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52
AMANDA LAYLA OLIVEIRA EVANGELISTA
RESPONSABILIDADE PENAL: As medidas de segurança nos hospitais de custódia no Brasil do Século XXI.
CAXIAS-MA 2017
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DO MARANHÃO-FACEMA
AMANDA LAYLA OLIVEIRA EVANGELISTA
RESPONSABILIDADE PENAL: As medidas de segurança nos hospitais de custódia no Brasil do Século XXI.
Trabalho monográfico a ser apresentado como Trabalho de final de curso – TCC -, à coordenação do curso de Direito da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão – FACEMA -, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Professor Orientador: Aymberê Alencar
Caxias – Ma 2017
AMANDA LAYLA OLIVEIRA EVANGELISTA
RESPONSABILIDADE PENAL: As medidas de segurança nos hospitais de custódia no Brasil do Século XXI.
Trabalho monográfico a ser apresentado como Trabalho de final de curso – TCC -, à coordenação do curso de Direito da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão – FACEMA -, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Professor Orientador: Aymberê Alencar DATA DE APROVAÇÃO 	de 	de 	
BANCA EXAMINADORA
Prof. Esp. AYMBERÊ ALENCAR ORIENTADOR E PRESIDENTE DA BANCA – FACEMA
Prof. Esp. EDUARDO MARQUES FONSECA SINDÔ EXAMINADOR – FACEMA
Prof. Esp. HERBERT ASSUNÇÃO DE CARVALHO EXAMINADOR – FACEMA
Dedico este trabalho a Deus e a minha família, em especial meus pais, que muito me apoiaram e me incentivaram a realizá-lo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e ética aqui presente. Ao meu orientador Aymberê Alencar, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos, pela sabedoria e determinação com que me orientou durante a realização deste trabalho. Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. Aos meus tios Marinalva de Sá Oliveira e Rinaldo Silva, que sempre acreditaram que eu conseguiria vencer essa batalha e me apoiaram em todos os momentos. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, em especial meu noivo, Elizeu Ferro Vieira Junior e minhas amigas que tanto me ajudaram Julianny Karinne do Nascimento e
Rafaelly de Sá Coutinho, o meu muito obrigada.
Este presente trabalho trata de forma resumida sobre a responsabilidade penal acerca das medidas de segurança nos hospitais de custódia no Brasil. Nesse contexto, analisa os avanços e impasses na garantia dos direitos humanos das pessoas com transtornos mentais autoras de delito internadas em Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP). Ademais, faz um debate sobre os dispositivos da legislação penais brasileiras referentes às pessoas com transtornos mentais que cometem delito, salientando a criação e a consolidação da medida de segurança, além de abordar a questão da saúde nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Observa as condições destes estabelecimentos, os pontos positivos e negativos e os direitos desse grupo vulnerável. Por fim, Faz menção do atual dos Hospitais de Custódia no Brasil, as políticas sociais necessárias para a ressocialização destes indivíduos com transtornos mentais e os direitos humanos à luz da legislação e da Constituição Federal acerca da tutela para esses assistidos nos Hospitais de Custódia.
Palavras-chave: medidas de segurança; Hospitais de custódia; direitos humanos; tratamento; ressocialização.
RESUMO
This present work comes in short about the criminal liability of the security measures in hospitals of custody in Brazil. In this context, examines the advances and impasses in the guarantee of human rights of people with mental disorders are perpetrators of crime admitted to Hospitals of Custody and psychiatric treatment (HCTP). In addition, a debate on the provisions of criminal legislation in Brazil regarding people with mental disorders who commit crime, stressing the creation and consolidation of security measure, in addition to addressing the issue of health in hospitals of Custody and psychiatric treatment. Observe the conditions of these establishments, the positive and negative points and the rights of this vulnerable group. Finally, does mention the current custody hospitals in Brazil, social policies required for the rehabilitation of these individuals with mental disorders and human rights in the light of the legislation and the Federal Constitution concerning the guardianship for these assisted in hospitals.
Keywords: security measures; Hospitals in custody; human rights; treatment; resocialization.
ABSTRACT
ATP - Alas de Tratamento Psiquiátrico CNJ - Conselho Nacional de Justiça CP- Código Penal
CRFB - Constituição da República Federativa do Brasil
DEPEN - Departamento Penitenciário Nacional
ECTP – Estabelecimento de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
HCTP - Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPFMC - Instituto Psiquiátrico Forense Doutor Maurício Cardoso
LEP - Lei de Execução Penal CNPCP
MPF - Ministério Público Federal
MS - Medida de Segurança
OMS - Organização Mundial da Saúde
PAILI - Programa de Atenção Integral ao Louco SUSEPE - Superintendência dos Serviços Penitenciários SUS - Sistema Único de Saúde
PAI - Programa De Ações Integradas
RT – Residências Terapêuticas
LISTA DE SIGLAS
“A sorte acompanha os audazes!”
INTRODUÇÃO
O hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico é uma instituição pública que abriga pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno ou doença mental que cometem algum tipo de crime, e, em consequência disto sofrem medidas de segurança. A medida de segurança é o método pelo qual o Estado se dispõe a resolver a questão da ressocialização de pessoas inimputáveis, ou seja, pessoas com doença mental que cometem crime e não são condenadas. Portanto o Estado absolve e determina o emprego das Medidas de Segurança.
A liberação da pessoa internada é totalmente dependente da “cura” deste, e o tempo mínimo dessa internação é de 1(um) a 3(três) anos. A cura deste paciente será observada pelo profissional e reconhecida mediante perícia médica, sendo esta, no tempo em que perdurar o prazo mínimo da Medida de Segurança.
A lei de Execuções penais demonstra que existe a possibilidade de substituir a por medidas de segurança sempre que estiver demonstrada a doença ou distúrbio mental, como está constituído no artigo 183 da Lei de Execuções Penais.
Na finalização do prazo é realizada uma nova perícia com intuito de demonstrar o fim da periculosidade apresentada pelo interno, e caso haja indicio de reincidência pelo agente, haverá uma nova internação de acordo com o artigo 97, §3º, do CP.
Ocorre que, de acordo com várias pesquisas feitas nos últimos anos por todo o Brasil, a grande maioria dos hospitais de custódia não oferece o tratamento mínimo necessário para a cura do paciente, ou seja, além de boa parte não conceder assistência psiquiátrica adequada, os internos vivem isolados, passando frio e fome, em celas frias, sem a mínima higiene e ainda sofrem de maus tratos, portanto, impossibilitando sua recuperação, e como está constituído em lei que só haverá liberação do paciente conforme comprovação de cura, essas medidas terão, na maioria das vezes caráter perpétuo.
O modelo atual dos hospitais de custódia do Brasil, na sociedade do séculoXXI, tem resíduos de uma sociedade anterior que não tinha o menor planejamento de um verdadeiro amparo para estes necessitados.
10
Os hospitais de custódia no Brasil, atuam de forma insatisfatória, despersonalizada e deficitária, que não atendem às necessidades básicas do paciente em cumprimento de medida de segurança detentiva.
Todas as instituições visitadas pela Associação Brasileira de Psiquiatria apresentaram um funcionamento abaixo do mínimo desejado, ensejando hipóteses de descaso e/ou falta de preparo técnico por parte dos gestores responsáveis pelo setor junto ao poder público. Na maioria dos casos, a organização e disposição dos espaços nos hospitais visitados igualam-se mais a instituições prisionais do que a estabelecimentos terapêuticos que visem a uma reintegração social.
Ademais, há que se refletir ainda sobre os direitos às medidas alternativas, tais como: remição, progressão, substituição da pena, detração, livramento condicional, comutação, indulto, suspensão condicional da penae do processo (sursis), exclusivos da condição de preso submetido à pena privativa de liberdade. Estas medidas alternativas integram paritariamente (até mesmo em grau superior) os direitos e garantias proclamados na Constituição Federal à pessoa com transtorno mental em conflito com a lei.
Verificar, observar e analisar, as medidas de segurança que precisam ser reavaliadas nos hospitais de custódia no Brasil, neste século atual, na sociedade contemporânea, frisando assim, a responsabilidade penal, não só do Estado, mas também de todos na sociedade.
Estruturar uma forma “educativa”, para estes assistidos, trazendo à sua memória o lado bom de viver, sempre idealizando, uma possível recuperação e convívio saudável na sociedade.
Sucede que, com o aumento da maldade no mundo atual, pessoas que adentram estes locais, acabam tendo um agravo no seu grau clínico.
Faz-se necessário, o cumprimento legal e normativo; que não seja apenas um discurso muito bonito ou uma redação deslumbrante de direitos humanos, que às vezes não passam do papel.
Nem mesmo o melhor dos melhores psiquiatras do mundo poderá entender a mente de um ser humano que sofreu, e por um momento na vida acabou enlouquecendo, talvez porque ninguém o auxiliou, e somente o maltratou, o que, infelizmente, no Brasil atual, e até mesmo no país de época anterior, é uma prática comum, frisando aqui, o hospício de Barbacena, em Minas Gerais,em que até mesmo pessoas que não tinham nem um tipo de doença mental, eram “jogadas” ali naquele local sem nenhum tipo de conforto,
e acabaram desenvolvendo o problema, por conta da solidão, do desprezo, do descaso.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, além da precariedade e falta de atendimento adequado: dez unidades apresentam procedimentos inadequados e não medicamento para todos; os internos não possuem Projeto Terapêutico Individual, Plano Individual de Atendimento ou instrumento de prontuário semelhante; em alguns casos, os internos tiveram de ser transferidos por alguma emergência de saúde.
Segundo informado, no HCTP do Brasil, as acomodações individuais geralmente são usadas como celas de isolamento, para os casos de tentativa de suicídio, brigas, crises/surtos (sic), doenças transmissíveis e até como “castigo”, exceção feita ao HCTP do Ceará em que a maioria dos alojamentos é individual. Em Santa Catarina, as intercorrências clínicas utilizam celas de observação próximas ao posto de enfermagem. Em contra partida, a cela de isolamento do HCTP da Bahia foi descrita como “quase um calabouço, sem banheiro e sem luz”. Os instrumentos necessários para promover as ações para a verificação sobre as medidas de segurança dos hospitais de custódia no Brasil, no século XXI, será feita em forma de mensuração, onde há uma pesquisa explicativa visando identificar o que precisa ser melhorado em questão de segurança nesses hospitais, e as medidas de segurança, que os responsáveis pelos setores de saúde mental, ou seja, o que as autoridades competentes, estão realizando, para a melhoria destes locais.
Por fim, a presente monografia é constituída por três capítulos: O primeiro discorre sobre a natureza jurídica das medidas de segurança, o segundo sobre o modelo atual dos hospitais de custódia do Brasil, e o terceiro relata sobre a fiscalização e atuação dos direitos humanos perante a situação precária dos hospitais de custódia.
UMA ABORDAGEM SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Neste capítulo estudaremos o conceito das medidas de segurança e como esta se dá diante do ordenamento jurídico o seu início no sistema vicariante e a quem estas medidas são aplicáveis.
2.1 Conceito e natureza jurídica das medidas de segurança
Conforme Fernando Galvão (2007, p. 812) as medidas de segurança pode ser entendidas como instrumentos empregados pelo Direito Penal para a defesa da sociedade contra o potencial ofensivo intrínseco aos indivíduos com um grau de periculosidade peculiar e estas visam remover dessas pessoas essa característica de risco para a sociedade.
Na Ciência Penal, a natureza jurídica das medidas de segurança dá-se a partir da reforma penal de 1984, onde entendeu que o sistema duplo binário era inútil, e nos trouxe o atual sistema vicariante, objetivando eliminar definitivamente a aplicação dupla de pena e par de segurança aos imputáveis e semi-imputáveis, como já mencionado, o fundamento da medida de segurança, está aliado a periculosidade aliada a incapacidade penal do agente.
Oportuno, pois, fazer uso da redação de Ferrari para uma melhor compreensão:
A medida de segurança não era imposta para recuperá-lo, até porque, se o fosse, seria precedente à aflição e seu cunho segregatório. A sociedade, temerosa com a periculosidade social do indivíduo, e não obrigatoriamente do delinquente, preferia escamotear a perpetuidade da sanção-pena, denominando-a de benéfico tratamento. (FERRARI, 2001,p.37)
Precedentemente à reforma penal, ocorriam situações absurdas como, por exemplo, o sentenciado, cumpria a pena e continuava no mesmo lugar cumprindo a medida de segurança nas mesmas condições em que havia cumprido a pena.
É importante destacar que a sistemática jurídica legal houve a simplificação a duas espécies de medidas: a internação e o tratamento ambulatorial, que, a exemplo de outras características da atual legislação, como a ausência de limite máximo da sanção.
Ainda, em nosso ordenamento jurídico atual entende como imputável o que praticar uma conduta punível e sujeitar-se-á somente à pena correspondente; o inimputável, à medida de segurança, e o semi-imputável, o chamado “fronteiriço”, sofrerá pena ou medida de segurança, isto é, ou uma outra nunca as duas, como ocorria no sistema duplo binário.
O surgimento das medidas de segurança como sanção penal, para infratores portadores de doença mental, em substituição as penas, se fez necessário tendo em vista as particularidades de tratamento desses indivíduos. A pessoa acometida de doença mental não poderia sofrer a mesma sanção penal de um agente comum, se cometeu o ilícito penal em função de seu sofrimento mental. Como assinala Ferrari acerca das medidas de
segurança:
A aplicação provisória das medidas de segurança, tendo em vista os artigos 141, 171 e 172 da LEP, restando, na hipótese de agente perigoso, sua substituição por prisão preventiva. (FERRARI, 2001, p.40)
Logo, a redação original do Código Penal conforme Dotti (2005), previa a aplicação provisória de medidas de segurança aos inimputáveis por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, aos ébrios eventuais e aos toxicômanos. Com a reforma de 194, houve divergência de jurisprudência quanto à possibilidade de aplicação provisória, tendo em vista que o art. 378 do Código de Processo Penal ainda tratava do tema.
Ademais, atualmente, é obsoleto na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que não se acolhe mais a medida de segurança provisória.
As espécies de medida de segurança
De acordo como Código Penal em seu art. 96, as medidas de segurança podem ser divididas em duas espécies, podem ser: internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ambulatorial.
Na primeira hipótese deverá obrigatoriamente o agente permanecer internado em hospitais gerais ou hospital de custódia, para tratamento médico interno e na maioria dos casos em regime fechado.
Essas medidas de segurança podem ainda, serem cumprida por sujeição a tratamento ambulatorial, que deve ser usado quando o crime for punível com detenção.
No tocante, devem ser cumpridas em hospital de custódia e tratamento (internação) ou em outro lugar adequado (tratamento ambulatorial), após a expedição da respectiva guia, o que ocorrerá assim que se consolidar o trânsito em julgado, conforme os arts. 171 e 172 da Lei de Execução Penal.
Referente a este internamento ou de tratamento ambulatorial deve conter: a) a qualificação do agente e o número do registro geral do órgão oficial de identificação; b) o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do trânsito em julgado; c) a data em que terminará o prazo mínimo de internação, ou do tratamento ambulatorial;
d) outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento ou internamento, conforme previsto artigo 173 da LEP.
A medida de segurança possui apenas o prazo mínimo de um a três anos estabelecido na sentença, conforme o artigo 97, § 1º, do Código Penal, seu prazo máximo é indeterminado, devendo ser regulado pela cessação de periculosidade. Essa situação é decorrência natural da enfermidade do agente, cuja cura não pode ter limite preestabelecido.
Consoante, a medida de segurança, diversamente da pena, não tem o caráter retributivo, razão pela qual sua finalidade principal é promover a recuperação do doente ou perturbado mental.
Assim, consiste no agente realizar tratamento médico de forma externa, ou seja, o agente não necessita da internação, mais fica obrigado a comparecer ao médico perito oficial, para realizar o exame de cessação de sua periculosidade anualmente.
As adoções de medidas de segurança trouxeram consigo a exigência de diverso estilo arquitetônico e da existência de aparelhagem interna nos estabelecimentos penais destinados a sua execução.
Hospital de Custódia e Tratamento Pisquiátrico
Dessa forma, o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico é um hospital-presídio, uma instituição penal que visa assegurar a custódia do internado.
Não obstante, se designe ao tratamento, que é a finalidade da medida de segurança, pois os ensandecidos que autuam crimes assemelham- se em todos os pontos a outros alienados, diferenciando essencialmente dos outros criminosos, não se pode desviar a coerção da liberdade de locomoção do internado, presumidamente perigoso em decorrência da lei.
O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, como acentua-se na exposição de motivos, não exige cela individual, já que a estrutura e as divisões de tal seção, estão na dependência de planificação especializada, dirigida segundo os padrões da medicina psiquiátrica. Tais estabelecimentos deverão obedecer aos requisitos básicos de salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana.
Essa medida de segurança não é pena, contudo, não deixa de ser uma espécie de sanção penal. A tal medida, será cumprida, de preferência, em hospital psiquiátrico.
No entanto, são raros os hospitais psiquiátricos existentes. Por essa razão, o tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97, segunda parte,do Código Penal Brasileiro, similarmente será realizado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com dependência médica adequada. Se o agente, em virtude de sua perturbação mental incompleto ou com retardação mental, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se conforme com esse entendimento (semi-imputável) e carecer de tratamento especial e curativo; a pena privativa de liberdade, pode ser substituída pela internação previsto nos arts. 26, parágrafo único, e 98, do Código Penal Brasileiro. Conforme também dispõe o art. 99, caput, da Lei de Execução Penal, em consonância, aliás, com o art. 99 do Código Penal.
É internado também no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, aquele que, no curso da execução da pena privativa de liberdade, vier a sofrer de doença mental ou apresentar conturbação e perturbação de sua saúde mental, impõe pela conversão da pena em medida de segurança, previsto no art. 183 da Lei de Execução Penal, ou intenta pela determinação do internamento pelo Juiz, de acordo com o art. 108 da LEP.
Neste primeiro pressuposto, de conversão, a execução passará a ser regida pelas normas referentes às medidas de segurança; no segundo, de simples transferência, sucederá a detração, computando-se o tempo de internamento da duração da pena, conforme está previsto no artigo 42 do CP.
O fundamento condutor acerca das medidas de segurança ainda está extremamente ligado entre a loucura e o perigo. Tendo em vista que o isolamento dos portadores de doença mental passa a ser justificado pelo risco para a harmonia social, legitimado por meio da periculosidade.
Além do que, o tratamento exige dependências adequadas a quimioterapia, psicoterapia, laborterapia, praxiterapia etc. Dessa maneira, o estabelecimento necessita apresentar características hospitalares, contando com aparelhagem apropriada às diversas formas de tratamento.
A medida de segurança detentiva (internação) pode ser substituída por tratamento ambulatorial a ser realizado em local com dependência médica adequada. Para isso, é necessário examinar as condições pessoais do agente para constatar a sua compatibilidade ou incompatibilidade com a medida mais liberal.
Vale ressaltar que em qualquer momento do tratamento ambulatorial o juiz pode determinar a internação para fins curativos.
Para o ordenamento jurídico brasileiro, a doença mental é um dos pressupostos biológicos de inimputabilidade. Tal expressão abrange as psicoses orgânicas, tóxicas e funcionais (paralisia cerebral progressiva, demência senil, sífilis cerebral, arteriosclerose cerebral, psicose traumática, psicose puerperal, esquizofrenia, transtorno bipolar do humor), histeria, paranóia, neuroses, entre outras patologias. A doença mental, por si só, não é causa de inimputabilidade. Tendo, pois, em decorrência dela, que o individuo não possua capacidade de entendimento ou determinar-se de acordo.
De acordo com a legislação brasileira tanto a pena quanto a medida de segurança, sucedem ao cometimento de uma conduta ilícito penal, as mesmas diferenciam-se quanto ao seu fundamento, quando na pena se verifica a culpabilidade do agente, na medida de segurança, deve-se pautar na periculosidade do indivíduo, como já citado.
Da mesma maneira, o inimputável o agente que, por doenças mental ou desenvolvimento mental incompleto ou alucinado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Destarte, presume pois, a lei sua periculosidade e determina seja ele submetido à medida de segurança de internamento em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou à falta, em outro estabelecimento adequado, conforme previsto os arts. 26, caput, 96 e 97 do Código Penal.
A internação em hospital de custódia e tratamento é a chamada medida detentiva que, na falta de hospital de custódia e tratamento, pode ser cumprida em outro estabelecimento adequado (CP, art.96, I). Tal medida de segurança pode ser aplicada tanto aos inimputáveis quanto aos semi-imputáveis que necessitem de especial tratamento curativo.
Acerca desse tratamento, a lei não diz o que é estabelecimento adequado, mas dá uma pista quando fala que, para submeter-se a tratamento, o internado tem direitode ser recolhido em estabelecimento dotado de características hospitalares (CP, art.99). Sarcasticamente, por apresentarem “características hospitalares”, os manicômios judiciários têm sido considerados “estabelecimentos adequados”.
Assim, o polêmico, amplo e subjetivo requisito da periculosidade o qual fundamenta o dispositivo normativo das medidas de segurança não podem ser presumidos, é necessário que seja comprovada a partir de um juízo naturalístico e não somente a critério da análise do mesmo.
Em análise, há vários entendimentos sobre o que é crime, envolvendo ideologias de tipicidade, antijuricidade, culpabilidade e punibilidade. Os que defendem que a interpretação de culpabilidade é um pressuposto apenas da aplicação da pena, sua discussão no âmbito das medidas de segurança é inóxio.
O prazo de duração das medidas de segurança é, em princípio, indeterminado, perdurando enquanto não for cessada a periculosidade do agente (juízo de probabilidade que toma por base a conduta anti-social e a anomalia psíquica do agente de que este não voltará a delinquir) , através de perícia médica (CP, art. 97, § 2º). A lei não fixa um prazo máximo de duração, mas fixa um prazo mínimo, de 1 a 3 anos (CP, art. 97, 1º), que serve apenas como marco para a realização do primeiro exame de verificação de cessação de periculosidade.
Ademais, é inegável que os indivíduos suscetíveis à aplicação das medidas de segurança são efetivamente condenados, não sendo absolvidos impropriamente, tendo a importância de sempre lembrar que é imprescindível a aplicação do princípio do devido processo legal, posto só poder ser imposta medida de segurança em fase de sentença, dita absoluta, de forma imprópria.
Quando há a falta de Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, conforme previsto no artigo 96, I do Código Penal. Na hipótese dessa inexistência do hospital penitenciário ou de absoluta falta de vagas nesse estabelecimento, o internado será destinado a outro instituto que, além do tratamento, possa assegurar a custódia do interno por parte da Administração Pública.
A lei, embora não faça referência expressa a estabelecimento privado, é permissível o internamento em hospital psiquiátrico particular que ofereça condições de custódia na falta de estabelecimento oficial ou quando a perícia comprovar que não há condições de ser o interno submetido ao tratamento específico de que necessita na instituição hospitalar-prisional do Estado.
Acerca do exame psiquiátrico e os demais exames necessários	ao tratamento são obrigatórios para todos os internados. Para que se possa efetuar, com sucesso, uma perfeita determinação dos indivíduos sujeitos ao tratamento, é necessário que se faça, preliminarmente, uma seleção rigorosa logo que se proceda	a		internação,	inclusive	quanto	ao	estado	físico	do	internado. Ademais,		a		cessação	da	periculosidade		presumida		só	pode		ser averiguada, ao final do prazo mínimo de duração de medida de segurança ou
quando o determinar o juiz da execução, por meio do exame psiquiátrico.
Nesse teor, é oportuno o entendimento do doutrinador Santoro Filho (2007), que indica que há quatro motivos para superar a imposição legal de internação para os casos de crimes punidos abstratamente com pena de reclusão. Nesse sentido pode-se citar: (1) entre a dicotomia reclusão/ detenção, que não há mais distinção ontológica, visando que a diferenciação mais importante, persistente na impossibilidade de aplicação do regime fechado ao condenado por pena de detenção, pode ser superada, na fase de execução, pela regressão de regimes, sendo as demais diferenciações secundárias; (2) a pena de reclusão não significa desvalor social do tipo penal, temibilidade extrema da conduta ou periculosidade intensa do seu agente; (3) a obrigatoriedade da aplicação da medida de segurança na sua forma detentiva não atende a qualquer finalidade social relevante ou ao bem comum; (4) o teor da Lei nº 10.261/01, que dispõe em seu art. 2º, parágrafo único, inciso I, que é direito portador de transtorno mental o acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, de acordo com as suas necessidades.
Para tanto, determina a lei que o exame psiquiátrico e os demais exames são obrigatórios para todos os internados. A eles deve submeter-se o internado diante de seu status de pessoa autora de crime e de periculosidade presumida pela lei.
A falar acerca dos Hospitais de Custódia e Tratamento psiquiátrico no Brasil, foi constatado que os hospitais psiquiátricos baianos não recebem pacientes com medida de segurança. Então, os doentes vão até o hospital de custódia e tratamento para receber os medicamentos necessários ao seu tratamento curativo. No Distrito Federal, não existe nenhum hospital psiquiátrico, nem mesmo outro local adequado para a execução da medida de segurança especificada em internação; quanto às mulheres, o Distrito Federal não dispõe de nenhum local para execução da medida de segurança especificada em internação, sendo oportuno o relato de uma situação que perdurou nos anos de 1994 e 1995: uma mulher extremamente violenta, utilizando-se de uma faca, matou um homem e foi absolvida impropriamente, impondo-se medida de segurança especificada em internação. A mesma foi recolhida no Núcleo de Custódia de Brasília, onde passou a apresentar muitos problemas para a Administração, visto ser completamente louca. Não obstante, atualmente, a falta de estrutura dificulta muita a execução, visto que a inexistência de exame criminológico prévio contribui para a promiscuidade e para a manutenção da noção de que a prisão é escola de crime.
Também a exigência de exame criminológico para a obtenção de progressão de regime é um fato que provoca uma longa dilação do prazo para a obtenção do benefício, o que enseja uma injustificável violação ao ius libertatis do condenado, mesmo estando na prisão, visto que o mesmo poderia encontrar regime mais brando em data significativamente anterior.
É importante ressaltar que essa vigilância do cárcere nos hospitais de custódia, como uma atividade perigosa, não sendo conveniente, colocar o agente como refém do sistema.
O Brasil, diante das medidas de segurança nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, é um Estado que brinca de tripudiar da saúde desse povo.
20
Logo, existem inúmeras discussões sobre o tema nas comunidades jurídicas e médica. Em tratamento psiquiátrico e internação, é importante destacar o que assinala Ferrari:
“É uma sanção aflitiva, que retira o indivíduo do convívio social e o interna em estabelecimento específico, objetivando o seu tratamento, segurança e, em casos restritos, a incapacitação. Justamente por objetivar especialmente o tratamento do delinquente, é que deve estar presente todo um aparato de equipes terapêuticas que potencializem e busquem a readaptação do delinquente ao convívio social. A execução de medida de segurança que não visar à emenda do internado é meio de agressão à liberdade do indivíduo.” (FERRARI, 2001, p.81)
No qual buscam a importância da ressocialização do paciente em medidas de segurança, atitudes estas que visam à efetividade da mesma pelo caráter curativo inerente a esta sanção penal.
Frisando a necessidade de que esses locais, os Hospitais de Custódia, deve ser um hospital-presídio, no qual deve ser oportunizado o tratamento ao delinquente, bem como fazer sua custódia. De acordo com o que preconiza o número 99 da Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal, para esse tipo de estabelecimento não há previsão de cela individual, haja vista a estrutura ea divisão de tais unidades procederem de planificação especializada, de acordo com os padrões da medicina psiquiátrica, que garante as condições mínimas necessárias de salubridade do ambiente e a área física de cada aposento, em conformidade com o princípio da dignidade pessoa humana. Sendo assim, as características do local, portanto, devem ser hospitalares, com um ínfimo de estrutura que proporcione as variadas formas det ratamento.
Outrossim, a falta de atençãoas unidades que custodiam pacientes em medidas de segurança, também pode ser compreendida pela falta de interesse das secretarias de estado de segurança pública e das instituições que gerem o sistema penitenciário no Brasil, pois, as maioria das unidades de custódia são unidades prisionais comuns, para a custodia de condenados a pena privativa de liberdade ou em prisões temporárias.
Nesse sentido, conforme discorre Ferrari (2001), o internado deve ser submetido aos exames psiquiátrico, criminológico e de personalidade, de acordo com o artigo 100, c/c os artigos 8º e 9 º todos da Lei de Execução Penal.
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Holisticamente, segundo levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (dados obtidos através de consulta eletrônica), existe hoje no Brasil uma população carcerária de 496.251 pessoas, desse total menos de 1% são internados em medidas de segurança, ou seja, a maior parte da atenção é dada aos presídios e as penitenciárias, pelo maior número de apenados, e muitas vezes os estabelecimentos de custódia para pacientes em medidas de segurança, são esquecidos pelo poder público.
Mais adiante, veremos a importância das medidas de segurança ser atuadas nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico no Brasil, verificando o modelo implantado atualmente.
O MODELO ATUAL DOS HOSPITAIS DE CUSTÓDIA NO BRASIL
Neste capítulo será feito uma breve abordagem do atual modelo das medidas de segurança no Brasil nos Hospitais de Custódia.
3.1 A atuação das medidas de segurança nos Hospitais de Custódia
As medidas de segurança, de acordo com Queiroz (2010) “são sanções penais destinadas aos autores de um injusto penal punível, embora não culpável em razão da inimputabilidade do agente.” E, para que tais medidas possam ser utilizadas, “impõe-se o concurso simultâneo de todos os requisitos e pressupostos do crime, com exceção da imputabilidade do autor, unicamente”.
Nos hospitais de custódia vemos descaso e abandono em Saúde Mental. Pacientes dependentes de drogas e com sintomas psicóticos não conseguem se adequar ao ambiente. Haja vista, vê-se que a autoridade competente não se importando muito com o portador de doença psicossomática.
Nesse sentido, a medida de segurança há muito tempo é alvo de discussões jurídicas acerca da sua continuidade, sustentando-se que a sua indeterminação temporal afrontara vários princípios e garantias constitucionais, seguindo-se em uma atuação estatal ilimitada e a situação atual dos estabelecimentos de custódia no Brasil, vale ressaltar o que a legislação brasileira e a jurisprudência definem como devem ser os estabelecimentos de custodia dos pacientes em MS no Brasil.
Em contra partida, asseguram alguns doutrinadores que a indeterminação temporal decorre da essência deste instrumento jurídico, bem como meramente lhe é aplicada o atual regimento, se bem que esta não se confunde com a pena, o que justificaria a não aplicação à medida de segurança de diversas ordens constitucionais relativas a penas, tendo em vista que estas não se confundem.
De acordo com o censo de 2000, os desequilibrados criminosos que são cerca de 3.989 homens e mulheres internados em hospitais ou alas psiquiátricas de presídios que vivem em estabelecimentos custódia.
Nesse contexto, a imperceptibilidade desse infrator não foi rompida com as conquistas da Reforma Psiquiátrica no inicio do século XXI.
3. 2 Estabelecimentos de custódia e situação atual no Brasil
Os manicômios abriram suas portas, e o tratamento em regime asilar assou a ser exposto como bárbaro. O enclausuramento do louco foi contestado não apenas pelos saberes biomédicos e jurídicos, mas principalmente pela biocenose de seres em dissabor mental. No entanto, nem todos os pacientes dementes foram adicionados nesse amplo regime de revisão da legislação. É importante	ressaltar	que	na	literatura internacional,	não	há	evidências científicas que escoram a periculosidade de um indivíduo como		uma condição vinculada à classificação psiquiátrica para o sofrimento mental.
Nesse contexto, periculosidade é um dispositivo de poder de controle dos indivíduos, um conceito em permanente disputa entre os saberes psiquiátricos e penais. À volta disso, desse dispositivo, diagnóstico psiquiátrico e infração penal não andam juntos: esses indivíduos com distintos diagnósticos cometem as mesmas infrações.
Logo, há uma concentração de pessoas com esquizofrenia ou outra doença psicossomática nos estabelecimentos, o que isso pode representar antes de uma seletividade nos sistema de custódia psiquiátrico.
Quando os indivíduos são organizados pela infração cometida e localizados pela mais grave delas, como por exemplo o homicídio, a distribuição é semelhante entre todos eles. E a reincidência especifica em virtude do homicídio, ocorre em 5% da população com registro de reinternação nos hospitais de custódia. Posto isso, podemos afirmar que o resultado mais importante do censo é que não periculosidade pertinente aos diagnósticos psiquiátricos. O diagnóstico psiquiátrico não é determinante para a infração penal cometida pelo louco. Precisamente porque o que há, são indivíduos em sofrimento mental que, em algum momento da vida, é possível supor que ausência de saúde, o abandono das redes sociais de proteção e cuidado e também a carência de políticas sociais e eficazes para essa população possam ser causas desencadeantes do ato infracional.
Nessa continuidade, é possível compreender que o louco não conheça o ambiente em que está e não reconhece a rua como seu espaço de sociabilidade, seja porque a casa é um ambiente de risco, é na família, que encontramos se centralizam os homicídios (49% do total).
Contudo, apesar das mulheres serem uma minoria ainda mais omissa nesse universo de manicômios, nesse caso, elas cometem mais homicídios. Nesse contexto, Lebre (2013) explica que a recente estrutura jurídica da medida de segurança teve origem na doutrina de Franz von Liszt, para quem ela se constituía, assim como a pena, em um mecanismo eficiente para a
defesa da sociedade.
Em contra partida, o modelo atual dos hospitais de custódia, apresenta dados reveladores acerca de um modelo psiquiátrico-penal de qualidade. Nesse sentido, 41% dos exames de cessação de periculosidade estão em atraso, o tempo médio de permanência à espera de um laudo psiquiátrico é de dez meses (No Código Penal, o artigo 150, § 1º determina 45 dias) e o de espera para o exame de cessação de periculosidade é de 32 meses, por esse ângulo, 7% dos indivíduos dispõem de sentença de desinternação e se sustém em regime de internação.
O instituto de medida de segurança, passou por várias mudanças dentro da sistemática penal, para entender o modelo atual dos hospitais de custódia, deve-se atentar como era anteriormente colocado em segurança os inimputáveis. No tocante, quando se tratada responsabilidade penal, identifica- se que, no Brasil, o ato da conduta delitiva é o momento da auferição da responsabilidade penal.
No mesmo contexto, no estado Pernambuco temos um hospital psiquiátrico, desde 1940, o HCTP – Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico –, nada obstante, nem todo estado brasileiro possui um hospital com tal finalidade, consequentemente eles devem colocar os doentes mentais infratores em hospitais públicos de referência ou, se forem os infratores pessoas que tenham recursos, possivelmente, podem ser internados em hospital particular, desde que tenha acompanhamento do sistema psiquiátrico. Logo porque, o inimputável, precisa de assistência, pois, apresenta grandes riscos à sociedade, visto que ele não tem nenhuma responsabilidade.
Na atualidade, muito se fala de doenças psicossomáticas da modernidade, mas que sempre existiram. Antigamente, nossa sociedade se deparava com idosos com mais de 60 ou 65 anos, que dormiam cedo ou já vestiam pijamas e ficavam sentados em uma cadeira, em meio a ociosidade, e nessa percepção, o ócio, leva a doenças mentais.
Os cárceres brasileirosestão repletos de doentes mentais semi- imputáveis, porque são indivíduos que, apesar de cometeram um crime, têm consciência da reflexão repercussão daquele fato socialmente, da repercussão nas suas vidas.
No tocante, o mecanismo delineado para as medidas de segurança está constituído numa presunção de periculosidade, fato que descreve um incumprimento da cláusula pétrea de presunção de inocência (CRFB, art. 5º, LVII), evidenciando a crise das medidas d e segurança, por falta de instrumentos probos para a definição em sede judicial de um pro gnóstico de periculosidade.
O novo modelo assistencial em saúde mental e seus reflexos nas medidas de segurança, narra sobre a Lei n. 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e o s direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e deriva o paradigma assistencial em saúde mental, nesse sentido, traz em sua redação, significativas alterações no sistema de medidas de segurança, especificamente em relação às chamadas medidas de segurança ( internação em hospital de custódia e trata mento psiquiátrico).
De acordo com o censo do IBGE (2011), os hospitais para loucos infratores resistiram à Reforma Psiquiátrica; alguns foram, além disso, inaugurados após a Lei 10.216/01, nesse ensejo, houve uma reorientação do cuidado da loucura — do modelo asilar para o ambulatorial. Em contra partida, ainda há pessoas internadas em regime de abandono perpétuo: ou melhor, trinta anos é o limite da pena a ser imposta pelo Estado aos indivíduos imputáveis, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal.
Contudo, o censo (2015) encontrou dezoito indivíduos internados em hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico há mais de trinta anos. Quando jovens, eles experimentaram os muros de um dos regimes mais bárbaros de segregação social.
Agora idosos, aguardam que o Estado os assista e reconheça-os como indivíduos singulares com necessidades existenciais ignoradas em vários âmbitos da vida.
Cabe ressaltar que a medida de segurança tem caráter de pena perpétua na sua aplicação. O Código Penal estipula uma duração mínima (de um a três anos), mas não máxima, uma vez que pode perdurar indefinidamente enquanto a perícia médica não atestar a cessação de periculosidade (art. 97). Em foco, o Instituto Psiquiátrico Forense Doutor Maurício Cardoso (IPFMC)		é	um HCTP que		pertence	à	Superintendência	dos		Serviços Penitenciários (Susepe), no Rio Grande do Sul, dispõe de 317 vagas e chegou a contar com 719 processos em 2007 (Missaggia, 2012, p. 187). Nisso, em agosto de 2014 contava-se 441 pacientes; embora a insuficiência fosse de 124 vagas,	cabe	salientar	que	280	dos	pacientes	encontravam	com	alta
progressiva.
Acerca de Saúde Mental, o Brasil evoluiu ao longo das duas últimas décadas, de um modelo centrado na referência hospitalar para um modelo de atenção diversificada, de base territorial comunitária. O parágrafo único do art. 2º da lei 10.216/01, narra que alguns direitos são peculiarmente interessantes ao processo de desinstitucionalização. O inciso I da referida lei, observa à pessoa em sofrimento psíquico o direito de “ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades”; entretanto, os HCTPs não fazem parte do Sistema Único de Saúde e nem 5 são atingidos pelas disposições que regulam o funcionamento dos leitos psiquiátricos.
Em continuidade, de acordo com o inciso V a pessoa deve “ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária”, mas a internação do paciente judiciário é sempre involuntária, e ele não tem o direito de interpelar a indispensabilidade dessa medida junto ao médico que a trata.
De acordo com o censo (2012, IBGE), 606 indivíduos internados a mais tempo do que a pena máxima em abstrato para a infração cometida, isso significa 21% da população em medida de segurança no país, tais pessoas, estão passando por uma pior situação do que aquela em que estariam caso fossem apenados, e, se converterão em indivíduos abandonados e velhos em um hospital psiquiátrico de custódia.
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Vasculhando a história, o primeiro hospital de custódia e tratamento psiquiátrico foi fundado em 1921 no Rio de Janeiro. Em noventa anos de história dos manicômios judiciários no Brasil, em nenhuma vez se realizou a contagem nacional desses indivíduos. Não se investigaram, sistematicamente, as razões para a internação, o tempo de permanência nos hospitais ou as circunstâncias da engrenagem médica e jurídica que os conserva em restrição perdurável de direitos.
Trazendo a atualidade, o relatório “Saúde mental em dados 10”, do Ministério da Saúde (2012) assegura que a reforma psiquiátrica tem avançado no Brasil a partir da promulgação da Lei nº 10.216/01. Então, entre 2002 e 2011 a cobertura nacional em saúde mental passou de 21% a 72% (Ministério da Saúde 2012, p. 7).
Nesse contexto, o doutrinador Guimarães (2012, p. 230) entende que a sociedade não está disciplinada para amparar a pessoa com transtorno mental e que os serviços substitutivos apresentam carências de cobertura. No que concerne à desconstrução dos hospitais de custódia, Diniz (2013, p.13) os que existiam antes de promulgada a Lei nº 10.216/01 resistiram à Reforma Psiquiátrica, e inclusive alguns foram inaugurados depois dela 13). Cabe ressaltar, nas palavras de Diniz (2013, p. 55) que o Brasil, conta ainda com 23 Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTPs) e três Alas de Tratamento Psiquiátrico localizadas em complexos penitenciários, mantendo 3.989 pessoas internadas com medida de segurança.
Os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de acordo Batista e Silva (2010, p. 98), passados sete anos da publicação da Portaria nº 1.777/03 eram apenas cinco equipes de saúde nos HCTP, nos estados da Bahia, de Minas Gerais, de Pernambuco e de São Paulo.
Nessa situação, a Resolução nº 5, de 4 de maio de 2004, do CNPCP determinou diretrizes para o cumprimento das medidas de segurança, designando que o “tratamento dos portadores de transtorno mental considerados inimputáveis visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio”, “tendo como princípios norteadores o respeito aos direitos humanos, a desospitalização e a superação do modelo tutelar.
Os estabelecimentos de custódia e tratamento psiquiátrico, de acordo com a Lei 7.209/84, “o condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado” (Brasil, 1984). Nessa perspectiva, em 2011, no Brasil havia 23 Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTPs) e 3 Alas de Tratamento Psiquiátrico (ATPs) identificadas em presídios ou penitenciárias.
O esboço censitário apanhou dados referentes à população que vivia nesses 26 HCTPs. Existia uma concentração de estabelecimentos nas regiões Sudeste e Nordeste, com 38% (10) dos HCTPs no Sudeste e 31% (8) no Nordeste. Na Região Sul, havia 12% (3) dos HCTPs. Na Região Norte, havia 12% (3) dos estabelecimentos, e a Região Centro-Oeste possuía 8% (2) dos estabelecimentos. Os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo continham 3 HCTPs cada um. Os estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Sergipe e Santa Catarina, além do Distrito Federal, tinham um único ECTP , e os estados de Acre, Amapá, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins não possuíam ECTP em 2011. (Diniz 2011, p.20).
É possível imaginar que, era possível que as pessoas em medida de segurança estivessem em delegacias, presídios, penitenciárias ou outras instituições de custódia, ou ainda que tivessem sido transferidas para outros estados. No estado de Goiás, acerca da execução das medidas de segurança há uma particularidade, elas são cumpridas por meio do acompanhamento do Programa de Atenção Integral ao Louco-Infrator(PAILI) – que foi inspirado em um programa idêntico, o Programa de Atenção Integral ao Integral ao Paciente Judiciário (PAI-PJ), de Minas Gerais (Barros-Brisset, 2010). Apesar de, pertencerem a instituições distintas – o Paili à Secretaria de Saúde e o PAI-PJ à Secretaria de Justiça —, os programas tem finalidades análogos em outras palavras, tem as intenções de acompanhar regularmente a aplicação das medidas de segurança, inserindo os inimputáveis por doença e deficiência mental em serviços assistenciais de saúde de acordo com a Lei da Reforma Psiquiátrica, a Lei 10.216, de 2001, sendo uma alternativa à restrição de liberdade imposta pelos ECTPs.
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A fragilidade da manutenção institucional dos Hospitais de custódia a partir dos seus efeitos, segundo os quais o “malvado” torna-se vítima do sistema penal, ocasionando, assim, essa multidão de excluídos abandonados a sua própria sorte nos HCTP existentes no Brasil. Nessa situação, constam em torno de 3.921 internados/abrigados em HCTP em todo o Brasil, segundo divulgação em parecer do Ministério Público Federal (Brasil, 2011; Diniz, 2013). Esse	quadro	da	saúde	pública	carcerária	brasileira,	mostra	um panorama de descaso público com a população institucionalizada pelo sistema penal que se repete em todas as regiões do país. No Brasil, milhares de aprisionados são mantidos irregularmente internados, sem o conseguimento de privilégios legais, conforme os resultados encontrados no mutirão carcerário
realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (Brasil, 2012).
Destarte, a partir da formalização da Lei Antimanicomial em 2001, há uma advertência para que os HCTP se reorientem segundo novos parâmetros da saúde mental (Brasil, 2002), fato que só veio a ser rediscutido no “Parecer sobre medidas de segurança” sob a perspectiva da lei n.10.216/2001 (Brasil, 2011). Nesse ínterim, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a partir de 2010, coloca em regra a implementação de políticas antimanicomiais pelo Judiciário na resolução n.113 (Brasil, 20 abr. 2010). Em tese, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (Brasil, 30 jul. 2010) em outra resolução n.4,especifica os procedimentos antimanicomiais na prática judiciária e prevê a substituição dos últimos manicômios existentes, impondo, a partir dessa resolução, o prazo de dez anos para a substituição do modelo manicomial do cumprimento de medida de segurança para o modelo antimanicomial. No ano posterior, o Conselho Nacional de Justiça forma um grupo de trabalho para fiscalização e acompanhamento do cumprimento da medida de segurança (Brasil, 31 mar. 2011).
Cabe salientar, que uma das principais preocupações se fixa em torno dos efeitos institucionais da longa permanência, e uma nova função ganha destaque nesse tipo de instituição, a reinserção psicossocial dos sujeitos com transtorno mental em incorfomidade com a lei.
Ademais, os HCTP se reclinam ao incômodo desse novo hibridismo institucional dado que, além das funções de custódia e tratamento, necessitam acolher os desinternados para psicossocialmente os reinserir.
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De acordo com Foucault (2010), o abrigamento ou albergamento dos desinternados (portanto, sem pendência jurídica) sob seus tetos, pela rompimento dos laços sociais, devido à institucionalização de longa permanência resulta em reassumir suas funções sociais de longa data, a de recolhimento e de depósito de certos tipos marginalizados da sociedade, pelo fato de eles permanecerem esquecidos ao contingente considerado improdutivo na estrutura essencial da sociedade.
Não obstante, as internações em HCTP, com a lei n.10.216, passam a não ter mais sentido, posto que ela determina que o melhor tratamento em saúde mental compõe-se na atenção territorial, sendo a internação o último recurso, devendo ocorrer em local apropriado ao tratamento, em instituições de saúde mental que respeitem prazos curtos, razoáveis, somente em momentos de crises.
Nas 117 medidas de segurança por conversão de pena, de acordo com Diniz (2011, p. 45), há ocorrência de 149 infrações penais, dado que uma única pessoa internada pode cumprir medida de segurança por duas ou mais infrações penais concomitantes. Nesse sentido, uma concentração de crimes contra o patrimônio, somando 52% (61) das medidas de segurança, seguida de crimes contra a vida, com 39% (46). Acerca dos crimes contra a dignidade sexual soma-sem 16% (19) das medidas de segurança. Lesões corporais somavam 4% (5), crimes contra a administração pública somavam 3% (3), crimes contra a liberdade individual somavam 3% (3), e crimes da lei antidrogas também somavam 3% (4) das medidas de segurança. Conjuntara que difere quando comparado ao das medidas de segurança sem conversão de pena, já que crimes contra a vida somavam 43% (1.228), seguidos de crimes contra o patrimônio, com 29% (818). Ainda, dos 2.839 indivíduos em medida de segurança no Brasil, (Diniz, 2011, p. 46) 27% (771) cometeram infrações penais em sua rede familiar ou doméstica, isso quer dizer que uma em cada quatro pessoas internadas teve um membro da família ou campo doméstico como vítima.
Conforme assinala Diniz (2011, p.54), a população masculina do Brasil em medida de segurança, à proporção de infrações penais na família segundo diagnósticos psiquiátricos tem a sequente distribuição: 33% dos indivíduos com epilepsia, 35% dos com esquizofrenia, 23% dos com retardo mental, 29% dos
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com transtornos afetivos uni ou bipolares, 22% dos com transtornos de personalidade, 24% dos com transtornos da preferência sexual, 24% dos com transtornos mentais devidos ao uso do álcool e outras drogas e 32% dos com transtornos mentais orgânicos haviam cometido infrações penais na família.
No Brasil há 26 estabelecimentos de Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Em Alagoas, temos o Centro Psiquiátrico Judiciário Pedro Marinho Suruagy é o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Alagoas (HCTP-AL).
Nesse sentido, o Brasil dos 584 mil homens e mulheres presos, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça (Depen/MJ). Logo, esses cidadãos podem ser presos provisórios, condenados, ou ainda podem estar submetidos a medidas de segurança.
Cabe ressaltar que a manutenção do modelo hegemônico de atenção psiquiátrica aos loucos infratores tem beneficiado uma assistência custodial, impossibilitando mudanças que venham a integralizar a pessoa à sua comunidade e, especialmente, o respeito aos direitos individuais previstos pela Constituição de 1988.
Nesse sentido, ainda hoje são pertinentes a falta de tratamento adequado; o excessivo uso de medicamentos; condições sanitárias precárias; maus-tratos; insalubridade; uso de quartos fortes ou quartos individuais, falta de acesso à justiça; reduzido número de profissionais e despreparo dos existentes; ausência de mecanismos que preservem o vínculo com os familiares. Logo, tais violações comprovam a responsabilidade dessa instituição com um modelo ultrapassado, que toma o individuo como objeto da sua ação e não tutela os seus direitos.
Sem embargo, a inexistência de uma política nacional para a reorientação do modelo de atenção nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, a falta de projetos estaduais para a reinserção social das pessoas ali amparadas e internadas, e a ausência de um vínculo desta instituição com o Sistema Único de Saúde (SUS), têm conservado a pessoa com transtorno mental autora de delito à margem das mudanças que vêm sendo realizadas no âmbito do modelo de atenção à saúde mental no Brasil a partir da Lei nº 10.216/2001.
Atualmente existem no Brasil em funcionamento 596 módulos do Serviço Residencial Terapêutico com o total de aproximadamente 3236 moradores, segundo levantamento recente feito pela coordenação de saúde mental do Ministério da Saúde, conforme a publicação “Saúde Mental em Dados 9” de julho de 2011. Apesar do crescente aumento de vagas, esse número ainda é considerado insuficiente para a demanda que se estima ser de 2500 unidades com a população atendidade aproximadamente de 20.000 pacientes.
No tocante às ações necessárias para a garantia dos direitos humanos destas pessoas, Costa (2003, p. 143) alega o caráter que exclui destes estabelecimentos afirmando que o hospital psiquiátrico tornou-se um "emblema da exclusão e seqüestro da cidadania", doenças mentais ao longo dos últimos duzentos anos.
3.3 Os serviços terapêuticos
No começo da década de 90, as residências ou serviços terapêuticos tiveram início no Brasil, tendo como pioneiras nesse processo de terapia ocupacional para paciente psicossomáticos, é possível citar as cidades de: Ribeirão Preto/SP, Campinas/SP, Santos/SP, Rio de Janeiro/RJ e Porto Alegre/RS. O objetivo principal das RTs é de reduzir os leitos psiquiátricos, e de proporcionar melhor condição de vida, a pacientes que devido a longos períodos de internação em hospitais psiquiátricos.
Nesse sentido, o objetivo alcançado por essas experiências, permitiu que a iniciativa fosse expandida a ideia e adotada em outros municípios ao longo do território nacional, ampliando assim de forma positiva a rede de atenção pelas RTs, como mostram dados colhidos do Ministério da Saúde que dão conta que entre 2002 e 2011 o crescimento no Brasil das residências foi de mais de 700% passando de 85 para 596 unidades, esse avanço se deve principalmente ao advento da Portaria 106/2000 do Ministério da Saúde que oficializou a iniciativa no SUS e pela adoção da Lei 10.216 de 2001, que incentivou a desospitalização dos pacientes psiquiátricos.
Nesse sentido, funcionam da seguinte forma: o gestor da cidade observando a necessidade de implantação do serviço em seu município, solicita ao Ministério da Saúde a implantação e o valor de incentivo para o
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início do projeto no valor de R$ 10.000,00, com esse valor o responsável deverá providenciar a casa em espaço urbano e apropriado, com espaço físico compatível com o número de moradores que deverão ser de no máximo 8 pessoas, e ainda garantir com os próprios recursos o mínimo de 3 refeições diárias aos atendidos.
Cabe ao município também garantir a equipe técnica mínima de suporte que deverá acompanhar todo o trabalho e o cotidiano dos pacientes incentivando o convívio social, esta equipe deverá ser formada por no mínimo 1 médico e 2 profissionais de nível médio com experiência específica para a reabilitação.
OS DIREITOS HUMANOS PERANTE A SITUAÇÃO PRECÁRIA DOS HOSPITAIS DE CUSTÓDIA
Neste capítulo, estudaremos o direito à saúde mental dos presos mediante os Direitos Humanos mediante a situação precária dos hospitais de custódia.
O Hospital de Custódia e tratamento Psiquiátrico e os direitos dos seus internos
De acordo com Organização Mundial de Saúde (2005) as disposições legislativas relativas às pessoas com transtornos mentais que praticaram delito, uma área complexa, que engloba os sistemas de segurança e justiça e de saúde mental. Logo, deparam-se modificações nas políticas e práticas admitidas pelos países, apesar disso, identifica-se que na maioria deles, a questão da saúde mental daquelas pessoas faz parte mais da legislação criminal do que da legislação de saúde mental
Nesse sentido, a boa saúde dos presos e presas é afetada por essa consistência de agentes correlatos causais: falta de vagas no aparelho penitenciário, péssima qualidade de alimentação e moradia, falta de políticas de prevenção de doenças. De acordo com Bandeira (2005, p.183), na prática, a saúde mental nos hospitais de custódia é frequentemente degredada, seja por causa da carência de profissionais médicos capacitados a diagnosticar indícios de transtornos mentais nas crescentes populações carcerárias.
Ainda há muito que fazer, sobretudo no que diz respeito, às pessoas internadas nos HCTP. A Lei nº 10.216/2001, não exceciona do seu texto as pessoas com transtornos mentais autoras de delito, sendo assim, não existe uma razão para excluí-las da sua aplicação, em consonância com o seu art. 1º, que regulamenta que os direitos ali previstos devem ser garantidos "sem qualquer forma de discriminação".
De acordo com Ribeiro (1999, p. 83) as transformações resultantes do movimento de Reforma Psiquiátrica é de suma importância para o contexto da saúde pública e elucida que isso é um espelho das mudanças.
Diante disso, é preciso atentar a humanização dos profissionais de saúde mental ao prestar um exemplar atendimento ao doente, na valorização de seus direitos, visando na melhoria da prestação dos serviços, no desencarceramento do paciente psiquiátrico” Logo, essa atitude, deve ser considerada para uma eficiente assistência à saúde das pessoas que estão internadas nos HCTP, disponibilizando um tratamento fundamentado nos princípios da Lei nº 10.216/2001.
Nesse sentido, Comparato (2003, p. 53), para o qual o principal benefício que a humanidade obteve do movimento socialista foi o reconhecimento dos direitos humanos de caráter econômico e social. Logo, os loucos infratores, estão subjetivamente mencionados, uma vez que, fazem parte da sociedade, sendo participante dela com direitos tutelados conforme o princípio da isonomia da Constituição Brasileira. Cabe ressaltar, que é dever de todos os países, segundo a recomendação da Conferência de Viena, a reiterada Declaração dos Direitos Humanos de 1993. Ademais, no estado democrático de direito brasileiro, é lançado no dia 13 de maio de 1996, o Programa Nacional de Direitos Humanos, incluindo propostas governamentais para a elaboração de políticas públicas pretendendo amparar e promover tais prerrogativas.
O que observa-se desde o inicio desde processo de internacionalização de direitos humanos é a construção sistemática de a nível mundial de proteção desses benefícios, o qual soma mecanismos instrumentos e para assegurá-los. Desse modo, esse sistema é composto por um sistema global e por um sistema regional, os quais são complementares e comunicam em benefício das pessoas privilegiadas. Contextualizando, Piovesan (2005, p. 46), afirma que ao adotar o valor da primazia da pessoa humana, esses sistemas ligam-se, somando-se ao sistema nacional de proteção a fim de propiciar a maior efetividade possível na tutela e promoção de direitos fundamentais.
Não obstante, tendo em vista os direitos humanos como uma unidade indivisível e interdependente, previstos em instrumentos nacionais e internacionais, é que se começa a entender a garantia desses direitos a uma comunidade vulnerável, cujo grupo engloba o das pessoas com transtornos mentais autoras de delito, os semi-imputáveis.
Ainda, publicado em 2001 pela Organização Pan-Americana da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde, um relatório sobre a saúde no mundo, que analisa especificamente da saúde mental, e inclui um destaque para os "grupos vulneráveis e problemas especiais" referem-se aos grupos já mencionados acima e salienta a importância da política pôr em destaque os grupos vulneráveis que apresentam necessidades especiais de saúde mental.
A humanização e o atendimento nas condições físicas dos Hospitais de Custódia e Tratamento e Psiquiátrico
Atualmente, os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), estão lotados por indivíduos de menor poder aquisitivo e nisso, corrobora a um nível péssimo de assistência médica, piorando assim o nível de saúde mental desse ‘paciente’.
Existem condições que são determinantes no que diz respeito às pessoas internadas nos hospitais psiquiátricos, e, sobretudo àquelas recolhidas nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP). Conforme assinala Lima Júnior:
"A vulnerabilidade a violações de determinados grupos, portanto, combina as condições econômicas, sociais e culturais na perspectiva da determinação de limites que precisam ser ultrapassados no sentido do respeito aos direitos humanos de forma abrangente."(JUNIOR, 2001, p.90).
Em concordância, levando em conta a noção de vulnerabilidade elencada pelo doutrinador, pode-se entender que tais ‘pacientes’ fazem parte dos chamados "grupos vulneráveis".Para Trindade (1996, p. 45), os vulneráveis são aqueles grupos de pessoas que têm seus direitos mais facilmente violados como as crianças e adolescentes, as mulheres, os idosos e as pessoas com deficiência. Ora, tais indivíduos são possuidores dos mesmos direitos previstos na Carta Magna conferidos às cidadãs e aos cidadãos brasileiros, devendo ter, nesse caso uma maior atenção e amparo por parte do Estado.
É nessa perspectiva, que surge a iniciativa e necessidade de planejamento e elaboração de políticas públicas voltadas especialmente a tais
grupos. Logo, nessa percepção, Lima Júnior (2001, p.132) tendo em vista que a intenção destas é a de compensar, seja pela atuação do estado, ou pela ação da sociedade, as possíveis desigualdades do acesso diferenciado a recursos econômicos ou de processos culturais que desconsideraram especificidades de setores tidos como minoritários. Sem embargo, essas políticas atuam para serem colocados em práticas direitos e funcionam como instrumentos de aglutinação de interesses em torno de objetivos comuns, que passam a estruturar uma coletividade de interesses, conforme cita Eugênio Bucci (2001, p. 13).
Nesse sentido, de acordo com o direito à igualdade e também do direito à diferença e do respeito à diversidade, que se faz importante disponibilizar uma atenção distintaa os grupos vulneráveis. De acordo com Santos (2003, p. 458), existe a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.
Acerca de atenção psiquiátrica aos grupos vulneráveis tem proporcionado uma assistência custodial, inabilitando mudanças que venham a integralizar a pessoa à sua comunidade e, em particular, o respeito aos direitos individuais previstos pela Constituição de 1988. Assim, de acordo com estes direitos, observa-se que são contínhos como: a falta de tratamento adequado; o excessivo uso de medicamentos; condições sanitárias precárias; maus-tratos; insalubridade; uso de quartos fortes ou quartos individuais; escassez de acesso à justiça; quadro de número de profissionais reduzido e despreparo dos profissionais atuais; carência de mecanismos que resguardem o elo com os familiares. Nesse contexto, estas violações comprovam o envolvimento dessa instituição com um modelo obsoleto, que toma o sujeito como objeto da sua ação e não assegura os seus direitos. Baseado nos princípios da Reforma Psiquiátrica, a consolidação de um novo modelo de saúde para os “loucos infratores” é necessário um amplo investimento na rede básica de saúde e uma maior diversidade de dispositivos substitutivos. De modo, serviços de atenção diária, a partir da base territorial; residências terapêuticas; programas de reinserção na sociedade e na família; normatização para a qualificação da assistência hospitalar, do mesmo modo a fiscalização dos hospitais, que substituirá o modelo hospitalocentrico de atenção baseadas em dispositivos territoriais de base comunitária.
Em congruência, apesar de todas essas medidas a serem melhoradas, e já terem possibilitado a redução dos leitos psiquiátricos de 72.514 para 42.076, no período de 1996 a 2005 (BIONDI, 2006, p. 4), tal fator não acontece nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do país, que ainda esperam um plano nacional para a reorientação do seu modelo de atenção.
De acordo com uma pesquisa realizada por pesquisa realizada por Biondi, Fialho e Kolker (2006), compreende que, segundo o Ministério da Saúde, no Brasil há 4000 pacientes subdividos em 19 HCTP, bem como nos estados que não possuem Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, há um número desconhecido de inimputáveis custodiados em unidades prisionais. Entretanto, conforme o Quadro Geral de Estabelecimentos Penais por Estado,	moderno e inteirado pelo Ministério da Justiça (Departamento Penitenciário Nacional), por meio do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias - InfoPen, no mês de março de 2007, comunica que encontram- se no Brasil, 28 unidades de Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, distribuídos em 17 Estados. Diante desse quadro, a situação das pessoas com transtorno mental que cometeram delito e cumprem medida de segurança
permanece à espera de solução.
Nessa lógica, ainda não existe um entendimento uniforme no país, sobretudo, nas instâncias do Poder Judiciário, no sentido de que mesmo sem a reforma da legislação penal seja possível começar a compatibilizar a assistência aos inimputáveis ao disposto na Lei nº 10.216/2001, havendo apenas mudanças pontuais em alguns estados.
Assim, nessa perspectiva, uma das grandes dificuldades nessa área, conforme o entendimento dos pesquisadores, é a inexistência de um recenseamento que consinta conhecer o perfil da clientela das instituições manicomiais judiciárias do país, onde apenas em determinados manicômios judiciários, o estudo fora realizado.
Desde a inauguração do hospital psiquiátrico no Brasil, já se averiguaram maus-tratos cometidos contra os doentes mentais. Assim, era o que propalava o Dr. João Carlos Teixeira Brandão através de manifestos sobre atos violentos executados no Hospício Dom Pedro II, o Hospício Nacional. Nesse contexto, a política de internamento e desintegração vigente no pensamento médico do século XIX subsiste nos dias atuais, no que se
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menciona ao tratamento disponibilizado às pessoas com transtornos mentais internadas nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) do país.
Ademais, segundo Corrêa (2007, p.1999), a assistência psiquiátrica custodial encontra respaldo na legislação penal vigente e na organização do Estado. Ambas, tencionando amparar as pessoas com transtorno mental autoras de delito, acabam proporcionando situações de desrespeito aos direitos individuais previstos pela Constituição Federal de 1988, seja pelo isolamento nos Hospitais de Custódia de Tratamento Psiquiátrico, seja pela não garantia das condições mínimas de vida para aqueles sujeitos
De acordo com Braúlio de Almeida e Sousa (2007, p.166), o Hospital de Custódia e Tratamento e Psiquiátrico pode ser identificado como uma instituição total, uma vez que reforça a exclusão individual e limita a interação com o mundo exterior. Outrossim, o tratamento das pessoas com transtornos mentais é fundamentado na exclusão, tanto nos hospitais psiquiátricos para loucos não infratores como naqueles para loucos infratores, onde a exclusão é mais perspicaz. Em congruência, nesse aspecto, Abílio da Costa Rosa, ao confirmar que as leis brasileiras, excluem as pessoas nesses aspectos:
“Se tal não bastasse a completar o quadro crônico de exclusão e abandono dos portadores de transtorno mental, tal contexto se agrava sobremaneira quando estes acumulam outra qualidade jurídica de exclusão, qual seja: a de violadores da ordem jurídico- penal e ingressam nos meandros da execução penal. Neste caso, os poucos direitos que lhes são atribuídos desaparecem”. (ROSA 2003, p. 172)
De fato, a noção de 09exclusão sempre esteve na base do modelo hospitalocêntrico, escolhido para a assistência		psiquiátrica brasileira. O encaminhamento	de	uma	pessoa	com	transtorno	mental	ao	hospital psiquiátrico está diretamente relacionado ao fato de que ela sempre foi vista como incapaz de responder às demandas sociais que se lhe apresentavam. Acerca da mudança do modelo assistencial psiquiátrico, afirma Delgado (2001, p.181) esta implica, não obstante, a desmontagem desse aparato de internações, vigorosamente constituído sobre a base de uma ampla rede institucional	e	sobre um conjunto	de	fatores	sociais e	administrativos
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favorecedores da segregação hospitalar.
Desta forma, a diminuição do número de internações merece atenção, pois configura um dos indicadores relevantes para avaliação desse novo modelo de atenção em saúde mental. Destarte, essa mudança na área da saúde deve estar articulada com outras políticas sociais.
Ora, é importante destacar a grande relevância da atuação dos própriosusuários dos serviços de saúde mental na luta pelas mudanças necessárias à construção de um novo modelo de atenção, constatando o louco como agente transformador da realidade. Em conformidade, Eriberto de Amarante, traça, efetivamente, um novo momento na cena da saúde mental brasileira, com a participação dos indivíduos com transtornos mentais nos movimentos de transformações no campo da saúde mental:
“O louco/doente mental deixa de ser simples objeto da intervenção psiquiátrica, para tornar-se, de fato, agente de transformação da realidade, construtor de outras possibilidades até então imprevistas no teclado psiquiátrico. Seja nos espaços destas associações, seja em trabalhos culturais, atua-se no surgimento de novas formas de expressão política, ideológica, social, de lazer e participação, que passam a edificar um sentido de cidadania que jamais lhes foi permitido”. (AMARANTE 1998, p. 121)
Como já exposto, é importante compreender a realidade atual de uma instituição manicomial judiciária, observando o seu cotidiano e examinando alguns documentos, coletados durante a pesquisa de campo, para compor o corpus de análise sobre a garantia dos direitos humanos de pessoas com transtornos mentais autoras de delito internadas em uma instituição manicomial judiciária localizada em uma capital da região Nordeste do Brasil, como de exemplo, o Hospital de Custódia e Tratamento da Bahia (HCT-BA). Observa-se que este Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico em análise é uma instituição de amparo conhecida nacionalmente pelas imensas violações de direitos humanos ali praticadas contra as pessoas internadas (CARAVANA NACIONAL, 2000; COMISSÃO NACIONAL, 2004; BRASIL, 2004) e, também,
tendo por exemplo o contato da pesquisadora com aquela realidade quando ali realizou estágio por dois anos através do Patronato de Presos e Egressos da Bahia, no período de 1998 a 2000.
Embora o Brasil tenha um aparato de instrumentos jurídicos e atos
normativos assecuratórios para o exercício dos Direitos Humanos em saúde mental, a realidade é outra logo porque, em prática, os indivíduos que devem ser amparados, acabam agravando seu quadro clínico, porque certos maus tratos e ausência de profissionais qualificados, principalmente no quesito psicossocial há uma certa violação ao direito à dignidade, a vida e a integridade física de certa forma deste cidadão.
As políticas específicas necessárias para a melhoria das condições humanistas dos HCTPs
A legislação em Saúde Mental, para a efetivação dos Direitos Humanos no campo da saúde mental no Brasil opõe-se aos anos de violação dos direitos humanos básicos e maus tratos nas instituições manicomiais, e a reinserção dos sujeitos institucionalizados à sociedade pela prática de atenção à saúde mental que os considerem como cidadãos de direitos e deveres, pautados na reabilitação psicossocial e protagonismo dos usuários.
Ademais, é Piovesan (2004, p. 3) entende que, ao lado das políticas específicas e universalistas, habilitados de dar visibilidade a sujeitos de direito com maior grau de vulnerabilidade, visando o pleno exercício do direito à inclusão social.
Nessa perspectiva, as pessoas com sofrimento mental não se reconhecem, ou mesmo não sabem da existência sobre os direitos assegurados na convenção.
Nesse entendimento os hospitais possuem espaço para atendimento médico individual e o número de consultórios varia de três a cinco nos diferentes estabelecimentos. No entanto, foram observadas várias inconformidades em relação às legislações sanitárias vigentes. Foi verificada carência de materiais adequados para a realização de exame físico, falta de maca e ambientes precariamente conservados, apresentando sujidades nas paredes, umidade e infiltração. Em outros consultórios, havia falta de conjunto de pia e material para higiene das mãos.
Contudo, não há espaço específico para atendimento de emergências nos hospitais de custódia, dessa forma, há irregularidade tanto no conjunto de equipamentos de emergência como na capacitação dos profissionais para operá-los, sem contar nas salas de observação não dispõem de rede de gases
instalada, e também não estão adequadamente estruturados os leitos de isolamento.
As instalações físicas dos hospitais de custódia, suas condições de higiene e limpeza são precárias em todas as enfermarias fiscalizadas conforme Diniz (2011). Ainda, pode-se observar que há paredes com infiltração de umidade, tetos sem forro, janelas sem vidro e sem funcionamento, impossibilitando isolamento térmico e luminoso adequados.
Em conformidade, nas enfermarias, o número tanto de privadas sanitárias quanto de chuveiros varia de 2 a 3, instaladas em latrinas no chão. Há falta de material de higiene e lixeiras com tampa, na área externa para convivência comum nos três estabelecimentos. Contudo, nem todos possuem área interna estruturada para tal atividade. Ainda foi verificada a existência de quarto forte. Dessa forma, as instituições não apresentam estrutura com característica hospitalar.
No quis diz respeito a humanização em atendimento psiquiátrico, o número médio de atendimentos individuais realizados pelos profissionais psiquiatras a cada um dos pacientes seria de uma vez por mês. Nesse contexto, os psiquiatras não atendem regularmente os pacientes de HCTP’s ou seja, os psicólogos realizam de dois a três atendimentos individuais mensais e nesta mesma frequência os assistentes sociais e enfermeiros.
Em contra partida, há alguns psicólogos que ainda prestam serviço de humanização e nisso, seu atendimento em grupo e alguns dedicam metade de sua carga horária para este tipo de atividade. No entanto, não há regularidade e efetividade na participação dos psiquiatras em tal abordagem terapêutica.
Há também, uma escasses dos fármacos, onde fora verificado que nem todos os hospitais de custódia possuem farmacêuticos, ficando a dispensação de medicamentos a cargo da enfermagem, em discordância com a resolução regulamentadora específica.
O nível de limpeza acerca de direitos humanos nos hospitais de custódia, conforme a pesquisa de Diniz (2011), o que se observa é que, além de sua grande precariedade, o trabalho é orientado basicamente por agentes de segurança penitenciária, que são deslocados de sua função primordial, da mesma maneira por pacientes que têm seu trabalho explorado nesses setores, contrariando as normas para tratamento de pacientes com transtornos mentais
graves. Tal situação acontece porque os HCTPs carecem de mão-de-obra para a realização a contento de seus serviços gerais.
Ainda, os hospitais possuem tanto o prontuário de saúde quanto o penitenciário dos indivíduos lá aprisionados. Nesse contexto, os prontuários de saúde não são preenchidos de forma adequada com a história clínica, legalidade nas evoluções, prescrições e observações médicas. Ademais, há anotações do médico psiquiatra no prontuário dos pacientes, mas não de maneira sistemática. Como não há disponibilidade dos prontuários corretamente, não há dados relativos aos tratamentos psiquiátricos realizados previamente, dentro e fora do regime custodial. Ao que diz respeito, às prescrições, há incongruências entre a grafia da evolução médica e a prescrição, denotando que em muitos casos não era o médico que fazia a fazia esta prescrição dos pacientes. Nesse nexo, muitos pacientes recebem prescrição de múltiplas drogas de ação central em associação como, por exemplohaloperidol, olanzapina, prometazina, diazepam, flufenazina, nitrazepam, midazolan. ´
Nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, nos prontuários penitenciários, não há precisão nos registros e avanços clínicos dos paciente e também sobre o tempo verificado entre as perícias realizadas anteriormente à internação dos pacientes nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Somente se tem por conhecimento, a data da prisão por ocasião do delito e somente está registrada no prontuário a data da primeira perícia psiquiátrica de verificação de cessação de periculosidade e as demais ocorridas,

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