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9- NOTA DO JMA - China

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NOTA DO JMA: A China, nos últimos anos, tornou-se um ícone dos desenvolvimentistas graças ao crescimento de seu PIB em 8% ao ano, em média. Mas as autoridades chinesas já compreenderam os imensos custos sociais e ambientais deste modelo predatório de crescimento a qualquer preço.
O próprio governo de Beijing já reconheceu que 360 milhões de chineses bebem água contaminada e que 70% dos rios e lagos estão poluídos. Isto sem falar da contaminação por arsênico, que já ultrapassou quaisquer limites aceitáveis. Dados oficiais indicam que 90% da água consumida na China não é tratada e o tratamento de esgoto não chega a 5%.
Pelo menos 800 milhões de chineses dependem do uso do carvão vegetal para cozinha e aquecimento. Isto não só foi responsável pela devastação das florestas chinesas, como também causa milhares de envenenamentos ao ano, tendo em vista que este carvão contem elevadas doses de arsênico, chumbo, mercúrio e outros metais pesados. Os fornos domésticos "enchem" as casas de fumaça tóxica.
O carvão mineral usado nas termelétricas, também é um desastre. A termeletricidade a carvão responde por 75% da geração e a China consome 30% da produção mundial de carvão. Das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são
chinesas.
A destruição descontrolada da cobertura florestal agravou as inundações, os deslizamentos de encosta, mudou o microclima e acelera o processo de desertificação (hoje 25% do território chinês é desértico). Só a produção de palitos (usados como talheres) precisa de 25 milhões de árvores ao ano.
O governo já reconheceu publicamente que a degradação traz sérios prejuízos à China e que se os custos sócio-ambientais forem considerados, o crescimento dos últimos 10 anos seria anulado. Depois de décadas de incentivo à degradação, o governo está agindo duramente.
O rio Amarelo, por exemplo, já está se recuperando. Como? De acordo com Wang Jirong, subdiretora da Administração Estatal de Proteção do Meio Ambiente da China, "suspendemos temporariamente as atividades de 3.861 empresas que danificavam o meio-ambiente, bem como advertimos seriamente outras 6.755 entre abril do ano passado e fevereiro deste ano. Mas muitas acabaram retomando suas atividades com o velado apoio dos governos locais ou provinciais, que enfatizam apenas o crescimento econômico local ou regional".
Observem o impacto da decisão: 3.861 empresas com as atividades temporariamente suspensas e 6.755 advertidas. Em 2004, pelo menos 30 megaprojetos tiveram os licenciamentos negados ou cassados, incluindo 5 grandes hidrelétricas. Não por um surto de intolerância ambientalista, mas porque o custo social e ambiental seria muito maior do que os ganhos econômicos.
A China já está lutando para reverter a degradação, mas sabe que será uma tarefa hercúlea. Que fique o alerta aos desenvolvimentistas a qualquer preço.
REDAÇÃO DO JORNAL DO MEIO AMBIENTE (Henrique Cortez, subeditor do Jornal do
Meio Ambiente, henriquecortez@jornaldomeioambiente.com.br)
Redação do JMA
A China sofrerá uma grave "crise ambiental" até 2020 se não mudar seu modelo de desenvolvimento econômico, segundo cálculos da Saiba (Administração Estatal de Proteção Ambiental, na sigla em inglês) publicados nesta segunda-feira.
 "A carga da contaminação será quadruplicada até 2020, se o ritmo de poluição for mantido", disse Pan Yua, subdiretor da Saiba.
Nesse mesmo ano, a China terá consumido quase todas as suas reservas minerais e só restarão seis dos atuais 45 principais recursos minerais existentes no país, afirmou.
O gigante asiático está utilizando seus recursos e contaminando seu meio ambiente (ar e água) para fabricar bens destinados a todos os países do mundo, afirmou Pan, durante um fórum ambiental realizado no fim de semana.
A atual contaminação é muito pior do que a que sofreram os países ocidentais durante sua decolagem econômica, ainda segundo Yua, já que a renda per capita dos chineses oscila entre US$ 400 e US$ 1.000 anuais, enquanto nos países mais desenvolvidos, a poluição piorou ao subir de US$ 3.000 para US$ 10 mil.
A China é o primeiro país do mundo em consumo de água, e o segundo em consumo de energia e emissão de dióxido de carbono, segundo a agência de notícias Xinhua.
O consumo energético total da China é sete vezes maior que o do Japão, seis vezes o dos EUA e 2,8 vezes o da Índia, cuja população em breve alcançará a chinesa.
O atual modelo de desenvolvimento chinês aposta primeiro na edificação e industrialização, e depois a limpeza. Por isso, os principais rios e 25 dos 27 maiores lagos da China já estão contaminados.
A chuva ácida, a desertificação e a erosão fizeram com que a terra habitável se reduzisse de seis milhões de quilômetros quadrados em 1949 para apenas três milhões hoje, acrescentou Pan.
O especialista concluiu que a China deveria mudar já seu rumo de desenvolvimento, na busca de um "crescimento verde" ou ecológico, para evitar a degradação ainda maior de seus recursos.
 http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13304.shtml

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