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Trabalho de parto prematuro

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TRABALHO DE PARTO PREMATURO 
Conceitua-se gravidez pré-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 a 37 semanas. Nesse período, o trabalho de 
parto é caracterizado pela presença de contrações frequentes (1 a cada 5-8 min) acompanhadas de modificações cervicais 
caracterizadas por dilatação maior que 2,0cm e/ou esvaecimento maior que 50%. 
DIAGNÓSTICO 
Na anamnese deve-se avaliar fatores de risco, problemas na 
gravidez atual, complicações clínicas associadas e estado fetal. 
 
Exame Físico 
 Avaliar dinâmica uterina pela palpação abdominal 
(frequência, intensidade e duração das contrações). 
 Fazer ausculta e BCF (com Pinard ou sonar-doppler). 
 Se houver história de perda de líquido VV, avaliar a 
possibilidade de RPM pelo exame especular. 
 Na suspeita ou confirmação de RPM ou placenta prévia 
e na ausência de contrações rítmicas ou sangramento, 
a inspeção visual pode ser utilizada para avaliar o colo. 
 Se não houver rotura de membranas ou suspeita de 
placenta prévia, realizar exame digital cervical. Sinais 
de maturidade cervical (escore ou índice de Bishop elevados) são preditivos para risco de parto prematuro. 
 Se houver sangramento vaginal, avaliar a possibilidade de placenta prévia e/ ou descolamento de placenta. 
 
Propedêutica auxiliar 
 Hemograma, urina tipo I, gram de gota de urina e urocultura; 
 Pesquisa para estreptococo do grupo B; 
 Ultrassonografia. 
Solicitar USG obstétrica se houver suspeita de placenta prévia ou rotura de membranas e houver dúvidas em relação à idade 
gestacional e ao crescimento fetal, assim como para auxiliar na tomada de decisões quando necessário. Comprimento cervical 
<2,5cm à ultrassonografia tem um bom valor preditivo em mulheres com risco aumentado para parto prematuro. 
PREVENÇÃO DO PARTO PREMATURO 
Embora a prevenção da prematuridade continue a ser um desafio, alguns resultados têm sido obtidos por meio da identificação e 
tratamento de infecções genitais e trato urinário, assim como com a adaptação laboral da grávida de risco. Alguns estudos têm 
mostrado resultados com o uso de progesterona em grupos de risco. Gestantes com alto risco para parto prematuro (parto 
prematuro anterior, cerclagem cervical e portadoras de malformações uterinas) devem receber 100mg de progesterona VV 
diariamente a partir de 24 e até 34 semanas de gestação. Para aquelas que apresentarem comprimento cervical ≤ 1,5cm em USG 
transvaginal realizada entre 20 e 25 semanas, independentemente de fatores de risco presentes, deve ser considerado o uso de 
200mg de progesterona vaginal diariamente até pelo menos 34 semanas. Para prevenção, toda gestante que for submetida a uma 
ultrassonografia nesse período deve ter uma avaliação do comprimento cervical por via transvaginal. 
CONDUTA 
Toda gestante em trabalho de parto prematuro deve ser assistida em unidade de nível secundário ou terciário. A mulher e sua 
família devem receber aconselhamento sobre a morbidade e mortalidade associadas à idade gestacional e a eficácia limitada do 
tratamento. Não existem evidências que apoiem o repouso em leito como forma de prevenir o parto prematuro. 
TOCOLÍTICOS 
O uso de agentes tocolíticos ou inibidores das contrações uterinas deve ser iniciado assim que se concluir pelo diagnóstico de 
trabalho de parto prematuro. Objetivo: ganhar tempo necessário para a ação da corticoterapia e/ou transporte maternofetal. 
Contraindicações: 
 Maternas: corioamnionite, sangramento grave, condições clínicas maternas, hipertensão induzida pela gravidez; 
 Fetais: morte fetal, anomalias fetais incompatíveis com a vida, comprometimento fetal, crescimento intrauterino restrito 
grave ou idade gestacional >34 semanas; 
 
Drogas: 
Nifedipina (1ª escolha): cápsulas de ação rápida de 10mg. Oferecer 10mg VO a cada 20 min até 4 doses OU 20mg VO em dose 
única, e se necessário 20mg após 90–120 min se a atividade uterina persistir. Se após a 2ª dose mantiver atividade uterina, 
considerar falha terapêutica e utilizar outro agente. A dose de manutenção é de 20mg VO a cada 4 a 8 h por no máximo 72h. As 
contraindicações são: hipotensão materna (PA <90/50mHg) e bloqueio átrio-ventricular. 
Outras: Indometacina; Agentes betamiméticos (risco aumentado de edema agudo de pulmão e elevação da glicemia materna); 
Salbutamol; Terbutalina; Ritodrina; e Antagonista de ocitocina: (Atosibano). 
CORTICOSTEROIDES 
A administração de corticoides para amadurecimento pulmonar fetal se constitui na principal estratégia para a redução da 
morbidade e mortalidade perinatal associadas à prematuridade, tais como redução da ocorrência de síndrome de membrana 
hialina, hemorragia intraventricular e enterocolite necrotisante. Os efeitos atingem seu benefício máximo se o parto ocorrer entre 
24h e 7 dias após a última dose. Entretanto, mesmo se o parto ocorrer fora desse prazo ainda existem benefícios e, portanto, toda 
mulher com risco de parto prematuro deve receber corticoterapia, exceto quando houver contraindicações. Opções: 
 Betametasona 12mg IM de 24 em 24 h ou; (droga de escolha) 
 Dexametasona 6mg IM de 12 em 12 h X 4 doses. 
Indicações: IG ≥ 24 e ≤ 34 semanas. 
Contraindicações: evidências clínicas de infecção e/ou parto iminente. 
Repetição das doses: O benefício a curto prazo é evidente para doses repetidas, mas ainda há dúvidas em relação às consequências 
a longo prazo. Sugere-se repetição da dose se apresentar novo episódio com risco elevado de parto pré-termo antes de 32 
semanas e após 7 dias da dose de ataque inicial, com um máximo de 3 doses. 
Efeitos colaterais: 
o Aumento na contagem de leucócitos (30%) e redução na contagem de linfócitos (45%) dentro de 24h após injeção de 
betametasona (retornam aos valores basais dentro de 3 dias); 
o Hiperglicemia materna (em gestantes diabéticas em uso de insulina pode ser necessário aumento significativo das doses). 
o Alterações significativas nos parâmetros de avaliação do bem-estar fetal (diminuição ou aumento do BCF, diminuição ou 
aumento da variabilidade, diminuição dos movimentos fetais e alterações nos parâmetros biofísicos fetais)- tais 
alterações são transitórias e retornam ao normal no 4º dia após a administração da 1ª dose. 
o Possibilidade de contrações uterinas em gestações múltiplas com 3 ou mais fetos. 
ANTIBIÓTICOS 
Não existem evidências que justifiquem o uso de antibióticos no 
trabalho de parto prematuro com o objetivo de prolongar a gestação 
e aumentar a eficácia da tocólise. Só devem ser utilizados para 
profilaxia da sepsis neonatal pelo estreptococo do grupo B (EGB) em 
gestantes em trabalho de parto ou com rotura de membranas 
anterior à 37ª semana, com risco iminente e significativo de parto 
prematuro, que tenham cultura positiva para EGB, ou se a cultura 
não foi realizada. Em geral utiliza-se: 
 Penicilina G 5 milhões UI IV seguida por 2.5 milhões UI IV 
de 4 em 4h OU; (droga de escolha) 
 Ampicilina 2,0g IV seguida por 1,0g IV de 4 em 4h. 
Se alergia à Penicilina, usar Clindamicina 900mg IV de 8 em 8h. 
A eficácia é maior quando o intervalo entre a última dose e o parto 
for > 4h. O antibiótico deve ser mantido até a inibição efetiva 
(durante a tocólise) ou até o parto, o que ocorrer antes. Em algumas 
situações pode ser mantido por mais de 48h se o parto não tiver 
ocorrido e houver risco iminente de parto. 
Outras indicações para profilaxia de infecção por EGB (em gestantes 
com cultura não realizada): 
o Membranas rotas >18h; 
o Bacteriúria por EGB; 
o História de recém-nascido prévio infectado por EGB; 
o Temperatura intraparto ≥ 38ºC. 
Gestantes com cultura negativa para EGB não precisam de profilaxia em nenhuma situação. 
OUTRAS RECOMENDAÇÕES E CUIDADOS CUIDADOS GERAIS 
Dieta regular; dados vitais a cada 4h; contagem de movimentos fetais 2x/dia; CTG 2x/semana; Comunicar se febre, contrações 
uterinas, diminuição demovimentos fetais, dor torácica, pulso materno >100, leuco>15.000, BCF >160. 
Avaliação diária: contrações uterinas; diminuição dos movimentos fetais (<6 mov./1h); temperatura; taquicardia materna ou fetal; 
dor uterina; avaliar resultados de exames solicitados. 
ALTA 
A alta pode ser dada após 24h sem contrações. Referir para consulta no pré-natal de alto risco. 
Orientações para a alta: Atenção para eliminação de fluidos vaginais; Atenção para sinais e sintomas de TPP; Contagem de 
movimentos fetais 2x/dia; Retorno ao hospital se necessário. 
Se a tocólise falhar ou o trabalho de parto não puder ser inibido não existem evidências de que o uso rotineiro da cesariana possa 
melhorar o prognóstico de RN prematuros.

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