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Fundamentos do Direito Comercial e do Consumidor Unid II

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Unidade II
Unidade II
7 DIREITO DO CONSUMIDOR
7.1 Conceito e previsão legal
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a defesa do consumidor como princípio da ordem 
econômica, com isso, o constituinte impôs ao legislador ordinário a tarefa de criar um conjunto de 
normas capazes de harmonizar a defesa do consumidor e o desenvolvimento econômico fundado na 
economia de mercado e na livre concorrência.
A proteção ao consumidor é abordada em diversos dispositivos constitucionais, tais como:
• art. 1º, III: garante a dignidade da pessoa humana;
• art. 3º, I: sociedade justa;
• art. 5º, XXXII: defesa do consumidor na forma da lei;
• art. 170, V: ordem econômica deve respeitar o consumidor.
Com a finalidade de proteger o consumidor, o art. 48 da ADCT ordenou ao Congresso Nacional que, 
no prazo de 120 dias contados da promulgação da Constituição, criasse um diploma legal que protegesse 
o consumidor. E, em 1990, por meio da Lei nº 8.078, surge o Código de Defesa do Consumidor.
Este código traz normas de ordem pública e de interesse social, conforme diz o art. 1º: “[...] o presente 
código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos 
dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal, e art. 48 de suas Disposições Transitórias”.
Isso ocorre em razão de o consumo interessar diretamente ao Estado, na medida em que possui 
um cunho social e, principalmente, em razão da ordem econômica do país. Além disso, dentro de uma 
relação de consumo, é princípio elementar reconhecer o consumidor como vulnerável e hipossuficiente 
na relação de consumo. Quando falamos em vulnerabilidade, esta existe em razão de três tipos:
• vulnerabilidade técnica: o consumidor não possui conhecimentos técnicos específicos sobre o 
produto ou o serviço que está adquirindo ou não detém o poder de produzir ou controlar os meios 
de produção;
• vulnerabilidade científica: o consumidor não possui conhecimentos científicos específicos, como, 
por exemplo, conhecimentos de contabilidade, economia ou jurídicos, bem como pode se encontrar 
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sob influência constrangedora e coercitiva para que adquira um produto ou serviço. Neste ponto, 
podemos nos lembrar da Lei nº 12.653, que intitula crime exigir do consumidor alguma caução 
(cheque, nota promissória ou formulários) para garantir o pagamento do atendimento médico-
hospitalar;
• vulnerabilidade econômica: é a análise da relação de consumo para saber se o fornecedor tem, de 
fato, uma superioridade econômica sobre o consumidor.
Em resumo, a vulnerabilidade do consumidor ocorre na medida em que ele, consumidor, é inferiorizado 
economicamente ou não controla a linha de produção do que consome ou, ainda, está exposto às 
práticas abusivas dos fornecedores num mercado cada vez mais capitalista.
8 RELAÇÃO DE CONSUMO
É aquela formada entre o consumidor, de um lado, e o fornecedor, de outro, ligados entre si por um 
produto e/ou serviço. Portanto analisaremos, a partir de agora, estes sujeitos e objetos presentes nas 
relações de consumo.
8.1 Consumidor
Conforme o artigo 2°: “[...] consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário final”.
O consumidor pode ser tanto uma pessoa natural – pessoa física – bem como uma pessoa criada 
por Lei nº – pessoa jurídica (empresas, associações, fundações etc.) – que irá adquirir, por meio de 
compra ou doação, ou utilizar, por meio da posse temporária, produtos ou serviços. Todavia, o ponto 
mais importante está na expressão “destinatário final”. É justamente nesta expressão que saberemos 
se estamos diante de uma relação de consumo ou não. Se há a relação de consumo, há a defesa do 
consumidor.
Desse modo, a expressão “destinatário” representa aquele consumidor que adquire o bem ou serviço 
para uso próprio e de sua família, sem finalidade de produção de outros produtos e serviços. Esse 
conceito é válido para a pessoa natural. Mas e as pessoas jurídicas, como ficam? Ou seja, quando a 
pessoa jurídica poderá ser considerada consumidora?
Para a conceituação da pessoa jurídica como consumidora é necessário verificar sua hipossuficiência 
e demonstrar se houve:
• aquisição de bens de consumo e não bens de capital, ou seja, aquele bem comprado é um produto 
e não uma mercadoria, uma vez que a mercadoria é um bem ligado diretamente com a atividade 
desenvolvida por aquela pessoa jurídica, o que, de fato, exclui a incidência das relações de consumo 
nestes casos;
• se há entre o fornecedor e o consumidor um desequilíbrio que prejudique o consumidor.
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8.2 Fornecedor
Segundo o artigo 3º do CDC: “[...] fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização 
de produtos ou prestação de serviços”.
O fornecedor possui como base a atividade, que pode ser de produção ou de montagem, desde que 
possua quatro elementos:
1) continuidade;
2) duração;
3) obtenção de lucro;
4) profissionalismo.
Ou seja, o ponto comum dessas atividades é que todas são voltadas para o mercado de consumo.
8.3 Produto
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial; é qualquer objeto em dada relação 
de consumo quando destinado à satisfação das necessidades do consumidor.
8.4 Serviço
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração. Inclusive 
as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de 
caráter trabalhista; é uma atividade que será fornecida no mercado mediante remuneração, ainda que 
indiretamente. Assim, serviço gratuito não será relação de consumo.
9 POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO
Diz o artigo 4º da lei: “[...] a Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento 
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus 
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das 
relações de consumo [...]”.
Trata-se da política governamental no sentido de proteger efetivamente os interesses dos 
consumidores e, para que isso ocorra, resta traduzido em alguns princípios. São eles:
• princípio da boa-fé objetiva: trata-se do pensamento digno da pessoa enquanto fornecedora e 
consumidora em uma relação de consumo, que se traduz na conduta exteriorizada condizente 
com a vontade de consumir;
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• princípio da transparência: o fornecedor deve ser o mais claro e transparente possível nas 
informações e descrições do produto ou serviço que irá prestar;
• princípio da confiança: deve ocorrer entre as partes a credibilidade acerca do produto ou do 
serviço que foi adquirido;
• princípio da proteção: em razão do reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, a proteção 
será dada pelo Estado, diretamente por meio dos seus órgãos e pela tomada de ações governamentais 
ou indiretamente pelo fomento à criação das associações de defesa do consumidor;
• princípio da harmonia: é a representação da harmoniaque deve existir em razão dos interesses do 
consumidor, de um lado, e da necessidade do desenvolvimento econômico e tecnológico do nosso 
país por meio da boa-fé objetiva das partes;
• princípio da vulnerabilidade do consumidor: a Constituição reconhece o consumidor como 
vulnerável e, portanto, necessita de proteção em qualquer relação de consumo;
• princípio da informação: o fornecedor tem que prestar informações necessárias sobre os riscos à 
saúde e segurança dos consumidores;
• princípio da liberdade: é o respeito que deve ser dado ao consumidor a partir do momento em que 
ele poderá escolher o que comprar e o quanto comprar, respeitadas as limitações legais;
• princípio da isonomia: os fornecedores, no exercício de suas atividades, devem tratar os seus 
consumidores de forma igualitária.
10 DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES
De acordo com o artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, os direitos básicos dos 
consumidores são:
• proteção à vida, à saúde e à segurança: o consumidor deve ser informado sobre os riscos 
dos produtos ou dos serviços e tem o direito de não ser exposto a perigo que atinja sua 
incolumidade física;
• educação é informação: diz respeito ao funcionamento do produto, devendo ser efetuada (a 
informação) de maneira clara e precisa, geralmente utilizada nos manuais de instrução. E a 
educação diz respeito àquilo que é dado nas escolas e, também, a cargo do próprio fornecedor e 
dos órgãos públicos;
• proteção em face de propaganda enganosa ou abusiva: neste caso, a publicidade é tratada como 
oferta e, como tal, vincula o proponente que a fizer, ou seja, a oferta vincula o proponente. Caso 
o fornecedor não cumpra com a oferta publicada, se abrem ao consumidor três possibilidades: 1) 
exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; 
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2) aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; 3) rescindir o contrato, com direito 
à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e 
danos;
• inversão do ônus da prova: regra de direito processual civil, na medida em que a obrigação de 
provar o alegado fica a cargo do fornecedor. É a situação em que o fornecedor deverá demonstrar 
ao juiz que aquilo que o consumidor está alegando não é a verdade dos fatos. Portanto o dever de 
provar o alegado – que é a regra de todo processo – no direito do consumidor poderá ser passado 
para a outra parte. Para isso é necessário convencer o juiz sobre:
1) verossimilhança: é o conteúdo de verdade do consumidor;
2) hipossuficiência: significa a dificuldade que tem o consumidor de provar determinadas 
situações, ou seja, o consumidor não tem condições materiais de provar o alegado.
• a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua 
revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas: é direito do 
consumidor rever qualquer contrato em razão de prestações desproporcionais ou, ainda, em razão 
de fatos supervenientes que ocorreram após a contratação – que tornou, ao consumidor, uma 
cláusula excessivamente onerosa;
• a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral: o fornecedor também poderá 
ser uma pessoa jurídica de direito público. E aqui estão incluídos os serviços de saúde pública, 
por meio dos hospitais, postos de atendimento etc. Os serviços públicos devem ser adequados e 
eficazes para os seus consumidores.
11 RESPONSABILIDADES DO FORNECEDOR
11.1 Responsabilidade pelo fato do produto ou serviço
Os artigos 12 e 14 do Código de Defesa do Consumidor dispõem sobre a responsabilidade do 
fornecedor em razão do fato do produto ou serviço.
Responsabilidade pelo fato do produto ou serviço significa a presença de um dano material ou 
imaterial. Ou seja, o consumidor, ao consumir determinado produto ou serviço, sofre um dano de 
qualquer natureza. E, neste caso, a responsabilidade sempre será objetiva, ao passo que não é necessário 
discutir a culpa do fornecedor, mas simplesmente demonstrar o dano e o nexo causal entre este e o 
defeito do produto ou serviço. Trata-se, também, de responsabilidade solidária, ou seja, tendo mais de 
um autor a ofensa, o consumidor pode escolher de quem ele irá cobrar o dano. A quem foi escolhido 
fica garantido o direito de regresso contra os outros fornecedores.
11.2 Responsabilidade pelo vício do produto ou serviço
É a responsabilidade pelo “defeito” do produto ou serviço.
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Esse defeito pode ser em razão da qualidade, que pode ser aparente (por exemplo, o produto 
ultrapassou o limite do prazo de validade) ou oculto. Se há vício em razão da qualidade, o fornecedor 
deverá reparar o produto, trocar as partes viciadas ou consertá-las no prazo de 30 dias. Ultrapassado 
esse prazo o consumidor pode alternativamente e à sua escolha pedir:
• a substituição do produto por outro da mesma espécie;
• a devolução do valor pago, devidamente atualizado; e
• abatimento proporcional do preço.
O consumidor não precisará aguardar o prazo de 30 dias para que o fornecedor possa sanar o vício 
quando o produto for essencial ou o defeito atingir parte essencial do produto ou diminuir seu valor. 
Assim, ele pode escolher uma das três opções com a imediata constatação do vício.
Pode ser, ainda, em razão da quantidade, ou seja, a desproporção existente entre a informação que 
consta no rótulo de embalagem e o efetivo conteúdo do produto.
Neste caso o consumidor pode escolher:
• abatimento proporcional do preço;
• complementação do peso ou da medida;
• substituição do produto por outro; e
• restituição imediata das quantias pagas devidamente atualizadas.
O vício do serviço pode ser de qualidade e de quantidade. Os de qualidade são representados pelos 
serviços impróprios ao consumo ou que lhes diminuam o valor, como, por exemplo, o médico que dá 
um diagnóstico totalmente diferente dos sintomas do paciente; o de quantidade é aquele que apresenta 
falha na informação, apresentando desproporção com as indicações constantes da oferta ou mensagem 
publicitária.
Em ambos os casos pode o consumidor exigir:
• nova execução do serviço sem custo adicional;
• restituição imediata da quantia paga, devidamente atualizada; e
• abatimento proporcional do preço.
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12 DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO
A decadência e a prescrição correspondem ao prazo em que o consumidor, diante de um defeito do 
produto ou do serviço, tem para reclamar.
Se for simplesmente por defeito do produto, o consumidor terá 30 dias, tratando-se de fornecimento de 
produtos ou serviços não duráveis; 90 dias, tratando-se de fornecimento de produtos ou serviços duráveis.
A distinção entre produtos duráveis ou não duráveis ocorre com a observação do gênero a que ele 
faz parte, tomando-se por referência a vida útil do bem ou serviço contratado. Será não durável se, com 
o seu uso, houver a destruição imediata do produto ou do serviço (gêneros alimentícios, roupas, bebidas, 
serviço de limpeza etc.) e será durável se, com o seu uso, não houver a destruição imediata do produto 
(automóveis, eletrodomésticos etc.).
No caso de responsabilidade por danos em acidentes causados por defeitos dos produtos ou serviços 
– responsabilidade pelo fato – o prazo que terá o consumidor para reclamar será de cinco anos.
13 PRÁTICAS COMERCIAIS
São as situações irregulares, proibidas, de negociações nas relações deconsumo que ferem a boa-fé, 
os bons costumes, a ordem pública e a ordem jurídica prejudicando o consumidor.
O artigo 39 traz as hipóteses legais de práticas abusivas:
• condicionamento do fornecimento de produtos ou serviços: isso ocorre em razão de uma venda 
casada ou uma venda quantitativa. O consumidor só é obrigado a consumir o que ele quer, nem 
mais, nem menos, pois isso fere o seu direito de liberdade;
• recusa de atendimento à demanda do consumidor: não atender às pretensões do consumidor, 
desde que o produto ou serviço esteja disponível. O fornecedor poderá recusar atendimento de 
acordo com o ramo do negócio; por ordem pública; lotação do estabelecimento;
• fornecimento não solicitado: o consumidor só deve receber aquilo que ele solicitou. Se não for 
solicitado, o produto ou serviço fornecido será considerado amostra grátis, inexistindo obrigação 
de pagamento. Se o produto ou serviço causar dano ao consumidor, o fornecedor deverá ser 
responsabilizado;
• aproveitamento da hipossuficiência: prevalecer da falta de informação ou fraqueza – em razão 
da idade, da condição econômica, da saúde ou do pouco conhecimento – do consumidor para 
obrigá-lo a adquirir produtos ou contratar serviços;
• exigência da vantagem excessiva: exigir do consumidor vantagens superiores às condições do 
consumidor, ou seja, vantagem manifestamente excessiva. Trata-se de cláusulas contratuais 
abusivas;
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• serviços sem orçamento: executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização 
expressa do consumidor. O valor orçado terá validade de dez dias contados do recebimento do 
fornecedor. Não será necessária a aprovação do orçamento quando se tratar de serviços urgentes, 
entendidos àqueles que, se não realizados, irão causar prejuízo maior ao consumidor – por 
exemplo, o atendimento médico urgente ou quando o consumidor já realizava negócios com o 
fornecedor e era comum esse consumidor não realizar a aprovação do orçamento;
• inexistência de prazo de entrega ou conclusão: é dever do fornecedor informar o prazo de entrega 
do produto ou conclusão do serviço, além do preço e da forma de pagamento;
• divulgação de informações negativas a respeito do consumidor: repassar informação depreciativa 
referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
• colocação no mercado de produtos ou serviços em desacordo com as normas técnicas: produtos 
ou serviços em desacordo com os órgãos oficiais devem ser retirados do mercado. Ex.: Inmetro;
• elevar sem justa causa o preço do produto ou serviço;
• aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido;
• recusar venda de bens ou prestação de serviços diretamente ao consumidor que se disponha a 
adquiri-los mediante pronto pagamento.
14 CONTRATO DE CONSUMO
Será contrato de consumo aquele existente entre o consumidor e o fornecedor, em razão da aquisição 
ou utilização de um produto ou um serviço.
Há necessidade do conhecimento prévio do consumidor sobre o conteúdo do contrato sob pena de 
não estar obrigado ao seu cumprimento do conteúdo. Para tanto é necessário conter a redação clara e 
compreensível para que a obrigação assumida seja exigida. As cláusulas contratuais serão interpretadas 
da maneira mais favorável ao consumidor.
14.11 Garantia contratual
É uma condição adicional oferecida ao consumidor pelo fornecedor, podendo ser fixada livremente 
e feita por escrito, entregando ao consumidor no momento da conclusão do contrato devidamente 
preenchida.
14.2 Direito de arrependimento
Trata-se da possibilidade do consumidor voltar em sua declaração de vontade de celebrar o contrato 
de consumo. Ou seja, em determinadas situações, a Lei nº permite ao consumidor se arrepender, 
desfazendo o contrato sem ônus. Para que isso ocorra é necessário que o contrato seja realizado fora do 
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estabelecimento comercial, em razão da falta de contato com o produto. A Lei nº fixa o prazo de sete 
dias para o consumidor refletir sobre a necessidade do produto, tendo direito à devolução imediata das 
quantias eventualmente pagas ao fornecedor.
14.3 Cláusulas abusivas
São cláusulas notoriamente desfavoráveis ao consumidor, devendo ser declaradas nulas de pleno 
direito.
De acordo com o artigo 51 do CDC, são cláusulas abusivas:
• cláusula de não indenizar: a indenização é um direito do consumidor, conforme artigo 6º da lei. 
Essa indenização pode ser tanto em razão de um dano físico ou psíquico, material ou moral;
• cláusula de renúncia ou disposição de direitos: os direitos básicos do consumidor são irrenunciáveis, 
ou seja, mesmo que o consumidor queira, ele não pode abrir mão dos seus direitos. São direitos 
indisponíveis. Assumem as características de direitos irrenunciáveis, conforme característica dos 
direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal;
• cláusula de limitação da indenização com consumidor/pessoa jurídica: só admitida quando o 
consumidor for pessoa jurídica que, para aceitar, negocia alguma vantagem em troca;
• cláusula que impeça o reembolso da quantia paga pelo consumidor: trata-se de um direito do 
consumidor e, como tal, não pode ser suprimida em razão de um contrato;
• transferência de responsabilidade a terceiros: os fornecedores devem arcar com os ônus e as 
obrigações decorrentes da relação de consumo;
• colaboração do consumidor em desvantagem exagerada;
• cláusula incompatível com a boa-fé e a equidade: neste caso, deve-se analisar qual a expectativa 
do consumidor em relação ao contrato de consumo.
• inversão prejudicial do ônus da prova: o contrato não pode ir contra, nem acrescentar regras ao 
que a Lei nº determina. A inversão só poderá ocorrer em favor do consumidor;
• arbitragem compulsória: não é admitida cláusula que obrigue o consumidor a participar de uma 
câmara ou um tribunal arbitral para a solução do seu conflito;
• representante imposto para concluir outro negócio jurídico pelo consumidor;
• opção exclusiva do fornecedor para concluir o contrato: neste caso, há quebra do equilíbrio 
contratual;
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• alteração unilateral do preço: qualquer alteração de preço no contrato de consumo deve ser 
discutida entre as partes, em igualdade de condições, sob pena de se tornar excessivamente 
onerosa ao consumidor;
• cancelamento unilateral do contrato por parte do fornecedor: qualquer uma das partes pode pedir 
o cancelamento do contrato. Entretanto é abusiva a cláusula que permite apenas ao fornecedor 
esta possibilidade;
• ressarcimento unilateral dos custos de cobrança;
• modificação unilateral do contrato: qualquer alteração no contrato deve ser discutida entre as 
partes;
• violação das normas ambientais: se, em decorrência da relação de consumo, houver prejuízo ao 
meio ambiente natural, cultural, artificial ou do trabalho, mesmo sendo favorável ao consumidor, 
a cláusula não será válida;
• discordância com o sistema de proteção ao consumidor: qualquer cláusula que afronte o sistema 
de proteção ao consumidor não será válida;
• renunciar à indenização por benfeitorias necessárias: quando o consumidor precisar realizar 
benfeitorias necessárias na coisa, terá direito ao ressarcimento em face dos gastos realizados. 
Assim, não poderá haver cláusula no contrato que impeça essa direito.
Há, ainda, outras cláusulas abusivas entendidas pelo SuperiorTribunal de Justiça (STJ). São elas:
• será considerada abusiva a cláusula que limita o tempo de internação em Unidade de Terapia 
Intensiva (UTI);
• será considerada abusiva a cláusula que estabelece qual deverá ser o foro competente em caso de 
litígio entre as partes, em contrato de adesão, pois o foro deverá ser o do domicílio do réu.
14.4 Contrato de adesão
São considerados de adesão os contratos cujas cláusulas ou são aprovadas pela autoridade 
competente, ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor sem que o consumidor possa discutir ou 
modificar substancialmente o contrato.
Em regra, não é considerado nulo e é caracterizado por:
• ser prévia e unilateralmente elaborado;
• ser ofertado de maneira generalizada e uniforme;
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• ser aceito pelo consumidor com sua simples adesão ao contrato que, desta feita, faz com que se 
vincule à vontade de quem fez a oferta.
Todas as cláusulas contratuais, mesmo nos contratos de adesão, deverão ser interpretadas de maneira 
mais favorável ao consumidor.
15 DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
Art. 81: “[...] a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida 
em juízo individualmente ou a título coletivo. Parágrafo único: a defesa coletiva será exercida quando 
se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de 
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, 
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com 
a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos, os decorrentes de origem 
comum”.
Art. 82: “[...] para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade 
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam, entre seus fins 
institucionais, a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização 
assemblear. § 1°: o requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas no 
art. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica 
do dano ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido”.
Art. 83: “[...] para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas 
as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela”.
Art. 84: “[...] na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o 
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado 
prático equivalente ao do adimplemento. § 1°: a conversão da obrigação em perdas e danos somente 
será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado 
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prático correspondente. § 2°: a indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa. § 3°: 
sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento 
final é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. § 4°: o juiz 
poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido 
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento 
do preceito. § 5°: para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá 
o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, 
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial”.
Art. 87: “[...] nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas, 
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, 
salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais. Parágrafo único: 
em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação 
serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da 
responsabilidade por perdas e danos”.
Art. 88: “[...] na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser 
ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada 
a denunciação da lide”.
Art. 90: “[...] aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da 
Lei nº n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não 
contrariar suas disposições”.
16 DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Art. 105: “[...] integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos federais, 
estaduais, do Distrito Federal e municipais, e as entidades privadas de defesa do consumidor”.
Art. 106: “[...] o Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacional de Direito 
Econômico (MJ), ou órgão federal que venha substituí-lo, é organismo de coordenação da política do 
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-lhe:
I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de proteção ao consumidor;
II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões apresentadas por 
entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado;
III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e garantias;
IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor através dos diferentes meios de comunicação;
V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito policial para a apreciação de delito contra 
os consumidores, nos termos da legislação vigente;
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Unidade II
VI - representar ao Ministério Público competente para fins de adoção de medidas processuais no 
âmbito de suas atribuições;
VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem administrativa que 
violarem os interesses difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores;
VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, Estados, do Distrito Federal e Municípios, 
bem como auxiliar a fiscalização de preços, abastecimento, quantidade e segurança de bens e serviços;
IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas especiais, a formação de 
entidades de defesa do consumidor pela população e pelos órgãos públicos estaduais e municipais;
X - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades. Parágrafo único: para a 
consecução de seus objetivos, o Departamento Nacional de Defesa do Consumidor poderá solicitar o 
concurso de órgãos e entidades de notória especialização técnico-científica”.
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REFERÊNCIAS
Textuais
BARROS, F. M. Manual de Direitodo Consumidor. São Pauo: Rideel, 2011. 
BRANCIER, A. S. H. Direito Empresarial. Curitiba: Ibpex, 2011. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 5 maio 2014.
___. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 5 maio 2014.
___. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras 
providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm>. 
Acesso em: 5 maio 2014.
COELHO, F. U. Manual de Direito Comercial. 23ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
___. O futuro do Direito Comercial, São Paulo: Saraiva, 2010.
FRONTINI, P. S. Código de Defesa do Consumidor interpretado. Barueri: Manole, 2013.
MARTINS, F. Curso de Direito Comercial. 22ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996.
NUNES, R. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
REQUIÃO R. Curso de Direito Comercial. 32ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
RIZZATO, N. Curso de Direito do Consumidor. São Paulo: Saraiva. 2013.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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