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trabalho ética drogas

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ROTEIRO: DEBATE/APRESENTAÇÃO
Prof. Ms. Guilherme Barbon Paulo
Sala: 2º período – Trabalho
Tema: Drogas – debate jurídico
Ler o artigo;
Observar prós/contras;
Escrever roteiro de apresentação de idéias – de forma legível – a caneta;
Expor oralmente a argumentação.
Introdução:
Das mãos dos “perigosos” e “enlouquecidos” moradores de esquinas, às festas da “elite social juvenil”, de rituais que remontam o Egito, Grécia e praticamente todos os povos da antiguidade até as religiões atuais. Épocas diversas, culturas diversas, contextos diversos e a droga presente em todos eles. A bem da verdade, se sabe que a droga sempre existiu e esteve sempre presente nos contextos religiosos, místicos, terapêuticos, festivos, entre muitos outros. Destarte, pode se considerar que a história das drogas é uma história inserida dentro da história da humanidade e o passar dos anos tão somente fez variar o papel que essas substâncias desempenham e o uso que se faz delas em cada cultura, a tal ponto que, de práticas sagradas, as drogas passaram a ser vistas hoje como uma epidemia social.
Deste modo, podemos perceber que a questão do uso de drogas é extremamente complexa, pois abarca diversos fatores que se fazem necessário para podermos ter uma compreensão dessa complicada teia de relações que se centralização na substância psicoativa. Ciente dessa realidade, a própria psicanálise deixa clara que não pode dar conta sozinha da drogadição, fazendo menção de que o fenômeno resulta de três fatores interagentes entre o sujeito, a droga e o contexto sociocultural. Assim sendo, é através desses três fatores que esse estudo será delineado.
A DROGA:
A droga, por si só, é uma substância ou ingrediente químico qualquer que por sua natureza produz determinado efeito. Os gregos da antiguidade nos legam um conceito muito exemplificativo do que é a droga. Trata-se da palavra phármakon. Para eles, essa palavra designava uma substância dotada de duplo efeito: remédio e veneno. Nota-se, que a expressão phármakon não se refere a substâncias inócuas e nem a substâncias puramente venenosas. Ela designa um composto que naturalmente congrega em si potencial de cura ou de ameaça. O que faz phármakon assumir um ou outro efeito no organismo é a proporção de sua dose que pode ser curativa ou mortífera. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), droga é qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. Todavia, há um tipo de classificação que requer maior atenção devido a 
proposta deste trabalho. Trata-se da classificação jurídica que reduz todas as drogas em dois grandes grupos: as lícitas e as ilícitas10. Embora as outras contenham também falhas, sem dúvida, essa é a mais problemática delas. Isso porque, não se consegue vislumbrar razão lógica que determine qual substância será considerada lícita, qual será considerada ilícita. Embora se possa imaginar que o critério adotado seja o da lesividade à saúde humana (perspectiva médica), isso não se sustenta, pois substâncias como o álcool e o tabaco, que em outros tempos já foram consideradas ilícitas, hoje não são mais. Da mesma forma, existem outras substâncias menos lesivas que essas duas e, mesmo assim, são consideradas proscritas. Isso nos conduz à conclusão de que o único critério adotado é o político e moral.
O PROIBICIONISMO
Diversos tipos de proibições existem no mundo, seja de comportamentos ou produtos. Por exemplo, o aborto, a pornografia, pesquisa sobre células tronco, jogos, preferencias sexuais, etc. Todas essas espécies de proibições que se realizam encontram um ponto de convergência. São condutas de origens variadas, mas que não implicam, necessariamente, dano algum para terceiros. 
Essa proibição organizada e legalizada tornou-se um fenômeno global por conta dos Estados Unidos que iniciou a repressão aos entorpecentes internamente (a famosa Lei Seca) e, na sequência, sob o seu arrimo, foram realizadas diversas sessões e convenções promovidas pelas Nações Unidas sendo que a primeira delas foi a “Convenção Única sobre Estupefacientes de 1961” que buscava uma ação coordenada e universal entre os países signatários, ditando a política internacional de controle de drogas.
Dez anos depois, é promulgado o Convênio Sobre Substâncias Psicotrópicas e, após dois anos, em 1971, o presidente estadunidense Nixon declara a guerra contra as drogas (war on drugs), modelo que se acentuou a partir do governo Reagan com o término da Guerra Fria (essa sucessão de guerras talvez demonstre uma necessidade de manter e gerir certos conflitos que sustentam as respectivas indústrias de controle).
de Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas de 1988, conhecida como “Convenção de Viena”. Mantendo no seu núcleo essencial o binômio proibição/repressão, a Convenção buscou tratar o fenômeno das drogas como um problema mundial e uniforme a fim de obter um consenso entre os governos para haver uma harmonização legislativa. O modelo “war on drugs” foi também reconhecido e consagrado por ela como política de controle e difusão de drogas ilícitas.
Ainda, cabe ressaltar que, após a Convenção de Viena, em 1998 foi realizada a Sessão Especial sobre Drogas, oportunidade em que foi apresentado o Programa das nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas (PNUCID), intitulado de “1998-2008: Um Mundo Sem Drogas. Podemos Conseguir”.
O objetivo de “um mundo sem drogas” não foi concretizado. Entretanto, a consagração da guerra às drogas, essa sim foi implementada. Além de tudo isso, a redução da complexa questão das drogas a uma simples guerra é uma eficiente forma de encobrir a incapacidade estatal de lidar com outros problemas. Sabe-se que a diminuição do uso problemático de drogas não depende tão somente de um sistema de saúde eficiente, mas também, principalmente, de um intensivo trabalho de assistência social, sem falar na questão da desigualdade social, diretamente relacionada com o uso problemático de drogas. Portanto, a guerra às drogas assume um importante papel para o Estado: encobrir sua impotência de lidar com a questão de forma eficiente e vender à sociedade uma imagem de que este mesmo Estado está operando constante e diligentemente em resolver seus problemas e propiciar melhor qualidade de vida à população. 
Por fim, não se pode negar o interesse econômico que se esconde atrás da política proibicionista. O tráfico de drogas movimenta altas somas de dinheiro por diversos países, passando por bancos privados no processo de “lavagem” a fim de retornarem à economia. Outrossim, a proibição torna as drogas escassas no mercado, atuando, portanto, como reguladora de preços e engordando ainda mais os lucros relacionados ao mercado da droga. Não por outros motivos que GIACOMOLLI considera as drogas um fenômeno transnacional, multifuncional e multidimensional de poder, pois coloca Estados Nacionais em estado de crise, golpeia a economia de países produtores e coloca em cheque os sistemas judiciais.
O USO DE DROGAS NO BRASIL:
Em 1940, foi promulgado o vigente Código Penal que regulou novamente a matéria trazendo em seu artigo 281 a seguinte redação: “Importar ou exportar, vender ou expor à venda, fornecer, ainda que título gratuito, transportar, trazer consigo, ter em depósito, guardar, ministrar ou de qualquer maneira entregar a consumo substância entorpecente. Pena: 1 a 5 anos de reclusão, e multa de 02 a 10.000 cruzeiros”. Na sequência, uma série de leis alteraram esse dispositivo, culminando na Lei 6.368/76, lei que perdurou por quase 30 anos no ordenamento, prevento tratamentos tão somente punitivos aos usuários e traficantes. No ano de 2002 entrou em vigor a Lei 10.409 que, por conta do veto do então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, somente entrou em vigor a parte procedimental, descartando-se a toda alteração material. Ou seja, a Lei de 2002 não passou de um mero acidente de percurso no histórico das legislações sobre drogas. A tão esperada alteração da parte material somentedeu-se com o advento da atual Lei de Drogas, a Lei 11.343 de 2006 que mudou radicalmente a até então vigente Lei 6.368/76, trazendo como principal alteração a descarceirização do crime de porte para consumo.
Assim sendo, ao usuário, em nenhuma hipótese serão aplicadas penas privativas de liberdade, todavia, outras sanções penais a esse delito foram cominadas, de modo que foi mantida a lógica repressiva. Essa mesma Lei também formalizou uma série de medidas para que se reconheça o usuário como sujeito de garantias, devendo ser tratado com respeito e dignidade. Ressalta-se o artigo 4º, inciso I (respeito à autonomia da vontade), artigo 19, inciso II e VI (realização de atividades de prevenção que evitem o preconceito, a estigmatização e que reconheçam o “não-uso”, o “retardamento do uso” e a redução de riscos) e artigo 20 (realização de atividades à usuários e dependes para melhoria da qualidade de vida, redução de riscos e danos). Especificamente em referência ao delito de porte para consumo, tem-se que o sujeito passivo é o próprio Estado. Isso porque, o bem jurídico que esse delito tutela é a saúde pública, pois o uso dessas substâncias coloca os sujeitos em risco de tornarem-se viciados e do vício das drogas tornar-se uma epidemia social.
Esta foi a evolução histórica das legislações de drogas no país e o panorama geral do tratamento previsto aos usuários atualmente. Cumpre salientar que a visão humanitária que esta Lei dispensou acabou por não passar de letra morta. Isso porque, uma vez mantida a conduta como crime, mesmo que não prevendo penas privativas de liberdade, as conseqüências da criminalização continuam se operando sobre os usuários. Na Lei de Drogas, o bem jurídico que se pretende tutelar com a punição do usuário é, como já visto anteriormente, a saúde pública. Todavia, este é um bem de difícil definição tendo em vista sua formulação genérica e vaga que acaba estendendo a tutela do direito penal a âmbitos indefinidos e incertos. Não obstante, a conduta de usar drogas ofende somente a saúde individual daquele que lança mão dessas substâncias. Os efeitos lesivos que a droga pode causar ao organismo circunscrevem-se somente a integridade física do usuário, sendo falacioso falar que ofendem a saúde pública59 Sustentar a proteção desse bem jurídico criminalizando as drogas é presumir abstratamente que todo aquele que entrar em contato com essas substâncias tornar-se-á um doente, trata-se de uma presunção de lesão, ou seja, de um crime de perigo abstrato, uma criminalização que não se sustenta diante de um direito penal mínimo. 
A EFICÁCIA DO DIREITO PENAL DAS DROGAS:
De tudo visto, resta ainda uma importante indagação sobre a criminalização do uso de drogas. Ainda que se acredite que a saúde pública possa ser defendida juridicamente pela proibição do uso de drogas, mesmoque para isso seja necessária a mais severa ingerência na vida privada dos cidadãos, essa criminalização é idônea, eficaz à obtenção dos objetivos por ela almejados, ou seja, é eficaz para tutelar a saúde pública e para melhorar a qualidade de vida do usuário?
O critério (princípio) da idoneidade de uma norma penal é um importante mecanismo para auferir sua legitimidade como norma impositora de penas a determinadas condutas, sendo condição sine qua non para sua vigência conforme um direito penal voltado à máxima proteção de bens com o mínimo necessário de proibições e castigos. Assim sendo, em nome da utilidade e da separação do direito da moral, o princípio da idoneidade obriga a considerar injustificada toda a proibição que previsivelmente não seja eficaz para desempenhar o papel para o qual se propôs, qual seja, proteger determinado bem jurídico.Nesse norte, COSTA estabelece três critérios para que a pena tenha aptidão a proteger bens jurídicos. O primeiro leva em conta que o direito penal não é o único mecanismo de controle social existente, embora seja o que disponha dos mecanismos mais graves para tanto. Assim sendo, as agências de controle social devem se organizar de forma proporcional, deixando ao direito penal a proteção somente dos valores mais importantes e que todas elas atuem de forma harmoniosa entre si. O segundo critério diz respeito ao sentido de justiça que a sociedade deve vislumbrar na norma. E, por fim, o terceiro critério estabelece que a norma penal deve respeitar o princípio da responsabilidade pessoal subjetiva para poder alcançar sua finalidade de reafirmação de bens jurídicos.
Estabelecidos os critérios para verificação da idoneidade de uma norma penal, resta agora cruzar com a criminalização do uso de drogas para verificar se ela é apta a atingir seus objetivos. Diante disso, o primeiro ponto a se considerar é que a política proibicionista faz imperar no seio social não só uma proibição das drogas, mas também uma proibição da livre circulação de ideias ao impor um discurso único e inquestionável que demoniza essas substâncias e seus usuários. Deste modo, o proibicionismo deseduca, desinforma e oculta fatos, impede que as pessoas tenham acesso ao conhecimento sobre a droga e seus efeitos, limitando-se apenas a moldar opiniões conformistas e imobilizadoras.
Esse discurso proibicionista se manifesta nas campanhas educativas e governamentais onde se veicula mensagens extremamente reducionistas como “não às drogas”, “drogas – estou fora” passando sempre a imagem do usuário como uma pessoa degradada, negativa, contribuindo com sua estigmatização.
Isso resulta num afastamento familiar dada a dificuldade de diálogo frente a essa tenebrosa imagem criada do usuário. Não somente da família ele se afasta, mas de toda sociedade, pois encontra apoio somente entre outros usuários, o que tende a aumentar cada vez mais o seu consumo de drogas.
Além disso, caso se trate de um dependente, ele estará também cada vez mais distante do tratamento e dos órgãos de assistência. A lógica da criminalização impede o usuário de buscar ajuda médica, pois isso equivaleria à confissão do seu crime. Além do mais, a função controladora que a lei penal atribui aos setores sanitários e médicos encarregados desses casos influi negativamente na relação entre profissional e paciente, que deve ser pautada pela confiança e diálogo.
Assim, em que pese o sentido da Constituição ser ditado na prática pelo que diz o STF, formulamos um problema a ser resolvido no plano teórico: a liberdade e dignidade da pessoa humana é conciliável com a repressão ao comércio de drogas? Ou noutros termos, é possível adotar uma concordância prática entre a proibição às drogas e a liberdade do indivíduo, emprestando máxima efetividade à liberdade? 
O Professor Raimundo Bezerra Falcão (1997, p. 247) ensina que o custo social da interpretação deve ser levado em conta em face da ilegitimação da norma conducente à injustiça ou de interpretações acarretadoras de um custo social muito elevado, custo esse que acarreta uma provável perda de eficácia da norma. 
Paul Roubier (1951; apud DANTAS, 2004) afirma que o direito repousa em última análise sobre uma filosofia dos valores. No caso específico da proibição ao comércio de drogas, daí tidas por ilícitas, a axiologia se faz presente de forma contundente. A liberdade de escolha do indivíduo, em que pese o disposto no art. 4º, inc. I da Lei 11.343/20068 é afastada em prol do interesse público da coletividade.
Adorno e Salla (2007)11 relatam dados do Ministério da Justiça e do IBGE acerca da taxa de encarceramento por 100.000 habitantes, cujos números saltaram de 30 em 1969 para 214,8 em 2006, resultando em números absolutos em mais de quatrocentos mil pessoas presas, sendo que a partir de 1988 a taxa de encarceramento mais que dobra justamente o período em que a repressão ao tráfico de drogas passou a ser mais severo com a entrada em vigor da Constituição Cidadã de 1988, Constituição essa, em vigor, que equipara o tráfico a crime hediondo. E aqui bem que calharia parafrasear o bandido 
Lúcio Flavio12: cidadão é cidadão e traficante é traficante. 
Nos Estados Unidos, Boaz e Lynch (2004)13 relatam queas despesas federais com a proibição passaram em dez anos de 88 para 982 milhões de dólares no ano de 2004, sendo que o custo total da proibição às drogas é de aproximadamente 19 bilhões de dólares14, no ano de 2004, com mais de 1,5 milhão de prisões e mais de 400 mil prisioneiros por crimes de porte ou de tráfico de drogas, o que representa mais de 60% da população carcerária federal.
No Brasil, o Senador Jefferson Perez deixa a entender que o Brasil não teria força suficiente para legalizar as drogas sem o aval de uma convenção internacional no âmbito da ONU (FORTE 2007, a). E, em comunicação pessoal (via correio eletrônico, março/2006), o mesmo parlamentar disse que o momento é de debater a legalização, mas não há clima para apresentar projeto de lei sem antes haver um amplo debate na sociedade. A constitucionalização da repressão ao comércio e uso de drogas não constitui óbice intransponível a uma nova interpretação constitucional calcada na liberdade e autonomia da pessoa humana que venha assegurar o direito ao uso recreativo de drogas. 
Referências Bibliográficas:
http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/salvador/francisco_alexandre_de_paiva_forte.pdf
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/5571/1/2009_JulianaRochetWChaibub.pdf
http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2011_1/jonas_vargas.pdf

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