extrashabituais no FGTS, mais multa de 40%;
i)
a incidência do art. 467 da CLT quanto às verbas rescisórias incontroversas.
 j)
indenização pelos danos morais sofridos devido a redução à condição análoga à deescravo no valor de R$ 19.110,00 (dezenove mil cento e dez reais);
3)
a designação de audiência;
4)
a expedição de alvará para levantamento do FGTS;
5)
a intimação do Excelentíssimo representante do Ministério Público do Trabalho paraintervir.Protesta provar todo o alegado por prova documental, testemunhal, pericial, em especialcom o depoimento pessoal dos sócios e prepostos da empresa
RÉ
e tudo o mais que em Direito foradmitido, requerendo-se, desde já, a intimação das
RÉ
à juntada dos registros de horário.Dá-se à causa o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).Termos em queRequer deferimento.Uruguaiana, 1º de junho de 2008.
Mara Lúcia Machado da Silveira Rodrigo Aymone de Almeida Schmidt
OAB/RS 63.83�

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