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(20170331182353)Direitos Reais Aula 7 2017 tab2

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Direito Civil – Direito das Coisas 
 
Professor: Thiago Augusto Bittar 
 
Unidade III - Da Propriedade 
 
Aula 7: Aspectos introdutórios sobre propriedade. 
 
1. Conceito de Propriedade; 
2. Características da Propriedade; 
3. Sujeitos da Propriedade; 
4. Objeto da Propriedade; 
5. Ação Reivindicatória. 
 
 
1. Conceito de propriedade: 
 
O estudo da propriedade revela um dos baldrames sociais mais importantes 
da vida em comum, justamente por descortinar, em um primeiro momento, uma 
necessidade própria de vida, consistente no ajuntamento de bens que garantam o 
mínimo existencial da pessoa humana, e, ao depois, como resultado de uma 
idiossincrasia comum a quase todo ser humano, o ajuntamento de bens e riquezas (que 
formam seu patrimônio). 
Paulo Nader
1
, com a inteligência que lhe é peculiar, tece as seguintes 
considerações iniciais sobre o patrimônio: 
No conjunto das instituições sociais, a propriedade se projeta como um dos fatos 
mais relevantes, pois permite a satisfação das necessidades primárias e 
complementares do ser humano, favorece o desenvolvimento da cultura e do 
progresso, além de apresentar profundas implicações com a questão social. 
O direito civil clássico sempre lidou com as chamadas situações jurídicas 
patrimoniais, tendo sido, por isso mesmo forjado com base na ideia de liberdade (desde 
o Código Civil de Napoleão), originada na ascensão do cidadão burguês ao poder, cuja 
tônica era o direito de “realizar contratos” e de “adquirir propriedades”. 
Assim, os protagonistas do Direito Civil patrimonial sempre foram os 
direitos reais e direitos obrigacionais (ambos são relações jurídicas patrimoniais). 
Natureza jurídica: em primeiro lugar, como já sabido, a propriedade tem 
natureza jurídica de direito real sobre coisa própria (art. 1.225, I), isto é, a propriedade 
 
1
 NADER, Paulo. Curso de Direito Civil, Volume 5: Direito das Coisas. 7ª Ed. – Rio de Janeiro: Forense, 
2016. pag. 124. 
liga-se ao bem relativamente ao qual o proprietário exerce com exclusividade os 
poderes da relação dominial. 
Ademais, é justamente na propriedade que se enfeixam todos os poderes 
decorrentes da relação de domínio (usar, dispor, reaver e reivindicar a coisa – art. 
1.228), de tal maneira que a gama de possibilidades em favor do proprietário é a maior 
possível entre todos os demais direitos reais. 
Tamanha é a importância da propriedade que Carlos Roberto Gonçalves
2
 
chega a dizer que se trata “do mais completo dos direitos subjetivos, a matriz dos 
direitos reais e o núcleo do direito das coisas”. 
Maria Helena Diniz, a seu turno, diz que “propriedade é a plenitude do 
direito sobre a coisa”3 
Tomem-se, por exemplo, espécies de direitos reais de hierarquia inferior à 
propriedade, porquanto incidentes sobre coisa alheia (ius in re aliena): a) no usufruto 
compete ao usufrutuário o poder de usar e fruir da coisa, não lhe competindo o poder de 
aliená-la; b) O mesmo ocorre com o direito de superfície, que confere ao superficiário 
unicamente o direito de utilizar o solo para construir ou plantar, sendo vedada a 
exploração do subsolo. 
Conceito: a definição de propriedade é um dos temas mais difíceis do 
direito, razão por que o legislador civilista optou por não defini-la, tendo-se limitado a 
enunciar os poderes que lhe são decorrentes (art. 1.288). 
Dito isso, na senda da doutrina majoritária, pode-se dizer que propriedade é 
o direito subjetivo e complexo que a pessoa, tanto natural quanto jurídica, tem de usar, 
gozar e dispor da coisa, além de reavê-la do poder daquele que injustamente a possua 
ou detenha,estando tal direito limitado à norma jurídica e à sua função social. 
Limites: conforme se pode denotar do conceito, os limites ao exercício da 
propriedade possuem pontos de irrupção distintos, podendo ser: a) a própria lei 
(proibição de construir acima de determinada altura); b) a vontade das partes (cláusula 
de inalienabilidade ou resolução, servidão, usufruto etc.); c) ou mesmo a cláusula 
constitucional da função social da propriedade (art. 5º. XXIII). 
Poderes: à propriedade tocam os poderes de usar, gozar e dispor e reaver a 
coisa objeto da relação de domínio. 
Esses poderes ainda hoje são traduzidos nas antigas expressões ius utendi, 
ius fruendi, ius abutendi e rei vindicato. 
 
2
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado, v.2 – 4ª Ed.- São Paulo: Saraiva, 2016. pag. 
498. 
3
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 30ª Ed. – São Paulo: 
Saraiva, 2015. fl. 132. 
Ius utendi: é o direito de valer-se das utilidades da coisa, isto é, os serviços 
para os quais se presta, sem danificá-la ou destruí-la. É preciso, então, que para utilizar-
se da coisa, o proprietário esteja na posse (direta) da coisa. 
E mais, o direito de usar encontra limitações em favor do bem-estar da 
coletividade e da preservação do meio ambiente (natural, cultural, artificial etc.). 
Ius fruendi: é o direito de explorar economicamente a coisa, trazido na 
percepção dos frutos (civis, naturais e industriais), bem como na utilização dos produtos 
extraídos da coisa. 
Obs.: Pelo princípio da gravitação jurídica (art. 92), os frutos e produtos da coisa, 
bens acessórios que são, também pertencem ao proprietário da coisa principal (art. 
1.232). 
Relativamente à percepção dos frutos naturais e industriais, o direito de 
fruir (ou gozar) da coisa supõe que o proprietário esteja na posse da coisa, visto que, 
nesses casos, a fruição depende do uso também. 
Ex.: Somente é possível colher os frutos naturais de uma plantação, se o 
proprietário utilizou a coisa para plantar sobre seu solo. 
O mesmo não ocorre com os frutos civis, porquanto ligados ao rendimento 
financeiro decorrente exploração econômica da coisa. Por assim ser, ainda que o 
proprietário não esteja na posse direta do bem, é possível que esteja apropriando-se dos 
frutos civis da coisa. 
Ex.: é o caso do desdobramento dos poderes da propriedade. Ainda que o locador 
esteja tão somente na posse indireta do bem, ainda assim perceberá os aluguéis 
(frutos civis) decorrentes da relação jurídica firmada com o locatário (que exerce o 
jus utendi). 
 
Ius abutendi ou disponendi: é o direito que permite ao proprietário desfazer-
se da coisa, destruí-la, consumi-la ou aliená-la a título gratuito ou oneroso. Bem assim, 
tal poder confere ao proprietário a opção de gravar a coisa de ônus real (ex.: penhor, 
usufruto, servidão). 
Rei vindicado: é o direito que o proprietário possui de reaver a coisa contra 
quem ilegitimamente a possua ou detenha, por meio de ação reivindicatória, em razão 
do direito de sequela inerente aos direitos reais. 
 
 
 
2. Características do direito de propriedade: 
 
A doutrina majoritária costuma desenhar as seguintes características da 
propriedade: a) caráter absoluto b) complexidade; c) exclusividade; d) perpetuidade; e, 
e) elasticidade. 
a) Caráter absoluto: 
O caráter absoluto da propriedade deve ser entendido não de uma 
perspectiva que pretenda conferir plenos e irrestritos poderes do proprietário sobre a 
coisa, mas porque a eficácia de seus poderes dirige-se contra todos (erga omnes). 
Portanto, a despeito de ser absoluto, o direito de propriedade encontra 
limites de ordem legal, constitucional e de cooperação social, inclusive em respeito ao 
exercício de outras relações de domínio. 
Maria Helena Diniz
4
 acrescenta que o caráter absoluto ora estudado decorre 
também da constatação segundo a qual a propriedade é o direito real mais completo, 
a partirdo qual todos os demais decorrem. 
Essa segunda acepção é entendida por alguns doutrinadores como uma nova 
característica, por eles denominada de plenitude ou generalidade da propriedade. 
 
b) Complexidade: 
Como os poderes inerentes à propriedade são vários, (usar, fruir, dispor e 
reivindicar) os estudiosos costumam dizer que se trata de um direito complexo. 
Assim, a propriedade confunde-se com a disponibilidade do exercício 
desses poderes de uma só vez, tornando-a assim um instituto jurídico de natureza 
complexa. 
 
c) Exclusividade 
O art. 1.231 do Código Civil presume ser a propriedade plena e exclusiva 
até prova em contrário. 
A exclusividade da propriedade ressalta que seu exercício afasta, 
necessariamente, a ingerência ou concorrência de terceiros, cuja força é ressaltada pela 
oponibilidade erga omnes. 
 
4
 Idem. pg. 136. 
Portanto, como regra, uma coisa não pode pertencer simultaneamente a 
duas ou mais pessoas. 
Mesmo no caso de condomínio, a propriedade é exclusiva, pois, ainda 
nesses caos, há uma quota parte ideal referida a cada comproprietário, isto é, uma 
divisão abstrata em face da qual se pode dizer que cada condômino possui propriedade 
exclusiva. 
 
d) Perpetuidade 
A propriedade é perpétua. Entenda-se isso da perspectiva de que esse dirito 
não possui prazo de validade para se encerrar independentemente de seu exercício, isto 
é, o não uso da coisa por seu proprietário não significa que deixará de ser seu dono. 
Muito pelo contrário, mesmo nesse caso (do não exercício dos poderes inerentes à 
propriedade), a coisa estará à disposição de seu proprietário, passe o tempo que passar, 
extinguindo-se tão somente pela vontade do dono, ou pela ação de terceiro (poder 
público ou esbulhador). 
A despeito disso, a perpetuidade não significa que a coisa será propriedade 
de apenas uma pessoa enquanto ela durar, afinal muitas coisas existem por mais tempo 
do que seus proprietários, e serão transmitidas por herança. 
Não se deve confundir, pois, a influência da usucapião sobre o domínio 
como argumento para se limitar a perpetuidade da propriedade. Isso porque o 
fundamento da usucapião decorre não da falta de exercício da propriedade pelo seu 
dono, mas em razão da posse contínua do usucapiente. 
A doutrina moderna adverte, contudo, que o não exercício da propriedade 
atenta contra com a destinação social da propriedade, de tal modo que o proprietário 
inerte deve ser censurado, inclusive com a parda de sua propriedade, justamente por não 
conferir à coisa uma função social (art. 5º, XXIII, CF). 
Portanto, cada vez mais o caráter da perpetuidade vem encontrando 
condicionamentos ligados ao seu exercício adequado. Por exercício adequado deve-se 
entender o exercício da propriedade de modo consentâneo com as finalidades jurídico-
sociais, o que eventualmente combate a inércia do proprietário. 
Portanto, não basta tão somente o não uso para que o proprietário perca o 
bem. É preciso que o não uso seja qualificado (adjetivado) como violador da função 
social do bem ou de seu uso adequado. 
 
Funçaõ social da propriedade 
É o exercício da propriedade 
em respeito ao interesse da 
sociedade - limita o caráter 
perpétuo da propriedade 
e) Elasticidade e consolidação: 
 
 É a característica da propriedade segundo a qual, mesmo depois de ter sido 
limitada, ao fim do direito real limitador a propriedade volta a ser plena (volta a 
consolidar-se em sua plenitude). 
Orlando Gomes, apud Maria Helena Diniz
5
, ao tratar sobre a característica 
da elasticidade, dizia que “o domínio pode ser distendido ou contraído, no seu exercício, 
conforme lhe adicionem ou subtraiam poderes destacáveis”. 
Ex.: nu-proprietário readquire todos os poderes inerentes à propriedade ao fim do 
usufruto (por exemplo, em razão da morte do usufrutuário). 
 
 Contração/limitação dos poderes da propriedade: 
 
 
 Consolidação dos poderes da propriedade: 
 
 
 
 
3. Sujeitos da propriedade: 
 
Conforme visto na primeira aula, o sujeito ativo de um direito real é o titular 
dos poderes sobre a coisa. No caso da propriedade (que é o direito real sobre coisa 
própria), o sujeito ativo será o proprietário. 
 
5
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 30ª Ed. – São Paulo: 
Saraiva, 2015. fl. 137. 
Propriedade plena: 
1. Usar; 
2. Fruir; 
 3. Dispor; e, 
 4. Reaver 
Propriedade limitada pela 
constituição algum direito real 
instituído por terceiro. 
Ex.: usufruto, servidão, 
hipoteca. 
Propriedade limitada pela 
constituição algum direito 
real instituído por terceiro. 
Ex.: usufruto, servidão, 
hipoteca. 
Ao final da limitação que 
recais sobre a propriedade, 
vota a consolidar-se em sua 
plenitude de poderes (usar, 
gozar, dispor e reaver). 
Na sujeição passiva, está toda a coletividade, que tem o dever de abstenção 
geral. Tal indeterminação quanto à sujeição passiva dará lugar à identificação do sujeito 
passivo, tão logo haja o primeiro ato violador da relação dominial. 
 
4. Objeto da propriedade: 
 
Genericamente todo bem que a lei não exclua poderá ser objeto da 
propriedade. 
No que se refere aos bens imóveis, o Código Civil estabeleceu limites à 
extensão vertical da liberdade, delimitando-a no espaço aéreo e no subsolo em altura e 
profundidade tais que sirvam à utilidade de seu exercício. 
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo 
correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o 
proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura 
ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. 
Dito isso, embora a extensão útil do subsolo seja objeto de propriedade, esse 
direito não abrangerá as jazidas, minas, recursos minerais, energia hidráulica e 
monumentos arqueológicos, conforme disposição do artigo 84 do Código de 
Mineração, artigo 1.230 do Código Civil, e artigo 176 da Constituição Federal, 
porquanto constituem patrimônio da União. 
Significa isso dizer que nenhum proprietário pode impedir que um avião 
passe acima de sua propriedade, ou que um gasoduto seja construído em seu subsolo, 
visto que a altura e profundidade nessas situações não interferem de modo algum no 
exercício de sua propriedade. 
A discussão maior acerca do objeto da propriedade diz respeito aos bens 
incorpóreos. Isso porque não há dúvida quanto à constatação de que os bens materiais 
(corpóreos), móveis ou imóveis possam ser objeto de propriedade (v.g. carro, casa, 
relógio etc.). 
Parte da doutrina exclui os bens incorpóreos da relação de propriedade, por 
entender que as criações artísticas, literárias, científicas e outras provenientes do 
intelecto (e que são bens incorpóreos), não integram o universo jurídico do direito 
patrimonial, mas ligam-se ao direito existencial (direito da personalidade). 
Para além, alguns doutrinadores chegaram a defender que não seria possível 
que os bens incorpóreos fossem objeto da propriedade, o que ficou absolutamente 
superado a partir da própria Constituição Federal (art. 5º, XXVII e XXIX), que 
expressamente confirma a existência da propriedade intelectual. 
Nessa senda constitucional, cada vez mais, os doutrinadores estão admitindo 
que os bens incorpóreos sejam objeto de propriedade. Como bem diz Maria Helena 
Diniz
6
: 
Tanto as coisas corpóreas como as incorpóreas podem se objeto do domínio desde 
que apropriáveis pelo home, que, como sujeito da relação jurídica,poderá exercer 
sobre eles todos os poderes dentro dos imites impostos pela ordem jurídica. 
Seguindo as lições de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald
7
, os 
direitos intelectuais poderão ser objetos da propriedade, em especial porque possuem 
um caráter ambivalente, isto é, um aspecto extrapatrimonial (ligada aos direitos da 
personalidade) e um aspecto patrimonial (que poderá ser objeto da propriedade). 
Apenas uma advertência é preciso. A criação artística, intelectual, literária, 
invenção, patente e marca, ainda quando comercializadas, jamais se desvincularão de 
seu criador (que possui a paternidade sobre a obra), sendo, portanto, esse aspecto um 
direito da personalidade do criador, completamente alheio ao estudo do direito 
patrimonial. 
Propriedade intelectual é gênero de que são espécies: a) direitos autorais, 
formados pelas obras literárias e artísticas; e, b) propriedade industrial, formada pelas 
invenções, patentes e marcas. 
 
 
5. Ação reivindicatória: 
 
Como um dos poderes inerentes à propriedade é o de reaver a coisa (ius 
vindicandi), o ordenamento jurídico estabeleceu um remédio processual em favor do 
proprietário, fundado em sua condição de dono da coisa, para reavê-la de quem quer que 
injustamente a possua ou detenha. 
A ação de reivindicação tem natureza jurídica de ação real, isto é, funda-se 
em um direito real (a propriedade) a qual, como visto anteriormente, tem como 
 
6
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 30ª Ed. – São Paulo: 
Saraiva, 2015. fl. Fl.s 140 - 141. 
7
 Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Curso de Direito civil: Direitos Reais – 12ª Ed. rev. ampl. 
e atual. – Salvador: Ed. JusPodvm. 2016. pags. 269-274. 
Propriedade 
Propriedade 
intelectual 
Direitos Autorais (obras 
literárias e artísticas) -
Lei nº 9.610/98. 
Propriedade Industrial 
(invenções, patentes e 
marcas) - Lei nº 
9.279/96. 
Propriedade 
física 
característica a sequela, em razão da qual o proprietário poderá persegui-la em poder de 
quem quer que a coisa esteja. 
Importa frisar que o autor da ação reivindicatória deve provar o domínio 
sobre a coisa (como título dominial, por exemplo), bem como que a coisa está sendo 
possuída injustamente pelo réu. 
Nessa ação não se discute posse, como ocorre nas ações possessórias, visto 
que seu fundamento é o direito real de propriedade. O juízo possessório (ius 
possessionis), portanto, não se confunde com o juízo petitório (ius possidendi), 
justamente em razão do objeto jurídico deduzido em juízo (res in iudicium deducta). 
A ação reivindicatória, para a corrente minoritária, prescreve em 10 anos, 
em razão da cláusula geral do art. 205 do Código Civil. 
Sem embargos, a doutrina majoritária entende que a ação reivindicatória é 
imprescritível, justamente porque o direito de propriedade é perpétuo. 
Afora tal constatação, é preciso dizer que em sede de ação reivindicatória, é 
lícito ao réu invocar em sua defesa a aquisição do domínio pela usucapião, nos termos 
da súmula n 237 do STF, in verbis: 
Súmula 237 – STF O usucapião pode ser arguido em defesa. 
Importa frisar que a ação reivindicatória pode ser proposta pelo proprietário 
não possuidor em face de possuidor não proprietário, desde que a posse deste seja 
injusta (que ocorre nos casos de posse maculada pela violência, clandestinidade ou 
precariedade). 
Obs.: Se a posse for justa (ad interdicta), o autor será carecedor da ação. 
 
O proprietário poderá valer-se da ação petitória para insurgir-se contra a 
posse injusta de terceiro (art. 1.228, in fine), diferentemente do que ocorre com as ações 
possessórias, em que o possuidor a propõe em face do possuidor de má-fé, sendo 
vedada sua promoção em face de possuidor de boa-fé (vide art. 1.212). 
Se não é cabível a ação possessória em face de terceiro adquirente de boa-fé 
(art. 1.212), nos termos do enunciado CJF nº 80
8
, o proprietário poderá promover tão 
somente a ação petitória, visto que, a despeito de estar de boa-fé, sua posse é injusta. 
Portanto, se o réu exerce sobre a coisa posse de boa-fé e injusta, tudo o que 
foi estudado acerca dos efeitos da posse de boa-fé são aqui aplicáveis, como por 
 
8
 80 – Art. 1.212: É inadmissível o direcionamento de demanda possessória ou ressarcitória contra 
terceiro possuidor de boa-fé, por ser parte passiva ilegítima diante do disposto no art. 1.212 do novo 
Código Civil. Contra o terceiro de boa-fé, cabe tão-somente a propositura de demanda de natureza 
real. 
exemplo, o direito de retenção, caso não seja indenizado pelas benfeitorias úteis e 
necessárias edificadas na coisa (art. 1.219 do CC). 
Por fim, Flávio Tartuce
9
, ao citar Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade 
Nery, aponta as principais características da ação reivindicatória, a saber: 
a) Natureza jurídica: trata-se de ação real, sendo fundamento do pedido a 
propriedade e o direito de sequela a ela inerente. 
b) Finalidade: visa à restituição da coisa. É a ação cabível ao proprietário que 
tinha a posse e injustamente a perdeu. 
c) Requisitos: prova da propriedade e da posse molestada. O réu pode alegar, em 
defesa, a exceptio proprietatis (exceção de domínio), o que não pode ocorrer nas 
ações possessórias. 
d) Rito: comum ordinário. 
e) Remissões: art. 1.228 do CC. 
 
 
 
9
 TARTUCE, Flávio. Direito civil, v. 4 : Direito das coisas 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. Pg 99.

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