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005 v5 2003

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A Questão Filosófica do Princípio de Individuação e as Restrições Decorrentes 
das Condenações de 1277 
69R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 61-74, 2003
Notas 
 11 Pierre Duviols, Algunas reflexiones acerca de las tesis de la estructura dual del 
poder incaico, Historica, v.IV, n.2, dic, pp.183-196, Lima, 1980.
 12 Ana Raquel M. da C. M. Portugal.  O conceito de ayllu nas crônicas de inte-
resse peruano do século XVI, Dissertação de Mestrado em História, Unisinos/RS, 1995, 
pag.12.
 13 “...La España del XVI es una nación mesiánica. La gloria y la riqueza caída tan 
de improviso sobre sus hombros han llevado a la mayoria al convencimiento de que éste es 
el pueblo destinado a la gloria. En su glosa a la situación, los escritores de XVI comparan 
siempre a España con Roma o Israel. Si Roma fue cabeza de la humanidad, Israel era el 
pueblo selecto, el único que tenía razón frente a sus numerosos enemigos. Como ellos, 
España tiene obligatoriamente una empresa que llevar a cabo”. Fernando Diaz-Plaja, 
História de España en sus documentos, siglo XVI, Madrid, Catedra, 1988, pag.10.
 14 panaca - “miembros de la elite cusqueña” Maria Rostworowski de Diez Can-
seco, Historia del Tahuantinsuyu, Lima, IEP, 1988, pag.201.
 22 Willian Robertson, The history of America, London, 1777.
 23 Ake Wedin, El concepto de lo incaico y las fuentes, Uppsala, Akaemiförlaget, 1966, 
pag.8.
 24 Corneille de Pauw, Recherches philosophiques sur les Américaines, Euvres 
de Pauw, t.I-III, Paris,1768-69.
 25 Willian Prescott, History of the conquest of Peru, London, Routledge, 1862.
 26 Marcos Jiménez de la Espada, De las antiguas gentes del Perú, Madrid, 1892, 
Prólogo e Apéndice I in Pedro Cieza de Léon, La guerra de Quito, Biblioteca Hispano-
Americana, t.I, Madrid, 1877 e outras obras.
 27 Clements  Markhan, The Incas of Peru, London, 1910.
 28 José de la Riva-Agüero, La Historia del Peru, Lima, 1910.
 29 Philip Ainsworth Means, Ancient civilizations of the Andes, New York 
,1931.
 30 John H. Rowe, op, cit, 1963.
 31 Ake Wedin, op. cit., 1966.
 32 Para Louis Baudin a divisão lógica era propiciada pela diferenciação profis-
sional e cronológica, ou seja, cronistas que  conheceram o Império Inca, os que chegaram 
depois da destruição deste e aqueles que não estiveram no Peru, mas recolheram os dados 
dos primeiros conquistadores, in  El imperio socialista de los incas, Santiago, 1928. Para 
Raúl Porras Barrenechea, a divisão deve ser feita em Incário, Descobrimento, Conquista, 
Guerras Civis da conquista e Cronistas pré-toledanos, toledanos e pós-toledanos, in Los 
cronistas del Perú(1528-1650) y otros ensayos, Lima, Banco de Crédito del Perú, 1986.
 33 Franklin Pease, op. cit. 1978, pag.33.
A Invenção da América Latina
Héctor H. Bruit
Professor de História da América do 
Curso de Pós-Graduação da UNI-
CAMP 
Resumo
O artigo visa explicitar o processo 
de invenção e adoção do nome e idéia 
de América Latina. A latinidade e a 
idéia de América Latina, têm a ver com 
a consciência cultural do continente. 
O nome e a idéia não existiram na 
consciência dos intelectuais americanos 
do século XIX. O nome se popularizou 
após a Segunda Guerra mundial.
Palavras-chave
latinidade - consciência - cultural - 
historiografia - literatura
Eduardo Vieira da Cruz
70 R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, n. 1, p. 61-74, 2003
A Invenção da América Latina 
71R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
Em 1991, publicou-se um livro com um título carregado de 
significado: La fortune d’um nom, América (Ronsin, 1991). De fato, o nome 
próprio que designaria o Novo Mundo, América, colocado na parte sul do 
continente no famoso mapa de Martin Waldseemuller de 1507, logo passaria 
a nomear também a parte norte. Todavia, o sucesso desse nome apagou o fato 
de que esse nome, América, sería arrebatado, no século XIX, pelo único país 
no mundo que não tinha nome: os Estados Unidos de norte-américa. Com 
a doutrina Monroe, esse nome de tanto sucesso passou a designar o país do 
norte, enquanto que a primeira América, a de Colombo, Cabral, Vespuccio 
e Moctezuma, passou a ser chamada de América Latina marginalizando 
as populações indígenas e negras. E este novo nome, também teve muito 
sucesso não obstante as resistências da Espanha que no fundo sempre se 
sentiu mais visigótica, fenícia, vândala, moura e judia, que latina.
Em seu Ensaio político sobre a ilha de Cuba, publicado em 
Paris em 1826, Humboldt alertava para a injustiça histórica de chamar de 
americanos só os cidadões dos Estados Unidos da América do Norte.
Realmente, o nome de América Latina, independentemente 
das razões ideológicas e políticas que envolveram seu nascimento, veio para 
rebatizar um continente que tinha perdido seu nome originário.
Se atribui aos franceses esta invenção. Não obstante, a invenção 
foi de dois sul-americanos, o argentino Carlos Calvo e o colombiano José 
Maria Torres Caicedo
Carlos Calvo foi um jurista importante, especialmente pelos 
tratados de Direito Internacional público e privado que publicou por volta 
de 1868. Nestas obras ele formulou o principio de que nenhum governo 
deveria apoiar com as armas reclamações pecuniárias de países devedores. 
Este principio se tornaria famoso em 1902, quando Venezuela enfrentou a 
fúria das potencias européias pelo não pagamento de empréstimos. Então, 
o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Luis M. Drago, invocou 
Héctor H. Bruit
72 R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
o principio de Calvo, ficando com o nome de doutrina Drago.
Por volta de 1864, Calvo publicou, em Paris, uma obra monu-
mental em vinte volumens com um título tão cumprido como a própria obra: 
Recueil complet dês traités, conventions, capitulations,armistices et outres actes 
diplomatiques de tous lês Etats de l’Amérique latine compris entre lê golfe du 
Mexique et lê Cap Horn depuis l’année 1493 jusqu’à nos jours... Era a primei-
ra vez que se empregava a expressão América Latina numa obra acadêmica. 
Calvo disse na dedicatória a Napoleão III que a obra era um reconhecimento 
e gratidão da raça latina à inteligência superior do Imperador.
A finalidade do jurista argentino, que também se apresentava 
como historiador, economista e geógrafo nos círculos acadêmicos de Paris, 
era dar a conhecer um continente muito mal conhecido na França e na Eu-
ropa em geral. De fato, o que se sabia provinha da imagem desenvolvida no 
século XVIII por Buffon, Reynal e Robertson entre outros. Isto é, o mundo 
americano era hostil, degenerado, nocivo e sofocante.
O colombiano Torres Caicedo, também residente em Paris, 
lançou a idéia de criar a liga Latino-américana. Em 1865, publicou um livro 
com o título Unión Latinoamericana. O projeto de Caicedo era organizar 
um movimento contrario à política pan-americana dos Estados Unidos. Ele 
escreveu: “Hay uma América anglosaxona, dinamarquesa, holandesa etc., 
Hay uma española, francesa, portuguesa e a este grupo que denominación 
científica darle sino el de latina”? (Ardao,1986).
A expressão usada com freqüência na década de sessenta era 
“raças latinas”, até existia uma publicação periódica com esse nome, Revue 
des Races Latines. Nessa época, França se preparava para invadir México. 
O ideólogo desse expansionismo era o historiador Michel Chevalier, então 
senador do Império francês. Em seu livro, Le Mexique ancien et moderne, 
publicado em 1863, desenvolveu a idéia de que França era a herdeira das 
nações católicas e lhe correspondia levar à América a tocha das raças latinas, 
A Invenção da América Latina 
73R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
isto é, francesa, italiana, espanhola e portuguesa. Considerava que estas três 
últimas nações estavam em decadência. França era a única nação católica 
que podia deter o expansionismo protestante e anglosaxão.Esta missão 
começaria em México (Phelan,1993) 
É significativo que nos artigos escritos na Revue dex Deux Mon-
des e em seu livro sobre México, Chevalier não usou a expressão América 
Latina.
Na volumosa correspondência do Mariscal Bazaine com Napo-
leãn III e com o Ministério das Relações Exteriores, entre 1862 e 1865, 
publicada no México por Genaro Garcia, não existe a idéia de América 
Latina, não existe a idéia de pan-latinismo. A finalidade de conquistar 
México, era basicamente econômica:
“De acuerdo al estado actual de la civilización mundial, la 
prosperidad de América no es indiferente a Europa, porque ella 
alimenta nuestra industria y vivifica nuestro comercio. Tenemos 
interés que la república de los Estados Unidos sea poderosa 
y próspera; pero no tenemos ninguno en que se apodere de 
todo el Golfo de México, domine, desde allí, las Antillas y la 
América del Sur”(García, 1973).
Se observa, nesta carta de Napoleão III ao general Forey datada 
de 1862, que as regiões são designadas com os nomes usados ao longo do 
século XIX, isto é, América do Sul, Antilhas, Estados Unidos e Novo 
Mundo.
Não é fácil determinar se o nome de América Latina tinha 
alguma divulgação na França e na Europa ocidental na segunda metade 
do século XIX . Não conhecemos todos os números da Revue Das races 
Latines e é mais que provável que em alguns números se falasse ou se 
usasse a expressão América Latina. Nos dois números que temos podido 
consultar, de 1858, nos permitem afirmar que a revista era mensal e dedicava 
Héctor H. Bruit
74 R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
um extenso capítulo a “les hommes de la race latine”. No número de julho, 
esse homen era José de San Martin, no número de agosto se fala sobre o 
general espanhol Leopoldo O’Donnel. Tinha uma outra sessão dedicada à 
correspondência italiana, espanhola, belga, e a correspondência da América 
do Sul. Esta sessão tinha um conteúdo econômico, mas também há estudos 
sobre as cidades italianas, espanholas, etc.
Temos também, a correspondência dos americanos residentes 
em Paris. Pela variedade e riqueza dos temas discutidos, a correspondência 
de Juan Bautista Alberdi talvez seja a mais importante. Seu remetente era 
o compatriota Francisco Javier Villanueva, médico residente no Chile. Esta 
correspondência abarca um longo período, de 1855 a 1881. Alberdi fala 
de tudo. Os fatos e processos político-econômicos da Europa e da América, 
particularmente da França e da Argentina, são objeto de sua atenção; a 
intervenção francesa no México, a intervenção espanhola no Peru, a Guerra 
da Tríplice Alianzça, o Congresso Americano de Lima, etc. Fala de políticos, 
diplomatas, escritores, poetas, publicações periódicas, livros. Por exemplo, 
se refere, entre outros, a Carlos Calvo que qualifica de oportunista. Porém, 
não escreveu uma só linha relativa a questão da latinidade, nem se utiliza 
da expressão América Latina. Não há nada sobre o livro de Chevalier nem 
sobre a expansão da latinidade como objetivo da política exterior francesa. 
(Alberdi, 1967).
Do lado americano, chama nossa atenção o fato relevante de que a 
expressão América Latina não foi usada em nenhum momento por qualquer 
dos diplomatas assistentes ao Congresso Americano de Lima (Congressos 
Americanos de Lima,1938). Também, e isto é o mais importante, a idéia 
de latinidade, a expressão América Latina, não existiram na consciência 
político-cultural dos intelectuais do continente. Se realmente a França usou 
a latinidade para justificar seu expansionismo, este instrumento caiu no vácuo 
, não passou de uma ingênua utopia. Isto, mesmo que muitos intelectuais do 
continente americano se tenham voltado para as letras francesas no século 
A Invenção da América Latina 
75R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
XIX. Mas a influência francesa foi bastante relativa. Na realidade, houve 
também uma forte influência anglo-saxónica e alemã. Como exemplos, 
podemos citar dois dos intelectuais sul-americanos de mais prestígio no 
continente: Andrés Bello e Domingo Faustino Sarmiento. Pode até ser 
surpreendente para alguns, que Bello lia muito mais autores de língua inglesa 
que francesa. Num apanhado de autores românticos, cinqüenta ao todo, no 
inventário da biblioteca de Bello, vinte e um eram de língua inglesa, onde se 
destacam Dickens, Scott, Byron, Longfellow e Macaulay; só doze autores 
franceses, entre os quais Lamartine, Hugo, Beaumarchais, Rousseau. Os 
restantes são espanhóis e alemães. (Rodriguez Monegal, 1979).
No caso de Sarmiento, um texto dele é mais claro que qualquer 
comentário:
“Los políticos que quieran llegar a ser en América los represen-
tantes de la raza latina, quisieran pararse en medio de la calle 
donde transitan carros, animales, pasajeros y todo el ajuar del 
comercio de todos los pueblos del mundo. Pretenderían dividir 
el mundo en dos mitades y ya que el istmo de Panamá va a ser 
camino público, decirse que a este lado está el atraso, el despo-
tismo de régulos ignorantes,cortados a la medida de los que han 
dejado producirse aquí y allí la raza latina, sin mirar el rostro 
del soldado que la vigia y gobierna, que es cobrizo y tostado, 
llamando latino al araucano, al azteca, quichua, al guaraní, al 
charrúa, amos de la raza de los amos que los oprimen...
Lleguemos a enderezar las vías tortuosas en que la civilización 
europea vino a extraviarse en las soledades de esta América. 
Reconozcamos el árbol por sus frutos: son malos, amargos a 
veces, escasos siempre.
La América del Sur se queda atrás y perderá su misión pro-
videncial de sucursal de la civilización moderna. No detenga-
mos a Estados Unidos en su marcha: es lo que en definitiva 
proponen algunos. Alcancemos a Estados Unidos. Seamos la 
América, como el mar es el océano. Seamos Estados Unidos 
(Sarmiento,1883).
Héctor H. Bruit
76 R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
Este texto que forma parte das conclusões de Conflicto y Armonia 
de lãs Razas em América, publicado em 1883, é contundente e não deixa 
lugar a dúvidas em relação à idéia de latinidade.
Na realidade, a idéia de latinidade era associada a idéia de 
monarquia, de conservadorismo, de anti-liberal, de anti-republicano. A 
latinidade é européia, nasceu na Roma antiga, está estreitamente ligada a 
Igreja Católica, ao autoritarismo monárquico. Desta forma foi discutida por 
alguns dos intelectuais do século XIX, como José Victorino Lastarria em 
seu livro La América.
A idéia de uma influência francesa única nos intelectuais ameri-
canos do século XIX, foi produto da propaganda hispânica que os acusava 
de afrancesados e de ferir o idioma com galicismos desnecessários. Desde a 
publicação do livro de Pedro Henríquez Ureña, Seis ensayos em busca de 
nuestra expresión, de 1928, os estudiosos da literatura continental chegaram 
a conclusão que já no século XIX, a literatura americana apresentava um 
forte cosmopolitismo. Quer dizer, não só se lia Lamartine e Balzac, mas 
também Scott, Byron e Goeth (Girardot, 1994).
Bastaria revisar as obras de José Victorino Lastarria, Juan Bau-
tista Alberdi, Manuel Bilbao, Esteban Echeverria, Juan Montalvo, Justo 
Sierra, etc. Para perceber que a idéia de América Latina não formava parte 
de seus pensamentos. Quando nomeian o continente, usan as expressões 
América, Hispáno-américa, Ibero-américa ou Sul-américa.
Quase uma excepção, foi Santiago Arcos que usou a expressão 
América Latina em seu livro sobre Argentina, La Plata, Étude Historique, 
publicado em Paris em 1865. Não obstante, a expressão mais usada por 
este escritor é raças latinas. A mesma coisa pode-se dizer de Francisco 
Bilbao, que usou a expressão “raça latino-americana”, em uma conferência 
em Paris em 1856. Mas não voltaria a usar essa expressão em seus 
trabalhos mais importantes, como o Evangelho Americano.Pelo contrário, 
A Invenção da América Latina 
77R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
condenou duramente a invasão francesa de México e situou o imperialismo 
francês no mesmo nível dos imperialismos norte-americano e russo (1999, 
Abramson).
Nos Estúdios Econômicos de Alberdi, obra editada em 1916 
e a mais importante das obras póstumas, chama nossa atenção o primeiro 
sub-título do terceiro capítulo: “La América em España, o antecedentes de 
la pobreza que forma la condición económica de la América Latina”. Nas 
quatrocentas páginas do livro, Alberdi chama o continente de Hispano-
América ou América do Sul. Então, parece ser que a expressão América 
Latina do sub-título, foi obra dos editores. Sería necessário consultar o 
manuscrito.
O mesmo pode-se falar de José Martí. Para o pensador cubano, 
América, Nossa América, só pode ser a América indígena, a negra, a 
mestiça, a “criolla”, a América do século XVI, isto é, Ibero-América. Os 
Estados Unidos são a Norte-América. Em nenhum momento, passa pelo 
pensamento de Martí a idéia de latinidade, pois América, Nossa América, 
deve procurar em suas raízes, no autóctone, sua cultura, seu governo, seu 
progresso. Rejeita a disjuntiva de Sarmiento de civilização ou barbárie:
“Por eso el libro importado ha sido vencido en América por 
el hombre natural. Los hombres naturales han vencido a los 
letrados artificiales.El mestizo autóctono ha vencido al criollo 
exótico. No hay batalla entre la civilización y la barbarie, sino 
entre la falsa erudición y la naturaleza’’(Martí,1973).
José Enrique Rodó, o mais afrancesado dos escritores do início 
do século XX, porque a devorado a Renan e a Anatole France, usou a 
expressão América Latina duas vezes em seu livro Ariel, publicado em 1900, 
em um discurso de 1905 em homenagem a Anatole France que visitava 
Montevideo, em uma corta nota jornalística com o título de “La voz de la 
Raza” a propósito da Primeira Guerra Mundial e no Mirador de Próspero. 
Porém, a expressão só tem um significado literário, sem conotações ideológicas 
Héctor H. Bruit
78 R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
que a vinculem com a latinidade. Muito pelo contrário, quando Rodo fala 
sobre o continente, sobre a unidade americana, sempre esta pensando em 
Hispano-américa. Mas vejamos um texto do escritor uruguaio:
“No necesitamos los suramericanos, cuando se trata de abonar 
esta unidad de raza, hablar de una América Latina; no 
necesitamos llamarnos latinoamericanos para levantarnos a un 
nombre general que nos comprenda a todos, porque podemos 
llamarnos algo que signifique una unidad mucho más íntima 
y concreta: podemos llamarnos “iberoamericanos”, nietos 
de la heroica y civilizadora raza que sólo políticamente se ha 
fragmentado en dos naciones europeas; y aun podríamos ir 
más allá y decir que el mismo nombre de hispanoamericanos 
conviene también a los nativos del Brasil; y yo lo confirmo con 
la autoridad de Almeida Garret; porque siendo el nombre de 
España, en su sentido original y propio, un nombre geográfico, 
un nombre de región, y no un nombre político o de nacionalidad, 
elPortugal de hoy tiene, en rigor,tan cumplido derecho a 
participar de ese nombre geográfico de España como dos 
partes de la península que constituyen la actual nacionalidad 
española; por lo cual Almeida Garret, el Poeta por excelencia 
del sentimiento nacional lusitano, afirmaba que los Portugueses 
podían, sin menoscabo de su ser independiente, llamarse 
también, y con entera propiedad, españoles”(Rodó,1956).
Este texto pertenece ao livro El Mirador de Próspero, publicado 
em 1913.
Um outro intelectual importante, contemporâneo de Rodo, foi 
José Carlos Mariátegui. Uma revisão de suas Obras Completas, permite 
observar o uso da expressão América Latina quatro vezes nos Siete Ensayos 
sobre la realidad peruana, e isto no ensaio sobre educação. A expressão 
aparece em Temas de nuestra América, que réune artigos publicados entre 
1924 e 1928. Na realidade a expressão está contida como título de um dos 
artigos: “La América Latina y la disputa boliviano-paraguaya”, e aparece 
uma vez no contexto do artigo. Não obstante, o artigo anterior se refiere 
A Invenção da América Latina 
79R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
ao ibero-americanismo e pan-americanismo. Aqui, Mariátegui discute o 
significado histórico, político e econômico dessas expressões. O interessante, 
é que o pensador peruano opõe a essas duas expressões, a idéia de uma 
américa indo-ibérica. É mais que evidente que o escritor que mais reivindicou 
o direito dos indígenas, não podia aceitar essa noção de latinidade que nada 
tem a ver com os povos aborígenes. Usou a expressão América Latina, mas 
não se deu ao trabalho de discuti-la, porque talvez a encontrasse injusta e 
inoportuna. (Mariátegui,1994).
Da mesma forma, outro intelectual importante de inicio do século 
XX, o mexicano José Vascocelos em seu livro sobre questões americanas, 
Bolivarismo y Monrroísmo, editado em 1929, usa as expressões hispano-
américa, ibero-américa, novo mundo. Para este pensador, a latinidade devia 
ser alguma coisa exótica na medida em que ele pensava América como o 
continente criador de uma raça superior, a raça cósmica, que era a fusão 
final de todas as raças. (Vasconcelos, 1935)
Uma rara excepção, é o livro de Francisco Garcia Calderon, 
Les Démocraties latines de l’Amérique, de 1914. Este diplomata perua-
no que tem vivido por anos em Paris, que fala e escreve com perfeição o 
francês, segundo disse no prefácio do livro Raimond Poincaré, não só usou 
a expressão América Latina, mas talvez tenha sido o primeiro intelectual 
americano a discutir a importância e o significado da latinidade. Considerou 
que a latinidade do continente, era o resultado de três forças de pressão: 
o catolicismo, a legislação romana e a cultura francesa. A lei romana foi a 
base da legislação espanhola a partir de Alfonso X o Sábio, com as Par-
tidas. O catolicismo está indissoluvelmente unido à autoridade romana na 
pessoa do Rei: na Espanha e na América, o Príncipe é ao mesmo tempo 
pastor da Igreja. Sob a dupla pressão do catolicismo e da legislação romana, 
América se latinizou. América aprende a respeitar as leis e se disciplina 
tanto na vida religiosa como na vida civil. Finalmente, as idéias francesas, 
juntam-se a essas duas forças, preparam primeiro a revolução, depois passam 
Héctor H. Bruit
80 R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
a governar os espíritos americanos desde a independência até nossos dias 
(Garcia-Calderon,1914).
No geral, se pudéssemos fazer um balanço de todos os escri-
tores americanos que se interessaran por traçar o perfil do continente, sua 
identidade, observaríamos que a maior parte se mostrou preocupado com 
as questões autóctones, pelas raízes históricas definidas da cultura nacional 
ou continental. Foi o caso de Sarmiento com Facundo; Ezequiel Martinez 
Estrada com Radiografia de la Pampa de 1933; Ricardo Rojas com Eu-
ríndia de 1924; Alfonso Reyes com Visión de Anáhuac de 1917. Enfim, 
escritores importantes do século XX, como Octavio Paz, Samuel Ramos, 
German Arciniegas, Benjamin Subercaseaux, Lezama Lima, Haya de la 
Torre, Pedro Henríquez Ureña, preferiram falar de América, de Hispano-
América ou de Ibero-América.
Todavia, outro intelectual que discutiu a questão da latinidade 
dos americanos, foi o peruano Victor Raúl Haya de la Torre em seu livro 
de 1928, A donde va Indoamérica?
Nesta obra ele propõe o nome de Indo-américa para o continente, 
não apenas para reivindicar as raças aborígenes, mas com a finalidade idoló-
gica de iniciar um movimento político de alcance continental para despertar 
essa enorme mola comprimida.
Para Haya de la Torre, o nome de indo-smérica designa a nova 
América, a América revolucionaria, a Américado século XX. América 
Latina, era o nome da América republicana do século XIX, e Ibero-américa 
correspondia à América colonial. É interessante transcrever um par de pa-
rágrafos deste pensador:
“Es el latinoamericanismo una invención gala?, como afirma 
Jiménez de Asúa. yo no lo acompañaria en su afirmación. 
Históricamente, el latinoamericanismo me parece una expresión 
renacentista. Cercada la América por la Inquisición, vivía, 
A Invenção da América Latina 
81R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 69-88, 2003
intelectualmente, en la Edad Media. Francia nos importa de 
contrabando una proyección del Renacimiento, del paganismo, 
en la acepción eminente del vocablo, del pensamiento latino re-
surrexo en Europa. Es innegable que nuestra revolución contra 
el imperialismo feudal español tiene, intelectualmente, raíz libe-
ral francesa, médula latina. Nuestro paradojal republicanismo 
se contextura en mucho a la francesa. Bolivar es un latinista 
brillante y jura, románticamente, luchar por la independencia 
de América, desde el Aventino, frente a las ruinas de Roma, 
cuna de las concepciones clásicas de los derechos del demos. 
Los Enciclopedistas, la Revolución Francesa y la legislación 
napoleónica de inspiración latina acodan en América. La in-
dependencia se inspira en Francia y varios países, entre otros 
el Perú, adoptan hasta la división política y la denominación 
burocrática de la república francesa. Haití, república negra que 
habla frances, se independiza antes que nosotros. Sus arcas 
ayudan cuantiosamente a Bolivar, protegido del plan Pétion y 
cuando México les pide auxilios económicos para la lucha con-
tra Espanha, hallan los haitianos que no tienen más fondos.
La expresión latinoamericanismo corresponde, pues, innega-
blemente, a nuestra época republicana y responde más a ella 
que el restringido y colonial hispanoamericanismo...
Los vanguardistas, los apristas, los antiimperialistas de Amé-
rica, inclinados a la interpretación económica de la historia, 
hemos adoptado la denominación Indoamérica como expresión 
fundamental” (Haya de la Torre, 1936).
A proposta de Haya não vingou por varias razões: o preconceito 
contra o indígena e a penetração na consciência dos americanos da idéia de 
América Latina.
Na realidade, foi na década de trinta que começaram a aparecer 
os primeiros trabalhos históricos com o nome de América Latina elaborados 
por escritores franceses. Com efeito, os livros de André Siegfried, Amérique 
Latine, 1934, e Victor Tapié, Histoire de l’Amérique latine au XIX siècle, 
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de 1945. Especialmente importante foi o livro de Siegfried, uma espécie 
de Bíblia dos sul-américanos na época da Segunda Guerra Mundial, 
particularmente pela interpretação econômica das causas que levavam a 
inestabilidade política do continente nessa década. Para o historiador francês, 
o colapso fianceiro de 1929 tinha sido a causa fundamental. Mas não todos 
os autores franceses usaram a expressão nesse início do século XX. Assim, 
o geógrafo Pierre Denis, usou o nome de América do Sul em seu valioso 
estudo sobre o continente de 1933 da Geografia Universal de Vidal de la 
Blache, volumen XV.
Todavia, antes que os franceses, William S. Robertson, já 
famoso por seus estudos sobre Francisco de Miranda e a revolução da 
independência, publicou em Nova Iorque em 1922 a History of the Latin-
American Nation.
Na realidade, foi no período da Segunda Guerra, que o nome de 
América Latina se popularizou, especialmente pelos estudos dos historiadores 
e economistas norte-americanos. Vejamos alguns títulos importantes: Preston 
E. James, Latin American, N. York, 1942. Este livro, é um dos primeiros, 
senão o primeiro, estudo sério da geografia econômica do continente. William 
Rex Crawford, A Century of Latin-American Thought, Cambridge, Mass, 
1949. Este livro é um estudo destinado a identificar e definir o perfil das 
pricipais tendências do pensamento continental nos séculos XIX e XX. É 
uma espécie de manual do pensamento latino-americano.
Willy Feuerlein e E. Hannan, Dollars in Latin American, 
N.York, 1941. Evidentemente, este livro é o primeiro estudo sobre as rela-
ções econômicas e financeiras dos Estados Unidos com América Latina nos 
anos que antecedem à Segunda Guerra e aos anos da guerra. A inversão 
norte-americana é estudada em detalhes.
Fred J. Rippy, Latin América and the industrial age, N.York, 
1947. Talvez o primeiro estudo sobre este tema da industrialização feito 
A Invenção da América Latina 
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por um dos maiores especialistas em assuntos econômicos do continente, 
especialmente dos investimentos britânicos e franceses na América no século 
XIX. 
Samuel F. Bemis, The Latin American policy of United State, N. 
Haven,1943. Um livro fundamental e primeiro na análise das intervenções 
norte-americanas na América Central, e sua relação com a doutrina do 
“destino manifesto”.
Todavia, temos que lembrar que o Handbook of Latin American, 
fudamental para os estudos acerca do continente, começou a ser editado em 
1935.
De fato, foram os historiadores norte-americanos que divulgaram 
o nome de América Latina neste continente, pois muitos desses estudos foram 
traduzidos para o espanhol na década de cinqüenta.
Na década de quarenta alguns pensadores latino-americanos 
iniciaram o questionamento da latinidade do continente. Entre eles, o peru-
ano Luis Alberto Sánchez com seu livro, Existe América Latina?, de 1945. 
Mesmo não sendo aparentemente seu objeto de discussão, é possível ler nas 
entrelinhas que a questão que o motivou a escrever o livro é a latinidade. 
América Latina existe, essa é a resposta de Sánchez, mas essa existência é 
ambígua porque ela está fundada em um elemento estranho à maioria da 
população, isto é, a latinidade. Por outro lado, a latinidade tem permitido 
à minoria branca pensar e até sentir que a América é européia, e que os 
indígenas, negros e mestiços sofreram um processo de branqueamento. 
Pode-se observar também, entre parênteses, que tem sido intelectuais peru-
anos os que mais se preocuparam com a latinidade do continente. A razão 
disto talvez seja o fato de que a sociedade peruana, e em geral, toda a socie-
dade andina, é de forte tradição indígena e mestiça, populações estas que têm 
conservado, de todas as formas imaginadas, as seculares tradições e práticas 
pré-hispânicas. Se é certo a afirmação de Haya de la Torre de que França 
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introduziu o liberalismo no continente americano, essa filosofia fundada nas 
noções de Estado, Nação e individualismo, nunca foi compreendida pelas 
populações indígenas para as quais não existe a nação peruana, boliviana, 
equatoriana, chilena; o que existe é uma comunidade quíchua-aimara sem 
fronteiras nacionais. O Estado liberal é menos compreendido ainda, pois o 
poder central só poderia estar encarnado na figura do cacique ou do inca. 
O individuo é sobrepujado pelo coletivo.
 Depois de vários anos, o pensador peruano parece convencido 
de que não era possível questionar o nome de América Latina, pois reeditou 
seu livro com outro título: Examen Espectral de América Latina. (Sánchez, 
1945)
 A reflexão de Sánchez, mereceu um artigo crítico do histo-
riador Fernand Braudel nos Annales. O livro é considerado, com razão, 
“deslumbrante”, porém a crítica é tangencial ao problema central levantado 
pelo escritor peruano. Braudel não toca explicitamente no assunto de se o 
continente merece ser chamado de latino, mas desenvolve a tese obvia de que 
existem varias Américas Latinas, não apenas determinadas pelos contrastes 
geográficos,mas também pelos contrastes políticos, culturais e econômicos. A 
debilidade deste livro, na opinião de Braudel, é sua estrutura monocrômica, 
seu empenho em suprimir as diferenças, de querer reduzir os problemas a 
um problema só. Acaso, implicitamente, Braudel rejeitava a latinidade do 
continente na medida que esta quer impor uma uniformidade incômoda 
(Braudel, 1948).
Pensamos, que o nome América Latina se estabelece definiti-
vamente após a Grande Guerra. De fato, esse nome se consagra em 1948 
quando se funda a CEPAL, Comissão Econômica Para América Latina, 
como organismo das Nações Unidas.
Entretanto, a expressão América Latina se difunde intimamente 
associada ao conceito de sub-desenvolvimento que aparece na década de cin-
A Invenção da América Latina 
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qüenta. Então, América Latina passa a ser sinônimo de inestabiliade política 
crônica; estrutura produtiva atrasada e em certos casos arcaica; dependência 
total ao capital norte-americano; estrutura fundiária reorganizada pelo ca-
pital monopólico; acentuado crescimento demográfico. São estes processos 
concretos, próprios do século XX, que deram conteúdo histórico à idéia de 
América Latina. No fundo, o que queremos dizer, é que a questão do nome 
não é puramente semântica, nominativa. Pelo contrário, envolve realidades 
históricas concretas e específicas, e estas pertencem ao século XX.
O nome de América Latina tornou-se tão popular nos últimos 
cinqüenta anos, tão expressivo, que já serve não só para designar o difícil 
século XIX, mas para nomear à América Colonial. É o caso, entre outros, 
da História da América Latina, editada pelo historiador inglês Leslie Bethell. 
O volume primeiro, relativo ao século XVI, leva por título: Colonial Latin 
América. Isto não só é um ato de imprudência historiográfica, mas também 
e sobretudo, uma forma discriminatória das populações indígenas e negras 
do continente.
O historiador italiano Ruggiero Romano escreveu, com a pru-
dência que lhe foi característica, o seguinte: “Ninguém ousaria, e de fato 
ninguém ousa, falar de latinidade da América na época colonial: o acordo, 
a esse respeito, é total” (Romano,1973).
Parece ser que o acordo não foi nem será respeitado.
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Abstract
The aim of the present article is to make explicit the invention process that 
led to the name and Idea of Latin América.The so called “latinidade” and the central 
concept around Latin América are certainly linked to the cultural consciousness of the whole 
continent. However, the name did not exist in the mind of the American intelligentsia of 
the xix century and it became popular only after the Second World War.
Keywords
latinidade - cultural consciousness - history - literature
A Invenção da América Latina 
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