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RESUMO de Direito Civil B2

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RESUMO
DE 
DIREITO DE FAMILÍA
B2
UNIÃO ESTÁVEL
CONCEITO : União estável é a união entre duas pessoas, fora do matrimônio, de caráter estável, mais ou menos prolongada, para a satisfação sexual, assistência mútua e dos filhos comuns e que implica uma presumida fidelidade recíproca entre os dois.
História: A Súmula 380 do STF permitiu a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum dos concubinos se comprovada a existência de sociedade de fato entre eles.
A CF/88 determinou a proteção à união estável.
A Lei nº. 8.971, de 29.12.1994, regulava o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão; e a Lei nº. 9.278, de 10.5.1996 também regulamentou a matéria. · O CC/1916 ignorava a então chamada família ilegítima, e mencionava raramente o concubinato, apenas para proteger a família constituída pelo casamento. O CC/1916 não reconhecia uma situação de fato como digna de amparo.
O único direito vinha do art. 363, I, que permitia ao investigante da paternidade a vitória na demanda se provasse que ao tempo de sua concepção sua mãe estava concubina da com o pretendido pai. E o concubinato tinha em sua definição fidelidade da mulher ao seu companheiro, daí a presunção relativa que o filho havido por ela tinha sido engendrado pelo concubino.
· CF/88: para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento – art. 226, §3º.
Assim, a família nascida fora do casamento, com união estável ganha novo status no direito – a regulamentação vem depois, com as leis 8.971/1994 e 9.278/1996.
Na prática, mesmo antes da lei regulamentadora ou da CF, muitos eram os concubinatos, porque o divórcio era proibido, então pessoas desquitadas, que não se podiam casar de novo, constituíam concubinato, tendo filhos e partilhando o patrimônio na nova relação.
A CF supera todas as leis então em vigor, equiparando os filhos, independentemente da natureza da filiação. A mesma regra está no CC, no art. 1.596.
Além disso, a Lei nº. 8.560/1992, que regulamentou a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento, já vedava indicação, no registro de nascimento, sobre o estado civil dos genitores, natureza da filiação, entre outras providências, tudo para preservar a pessoa do reconhecido, e assegurar todos os demais direitos e garantias constitucionalmente previstos.
Na previdência social, a lei e a jurisprudência. (administrativa ou judicial) dão importância à companheira. A Lei nº 8.213/91, art. 16, I, com a redação dada pela Lei nº. 9.032/1995), que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, bem como seu Regulamento (Dec. n. 3.048, de 6.5.1999, art. 16, I), permite a inclusão da companheira (o) na categoria de beneficiários do Regime Geral da Previdência Social, com tratamento idêntico àquele dado ao cônjuge, até mesmo em concorrência com os filhos, na forma da lei.
Pode haver concubinato em que um não vive a expensas do outro, nem coabita.
Em 2011 o STF reconhece como união estável, entidade familiar, a relação homossexual.
O concubinato puro, apto a gerar os efeitos e a proteção da lei, é chamado de união estável pelo CC/2002.
O concubinato impuro ou impróprio é o vínculo adulterino, sem estabilidade, passageiro etc. Este não produz efeitos.
Obs.: pessoas separadas de fato podem constituir união estável com terceiro.
O CC repete a lei 9.278/96 e indica parâmetros para a união estável – art. 1.723, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
Os §§ do art.1.723, CC acrescentam regras relevantes, para solucionar dúvidas e divergências existentes a respeito do assunto:
1. Impede-se a caracterização da união estável se a convivência, mesmo preenchendo todos os elementos do caput, se der entre pessoas com impedimento matrimonial (parentes ou afins em linha reta, por ex., cf. art. 1.521, CC).
2. Prevê expressamente a possibilidade de constituição de união estável se um ou ambos os companheiros forem casados, desde que a pessoa casada esteja separada de fato (excepcionando o impedimento previsto no 1.521, VI).
Não caracterizada a união estável em razão de impedimentos matrimoniais, a relação constitui, cf. art. 1.727, concubinato impuro, sem os efeitos positivos na esfera jurídica de seus partícipes.
REQUESITOS
- Ausência de formalismo, dificulta a prova da constituição de entidade familiar.
SUBJETIVA: 
Convivência “ More Uxorio”
“ Affectio Maritalis”
Constituição famíliar
OBJETIVA:
Diversidade de Sexos
Notoriedade
Estabilidade
Continuidade
Inexistência impedimentos matrimonias
Relação Monogamica.
SÚMULA 382 : A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à caracterização do concubinato.
Não cabe porque e concubinato e não união estável.
DEVERES : ARTIGO 1.724 CC
Lealdade
Respeito
Assistência
Guarda/ Sustento/ Educação Filhos
DIREITOS 
Alimentos
Meação
Herança
A súmula 380 do STF:
Obs.: o valor da súmula é histórico, porque hoje se adota cf. o CC/2002 solução expressa a respeito dos efeitos patrimoniais da união estável, aplicando-se atualmente (cf. a lei) o regime da comunhão parcial, salvo contrato escrito dispondo em contrário. A súmula se aplicava quanto ao patrimônio adquirido antes de regulamentada a matéria.
· A súmula se baseou em quase 10 acórdãos proferidos entre 1946 e 1963.
· Súm. 380: comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.
· A ideia predominante na súmula é a de sociedade de fato entre os concubinos, donde resulte patrimônio ou aumento do patrimônio existente, decorrente do esforço comum daqueles.
· Era frequente se negar a ideia de sociedade de fato entre os concubinos, por falta da affectio societatis, elementar naquele contrato. O concubinato se inspirava mais no amor que no intuito de lucro, este intuito inexistente é que representaria a affectio societatis.
· A Lei nº. 9.278/96 estabeleceu presunção relativa de serem comuns os bens adquiridos onerosamente pelos conviventes.
· O CC (art. 1.725) aplica à união estável o regime da comunhão parcial de bens.
Da Utilização pela Concubina do Patronímico de seu Companheiro.
No passado, a companheira acabava usando informalmente o sobrenome do companheiro. Mas documentos oficiais, passaportes, escrituras, passagens, hotéis etc. eram com sobrenome da mulher. Isto no passado, com o preconceito em relação ao concubinato, gerava constrangimento.
· Se a CF/88 trata de proteger a união estável, elevando-a à categoria de entidade familiar, dando-lhe a proteção do Estado, como se casados fossem os seus partícipes, deve haver o direito de uso do nome.
Então, caracterizada a união estável, basta pedido conjunto dos companheiros para que (como no casamento) se admita pedido autorizando a modificação pretendida.
A UNIÃO ESTÁVEL E O CC/2002:
· Art. 1.723: mantém os elementos caracterizadores da união estável da Lei de 1996 (convivência pública, duradoura e contínua estabelecida com o objetivo de constituir família), desprendendo-se o legislador, definitivamente, de prazo preestabelecido ou evento prole para identificar a união.
· Possibilidade expressa de união estável se um (ou ambos) for casado, mas separado de fato.
· Impossibilidade de união estável se verificada a existência de impedimentos matrimoniais.
· No campo pessoal, reitera os deveres de: lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos, como obrigação recíproca entre os conviventes (art.1.724, CC).
· Efeitos patrimoniais: art. 1.725, CC - comunhão parcial de bens. Assim, os companheiros passam a partilhar todo o patrimônio adquirido na constância da união, como se fossem casados.
Passam a integrar o acervo comum, por ex.: os bens adquiridos por fato eventual, e o fruto dos bens particulares (art. 1.660, CC).
Obs.: O art. 1660 permite aos companheiros afastar a incidência desseregime por contrato escrito (contrato de convivência na união estável).
· Alimentos: estabelecidos com a pensão decorrente do casamento (art. 1.694 a 1.710). Assim, é igual o tratamento.
· Direitos sucessórios: diferentes no casamento e na união estável, como se verá na matéria de direitos sucessórios.
- Art. 1.726 – a união estável pode converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil (art. 7º da lei de 96).
Obs.: Aqui a lei falha por não estabelecer os critérios, as formalidades e os efeitos desse pedido, tornando então inócua a previsão.
BEM DE FAMÍLIA 
CONCEITO: Inicialmente, é fundamental termos em mente que o sistema jurídico brasileiro reconhece duas espécies de bem de família: 
 
a) O bem de família Voluntário, regulado a partir do artigo 1.711, CC. 
b) O bem de família Legal, regulado pela Lei n. 8.009/90. 
Assim, por razão didática, cuidaremos de conceituar, separadamente, cada tipo de 
bem de família. 
Art. 1711 a 1722, CC. Lei nº 8.009/90.
1. Bem de Família Voluntário – Código Civil
Importante: Caso existam vários imóveis utilizados como residência, poderá ser feita a instituição do bem de família nos termos abaixo elencados, caso contrário a impenhorabilidade recairá sobre o imóvel de menor valor (art. 5º, Lei nº 8.009/90, parágr. único).
a) Quem pode instituir o bem de família?
Cônjuges e entidade familiar (companheiros e família monoparental).
Terceiro – mediante testamento ou doação mais aceitação expressa dos cônjuges ou da entidade familiar beneficiada.
b) Forma
Escritura pública e testamento – se cônjuges, companheiros ou família monoparental.
Testamento e doação, se terceira pessoa.
c) Objeto
Bem imóvel (urbano ou rural) com pertenças e acessórios, desde que destinado a domicílio familiar.
Valores mobiliários, cuja renda seja aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
d) Constituição: mediante registro de seu título no Registro de Imóveis.
e) Impenhorabilidade após a sua instituição, salvo as dívidas de tributos relativos ao prédio (IPTU) ou despesas de condomínio.
a isenção da impenhorabilidade dura enquanto viver um dos cônjuges, ou na falta destes até que os filhos completem a maioridade.
a dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.
f) O imóvel e os móveis que integram o bem de família não podem ter destinação diversa e não podem ser alienados sem o consentimento dos interessados ou seus representantes legais, ouvido o Ministério Público.
g) Pessoa sozinha (sem filhos) não pode instituir bem de família
h) Impossibilidade de manutenção – os interessados (via judicial) poderão pedir sua extinção ou sub-rogação real, ouvido o instituidor e o Ministério Público.
i) Administração do bem de família: administram o bem de família ambos os cônjuges ou companheiros. Com o falecimento destes, cabe ao filho mais velho administrar (se maior), caso contrário será o tutor o administrador.
j) Extinção: morte de ambos os cônjuges ou companheiros, maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família, mas se decorrer de morte de um dos cônjuges ou companheiros, o sobrevivente poderá pedir a sua extinção, se for o único bem do casal.
2. Bem de Família Legal ou Involuntário – Impenhorabilidade do bem de família - Lei 8009/ 90.
Independe de instituição. Se o casal (ou entidade familiar) tiver vários imóveis será o de menor valor.
Lembre-se: caso o casal queira instituir o bem de família deverá fazê-lo nos moldes do Código Civil.
Pressupostos: o único imóvel (próprio) do casal ou entidade familiar não responde pelas dívidas civis, comerciais, fiscais, previdenciárias etc. contraídas pelos cônjuges, companheiros, pais e filhos que sejam proprietários e nele residam, salvo dívidas relacionadas ao próprio imóvel, como mencionado acima.
BEM DE FAMÍLIA LEGAL : A impenhorabilidade do bem de família legal deriva da própria lei. Trata -se de um bem de família que independe da instituição por ato de vontade, bem como de registro em cartório e até mesmo de valor.
TUTELA E CURATELA
CONCEITO DE TUTELA: Trata-se de encargo disposto pela lei a uma pessoa capaz a fim de cuidar do menor e administrar seus bens.
Espécies de tutela.
Quanto à fonte:
1. Testamentária.
Quando o pai ou a mãe, por testamento ou documento autêntico, indicam quem haja de servir para tutor dos filhos menores, que deixam ao morrer.
Art. 1.729, CC: o direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto. Mas havendo apenas um dos pais, ou estando apenas um deles apto à nomeação, deverá ser considerada válida a indicação procedida por somente um deles.
Considera-se documento autêntico qualquer escrito que deixe claro, sem dúvidas, tanto a nomeação do tutor quanto a identidade do signatário. Ex.: codicilos, escritura pública ou particular, cartas e ainda o testamento nulo ou anulável quando não vulnerada a própria nomeação.
Para que tal nomeação tenha eficácia, há dois pressupostos:
a) que o outro genitor não possa exercer o poder familiar, pelas razões figuradas na lei, pois o poder familiar cabe a ambos os pais, de modo que o pré-morto não pode privar o sobrevivente do exercício de tal prerrogativa, apenas com a indicação de tutor testamentário;
b) que o pai que nomeia o tutor esteja no exercício do poder familiar também ao tempo de sua morte (art. 1.730, CC), pois não pode transferir direito que não tem. Aliás, se o pai foi destituído do poder familiar, presume a lei faltarem-lhe qualidades para indicar tutor para seus filhos. Por isso nega eficácia à indicação que porventura tenha feito.
Art. 1.729, CC: o direito de nomear tutor compete apenas aos pais. Pela nova redação do art. foi excluída a legitimação dos avós contida no CC/1916. O direito do avô tinha base no Direito Romano, em que o pátrio poder era exercido pelo pater sobre todos os seus descendentes, pois como os filhos continuavam alieni juris, enquanto vivesse o pater, toda a família estava sob o poder deste, até a sua morte. No nosso sistema, a maioridade emancipa o descendente, portanto é ele, e não seu pai, o titular do poder familiar sobre seus filhos. Então, só ele lhes pode indicar tutor.
2. Legítima;
Ocorre na falta da testamentária: art. 1.731, CC – inexistindo tutor nomeado pelos pais, incumbe a tutela aos parentes consanguíneos do menor na seguinte ordem:
I. aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;
II. aos colaterais até o 3º grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais novos;
· O juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.
· A nova ordem de preferência substitui a do CC/1916, que tinha a antiga discriminação quanto à preferência da linha paterna sobre a materna e do sexo masculino sobre o feminino.
3. Dativa
Deriva de sentença judicial.
Tem caráter subsidiário, pois só é concedida na falta de tutor legítimo ou testamentário, ou quando eles forem escusados ou excluídos da tutela. Em regra e por conveniência, deve-se dar um só tutor a todos os irmãos (art. 1.733, CC).
· A ordem do CC para a escolha do tutor legítimo pode ser alterada pelo juiz, que pode indicar para tutor pessoa estranha, havendo um dos parentes mencionados no citado dispositivo, se a tutela dativa servir melhor ao interesse do menor.
Se o menor vem sendo criado por pessoa idônea, que exerce com zelo e amor aquela função, deve o juiz preferi-la ao nomear tutor, ainda que haja irmãos ou tios dispostos a aceitar o encargo.
Incapazes de exercer a tutela: Art. 1.735, CC: enumera os casos de pessoas que ou são incapazes, ou não estão legitimadas para exercer a tutela.
Trata-se ou de incapazes que nem podem administrar os próprios bens, quanto mais os alheios; ou de pessoas desonestas a quem seria temerário confiar a administração de valores de terceiros; ou ainda de pessoas que, em virtude de uma relação com o menor, apenasnão podem ser tutoras daquele incapaz, podendo sê-lo de outros.
É inconveniente nomear tutor pessoa cujos interesses colidam com os do pupilo, ou seus inimigos.
Da garantia da tutela: Art. 1.745, parágr. único, CC: Se o patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz condicionar o exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o tutor for de reconhecida idoneidade.
Do exercício da tutela em relação à pessoa do menor.
O tutor deve cuidar do menor. Assim, deve dirigir a educação do pupilo, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, de acordo com o seu patrimônio e condição.
Art. 1.740, CC: o tutor deve cumprir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, permitindo seja manifestada a opinião do menor, se este já contar com 12 anos de idade.
O tutor representa o menor até os 16 anos e o assiste após essa idade até os 18 anos.
Dos bens do tutelado (art. 1.753 e 1.754, CC).
Anteriormente, a lei já impedia que o tutor conservasse em seu poder dinheiro dos seus tutelados, além do necessário para sua educação, sustento e administração dos bens.
O tutor é responsável pela má administração dos bens do pupilo, quando age com culpa. E aquele que desnecessariamente conserva em mãos recursos, procede com negligência.
Dada a considerável amplitude dos conceitos utilizados nos textos legais, como necessário para sustento, educação e administração, demora na aplicação de valores etc., as regras do 1.753 e s. do CC, assim como já o eram na legislação anterior, dependerão de apurada interpretação.
Da prestação de contas na tutela.
O tutor presta contas, assim como toda pessoa que administra bens alheios.
O tutor presta contas mesmo que dispensado pelos pais dos tutelados.A lei exige balanços anuais, mas só reclama prestação de contas a cada dois anos; ou quando o tutor deixa o exercício da tutela. Mas tais prazos não são escritos e as contas devem ser prestadas cada vez que o juiz achar conveniente. O que inspira a lei e (deve inspirar) o juiz é a preservação do interesse do pupilo.
As despesas com a prestação de contas serão pagas pelo tutelado. Regras sobre prestação de contas pelo tutor no CC: art. 1.755 a 1.762.
Da cessação da tutela.
Em relação ao menor, a tutela cessa com a maioridade ou emancipação. Ou se cair o menor sob poder familiar, no caso de reconhecimento, ou adoção (art. 1.763, CC). A tutela é instituto protetivo, justifica-se enquanto o tutelado precisa de proteção. O maior ou emancipado não precisa da proteção.
A tutela substitui o poder familiar, então se este surge, pelo reconhecimento ou adoção, a tutela perde sua razão de ser. O poder familiar é um meio mais eficaz e mais natural de proteção.
Art. 1.764, CC: cessam as funções do tutor, sem que cesse a tutela: 
I. ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
A tutela é munus público, o tutor não pode recusá-la a não ser que apresente uma das escusas legais.
Mas o encargo não é perpétuo, e sim transitório, visto que a lei determina não ser o tutor obrigado a servir por mais de dois anos.
Transcorrido esse prazo, pode o tutor, se quiser e com isso anuir o juiz, prosseguir na tutela. Mas não pode ser compelido a fazê-lo.
II. ao sobrevir escusa legítima;
Aqui o caso é de superveniência de uma causa que afeta a própria pessoa do tutor, dificultando ou impedindo o exercício da tutela.
III. ao ser removido.
Por se tornar incapaz de exercer a tutela, ou por se revelar negligente ou prevaricador.
· Em todas essas hipóteses, como o dever de zelar pela pessoa e bens do menor persiste, deve ser nomeado outro tutor para o cargo – a tutela só se extingue em relação ao primitivo tutor.
· Caso não haja tempo hábil à nomeação de novo tutor, este pode ser nomeado interinamente, até a nova nomeação.
· Cessado o período em que deveria servir, o tutor deverá promover ação exoneratória do encargo, dentro do prazo de 10 dias seguintes à expiração do termo, sob pena de entender-se reconduzido ao cargo, salvo se o juiz o dispensar.
DA CURATELA.
Conceito: é o encargo público, conferido por lei a alguém, para dirigir a pessoa e administrar os bens de maiores (podem ser emancipados), que por si não possam fazê-lo.
- A lei protege o incapaz menor pelo poder familiar, quando os pais estão vivos, ou pela tutela, se estes estão mortos ou decaíram do exercício do poder familiar.
- Na curatela estudamos proteção ao maior que necessita de apoio para o exercício dos atos da vida civil.
Há ainda outras hipóteses (como a do curador de ausentes, ou do curador ao ventre).
Tutela e curatela são institutos com a mesma natureza e finalidade – a própria lei manda aplicar à curatela, com as modificações derivadas das peculiaridades individuais, as regras concernentes à tutela (art. 1.774, CC).
PESSOAS SUJEITAS À CURATELA:
O art. 1.767 enumera os sujeitos à curatela.
Cf. o rol das pessoas incapazes do art. 4º do CC. Além dos casos aqui tratados, o CC manteve a curatela do nascituro (art. 1.779, CC).
Obs.: A Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) revogou o art. 1.780 do CC, que previa expressamente a curatela também ao enfermo ou portador de deficiência física, possibilitando nesses casos a nomeação de curador para cuidar de todos ou alguns de seus negócios ou bens.
I. Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
II. Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos: Tal categoria sofreu influência do Decr. n. 24.559/34, que dispunha sobre a assistência aos psicopatas e também aos intoxicados e aos ébrios habituais.
* O CC (art. 1.772) permite o deferimento da curatela de acordo com o nível de discernimento mental do interdito, podendo ser ela total ou parcial, como veremos.
III. Os pródigos: São os que gastam sem controle o seu patrimônio, como se não tivessem noção da importância da riqueza material, na civilização moderna, de modo que, se lhe fosse permitido agir sem restrição, seu destino seria a integral miséria.
Fora do campo patrimonial, esfera específica em que sua deficiência se manifesta, apresenta-se o pródigo com liberdade e discernimento. Então, sua interdição envolve apenas a proibição de praticar, desassistido, aqueles atos que possam, direta ou indiretamente, implicar redução de seu patrimônio.
A interdição do pródigo só o priva de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar etc. O CC coloca o pródigo na situação dos demais incapazes. Há interesse do Estado na sua proteção, na medida em que deixa de restringir a interdição às hipóteses em que existam familiares com direitos a serem preservados. O CC/2002 NÃO RENOVOU tal RESTRIÇÃO DO ART. 460 do CC/1916. O CC/2002 mantém a interdição parcial, resguardando o pródigo apenas dos atos de disposição patrimonial (art. 1.782), pois para a sua prática é que o descontrole se manifesta.
Da curatela do nascituro (art. 1.779, CC): Ocorre a curatela do nascituro quando o pai falece ou é desconhecido, ou ausente, não podendo exercer o poder familiar, e a mulher grávida não tem o exercício do poder familiar.
Quem será o curador: O art. 1.772, parágrafo único do CC estabelece que para a escolha do curador o juiz deve levar em conta a vontade e os interesses do interditando, além de ausência de conflito de interesses e de influência indevida, proporcionalidade e adequação às circunstâncias da pessoa. No caso de pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa (art. 1.775-A, CC). Na tutela e na curatela deve prevalecer o interesse do incapaz, não sendo rígida a ordem mencionada na lei.
Para curador, o juiz nomeia o cônjuge (desde que não separado), cf. art. 1.775, CC. Da mesma forma, pode o juiz preferir para curadora a irmã do interdito, em vez de seu irmão, se isso for melhor para o curatelado.
Não só o cônjuge, mas também o companheiro pode ser curador. Na falta de cônjuge ou companheiro, defere-se a nomeação ao pai ou à mãe; na falta desses deverá ser nomeado o descendente que se mostrar mais apto e na falta de todos os anterioreso juiz nomeará um curador dativo.
DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA: A Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) cria o ART. 1.783-A, do CC, sobre a tomada de decisão apoiada, processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos duas pessoas idôneas, de sua confiança, para apoia-la na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhe informações necessárias para que possa exercer a sua capacidade.
O pedido de tomada de decisão apoiada é encaminhado ao juiz, que decide após oitiva do MP e entrevista pessoal do requerente, este sempre acompanhado das pessoas que lhe dão apoio. O juiz atua com o auxílio de equipe multidisciplinar.
Os apoiadores têm responsabilidade e prestam contas, como o curador. Podem se desligar, os apoiadores, somente com a manifestação favorável do juiz.
ALIMENTOS
CONCEITO : “São prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si”. Orlando Gomes
FINALIDADE E CONTEÚDO
Qual a finalidade?
Fornecer a parente, cônjuge ou companheiro o necessário à sua subsistência.
Princípio da solidariedade/ dignidade da pessoa humana
Qual o conteúdo?
Indispensável ao sustento, incluindo o necessário à manutenção da condição social e moral do alimentando
Inclui sustento, vestuário, habitação, assistência médica, instrução e educação.
ESPÉCIES
*Necessários/Naturais 
*Civis/Côngruos (Herrera)
*Legais/ Voluntários/ Indenizatórios
*Definitivos/ Provisionais ou ad litem/ Provisórios
*Pretéritos/Atuais/
Futuros 
FUNDAMENTO
OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
Decorre da lei
Fundado no parentesco (ascendentes-descendentes e colaterais)
Principio da Solidariedade familiar
 DEVER ALIMENTAR
Existe se houver necessidade do alimentando
Depende possibilidades do alimentante
CARACTERÍSTICAS OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
Transmissibilidade – art. 1700 CC
Divisibilidade (solidariedade)
Condicionalidade (necessidade/possibilidade)
Reciprocidade - art. 1696 CC
Mutabilidade - art. 1699 CC
CARACTÉRISTICAS DIREITO ALIMENTOS
PERSONALÍSSIMO: Não poderá ser repassado a outrem. Após a morte , o crédito poderá ser exigido dos herdeiros, (CJF, enunciado 343 – Art.1792. A transmissibilidade da obrigação alimentar é limitada ás forças da herança.)
INCESSÍVEL: Incessível, uma vez que não pode ser objeto de cessão de crédito. CC, Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.
IMPENHORÁVEL: Não se pode penhorar pensão alimentícia. (CC, Art.1707)
INCOMPENSÁVEL: O direito a alimentos não pode ser objeto de compensação, sendo assim, o marido, por exemplo, não pode deixar de pagar a pensão a pretexto de compensá-la com recebimentos indevidos, pela esposa, de aluguéis só a ele pertencentes.
INTRANSACIONÁVEL: CC, Art.841 ,Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.
IMPRESCRITÍVEL: Não tem prazo para propor a ação, mas as prestações vencidas não são imprescritíveis, tendo prazo prescricional para pleitear as prestações vencidas de 2 anos, a partir da data em que venceram. Portanto se a pessoa vier necessitar de alimentos, e cumprir os requisitos, poderá cobrar alimentos a qualquer tempo, tendo em vista o caráter imprescritível deste direito.
ATUAL: Exigível no presente e não pelo passado;
IRREPETÍVEL: Os alimentos uma vez pagos, são irrestituíveis, sejam provisórios, definitivos ou ad litem. Mesmo que a ação venha a ser julgada improcedente, não cabe a restituição dos alimentos. Quem pagou alimentos, pagou uma dívida. Assim, ao pagar alimentos não tem mais como devolver, uma vez pago é direito do autor. Esta é uma característica tradicional do instituto dos alimentos, e consiste, portanto, na proibição da repetição dos alimentos, ou seja, tem por intuito impedir sua restituição quando houver constatação posterior de que não eram devidos. 
IRRENUNCIÁVEL: Não poderá ser renunciado.
Natureza jurídica.
Os alimentos têm caráter assistencial e natureza jurídica de direito da personalidade.
Disciplinados por normas de ordem pública, como dito acima, as regras são inderrogáveis por convenção entre os particulares.
Então: NÃO SE PODE RENUNCIAR ao direito de exigir alimentos, nem se pode ajustar que seu montante jamais será alterado. · Não se compensa prestação alimentícia com dívida que o alimentário tem para com o alimentante (devedor de pensão alimentícia). Porque a pensão alimentícia visa socorrer o alimentário.
· Créditos por alimentos são impenhoráveis.
· Apelações interpostas das sentenças que condenam à prestado de alimentos são recebidas apenas no efeito devolutivo, e não no suspensivo, pois a suspensão do julgado poderia conduzir o alimentário à morte.
· Levantamento de quantias eventualmente depositadas em juízo a título de pensão alimentícia se faz independentemente de caução.
· Por sua natureza jurídica, são insuscetíveis de cessão, compensação ou penhora.
· O credor pode deixar de exercer os alimentos, mas não pode renunciar ao respectivo direito (por causa de sua natureza jurídica).
O cônjuge separado judicialmente pode vir a pleitear alimentos do outro, diante da necessidade superveniente.
Quem deve prestar alimentos. Quem os pode reclamar.
O Direito à prestação de alimentos é recíproco entre os parentes, cônjuges e companheiros assinalados na lei. Ao direito de exigir alimentos corresponde o dever de prestá-los.
Quem deve prestar alimentos na obrigação decorrente do parentesco:
1. Parentes em linha reta, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta dos outros (pais, se não for possível avô, etc.; filho[2], se não for possível neto, etc.). A existência de parentes mais próximos exclui os mais remotos da obrigação alimentícia.
Ex.: se a pessoa não pode prover a sua subsistência por causa da idade ou moléstia deve reclamar alimentos de seu pai, avô etc.; ou de seus filhos (art. 1.697, CC). Os devedores (ex.: filhos) devem fornecer alimentos, se puderem (possibilidade), ainda que haja netos ou bisnetos com mais recursos.
2. Não havendo parentes em linha reta, são chamados a prestar alimentos os irmãos, tanto unilaterais como germanos. A lei não chama os colaterais além do 2º grau para prestar alimentos, embora defira a sucessão legítima aos colaterais até 4º grau. Assim, na linha colateral a obrigação restringe-se aos irmãos do necessitado (art. 1.697, CC).
Obs.: no direito brasileiro, os parentes afins não são obrigados a prestar, nem têm o direito a receber, alimentos uns dos outros.
A pensão complementar é obrigação dos parentes remotos, para suprir falta parcial do mais próximo para atender às necessidades do alimentando. Ex.: o pai paga o quanto pode e os avós completam a pensão.
A pensão complementar (cf. art. 1.698, CC) vem dos parentes de grau imediato mais próximo, se o convocado em primeiro lugar não tiver condição de suportar totalmente o encargo.
Nos alimentos decorrentes do casamento e da união estável, há obrigação recíproca entre os cônjuges e conviventes.
O CC/2002 permite a fixação de pensão mesmo quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia, mas, nesse caso, os alimentos serão restritos aos valores indispensáveis à subsistência. Mesmo culpado, então, o cônjuge ou companheiro pode reclamar pensão alimentícia em caráter excepcional (art. 1.694, 1.702 e 1.704, CC).
Objeto e montante da prestação alimentícia.
Os alimentos podem ser prestados em espécie, o que é comum. Há pais que em lugar de pecúnia oferecem os estudos, o material didático, o plano de saúde, a moradia etc., nos limites de sua possibilidade.
· Quanto a filho menor, a necessidade é presumida. E o dever de sustento da prole decorre do exercício do poder familiar, como visto em aula anterior, sobre o poder familiar e seus efeitos.
· Quanto às possibilidades do alimentante (obrigado): deve ser buscado um valor que a pessoa possa fornecer, sem desfalque do necessário ao seu próprio sustento. Para o indeferimento, não é necessário quese trate de indivíduo igualmente miserável – basta que o alimentante, se obrigado a prestar a pensão pedida, fique privado do necessário para o seu sustento.
Deve haver equilíbrio entre a necessidade e a possibilidade, analisadas ambas.
Prova dos ganhos do alimentante: é obrigatória. Se o réu é trabalhador autônomo ou empresário, raramente se obtém um resultado indiscutível. Aqui a declaração de renda representa muitas vezes um bom elemento de prova, que pode ser completado com a verificação da movimentação bancária e de cartões de crédito.
Especificamente para a manutenção dos filhos, os pais contribuem na proporção de seus recursos (art. 1.703, CC). Desse modo, além da necessidade dos menores e da possibilidade do requerido, será analisada igualmente a capacidade do genitor que detém a guarda.
· Cf. a lei, os alimentos serão atualizados monetariamente segundo o índice oficial regularmente estabelecido (art. 1.710, CC), devendo constar do acordo ou decisão a respeito os parâmetros para o reajuste. Se a pensão é fixada em percentual sobre o salário do obrigado, a sua atualização é automática, seguindo o realinhamento salarial.
Dos alimentos gravídicos: Criados pela Lei nº 11.804/2008, visam custear as despesas do período de gravidez, da concepção ao parto. As despesas abrangem alimentação especial, médicos, exames, remédios. Após o nascimento, podem ser convertidos em pensão em favor do menor. Embora irrepetíveis os alimentos, em caso de má-fé da gestante que os pleiteia, é cabível, em favor de quem os pagou injustamente, a indenização por danos morais (art. 186, CC).

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