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Autismo: Causas, Sintomas e Simbolização

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Autismo
O que é o autismo?
Revas entende que o autismo "é um distúrbio de origem orgânica (lesão encefálica) cuja causa específica é de componente genético."
A lesão pode atingir outras áreas cerebrais, e que pode aduzir sintomas como hiperatividade e déficits motores. Sendo que na maioria dos casos não se tem causas aparentes e os exames nem sempre mostram lesões no sistema nervoso.
O autismo tem origem genética e vários sintomas podem mesclar-se e induzir a diagnósticos errôneos, como fobia social por exemplo.
O que é o autismo?
Kanner realizou uma descrição de onze casos de crianças que apresentavam características comuns, a maioria delas chegando com suspeita de surdez, mas depois de melhor exame e acompanhamento foi concluído que nenhuma delas tinham de fato deficiência auditiva ou déficit cognitivo, de fato, a capacidade cognitiva dessas crianças estava oculta pelo transtorno que sofriam. Mesmo depois de cinquenta anos ainda é possível distinguir uma criança autista pelo relato feito por ele.
O que Kanner encontrou como característica pertencentes a todas a essas crianças foi uma incapacidade de manter relações normais com as pessoas e situações desde o início da vida. 
De acordo com os relatos dos pais dessas crianças, elas desde muito cedo se submetiam a uma solidão extrema que desdenha e exclui tudo que não venha dela mesma. Mas, essa “solidão autistica” ia muito mais fundo do que um desagrado e recusa a lidar com o Outro, muitas das crianças apresentavam graves distúrbios alimentares, sendo o alimento “a primeira intrusão vinda do outro para a criança” demonstrando o quão radical era essa aversão por tudo que vem do exterior.
O que é o autismo?
O autismo, classificado pelo DSM-V - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2014) de Transtorno do Espectro Autista (T.E.A.), tem os seguintes graus de comprometimentos definidos: 
autismo leve; 
autismo moderado 
autismo grave
 Citando a APA 2013: O TEA tem seu conceito fundamentado na DSM-V, como um distúrbio do desenvolvimento neurológico que deve estar presente desde a infância ou do início da infância, mas pode não ser detectado mais tarde. Com dois domínios de déficits: sociais/comunicação e interesses fixados/ comportamentos repetitivos (Filho, Bez, et. al, 2013, p. 1)
Sinais de Autismo:
Sinais de Autismo:
Como se constitui a Primeira Simbolização
Lacan usa como exemplo uma brincadeira que Freud descreveu seu neto fazer chamada fort da no qual o menino, na ausência da mãe, jogava um carretel para longe e depois o puxava de volta com um fio. Ele diz que essa brincadeira era um exemplo de uma primeira simbolização feita por uma criança, nesse caso a constituição de um primeiro par de oposição significante: presença e ausência.
Nesse exemplo o motivo pelo qual uma experiência desagradável – a partida da mãe – é transformada em gozo se dá pela repetição. A criança tinha prazer em ter poder sobre o objeto o fazendo desaparecer e reaparecer sob sua vontade. 
Como se constitui a Primeira Simbolização
Para que ocorra uma primeira articulação entre dois significantes (S1e S2) faz-se necessária uma perda. A simbolização primordial pressupõe a constituição do par de oposição significante a concomitante extração do objeto. A repetição se daria para dominar o excesso e ligá-lo às malhas da rede de representações. Nesse esforço há sempre algo inassimilável, o que relança o sujeito ao trabalho.
Já nas crianças autistas, não há uma simbolização primordial o Outro é representado como um Outro maciço que não comporta a escanção presença/ausência, nem a concomitante extração do objeto que o descompletaria. Um Outro que é pura presença ou pura ausência, sendo assim esse Outro também deixaria a criança a mercê do excesso causado pelo trauma do abandono ou da intrusão. Mas esse excesso também exige da criança autista um trabalho no sentido de completar ou esvaziar esse Outro excessivo. Desse modo, os comportamentos descritos como estereotipados poderiam ser uma tentativa de inscrever um S2.
O Outro para a criança autista
Embora aparente isolamento, as crianças autistas são afetadas pelo comportamento do outro. De fato, para a criança autista, o outro constitui-se como excessivo e ela realiza um trabalho de constituir uma primeira simbolização. 
A reação das crianças autistas perante ao outro provam de acordo com Freud e Lacan: o sujeito não é dado, mas constitui-se a partir do Outro. Sendo assim, a capacidade de simbolizar não é uma aquisição adquirida através do desenvolvimento, mas do lugar de onde o sujeito nasce. 
Tomando o Outro como lugar da linguagem, não poderemos então dizer que a criança autista esteja num período pré-verbal simplesmente porque ela não fala.
O Outro para a criança autista
 Não é como se elas não se dessem conta de sua presença, mas, para essas crianças, as pessoas são como objetos. 
Não respondem quando chamadas, preferem ficar de costas e podem agir até mesmo de forma violenta quando confrontadas, agredindo o outro ou se agredindo. 
Com objetos, essa atitude muda, podendo passar horas alheias a tudo observando objetos girarem, apreciando seu controle sobre eles. O estereotipado movimento pendular que exercem sobre seus próprios corpos, também derivam disso.
Desejo de imutabilidade e rituais
Essas crianças tem a vida regida por padrões que precisariam ser executados de uma forma singular determinada por elas e, quando quebrados, causam caos ao mundo da criança lhes levando ao desespero. 
Sendo assim, tudo que não corresponde aos rituais determinados pela criança é visto como intrusivo e ameaçador. 
A partir disso, Kanner conclui que se qualquer alteridade é vivia como intrusiva pelos autistas, essas crianças podem “estabelecer gradualmente compromissos estendendo tentáculos em um mundo em que desde sempre foram estrangeiras”. 
O Autismo no campo da linguagem
Kanner descreve que muitas das crianças tinham excelente memória, muitas aprenderam a ler muito jovens e poderiam recitar poemas inteiros, mas apresentavam incapacidade de interpretá-los. Também descreve o fenômeno chamado ecolalia no qual as crianças repetiam tudo o que lhes era dito de forma idêntica à que escutavam até mesmo com a mesma entonação.
Destaca-se o fato de que, assim como Freud comenta acontecer com os esquizofrênicos, alguns autistas tendem a tratar palavras como coisas ou no seu sentido mais literal. Até na fala ecolálica percebe-se que mesmo que não haja inversão da mensagem ainda há algum tipo de significação para a criança autista já que ela repete algumas palavras e não outras.
O Autismo e a LIBRAS
A Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 da educação especial vem se desenvolvendo como uma modalidade de educação escolar, que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais. 
Visando essas potencialidades iniciou o uso da Libras como comunicação alternativa com essa atendida do espectro autista. Por mais que a Libras seja usada e reconhecida como língua na comunidade surda, seu uso para outras deficiências já comprovam seus benefícios. 
Foi realizado um teste com uma menina de 13 autista e além de ela ter conseguido aprender LIBRAS muitos outros benefícios foram agregados como extinção de respostas inadequadas de hetero-agressão e de retirar a roupa nos atendimentos; ocorreu o aumento da atenção concentrada e compartilhada, a capacidade de imitação foi desenvolvida e ampliada, bem como a iniciativa de interação social adequada; também houve a ampliação de interesses, aumento positivo da capacidade de alternar, esperar e na tolerância à frustração e ao ser contrariada, ampliação da frequência da linguagem receptiva e expressiva (não – verbal/ Libras) e maior destreza na coordenação motora fina. 
Autismo X Afasia
Assim como o autismo, a afasia afeta a fala.
A afasia se desenvolve a partir de lesão na região posterior do lobo frontal esquerdo afetando a produção linguística.
 Quando descoberta, a síndrome foi relatada
como um déficit específico de produção linguística sem que o paciente apresentasse qualquer problema motor para justificar a dificuldade de articular sentenças gramaticais completas. Com os diversos estudos experimentais na área, percebeu-se que além do problema de produção, os afásicos de Broca também sofriam de déficit de compreensão. 
Tanto a afasia e o autismo são síndromes que poderem surgir acompanhadas dos de outras síndromes, difícil se torna estabelecer um diagnostico inequívoco.
Distúrbio X Patologia X Variação
Distúrbio pode ser traduzido como “anormalidade patológica por alteração violenta na ordem natural.”
Patologia pode ser definida como o ramo da medicina que descreve as alterações anatômicas e funcionais causadas pelas doenças no organismo.
Variação é um processo natural dos sistemas das línguas e não implica irregularidades. É esperada sendo as construções alternantes previsíveis e legitimas.
O papel do Fonoaudiólogo
A fonoaudiologia atualmente também conta com uma especialização chamada Fonoaudiologia Escolar. MAIA (2011) refere-se à prevenção da saúde de alunos e de profissionais que trabalham no meio educacional. 
O fonoaudiólogo assim, age para alertar profissionais das instituições de ensino que nem sempre há distúrbio ou patologia no processamento verbal oral e escrito dos aprendentes.
Para os profissionais de saúde e de educação, quanto mais claro for o diagnóstico, mais fácil se torna a necessária intervenção.
A interação Linguística  Saúde é, pois, imperiosa e decisiva para a correta orientação de tratamentos.
Bibliografia
MOLLICA, M. C.; LOPES N. Patologia, distúrbio e variação: a difícil tarefa de diagnosticar.
COSTA RIBEIRO J. M. (2005) A criança autista em trabalho. Rio de Janeiro: 7Letras.
COSTA SALES K.; ANTONIO R. E. Introdução de Libras em Adolescente com Autismo: Relato de Caso. Periódico de Divulgação Científica da FALS. Ano VIII - Nº XVII-DEZ / 2014

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