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2014 FACULDADE PITÁGORAS PROF. EDILBERTO BATISTA MENDES NETO [APOSTILA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS] 2 INTRODUÇÃO De acordo com a Resolução CFC 1374/2011, as Demonstrações contábeis elaboradas com tal finalidade satisfazem as necessidades comuns da maioria dos seus usuários, uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstrações contábeis para a tomada de decisões econômicas, tais como: (a) decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimoniais; (b) avaliar a administração da entidade quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida e quanto à qualidade de seu desempenho e de sua prestação de contas; (c) avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados e proporcionar- lhes outros benefícios; (d) avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados à entidade; (e) determinar políticas tributárias; (f) determinar a distribuição de lucros e dividendos; (g) elaborar e usar estatísticas da renda nacional; ou (h) regulamentar as atividades das entidades. As demonstrações contábeis são mais comumente elaboradas segundo modelo baseado no custo histórico recuperável e no conceito da manutenção do capital financeiro nominal. Outros modelos e conceitos podem ser considerados mais apropriados para atingir o objetivo de proporcionar informações que sejam úteis para tomada de decisões econômicas, embora não haja presentemente consenso nesse sentido. Esta Estrutura Conceitual foi desenvolvida de forma a ser aplicável a uma gama de modelos contábeis e conceitos de capital e sua manutenção. Além disso, alguns dos objetivos da nova estrutura conceitual: oferecer informações confiáveis para tomada de decisões; apoiar as situações de atuação para cada um dos usuários. com finalidade de dar suporte aos usuários e base para desenvolvimento de novos pronunciamentos. em âmbito internacional auxiliar no desenvolvimento de novos IFRS. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas; APIMEC NACIONAL – Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais; BM&F BOVESPA – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros; CFC – Conselho Federal de Contabilidade; IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil; e FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras foi, por expressa solicitação desses seus membros componentes iniciais, formalmente criado pela Resolução nº 1.055, de 07 de outubro de 2.005 do Conselho Federal de 3 Contabilidade - CFC, para que este, além de dele participar, lhe desse a infra- estrutura de apoio que viabilizasse o atingimento de sua missão. Em função das necessidades de, o CPC tem atendido: convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e decisões, redução de custo de capital); centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem); representação e processos democráticos na produção dessas informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo). A Lei 11.638/07 (Instrução CVM nº 457, comunicado do Banco Central nº 14.259 e Circular SUSEP nº 357) estabelece e aprova os novo relatórios consolidados de acordo com as IFRS a partir de 2010. 1) ESTRUTURA DOS RELATÓRIOS CONTÁBEIS 1.1) As contas contábeis O Patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa, que se divide em Ativo e Passivo, formando assim as contas patrimoniais que compõem a demonstração contábil chamada Balanço Patrimonial. Bens são todos os objetos que uma empresa possui, seja para uso, troca ou consumo, podem ser classificados como bens materiais e imateriais. Bens materiais são aqueles que possuem corpo, matéria, por exemplo, mesas, veículos, dinheiro, mercadorias, terrenos etc. Bens imateriais correspondem àqueles que, embora considerados bens, não possuem corpo ou matéria, por exemplo, fundo de comércio, marcas e patentes . Direitos são os valores que a empresa tem para receber de terceiros, ou seja, de seus clientes ou de todas as pessoas que se relacionam com ela. Obrigações representam os valores que a empresa tem para pagar a terceiros, fornecedores, bancos, empregados, impostos etc. Relacionando-se apenas bens e direitos não se pode identificar a verdadeira situação da empresa. É necessário evidenciar as obrigações (dívidas) referentes aos bens ou direitos. Em contabilidade, a palavra patrimônio tem sentido amplo, por um lado significa o conjunto de bens e direitos, por outro lado inclui as obrigações a serem pagas. Os bens e direitos formam as contas do Ativo que representa o recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados, e do qual se 4 espera que benefícios econômicos futuros fluam para a entidade. Também pode ser definido o que considera-se o lado positivo da empresa e estas contas do Ativo são representadas com saldo devedor. As Obrigações formam as contas de Passivo, que representa a comprometimento presente da entidade, decorrente de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte em uma saída de recursos que incorporem benefícios econômicos da entidade. Também pode ser definido o que consideramos o lado negativo da empresa, estas contas do passivo são representadas com saldo credor. No Passivo além de existirem as contas de Obrigações, encontramos nele as contas do Patrimônio Líquido, que representa a diferença entre o total do Ativo e do Passivo em determinado momento. Identifica os recursos próprios da empresa, sendo formado pelo capital investido pelos acionistas ou sócios, mais os lucros gerados nos exercícios e que foram retidos na empresa (lucros não distribuídos). A Lei nº 11.638/07 prevê que o Patrimônio Líquido é constituído por Capital Social, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados. Além das contas patrimoniais, temos as contas de resultado, que dividem-se em contas de despesas e contas de receitas. Aparecem durante o exercício social, encerrando- se ao final dele. Não fazem parte do Balanço Patrimonial, mas é por meio delas que ficamos sabendo se a empresa apresentou lucro ou prejuízo. Nas contas de resultado, as despesas, são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com a contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais. Também são consideradas contas negativas e neste caso são representadas por saldo devedor. As contas de receitas são os decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais. Também são consideradas contas positivas, que são representadas por saldo credor. Mas antes de continuar a falar das contas do Balanço Patrimonial e de resultado, vamos esclarecer dois pontos importante que na contabilidade devemos utilizar, para elaboração das demonstrações Contábeis. O primeiro deles é conhecer como é composto o plano de contas e em seguida entenderemos como deve ser feito o balancete. 5 1.2) Plano de Contas Plano de Contas é o agrupamento ordenado de todas as contas que são utilizadas pelacontabilidade dentro de determinada empresa. Portanto, o elenco de contas considerado é indispensável para os registros de todos os fatos contábeis. Cada empresa, de acordo com sua atividade e seu tamanho (micro, pequena, média ou grande), deve ter seu próprio Plano de Contas, no qual deve constar todas as contas que serão movimentadas pela contabilidade em decorrência das operações da empresa ou, ainda, contas que, embora não movimentadas no presente, poderão ser utilizadas no futuro. As contas são importantíssimas para os registros contábeis. São elas que permitem a escrituração dos fatos ocorridos nas empresas. Todo contabilista, para realizar a escrituração contábil, deve ter em mãos uma relação contendo todas as contas necessárias ao seu processo contábil. Cada empresa e o seu contador deverá elaborar seu Plano de Contas sempre obedecendo aos seus interesses e, principalmente, à legislação pertinente ao ramo de atividade que exerce. Atualmente, o Plano de Contas deve obedecer às disposições contidas na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações). As contas devem ser estruturadas, discriminando os grupos de contas, títulos, os códigos, os níveis e a natureza do saldo de cada uma. Na estrutura do Plano de Contas, os grupos reúnem contas com funções similares como Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Receitas e Despesas. Os códigos de contas devem identificar o grupo, o subgrupo, o grau de subordinação ou nível, a conta interna diária e a ordem ou posição do elenco de contas. Os níveis de uma conta podem ser sintéticos ou analíticos. Os lançamentos de transações só são feitos nas contas analíticas e os saldos são acumulados automaticamente nos diversos níveis de subordinação. Alguns planos de contas contêm cinco ou seis níveis de subordinação, por exemplo 1.1.1.01.0001 que neste caso são definidos com: No quadro a seguir explicaremos como funcionam os níveis do Plano de Contas. 6 O sistema de conta deve indicar a natureza do saldo das contas como D (+) ou C (-) – devedor ou credor. Para exemplificar melhor nossa estrutura, estamos apresentando abaixo um Plano de Contas IMPORTANTE: este Plano de Contas é apenas um exemplo. O Plano de Contas de uma empresa deve adequar-se ao seu tipo (comercial, industrial etc.) e ao que a empresa e o contador esperam de resultado. 1.3) Balancete de Verificação Um aspecto importante da Contabilidade, depois dos lançamentos em livro Diário e Razão, é o acompanhamento das contas. Portanto, é recomendado fazer esse acompanhamento mês a mês através dos Balancetes de Verificação. Balancete é uma relação de contas extraídas do livro razão (ou de Razonetes), com seus saldos devedores ou credores. Os Balancetes podem diferir uns dos outros, em relação ao número de colunas destinadas ao lançamento dos valores. Uns poderão conter apenas duas colunas sendo uma destinada ao saldo devedor e a outra ao saldo credor; outras poderão conter colunas destinadas aos saldos anteriores, ao movimento do período, aos saldos do período e atuais etc. Cada conta é transferida do Razonete para o Balancete, com seu respectivo saldo. Se a conta no Razonete apontar saldo devedor, esse saldo será transportado para a coluna do saldo devedor do Balancete. Por outro lado, se a conta apontar saldo credor, será transportado para a coluna do saldo credor do Balancete. 7 Razonetes são demonstrativos de contas em formato de T, que utilizamos como simplificação do Razão, pois eles fazem um resumo dos lançamentos contábeis. O controle individualizado das contas é importante para se conhecer seus saldos, possibilitando a apuração de resultados e a elaboração de demonstrações contábeis, como o Balancete de Verificação do Razão, o Balanço Patrimonial e outras. Por exemplo: Fizemos constar todas as contas que configuraram nos Razonetes, com seus respectivos saldos. A soma da coluna do saldo devedor tem de ser igual à soma da coluna do saldo credor, isso porque os fatos administrativos são registrados no livro Diário pelo método das partidas dobradas, cujo princípio fundamental estabelece que, na escrituração, a cada débito deve corresponder um crédito de igual valor. Assim, ao relacionar no Balancete todas as contas utilizadas pela contabilidade de uma empresa, com seus respectivos saldos devedores e credores, a soma da coluna do débito deverá ser igual à soma da coluna de crédito. 8 Apresentação do balancete É interessante apresentar os balancetes, destacando-se as Contas de Balanço Patrimonial das Contas de Resultados. O Balancete comporta todas as contas movimentadas no período que possuem saldo no final de um período qualquer. Estas contas podem ser patrimoniais (de balanço) ou de Resultados (receita/despesa). A apresentação do balancete separando esses dois grupos de contas distintas (sem, com isso, fazer dois relatórios) e, de preferência, concentrá-los em forma de grupo de contas puxando o subtotal (circulante, permanente, despesas operacionais, despesas não operacionais...) contribui sensivelmente como um instrumento para a tomada de decisão. Abaixo o exemplo de um Balancete de Verificação: Barbearia do Ismil Ltda Balance te como instrumento de decisão Dada a inconveniência de levantar balanço em períodos mais curtos (normalmente se levanta balanço uma vez por ano), o balancete tem-se tornado poderoso instrumento de base de decisões. Assim, através de balancetes mensais, por exemplo, a administração da empresa terá um resumo de todas as operações, bem como de todos os saldos existentes no final do período. 9 Dessa forma, o “poder decisrio” conhecer o resultado financeiro e econmico da empresa no final de determinado período sem a necessidade de estruturar um balanço. Ressalte-se, entretanto, que quanto maior for o grau de detalhamento (sofisticação) do balancete, mais subsídios haverá para a tomada de decisão. Assim, um balancete com duas colunas não terá o mesmo grau de utilidade para a tomada de decisão de um balancete de seis colunas. 2) BALANÇO PATRIMONIAL Através dos conceitos anteriores, o aluno deverá compreender a utilização das contas contábeis em seus lançamentos na elaboração da Demonstração do Balanço Patrimonial, a qual se pode considerar uma das mais importantes na execução de todas as Demonstrações. O Balanço Patrimonial é o mais importante relatório gerado pela contabilidade, dividido em duas colunas: do lado esquerdo o Ativo, e do lado direito Passivo. O Ativo é composto por contas de saldos devedores e o Passivo por contas de saldos credores. Entretanto, existem determinadas contas que, embora tenha saldo devedor, devem constar na coluna do Passivo, e contas de saldo credor que, pela mesma razão, devem constar na coluna do Ativo. Essas contas são denominadas contas redutoras, e aparecerão no Balanço como redutoras das respectivas contas com base nas quais foram criadas. Ao elaborar um Balanço Patrimonial, se for colocado todas as contas de forma desordenada, ainda que respeitando as noções de ativo e passivo, somando- se, por exemplo, caixa com máquinas, duplicatas a receber com veículos, haveria muita dificuldade pra interpretá-lo e analisá-lo. Essa é a razão porque se devem agrupar contas de mesmas características, de mesma natureza: facilitar a leitura do Balanço. É coerente somar o dinheiro em caixa com o dinheiro depositado em bancos, pois ambos caracterizam dinheiro disponível para a empresa. Da mesma forma, é compatível agrupar, no passivo, salários a pagar, fornecedores e impostos a pagar, pois são contas que serão pagas a curto prazo. As contas do Ativo são agrupadas de acordo com sua rapidez de conversão em dinheiro, de acordo com seu graude liquidez (a capacidade de se transformar em dinheiro mais rapidamente). Em primeiro lugar, agrupam-se as contas que já são dinheiro (Caixa e Bancos) com as que se converterão em dinheiro rapidamente (Duplicatas a receber e Estoques). A esse grupo de contas denominamos Ativo Circulante. Dinheiro e itens que se transformarão rapidamente em dinheiro devem, portanto, ser classificados no Ativo Circulante. O Ativo Circulante é o grupo que 10 gera dinheiro para a empresa pagar suas contas a curto prazo, é conhecido como Capital de Giro. Em segundo lugar, serão agrupadas as contas que se transformarão em dinheiro mais lentamente (em período superior a um ano, ou de acordo com o ciclo operacional da atividade predominante). A esse grupo chamamos Ativo Não-Circulante, pois compreende os itens que serão realizados (transformados) em dinheiro a longo prazo. Os empréstimos que a empresa faz a diretores e a outras empresas coligadas não são recebíveis imediatamente, por isso, são classificados no Realizável a Longo Prazo. Também no Ativo Não-Circulante temos Investimentos, Imobilizado e Intangível. Compreende os itens que dificilmente se transformarão em dinheiro, pois não se destinam a venda, mas são utilizados como meios de produção ou meios para se obter renda para a empresa. São bens com vida útil longa. É conhecido também como Ativo Fixo, pois seus valores não mudam constantemente. Antigamente era conhecido como Ativo Permanente. Investimentos: são aplicações que nada tem a ver com as atividades da empresa. Por exemplo, a compra de ações de outras empresas, obras de arte, terrenos para futura expansão, prédio para renda (aluguel): não melhora em nada o volume de vendas ou de produção. Imobilizado: são bens corpóreos (palpáveis) destinados à manutenção da atividade principal da empresa ou exercidos com essa finalidade. Os bens que auxiliam a empresa na consecução de sua atividade pertencem ao imobilizado: máquinas, equipamentos, prédios (em uso), ferramentas, móveis e utensílios, instalações, veículos etc. Intangível: são direitos que tenham por objeto bens incorpóreos (não palpáveis), destinados à manutenção da empresa ou exercidos com essa finalidade. Exemplos: fundo de comércio, marcas e patentes, softwares etc. Importante: A MP 449/08 e posteriormente a Lei nº 11.941/09 extinguiu o subgrupo Diferido. Neste grupo constavam as despesas pré-operacionais e os gastos de reestruturação. Agora, itens do antigo Diferido deverão ser baixados como despesas ou destinados em outro grupo do Ativo. As contas do Passivo e Patrimônio Líquido são agrupadas de acordo com seu vencimento, isto é, aquelas a serem liquidadas mais rapidamente serão destacadas daquelas a serem pagas em um prazo mais longo. Começando pelo Passivo Circulante, que evidencia todas as dívidas com terceiros que serão pagas a curto prazo: dívidas com fornecedores de mercadorias, salários a pagar, impostos a pagar, empréstimos bancários a pagar etc. 11 Em segundo lugar, vem o Passivo Não Circulante, composto principalmente do Exigível a Longo Prazo que compreende as obrigações com terceiros que serão liquidadas a longo prazo, como por exemplo: financiamentos. Após o Exigível a Longo Prazo, temos o Patrimônio Líquido, que demonstra o total de recursos aplicados pelos proprietários na empresa. As aplicações dos proprietários normalmente são compostas de capital e lucros retidos, ou seja, a parte do lucro não distribuída aos donos, mas reinvestida na empresa. O Patrimônio Líquido pode ser reduzido quando há prejuízo do Exercício. Assim como os lucros são adicionados ao Patrimônio Líquido fazendo crescer os investimentos dos proprietários, os prejuízos têm efeito contrário, reduzem os investimentos dos proprietários, diminuindo o Patrimônio Líquido. Antes de apresentar nosso exemplo, devemos esclarecer que a palavra balanço decorre do equilíbrio: Ativo – Passivo + PL, ou da igualdade: Aplicações = Origens. Parte-se da ideia de uma balança de dois pratos, em que sempre encontramos a igualdade. Mas em vez de se denominar balança (como balança comercial) denomina-se balanço. O termo patrimonial tem origem no patrimônio da empresa, ou seja, conjunto de bens, direitos e obrigações. Juntando-se ambas as palavras, obtém-se balanço patrimonial, equilíbrio do patrimônio, igualdade patrimonial. Em vista as mudanças na Legislação Societária e o Ambiente Internacional de Negócios e por ações, juntamente com o poder regulatório e interpretativo que a Comissão de valores mobiliários – CVM, possui, encontra-se a necessidade do Brasil se adaptar a regulação contábil internacional e isso implica em impactos no balanço patrimonial. Entre os objetivos desta lei, além de alterar artigos da lei nº. 6.404/1976 para atualizá-la ao novo mundo de negócios global, deve ser ressaltado o de providenciar maior transparência às atividades empresariais brasileiras. Alguns dos principais avanços em termos de práticas contábeis é a adequação do Balanço Patrimonial: 12 Estrutura do Balanço Patrimonial segundo a Lei 6.404/76 X Lei 11.638/07 e e 11.949/09: ANTES DEPOIS ATIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ATIVO NÃO CIRCULANTE ATIVO PERMANENTE ·REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ·INVESTIMENTO ·INVESTIMENTO ·IMOBILIZADO ·IMOBILIZADO ·DIFERIDO ·INTANGÍVEL ·DIFERIDO PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PASSIVO NÃO CIRCULANTE RESERVA DE EXERCÍCIOS FUTUROS ·EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ·CAPITAL SOCIAL ·CAPITAL SOCIAL ·RESERVA DE CAPITAL ·RESERVA DE CAPITAL ·RESERVA DE REAVALIAÇÃO ·AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL ·RESERVAS DE LUCROS ·RESERVAS DE LUCROS ·LUCROS OU PREJUIZOS ACUMULADOS ·AÇÕES EM TESOURARIA ·PREJUIZOS ACUMULADOS Segue um exemplo de Balanço Patrimonial. 13 Como podem observar as contas do ativo do ano X1 são exatamente iguais a contas do Passivo do mesmo ano e isto acontece no ano X2. Assim podemos afirmar que os dois grupos estão em equilíbrio. Pode-se verificar no quadro a cima, que com a vigência da Lei 11.638/07 e 11.949/09, já ocorreram mudanças na estrutura do Balanço Patrimonial, como: 1 – Criao do subgrupo “Intangvel” no Permanente, desdobrado do subgrupo Imobilizado; 2 – Extinção da possibilidade de reavaliação dos bens do Ativo Imobilizado e, consequentemente, eliminação das Reservas de Reavaliação; 3 – O uso do subgrupo Diferido fica restrito ao registro das despesas pré- operacionais e aos gastos de reestruturação; 4 – Eliminao da conta “Lucros ou Prejuzos Acumulados” mantendo somente a conta “Prejuzos Acumulados”; 5 – Criao, no Patrimnio Lquido, do subgrupo “Ajuste de avaliao patrimonial”, englobando: 5.1 – Como “Reservas de Capital”, passam a ser considerados apenas os ganhos relacionados com o capital social da empresa; 5.2 – Reserva de lucro a realizar, inclusão, no cálculo da parcela realizada do lucro líquido do exercício, do resultado não realizado da contabilização de ativo e passivo pelo valor de mercado. 3) DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Para fazer uma Demonstração do Resultado do Exercício, é necessário primeiro que se faça o encerramento do exercício. Este procedimento faz com que o Balanço Patrimonial tenha a igualdade das contas, como iremos explicar abaixo. 3.1) Resultado do Exercício A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um relatório contábil destinado a evidenciar os resultados, ou seja, lucros ou prejuízos aferidos pela empresa em determinado exercício social. É composta por contas de resultado. As contas de resultado a serem apresentadas na DRE são todas aquelas que representam as despesas, os custos e as receitasincorridos no período e apropriados segundo o regime de competência, ou seja, independentemente de que tenham sido esses valores pagos ou recebidos. 14 Após apurado o resultado do exercício, caso a empresa obtenha lucro, teremos algumas contas patrimoniais que integrarão a DRE são aquelas que representam as deduções (IR e Contribuição Social) e as participações no resultado (participações a empregados etc.). Para a elaboração dessa demonstração, todas as contas de resultado devem estar com os saldos devidamente zerados (encerrados), portanto os dados devem ser coletados dos Razonetes. Roteiro para apuração do resultado 1. Elaborar um Balancete de Verificação composto por contas e saldos extraídos dos Razonetes. 2. Transferir os saldos das contas de despesas para a conta transitória Resultado do Exercício. 3. Transferir os saldos das contas de receitas também para a conta transitória Resultado do Exercício. 4. Apurar no Razonete o saldo da conta Resultado do Exercício. Essa conta receberá, a débito, os saldos das contas de despesas e, a crédito, o saldos das contas de receitas. Logo, se o saldo dessa conta for devedor, teremos prejuízo, se o saldo for credor, teremos lucro. 5. Transferir o saldo da conta Resultado do Exercício para a conta Reservas se for lucro ou para a conta Prejuízos Acumulados, se prejuízo. Essas contas são patrimoniais, do grupo de Patrimônio Líquido. 6. Levantar o Balanço Patrimonial. Contabilização Suponhamos que depois de encerrados os registros contábeis relativos ao exercício de X1 de uma empresa, nos Razonetes constem as seguintes contas com seus respectivos saldos: 1º passo: elaborar o Balancete, neste exemplo, em três colunas: 15 2º passo: transferir os saldos das contas de despesas para a conta Resultado do Exercício. A conta Resultado do Exercício é uma conta transitória, não utilizada durante o ano para o registro das operações normais de uma empresa. É essa conta que possibilita a apuração do resultado do exercício. Para isso, precisamos transferir para elas os saldos de todas as contas de despesas e de receitas. Transferir o saldo de uma conta para outra, ou seja, de um Razonete para outro; significa zerar o saldo da conta de origem (no Razonete de onde se transfere) e lançar o respectivo valor na conta de destino (no Razonete para onde se transfere), sendo que esse valor deverá ficar no Razonete da conta de destino, na mesma posição em que se encontrava no Razonete da conta de origem. Assim, se o saldo da conta de origem for devedor, deverá permanecer devedor na conta de destino, se for credor na conta de origem, deverá ficar credor na conta de destino. Vamos, agora, encerrar as contas de despesas, não esquecendo que antes de lançar esses valores nos Razonetes é preciso registrá-los no Diário. Após os lançamentos nos Razonetes, as contas Impostos e Aluguéis Passivos ficaram com saldo igual a zero, encerrando-se, ou seja, todas as despesas ficaram zeradas, sem saldos, e a conta Resultado do Exercício reuniu em seu débito os valores das despesas. 3º passo: transferir os saldos das contas de receitas também para a conta Resultado do Exercício. 16 O critério para transferência dos saldos das contas de receitas é o mesmo adotado nas contas de despesas. Nesse caso a conta de Receitas ficará zerada e a conta Resultado do Exercício receberá seu valor na mesma posição em que estava na conta de origem, no lado do crédito. 4º passo: apurar o saldo da conta Resultado do Exercício. Agora que todas as contas de resultado (despesas e receitas) estão zeradas, e os seus respectivos saldos transferidos para a conta Resultado do Exercício, basta apurar o saldo dessa conta em seu respectivo Razonete, para sabermos se neste exercício a empresa apurou lucro ou prejuízo. Como nesse exemplo, o saldo da conta Resultado do Exercício é credor, esse valor corresponde ao lucro. É lucro, pois o total das receitas foi superior ao total das despesas. 5º passo: transferir o resultado da conta Resultado do Exercício para a conta de Reservas de Lucros ou para Prejuízos Acumulados, se prejuízo. No nosso exemplo, iremos transferir o saldo, lucro, para a conta Reservas de Lucros. Portanto, como a conta Resultado do Exercício possui saldo credor, para zerá-la temos que debitá-la e creditar a conta Reservas de Lucros. 6º passo: levantar o Balanço Patrimonial. Depois de apurado o Resultado do Exercício (nesse caso, lucro), contabilizando-o no Diário e nos Razonetes, todas as contas de resultado ficaram zeradas, ou seja, encerradas, permanecendo com saldos somente as contas patrimoniais, que serão utilizadas para a elaboração do Balanço Patrimonial. 17 Ajustes do Encerramento do Exercício Como visto anteriormente, para simplificar transferimos o lucro líquido do exercício para a conta Reservas que é do Patrimônio Líquido. Agora estudaremos os cálculos e contabilização das deduções, participações e destinações do Resultado do Exercício. Resultado líquido O resultado líquido corresponde ao resultado bruto, lucro ou prejuízo sobre as vendas ou serviços prestados, adicionado ou subtraído das despesas e receitas operacionais e não-operacionais. Juros sobre o Capital Próprio Corresponde à importância que a empresa paga ao seu titular, sócio ou acionista, como remuneração pelos valores por eles investidos na composição do capital da própria empresa. Embora não seja obrigatório, grande parte das empresas e principalmente as sociedades anônimas de capital aberto vêm remunerando seus acionistas pagando-lhes A base de cálculo dos juros sobre o capital próprio é o Patrimônio Líquido existente no encerramento do período imediatamente anterior àquele da remuneração. Para que o valor desses juros possa ser subtraído da base de cálculo da Provisão para Contribuição Social e da Provisão para Imposto de Renda, é necessário que não ultrapasse o maior dos seguintes valores: (a) 50% do lucro líquido do período-base, computado antes da dedução dos juros e depois de deduzida a Provisão para Contribuição Social (considerado valor provisório dessa provisão); ou (b) 50% do somatório dos lucros acumulados e reserva de lucros. 3.2) DEDUÇÕES As deduções são duas: contribuição social sobre o lucro líquido e imposto de renda sobre o lucro líquido. Esses dois valores, que serão deduzidos da conta Resultado do Exercício, correspondem as obrigações devidas pela empresa ao governo federal, as quais precisam ser calculadas e contabilizadas no momento em que se apura o Resultado do Exercício. 18 Provisão para Contribuição Social A contribuição social sobre o lucro destina-se ao financiamento da seguridade social e é calculado sobre o resultado do exercício, ajustado de acordo com o que estabelece a legislação tributária. Esses cálculos para ajuste do resultado do exercício visando a obtenção da base de cálculo da contribuição social são efetuados extracontabilmente e depois, arquivados para futuras comprovações ao Fisco, caso haja necessidade. Como essa contribuição é paga pela empresa sempre no mês seguinte ao da apuração do resultado, no momento do seu cálculo, será criada uma provisão que poderá ser intitulada de Provisão para Contribuição Social, a ser classificada no Passivo Circulante do Balanço Patrimonial. Quando o resultado do exercício corresponder a prejuízo, não será devida essa contribuição. Portanto, para obter o valor da Provisão para a Contribuição Social, basta aplicar uma alíquota (taxa que também é fixada pelo governo) sobre o resultado do exercício ajustado. Tanto a alíquota como a base de cálculo desta contribuição, pode ser alterada frequentemente pelo governo federal. Em razão disso, ocontabilista deve manter-se atualizado e consultar a legislação tributária para aplicar os critérios que estiverem em vigor em cada ano. Provisão para Imposto de Renda Depois que calculamos e contabilizamos a Provisão para Contribuição Social, o próximo passo será calcular e contabilizar o imposto de renda sobre o lucro líquido, o qual também representa uma obrigação que as empresas têm para com o governo federal. O imposto de renda sobre o lucro líquido tem como base de cálculo, o lucro real. Segundo o que dispõe a legislação tributária, Lucro Real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. O resultado do exercício ajustado nos termos da legislação tributária para fins de cálculo do imposto de renda denomina-se lucro real e é apurado extra contabilmente em um livro fiscal próprio denominado Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR. Algumas despesas e receitas que devem ser incluídas ou excluídas do resultado para cálculo do lucro real são as mesmas que integram os ajustes para cálculo da contribuição social sobre o lucro; porém, nesse caso, os ajustes são mais numerosos podendo incluir inclusive valores que, em virtude de serem dotados de natureza exclusivamente fiscal, não foram objeto de contabilização, não integrando, portanto, o resultado contábil. 19 Da mesma forma que a contribuição social, o imposto de renda sobre o lucro também é pago sempre no mês seguinte ao da apuração do resultado, portanto será criada uma provisão que poderá ser intitulada Provisão para Imposto de Renda, a ser classificada também no Passivo Circulante do Balanço Patrimonial. Para obter o valor da Provisão para Imposto de Renda, basta aplicar uma alíquota (taxa que também é fixada pelo governo) sobre o lucro real (resultado do exercício ajustado). Participações As participações correspondem a parcelas do resultado do exercício destinadas aos proprietários de debêntures, a empregados, a administradores, aos proprietários de partes beneficiárias e a instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados. Debêntures são títulos de créditos, emitidos por sociedades anônimas, que conferem a seus titulares direitos de créditos com elas, nas condições constantes das escrituras de emissão ou dos certificados. Normalmente rendem juros, correção monetária e participação nos lucros. São garantidas pelo Ativo da empresa emissora e asseguram preferência no resgate sobre os demais títulos da empresa. Quando a empresa vende esses títulos cria para si uma obrigação geralmente a longo prazo, podendo ser registrada pela conta Debêntures a Pagar. Partes beneficiárias são títulos negociáveis sem valor nominal que podem ser criados pelas sociedades anônimas em qualquer tempo. Esses títulos podem ser negociados pela empresa ou cedidos gratuitamente a empregados, clientes etc., de acordo com a vontade da empresa. O único direito que o detentor desses títulos tem é a participação nos lucros, que não poderá ser superior a um décimo do lucro apurado. A empresa poderá também distribuir parte do resultado líquido do exercício, como prêmio aos seus empregados e administradores, ou, ainda, a fundos de assistência ou previdência de empregados. A base de cálculo das participações é o resultado do exercício após a provisão para o imposto de renda diminuído dos prejuízos acumulados. Prejuízos acumulados, nesse caso, são os prejuízos apurados em exercícios anteriores e que estão devidamente contabilizados por meio da conta Prejuízos Acumulados, classificada no grupo do Patrimônio Líquido. 3.3) DESTINAÇÕES • Reservas As reservas compreendem valores acumulados em contas integrantes do Patrimônio Líquido. Existem dois tipos de reservas: de lucros e de capital. Reservas de lucros São aquelas extraídas do lucro líquido apurado pelas empresas e podem ser: 20 • Reserva Legal: segundo o artigo 193 da Lei nº 6.404/1976, 5% do lucro líquido do exercício, é aplicado, antes de qualquer outra destinação, na constituição da Reserva Legal, não excedendo 20% do capital social. • Reservas Estatutrias: criadas em virtude de disposições contidas nos estatutos (sociedades por ações), os quais fixam seus limites e suas destinações. Nos demais tipos de sociedades, essa reservas são conhecidas por Reservas Contratuais. • Reservas Livres: criadas livremente pela assembleia geral (sociedades por ações) por proposta dos órgãos da administração com fins específicos, por exemplo, as Reservas para Contingências e as Reservas de Lucros a Realizar. Veja como se calcula e contabiliza a Reserva Legal, lembrando que esta Reserva é obrigatória somente para as sociedades por ações. Suponhamos que o lucro líquido do exercício seja de $ 2.350, calcular e contabilizar a Reserva Legal pela taxa de 5%. Cálculo: R$ 2.350 x 5% = 117,00. Reservas de Capital Nos termos do artigo 182 da Lei nº 6.404/1976 são classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a. A contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias. b. O produto da alienação de partes beneficiárias e bônus da subscrição. Conforme observamos, as reservas de capital originam-se de ágios (lucros) obtidos nas transações citadas anteriormente, os quais não devem ser considerados como receitas normais da empresa. Assim, para constituir as reservas de capital, basta debitar a conta Caixa, Banco Conta Movimento ou uma conta representativa de direito e creditar a conta que represente a respectiva reserva como: Reserva de Alienação de Partes Beneficiárias, Reservas de Ágio na Emissão de Ações etc. • Dividendos São partes do lucro líquido que a sociedade por ações destina a seus acionistas. Acionistas são todas as pessoas físicas ou jurídicas que adquiriram ações da respectiva sociedade anônima. Assim, os proprietários das sociedades por ações têm direito de receber parte do lucro líquido apurado em cada exercício social. O artigo 202 da Lei nº 6.404/1976 estabelece que os acionistas tenham direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida nos estatutos, ou, se for omisso, metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores: 21 • Importncia destinada constituio da reserva legal; • Importncia destinada formao da reserva para contingncias e reverso da mesma formada em exercícios anteriores. Na empresa individual e nos demais tipos de sociedades que não sejam por ações, os proprietários ou sócios também têm direito a receber ou retirar parcela do lucro líquido. No caso de empresa individual, é o próprio titular quem decide o quanto irá retirar, enquanto nos demais tipos de empresas (sociedades), se não constar dos contratos sociais, os sócios decidirão, em cada exercício, a parcela dos lucros que será destinada a eles. Nas sociedades por ações, conforme o artigo 202 da Lei nº 6.404/1976, é assegurado aos acionistas um valor mínimo com base no lucro apurado. Entretanto, o percentual e a base de cálculo podem variar em cada empresa. Baseado nas informações anteriores, elaboraremos agora a Demonstração do Resultado do Exercício. Esta demonstração tem por finalidade orientar como foram realizados os ganhos e os gastos de um exercício. 3.4) ELABORAÇÃO DA DRE A Demonstração do Resultado do Exercício visa fornecer, de maneira esquematizada, os resultados (lucro ou prejuízo) aferidos pela empresa em determinado exercício social, os quais são transferidospara contas do Patrimônio Líquido. A atual legislação estabelece sequência de apresentação dos vários elementos da demonstração do resultado para efeitos de publicação. De acordo com a atual Lei das Sociedades Anônimas, Lei nº 11.638/2007. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I. A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos. II . A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto. III . As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras despesas operacionais. IV. O lucro ou prejuízo operacional, as receitas e outras despesas. V. O Resultado do Exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto. VI. As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa. VII . O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: 22 a. As receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda. b. Os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. Receita Bruta e Líquida de vendas e serviços A Receita Bruta refere-se ao valor total das vendas de bens ou dos serviços prestados pela empresa, antes de qualquer dedução. Essas receitas são registradas quando da realização da venda, independentemente de quando ocorrer seu vencimento. Os resultados contábeis da empresa são apurados com base no regime de competência, e não de caixa. Da receita bruta devem ser deduzidos diversos valores, como impostos indiretos (ICMS, IPI etc.), descontos e abatimentos, devoluções de mercadorias etc. Com isso, obtém-se a Receita Líquida de vendas e serviços. Deduções sobre as vendas e serviços Podem ser: Descontos concedidos a clientes em razão de defeitos no produto vendido. Não se incluem nesse item os descontos ou abatimentos fornecidos por pagamentos antecipados, os quais são considerados despesas financeiras. Devoluções de mercadorias provenientes de cancelamentos de vendas. Impostos sobre vendas que representam deduções das vendas realizadas, podem ser: ICMS, IPI, ISS, PIS, COFINS etc. Os impostos não pertencem à empresa, e sim ao governo, a empresa os recebe dos consumidores e os transfere ao governo. Custo dos Produtos Vendidos e dos Serviços Prestados Representam todos os custos incorridos pela empresa em seu processo de fabricação, venda ou prestação de serviços. Assume diferentes denominações de acordo com a natureza da atividade da empresa: • Empresas Industriais: Custo dos Produtos Vendidos (CPV). • Empresas Comerciais: Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). • Empresas Prestadoras de Servios: Custo dos Servios Prestados. CUSTO DO PRODUTO VENDIDO - CPV 23 O Lucro Bruto é apurado pela diferença entre as Receitas Líquidas de Venda e o Custo dos Produtos/Mercadorias Vendidas. Em uma empresa Prestadora de Serviços, o lucro bruto é a diferença entre a Receita Líquida de Vendas e o Custo dos Serviços Prestados. Despesas e Receitas Operacionais As Despesas Operacionais incluem todos os gastos realizados no exercício para a venda de produtos e serviços, e a administração da empresa. Estas despesas estão associadas à manutenção da atividade operacional da empresa. Despesas de vendas e administrativas são oriundas da promoção, distribuição e venda de seus produtos ou mercadorias, e da administração de seus negócios. Nas despesas de vendas constam, entre outras, as comissões sobre vendas, despesas com salários dos vendedores, encargos sociais, promoção e publicidade, provisão para devedores duvidosos etc. Despesas administrativas incluem salários do pessoal da administração, encargos sociais, honorários da diretoria, despesas legais e judiciais, material de escritório etc. Despesas financeiras líquidas: a atual Lei das S.A. entendeu por considerar as despesas e receitas financeiras como itens operacionais. Apresentando-as geralmente por seu valor líquido, ou seja, do montante das despesas financeiras incorridas no período são deduzidas as receitas financeiras aferidas. Se as receitas excederem as despesas, têm-se receitas financeiras líquidas. 24 Outras Receitas/Despesas Operacionais Compõem-se de itens que não se enquadram como despesas de vendas, administrativas e financeiras. Neste grupo estão incluídos dividendos recebidos de investimentos societários, variações nos investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimonial, receitas de vendas de sucatas etc. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social O cálculo do imposto de renda a pagar não equivale ao resultado apurado pela Contabilidade, é processado com base no lucro tributável denominado Lucro Real. O lucro real é igual ao lucro antes do imposto de renda, conforme aparece na demonstração do resultado, acrescidos de determinados ajustes, conforme previstos pela legislação do Imposto de Renda. O lucro líquido final é calculado deduzindo-se do lucro líquido após o Imposto de Renda, as diversas participações e contribuições previstas no estatuto da companhia. 25 4) DLPA - Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados Após entendermos os conceitos do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, passaremos a estudar a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA). A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) é um relatório contábil que tem por finalidade evidenciar a destinação do lucro líquido apurado no final de cada exercício social. A DLPA promove a integração entre o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE). A DRE apura o lucro líquido de exercício e a DLPA destaca como foi decidida a sua destinação. A parcela não distribuída (retida) é mantida como origem de recursos no Balanço da empresa, compondo seu Patrimônio Líquido. Pela lei atual das sociedades por ações, a conta Lucros Acumulados não pode apresentar saldo positivo ao final do exercício social. Antes do advento da Lei nº 11.638/2007, que excluiu do Patrimônio Líquido a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, a DLPA era utilizada para evidenciar as mutações ocorridas nessa extinta conta. Agora, todo lucro líquido apurado no final de cada exercício social deve ser destinado à compensação de prejuízos, constituição de reservas e a distribuição de dividendos. Os resultados apurados no exercício que não foram pagos aos acionistas, ou seja, permaneceram retidos na empresa para reinvestimentos em seus ativos, devem obrigatoriamente ser destinados a reservas próprias. Pela legislação, a DLPA deve conter, basicamente: • Saldo de incio do perodo e eventuais ajustes de exerccios anteriores. • Reverses de reservas e o lucro líquido do exercício. • Dividendos a distribuir, parcela de lucros incorporada ao capital social e transferências para reservas. Estrutura da DLPA 26 Ajustes de Exercícios Anteriores Referem-se às mutações havidas em decorrência de alteração do critério contábil adotado pela empresa, ou a erros e omissões cometidos em exercícios anteriores, os quais irão alterar a estrutura final do Patrimônio Líquido. Reversões de Reservas As parcelas do lucro líquido de exercícios anteriores que foram destinadas à contribuição de reservas serão convertidas, no todo ou em parte, no momento em que não existir mais razão para sua manutenção. Basicamente, as reversõesde processam sobre as reservas de lucros. Resultado Líquido do Exercício Representa o lucro ou prejuízo exatamente como apurado na demonstração do resultado do exercício, e transferido (após as deduções das várias participações nos lucros de debenturistas, empregados etc.) diretamente para a demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. Transferências para Reservas As demonstrações contábeis publicadas devem revelar as diversas propostas de destinação do lucro líquido apurado no exercício. A Transferência para reservas refere-se às apropriações do lucro líquido para a formação das reservas patrimoniais, como Reserva Legal, Reservas Estatutárias etc. Juros Sobre o Capital Próprio A proposta de destinação do lucro deve incluir, também, toda decisão de distribuir Juros Sobre o Capital Próprio aos acionistas. Esta remuneração ao capital próprio é facultativa, e quando paga ou creditada é considerada como dedutível no cálculo da base do imposto de renda. A Comissão de Valores Mobiliários determinou que os juros sobre o capital prprio fossem considerados diretamente na conta de “Lucros Acumulados”, não transitando pelo Resultado do Exercício. As empresas que eventualmente contabilizam os JSCP como despesas financeiras, indicando sua dedutibilidade fiscal, devem reverter o seu valor ao final da Demonstração do Resultado do Exercício. Dividendos Extraordinários Os dividendos extraordinários referem-se às distribuições de lucros realizados pela sociedade adicionalmente ao valor previsto em seus estatutos sociais para pagamento de dividendos mínimo obrigatório e dividendo preferencial. Na prática, muitas vezes esses dividendos extraordinários são denominados de “bonificaes em dinheiro”. A DLPA e a lei nº 11.638/07 (Sociedade por ações) No art. 176 desta lei, a DLPA é relacionada como uma demonstração financeira obrigatória e o Patrimônio Líquido constituído de Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados, não incluindo a conta Lucros Acumulados. 27 Lucros Acumulados é uma conta normal do PL, com uma característica: pode apresentar no início ou no final do exercício dois tipos de saldo, zero ou devedor (no caso de prejuízo). Se o saldo for zero não vai aparecer no Balanço Patrimonial, por isso utiliza-se a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados para receber o lucro do exercício e promover sua distribuição ou para eventuais reversões de reservas ou, ainda, para compensar eventuais prejuízos, e manter a DLPA com a finalidade de evidenciar essa movimentação. Tratando-se de Sociedades Anônimas ou Sociedades Limitadas de Grande Porte, o saldo deverá ser zero. Tratando-se de Sociedade Anônima de Capital Aberto, a DLPA deverá ser substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, com a conta Lucros Acumulados, zerada. Portanto, para ter mais transparência nos propósitos da empresa, esta deverá destinar todo o lucro, evitando saldos indefinidos na conta Lucros Acumulados. Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados Exemplo prático da DLPA de forma simplificada: Vamos admitir que uma empresa tenha um lucro no período de $ 2.000 mil e que $ 650 foram distribuídos como dividendos. A DLPA será: Dessa forma, podemos explicar a variação de Lucros Acumulados evidenciados no Balanço pelos saldos no início e no fim do período. Portanto, acumularam-se ao saldo já existente $ 1.350 mil, resultantes do lucro não distribuído e não destinado a outros fins. 28 Onde termina a DRE e onde começa a DLPA A DRE evidencia o Lucro Líquido do período, ou seja, o lucro final, após todas as deduções e participações, que sobra para os proprietários. Mas qual é o destino do Lucro Líquido apurado na DRE? O passo seguinte, portanto, é a distribuição desse lucro. Assim começa a DLPA, somando-se o Lucro Líquido do exercício ao saldo dos Lucros Acumulados já existente, apuramos o lucro à disposição dos proprietários da empresa para ser distribuído. 5) DMPL - DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Essa atividade tem por objetivo entender a elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é um demonstrativo contábil mais abrangente que a demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, podendo a sociedade optar por sua elaboração ou não. Se publicado, esse demonstrativo substitui legalmente o dos lucros acumulados. A demonstração das mutações patrimoniais abrange todas as contas do patrimônio líquido, identificando os fluxos ocorridos entre uma conta e outra e as variações (acréscimos e diminuições) verificadas no exercício. Para a elaboração dessa demonstração são obtidas dos Razonetes as movimentações contábeis que exerceram influências (aumentando ou diminuindo) sobre os saldos das contas do patrimônio líquido. As variações no patrimônio líquido podem dar-se de diferentes maneiras, como verificaremos abaixo. Movimentações que elevam o patrimônio líquido: • Lucro lquido do exerccio. • Aumento de capital por subscrio e integralizao de novas aes. • gio cobrado na subscrio de aes e prmios para debntures etc. Movimentações que diminuem o patrimônio líquido: • Prejuzo lquido do exerccio. • Aquisio de aes da prpria sociedade (aes em tesouraria). • Dividendos etc. Movimentações que não afetam o patrimônio líquido: • Aumento de capital por incorporao de reservas. • Apropriaes do lucro lquido da conta de lucros ou prejuízos acumulados para outras reservas. • Compensaes de prejuzos atravs de reservas etc. Roteiro para elaboração da DMPL 1. Indicar uma coluna para cada conta do Patrimônio Líquido, preferencialmente indicando o grupo de Reservas a que pertence. Se houver a conta dedutiva Capital a Realizar, subtrair da conta Capital Social e utilizar a conta Capital Realizado. 29 2. Nas linhas horizontais, indicar as movimentações das contas no mesmo estilo que a DLPA. 3. A seguir fazer as adições e ou subtrações de acordo com as movimentações. Exemplo de Demonstração das Mutações do PL: Pela DLPA seria explicada apenas a diferença da conta Lucros Acumulados – $ 950 para $ 2.350, enquanto a DMPL explica a variação de $ 10.302 para $ 15.577, que, sem dúvida, é mais abrangente. No final do período houve Aumento de Capital com utilização de Reservas Estatutária. 30 Se o Aumento de Capital fosse em novas integralizações, afetaria o total do Patrimônio Líquido, aumentando-o. Como podemos ver as parcelas transferidas de Lucros Acumulados para Reservas não afetam o montante do Patrimônio Líquido, pois não representam nem acréscimo nem diminuição. Já o Dividendo é uma diminuição do Patrimônio Líquido, pois é uma distribuição de lucro que não fica na empresa, mas é repassado para os acionistas. Neste exemplo, o Aumento de Capital também não altera o montante do PL, porque é mera transferência de uma conta para outra conta do PL. Observem que a coluna Lucros Acumulados representa exatamente a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados - DLPA. 6) DFC - DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA Estudaremos agora as variações do Caixa da empresa, através da Demonstração dos Fluxos de Caixa, que embora não seja obrigatória a todas as empresas é de fundamental importância para efeitos gerenciais da empresa. A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), de acordo com a lei n°11.638/07, passou a ser obrigatória para as companhias abertas, companhias de grande porte, e sociedades anônimas de capital fechado com patrimônio líquido superior a R$ 2,0 milhões. 31 A DFC permite que se analise a capacidade das empresas em honrarseus compromissos financeiros, gerar resultados de caixa futuros, e sua liquidez e solvência financeira. É importante lembrar que na DFC se incluem os equivalentes de caixa que são os investimentos de curto prazo que têm alta liquidez, são facilmente conversíveis em caixa e estão sujeitos a um risco insignificante de mudança no valor de conversão. Como equivalentes de caixa, devem ser consideradas as aplicações financeiras com característica de liquidez imediata. A DFC vem esclarecer situações controvertidas na empresa, por exemplo, na comparação com a DRE, o porquê de a empresa ter um lucro considerável e estar com o Caixa baixo – não conseguindo liquidar todos os seus compromissos. Ou o porquê de a empresa ter prejuízo, embora o Caixa tenha aumentado. A Demonstração do Fluxo de Caixa pode ser elaborada sob duas formas distintas: a. De posse dos registros da conta caixa (ou Livro Caixa), ordenando as operações de acordo com sua natureza e condensando-as. b. De posse das Demonstrações Financeiras, uma vez que nem sempre teremos acesso à conta caixa – lançaremos mão de uma técnica bastante prática, propiciando, assim, a elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa para empresas diversas. 6.1) Principais transações que afetam o caixa Transações que aumentam o Caixa (Disponível) • Integralizao do capital pelos scios ou acionistas: são os investimentos realizados pelos proprietários. Se a integralização não for em dinheiro, mas em bens permanentes, estoques, títulos etc., não afetará o Caixa. • Emprstimos bancrios e financiamentos: são os recursos financeiros das Instituições Financeiras. Normalmente, os empréstimos bancários são utilizados como Capital de Giro (Circulante), e os Financiamentos, para aquisição de Ativo Permanente (Fixo). • Venda de itens do Ativo No Circulante: embora não seja comum, a empresa pode vender itens do Ativo Fixo. Nesse caso, teremos uma entrada de recursos financeiros. • Vendas a vista e recebimento de duplicatas a receber: a principal fonte de recursos do Caixa é a resultante de vendas. • Outras entradas: juros recebidos, dividendos recebidos de outras empresas, indenizações de seguros recebidas etc. • Transaes que diminuem o caixa (Disponível) • Pagamentos de dividendos aos acionistas: se os investimentos dos proprietários da empresa representam entrada em Caixa, os dividendos pagos, em cada exercício, significam diminuição do Caixa. 32 • Pagamentos de juros e amortizao da dívida: o resgate das obrigações junto às Instituições Financeiras, bem como os encargos financeiros (juros, comissão etc.), significa saída de dinheiro do Caixa. • Aquisio de item do ativo imobilizado, investimento e intangvel: são as aquisições a vista de imobilizado e de itens do subgrupo Investimentos (ações etc.). • Compras a vista e pagamentos de fornecedores: são as saídas de numerário referentes à matéria-prima e material secundário. • Pagamentos de despesa / custo, contas a pagar e outros: são os desembolsos com despesas administrativas, de vendas, com itens do custo e outros. Transações que não afetam o Caixa • Depreciao, Amortizao e Exausto. So meras redues de Ativo, sem afetar o Caixa. • Proviso para devedores duvidosos. Estimativa de prováveis perdas com clientes, que não representam desembolso para a empresa. • Acrscimos ou diminuies de itens de investimentos pelo mtodo de equivalência patrimonial. 6.2) Métodos de Apresentação da Demonstração do Fluxo de Caixa Método Direto O Fluxo de Caixa pelo Método Direto é também denominado Fluxo de Caixa no Sentido Restrito. Muitos se referem a ele como o verdadeiro Fluxo de Caixa, porque, nele são demonstrados todos os recebimentos e pagamentos que efetivamente concorreram para a variação das disponibilidades no período. Método Indireto O fluxo obtido sob essa concepção é denominado Fluxo de Caixa pelo Método Indireto ou Fluxo de Caixa no Sentido Amplo. Isso se explica pela análise dos fundamentos de sua elaboração. Consiste em estender à análise dos itens não circulantes, as alterações ocorridas no passivo e ativo circulante, excluindo as disponibilidades, cuja variação queremos demonstrar. Assim, são efetuados ajustes ao lucro líquido pelo valor das operações consideradas como receitas ou despesas, mas que não afetaram as disponibilidades, de forma que se possa demonstrar sua variação no período. 6.3) Estruturação da DFC De acordo com a lei atual, a DFC deve evidenciar, no mínimo, três fluxos financeiros: • das operaes; • dos investimentos; • dos financiamentos. Fluxos Financeiros Operacionais Descrevem basicamente as transações registradas na DRE. 33 • Entradas de Caixa: recebimentos de vendas realizadas a vista e de títulos representativos de vendas a prazo; recebimento de receitas financeiras provenientes de aplicações no mercado financeiro, dividendos de participações acionárias em outras empresas, outros recebimentos como indenizações de seguros, sentenças judiciais favoráveis etc. • Sadas de Caixa: pagamentos a fornecedores por compras a vista e de títulos representativos de compras a prazo, pagamentos de impostos, contribuições e taxas, pagamentos de encargos financeiros de empréstimos e financiamentos etc. Fluxos Financeiros de Investimentos São geralmente determinados por variações nos ativos não circulantes (ativos de longo prazo) e destinados à atividade operacional de produção e venda da empresa. • Entradas de Caixa: recebimento pela venda de títulos de aplicação de longo prazo (investimento) e participações acionárias em outras companhias; compra a vista de bens imobilizados etc. Fluxos Financeiros de Financiamento Referem-se basicamente às operações com credores e investidores. • Entradas de Caixa: captações no mercado através de emissão de título de dívida, integralização de ações emitidas etc. • Sadas de Caixa: pagamentos de dividendos e juros sobre o capital próprio aos acionistas, amortizações de empréstimos e financiamentos (pagamentos de principal) etc. A legislação permite que a DFC seja elaborada tanto pelo Método Direto como pelo Método Indireto. As companhias brasileiras são incentivadas a adotar o Método Indireto, esse método parte do lucro líquido do exercício para se conciliar com o caixa gerado pelas operações. O Método Direto destaca as movimentações financeiras explicitando as entradas e saídas de recursos de cada componente da atividade operacional, como recebimento de vendas, pagamentos de juros e impostos etc. A seguir o modelo da Demonstração dos Fluxos de Caixa – Método Indireto. 34 7) DVA - DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o informe contábil que evidencia, de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado período e sua respectiva distribuição. Obviamente, por se tratar de um demonstrativo contábil, suas informações devem ser extraídas da escrituração, com base nas Normas Contábeis vigentes e tendo como base o Princípio Contábil da Competência. A riqueza gerada pela empresa, medida no conceito de valor adicionado, é calculada a partir da diferença entre o valor de sua produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros utilizados no processo de produção da empresa. A utilização do DVA como ferramenta gerencial pode ser resumida da seguinte forma: 1) como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência da empresa na utilização dos fatores de produção, comparando o valor das saídas com o valor das entradas, e 2) como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na distribuição da riqueza gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes Financiadorese dos Acionistas. O valor adicionado demonstra, ainda, a efetiva contribuição da empresa, dentro de uma visão global de desempenho, para a geração de riqueza da economia na qual está inserida, sendo resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção.. A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço Social, constitui, desse modo, uma importante fonte de informações à medida 35 que apresenta esse conjunto de elementos que permitem a análise do desempenho econômico da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza. O CPC 09, aprovado pela Lei 11.638/07, diz: "que o objetivo da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), a qual representa um dos elementos componentes do Balanço Social e tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua distribuição, durante determinado período". A entidade deve elaborar a DVA e apresentá-la como parte integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social. A elaboração da DVA consolidada deve basear-se nas demonstrações consolidadas e evidenciar a participação dos sócios não controladores. A DVA deve proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas. A distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, minimamente, da seguinte forma: (a) pessoal e encargos; (b) impostos, taxas e contribuições; (c) juros e aluguéis; (d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; (e) lucros retidos/prejuízos do exercício. As entidades mercantis (comerciais e industriais) e prestadoras de serviços devem utilizar o Modelo I, aplicável às empresas em geral, enquanto que para atividades específicas, tais como atividades de intermediação financeira (instituições financeiras bancárias) e de seguros, devem ser utilizados os modelos específicos (II e III) incluídos no Pronunciamento. CPC_09 Modelo de DVA Demonstração do Valor Adicionado Cia. Produtiva em R$ mil 20X1 20X2 DESCRIÇÃO 1-RECEITAS 1.1) Vendas de mercadoria, produtos e serviços 1.2) Provisão p/devedores duvidosos – Reversão/(Constituição) 1.3) Não operacionais 2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui ICMS e IPI) 2.1) Matérias-Primas consumidas 2.2) Custos das mercadorias e serviços vendidos 2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 2.4) Perda/Recuperação de valores ativos 3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 36 4 – RETENÇÕES 4.1) Depreciação, amortização e exaustão 5 –VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1) Resultado de equivalência patrimonial 6.2) Receitas financeiras 7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 8.1) Pessoal e encargos 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.3) Juros e aluguéis 8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos 8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercício * O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7. 8) NE - NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A publicação de Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras está prevista no § 4º do artigo 176 da Lei 6.404/1976 (Lei das S/A), adiante transcrito: "as demonstrações serão complementadas por Notas Explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício". Atualmente a Resolução CFC 1.374/2011As Notas Explicativas visam fornecer as informações necessárias para esclarecimento da situação patrimonial, ou seja, de determinada conta, saldo ou transação, ou de valores relativos aos resultados do exercício, ou para menção de fatos que podem alterar futuramente tal situação patrimonial. As Notas Explicativas poderão estar relacionadas a qualquer outra das Demonstrações Financeiras, como a Demonstração do Valor Adicionado – DVA, ou Fluxo de Caixa. NOTAS PREVISTAS PELA LEI O § 5º do art. 176 da Lei das S/A menciona, sem esgotar o assunto, as bases gerais e as normas a serem inclusas nas demonstrações financeiras, as quais deverão: 37 I – apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; II – divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; III – fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e IV – indicar: a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo; b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes; c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações; d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo; f) o número, espécies e classes das ações do capital social; g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; h) os ajustes de exercícios anteriores; e i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. Nota sobre Operações ou Contexto Operacional Para que os analista se demais usuários das demonstrações financeiras possam melhor avaliar a situação da empresa e os seus resultados, bem como julgar a razoabilidade de índices de rentabilidade, de liquidez e outros, é muito importante que se conheça qual é o objetivo social da empresa, ou seja, qual é a sua atividade, quais são as suas bases de operações e mercado e qual o estágio do empreendimento, se estiverem implantação ou se estiverem expansão. Entendemos que essa divulgação é realmente necessária, podendo ser tanto em Nota Explicativa como no Relatório da Administração. Essa divulgação é tanto mais importante para empresas cuja denominação social não indique suas atividades ou não as reflita adequadamente. 38 9) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAF NETO, A. Estrutura e Análise de Balanços. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. DE CONTABILIDADE, CFC–CONSELHO FEDERAL. "Legislação." Brasília-DF Disponível em: < http://portalcfc.org.br/legislacao/>. Acesso em 20 de janeiro de 2014. COMITÊ, DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. "Pronunciamento conceitual básico: estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis." (2011). MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. RIBEIRO, O. M. Contabilidade Básica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
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