Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA CAMPUS DE CARAÚBAS CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA – BCT JEOMAR MARCIO DA SILVA MORAIS ANÁLISE DA RESISTÊNCIA AO USO DO EPI PELO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL. CARAÚBAS-RN 2017 JEOMAR MARCIO DA SILVA MORAIS ANÁLISE DA RESISTÊNCIA AO USO DO EPI PELO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL. Monografia apresentada a Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, como exigência final para a obtenção do título de Bacharel em Ciências e Tecnologia. Orientadora: Professora Rejane Ramos Dantas CARAÚBAS-RN 2017 JEOMAR MARCIO DA SILVA MORAIS ANÁLISE DA RESISTÊNCIA AO USO DO EPI PELO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL. Monografia apresentada a Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, como exigência final para a obtenção do título de Bacharel em Ciências e Tecnologia. Apresentado e Aprovado em _____/_____/______ ______________________________________________________ Prof.ª. Dra. Rejane Ramos Dantas – Presidente – UFERSA ______________________________________________________ Prof.ª. Dra. Sileide de Oliveira Ramos – Examinadora – UFERSA – Angicos ____________________________________________________ Prof.ª. Dra. Daniely Formiga Braga - Examinadora – UFERSA CARAÚBAS-RN 2017 Dedico este trabalho à minha família. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, primeiramente, pois, ele é a razão da nossa vida e existência. A minha mãe pelo amor, confiança e por sempre acreditar em mim. À minha esposa pelo carinho e incentivo durante o curso. Aos meus familiares pelo incentivo e ajuda que possibilitou chegar ao final desse trabalho. Aos meus amigos que estiveram comigo nessa caminhada, pelas palavras amigas nas horas difíceis. A professora orientadora Rejane Ramos Dantas pela sua paciência, compreensão e ensinamentos que possibilitaram a conclusão desse trabalho. A professora examinadora Sileide de Oliveira Ramos pelas contribuições. A professora examinadora Daniely Formiga Braga pelas contribuições. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Entrada dos operários em um canteiro de obra......................................................16 Figura 2: Descrição dos EPIs mais utilizados na construção civil .......................................20 Figura 3: Amenização do acidente de trabalho ....................................................................21 Figura 4: Proteção dos pés pela utilização do EPI................................................................22 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01: Acidentes de trabalho registrados na construção civil brasileira............................29 LISTA DE SIGLAS ART – Analise de Risco do Trabalho CA – Certificado de Provação CIPA – Proteção Conforto e Estéticas dos EPIs CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CNAE – Classificação Nacional de Atividade Econômica DRT – Delegacia Regional do Trabalho EPI – Equipamento de Proteção Individual FAP – Fator Acidentário de Prevenção IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INSS – Instituto Nacional do Seguro Social NR – Norma Regulamentadora OIT – Organização Internacional do Trabalho PIB – Produto Interno Bruto RAIS – Relatório Anual de Informações Sociais SSO – Segurança e Saúde Ocupacional SSST – Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho MTE – Ministério do Trabalho e Emprego RESUMO A construção civil é um setor de fundamental importância para a economia brasileira, por ser uma área que movimenta inúmeros trabalhadores. Este trabalho busca identificar quais são os principais motivos que levam os trabalhadores da construção civil a resistirem a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual – EPIs em um canteiro de obra durante a execução de suas atividades. A partir do conhecimento destes fatores, ações poderão ser tomadas para minimizar a possibilidade de acidentes durante o trabalho, permitindo a execução das atividades de forma segura, eliminando eventuais danos à saúde dos operários. Além de evitar gastos com indenização por acidentes de trabalho. Para a realização deste estudo foi feito uma pesquisa bibliográfica em diversos artigos, relatórios, leis e sites governamentais disponíveis, que indicam os motivos pelos quais os trabalhadores da construção civil, ignoram o uso dos EPIs. Constatou-se que os programas de gestão da Segurança do Trabalho ainda são falhos neste tipo de indústria, juntamente com as questões culturais dos colaboradores, além da falta de empenho de muitas empresas, acarretando a falta de programas mais ativos, como treinamentos constantes para a conscientização dos trabalhadores sobre a importância destes equipamentos exigidos por lei. Palavras-chaves: Segurança do Trabalho, Trabalhadores, Acidente de Trabalho. 10 ABSTRACT Civil construction is a sector of fundamental importance for the Brazilian economy, since it is an area that moves countless workers. This work aims to identify which are the mainly reasons that workers from construction industry being resistant at the use of Personal Protective Equipment (PPE) in a building site during their activities execution. From this, actions could be taken to minimize the possibility of accidents during the work, allwoing the execution of activities in a security way, eliminating possibles damages to workers health. Moreover, avoiding spent with idemnities by work accidents. For this study, we made a bibliographic research with several essays, reports, laws and government web sites avaliable, that indicate the reasons which the workers from construction industry igonore the PPEs use. It was observed that Management Work Security programs stil fail in this kind of industry, with culture questions of the contributors, beside the lack of endeavour of many companies, what may cause the lack of programs more actives, as constant trainings to the workers conscientization about the importance of these equipments required by law. Keywords: Work Safety, Workers, Work Accident. 11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12 2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 14 2.1 Objetivos geral ................................................................................................................. 14 2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 14 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 15 3.1 Construção Civil ........................................................................................................................15 3.1.1 O mercado de trabalho na construção civil no Brasil ..................................................... 15 3.2 Segurança do Trabalho ............................................................................................................. 17 3.3 Normas Regulamentadoras – NRs ........................................................................................... 18 3.4 Equipamentos de Proteção Individual EPIs (NR-6) .............................................................. 19 3.4.1 A importância da utilização de EPIs na construção civil ............................................... 21 3.4.2 Responsabilidades das empresas quanto ao EPI. ............................................................ 23 3.5 Acidentes de trabalho na construção civil ............................................................................... 24 3.6 Resistência ao uso dos EPIs na construção civil ..................................................................... 24 4. METODOLOGIA .............................................................................................................. 27 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 28 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 33 7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 34 12 1. INTRODUÇÃO O avanço populacional dos últimos anos, e o crescimento econômico do Brasil, ocasionou um grande aumento no setor industrial. Setor esse que emprega milhares de trabalhadores de forma direta e indireta, proporcionando melhorias na qualidade de vida das famílias (FILGUEIRAS, 2015). Devido a esse crescimento na indústria, foi gerado um aumento na problemática que vem ocorrendo a muito tempo no Brasil e no mundo, o elevado número de acidentes de trabalho, que vem chamando a atenção do governo e de Associações que defendem os trabalhadores. Desta forma, a temática Segurança no Trabalho vem sendo um assunto de grande importância em qualquer área profissional exercida nos dias atuais, principalmente no Brasil, onde o índice de acidente de trabalho é muito elevado. Temática essa que tem o objetivo de promover a proteção do trabalhador no seu local de trabalho, visando a redução de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A construção civil como sendo um setor que necessita de bastante mão de obra, vem sendo um dos principais vilões para que esse índice de acidentes seja tão elevado no Brasil. A participação do setor da construção civil no total de acidentes fatais registrados no Brasil passou de 10,1%, em 2006, para 16,5%, em 2013. A quantidade de trabalhadores ocupados na construção civil em relação ao conjunto do mercado de trabalho, a partir dos dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de 2010 a 2012, apura-se que, o risco de um trabalhador morrer na construção é mais do que o dobro da média dos demais setores da indústria (BRASIL, 2015). Um dos fatores que mais contribui é a resistência para utilização dos Equipamentos de Proteção Individual-EPI pelos operários, os quais são de suma importância dentre essa área pela inerência do risco de acidente que o trabalhador está propenso em uma obra. Normalmente, a falta da utilização do EPI por parte do empregado ocasiona acidentes com ferimentos mais graves e que necessitam de maiores cuidados médicos. Toda empresa tem a obrigatoriedade do cumprimento das leis relativas à Segurança dos seus trabalhadores, abordada na NR 6 da Lei nº 6.514 de 22 de novembro de 1977 da Consolidação das Leis do Trabalho, relativa à Segurança e Medicina do Trabalho e Norma Regulamentadora NR. É importante analisar a resistência dos colaboradores sobre a utilização dos EPIs, uma vez que acidentes de trabalho tem um índice muito elevado dentro da construção civil, segmento 13 esse muito importante da economia por gerar grande volume de riquezas e empregos para todas as classes sociais, especialmente para os mais pobres. 14 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivos geral Mostrar o porquê dos trabalhadores da construção civil resistem ao uso dos EPIs durante suas atividades laborais. 2.2 Objetivos específicos Enfatizar de forma geral os inúmeros benefícios que a utilização dos EPIs, proporciona ao trabalhador em seu ambiente de trabalho. Ressaltar que o investimento em Segurança do Trabalho gera inúmeros benefícios às empresas. 15 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Construção Civil Construção é um dos ramos mais antigos do mundo. Desde que o homem vivia em cavernas até os dias de hoje a indústria da construção civil passou por um grande processo de transformação, seja na área de projetos, equipamentos, ou na área pessoal. A área da Construção Civil abrange todas as atividades de produção de obras. Estão incluídas nesta área as atividades referentes às funções: planejamento, projeto, execução, manutenção e restauração de obras em diferentes segmentos, tais como edifícios, estradas, portos, aeroportos, canais de navegação, túneis, instalações prediais, obras de saneamento, fundações e de terra em geral, estando excluídas as atividades relacionadas às operações, tais como a operação e o gerenciamento de sistemas de transportes, a operação de estações de tratamento de água, de barragens, etc. (LINDOSO et al., 2000). A construção civil se difere dos outros setores industriais por possuir características próprias, sendo que uma das principais é a dependência quase que exclusivamente da mão de obra sem necessitar de uma escolaridade para exercer a maioria de suas funções; fato esse que contribui para o elevado número de acidentes de trabalho (SANTOS, 2015). O desenvolvimento da construção civil no Brasil manteve-se por muito tempo atrasado. Isso aconteceu pelo fato da economia ser baseada na escravidão que representava uma mão de obra bastante barata, já que a monarquia não tinha interesse de instalação de indústrias na sua colônia (BAZZO, 2006). Mas com o passar dos anos isso foi se modificando. 3.1.1 O mercado de trabalho na construção civil no Brasil O mercado de trabalho brasileiro apesar de melhoras recentes, carrega consigo características estruturais de predominância de relações ditatoriais entre capital e trabalho. O setor da construção civil sempre foi caracterizado pela preponderância de condições altamente desfavoráveis aos trabalhadores revelando a realidade das mais diversas atividades laborais, resultado das estruturas históricas de péssimas condições e relações de trabalho (CUNHA, 2015). 16 A indústria da construção é um segmento importante da economia por gerar grande volume de riquezas e empregos para todas as classes sociais, especialmente para os mais pobres. No Brasil a construção civil é responsável por 5,5 de todo o produto interno bruto (PIB - Que representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região ou país) (BARBOSA et al., 2013). Este setor se destaca pela grande quantidade de operários terceirizados, principalmente nas grandes construções, empresas terceirizam os seus serviços para partes da construção agilizando assim o término da obra. Essa terceirização radicaliza a individualização, pois tende a distanciar ainda mais a empresa licitada da obra da responsabilidade por preservar a integridade físicadaqueles que produzem seus lucros. Além de elevar o grau de rotatividade de seus trabalhadores, em que a informalidade deixa ainda mais baixo os seus rendimentos e ocasiona doenças relacionadas à atividade laboral, os acidentes são fenômenos do cotidiano (FILGUEIRAS, 2015). Na Figura 1, ilustra-se a chegada dos funcionários no canteiro de obras, da construção de um edifício, constatando-se a grande quantidade de trabalhadores necessária para a execução de uma obra. Figura 1: Entrada dos operários em um canteiro de obras. Fonte: http://imoveis.culturamix.com/construcao/como-encontrar-mao-de-obra-qualificada-para-construcao 17 Nota-se que o elevando número de trabalhadores, em apenas uma construção de um edifício. Onde todos estão expostos a ocorrência de acidentes, por diversos motivos, principalmente por estarem trabalhando em altura, necessitando de uma maior segurança no trabalho. 3.2 Segurança do Trabalho No decorrer da história, movimentos sociais e lutas sindicais contribuíram para gerar legislações que foram modelando as relações de trabalho e conceitos de cidadania e respeito à dignidade do trabalhador. Historicamente os relatos de fiscalização do trabalho surgiu no século XIX, juntamente vinculada à Revolução Industrial e à consolidação do modo de produção capitalista. Desde o seu surgimento na Inglaterra através do Althorp Act e do Factory Act (1833), a inspeção do trabalho tem passado por inúmeras mudanças propiciadas pelas novas tecnologias aplicáveis aos processos produtivos e pelos diferentes modos de organização do trabalho (CÔRTES & SILVA, 2011). Para melhorar a segurança, integridade física e qualidade de vida dos trabalhadores, surge a legislação de Segurança do Trabalho como sendo um conjunto de ciências e tecnologias que tem o objetivo de promover a proteção dos trabalhadores visando diminuir os acidentes de trabalho, promover o bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores com retorno certo em produtividade, redução dos gastos, valorização da marca e credibilidade da empresa (SANTOS & PAVAN, 2016). No Brasil, a legislação trabalhista foi ampliada no Governo Vargas (1930-1945) com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), instituída pelo Decreto-Lei no 5.452, de 10 de maio de 1943 (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2011). Surgiram as primeiras portarias do Ministério do Trabalho, precisamente em 1954, que instruíam acerca de alguns aspectos específicos das práticas preventivas que deveriam ser adotadas pela empresa. Sendo na década de 70 (setenta), com a oficialização das profissões na área de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho. A legislação específica ganhou nova dimensão, culminando com a edição das Normas Regulamentadoras – NRs em 8 de junho de 1978. Embora a fiscalização do trabalho, então formalmente instituída, só passou a ter ação realmente efetiva vários anos depois (NASCIMENTO et al., 2015). 18 O cumprimento das NRs, é feito pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST), órgão do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que tem a missão de fiscalizar, coordenar e controlar em âmbito nacional as atividades relacionadas com segurança e saúde ocupacional. Cabe ainda à SSST tomar conhecimento das decisões proferidas pelas Delegacias Regionais do Trabalho (DRT), órgãos que executam ações como a orientação de colaboradores sobre a correta implementação dessas normas; imposição de penalidades por descumprimento dos preceitos legais e regulamentares a respeito de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO); embargar obra ou interditar estabelecimentos, equipamentos e máquinas; e notificar as empresas, estipulando prazos para eliminação ou neutralização de insalubridade, entre outros (BRASIL, 2015). 3.3 Normas Regulamentadoras – NRs As Normas Regulamentadoras são de observância obrigatória para as empresas privadas, públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes legislativo e judiciário que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no qual a empresa vai definir a NR mais importante de acordo com o ramo de atividade dela e a necessidade de complemento de outra NR (NETO, 2012). Em 1978 através da Portaria GM nº 3.214, foram aprovadas 28 (vinte e oito) NRs. No entanto, atualmente, temos 36 (trinta e seis) aprovadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, com a finalidade de direcionar, garantir e acima de tudo prevenir danos à saúde do trabalhador, cabendo ao empregador assumir de forma responsável o papel de fornecer os aparatos necessários para minimizar os riscos recorrentes das atividades exercidas pelos funcionários. E ao empregado, cumprir as normas da empresa, participar, exigir, se precaver dos riscos das atividades. Foram elaboradas por uma comissão tripartite composta por representantes do governo, empregadores e empregados (AICO, 2014). Todas as NRs são de grande importância para a Segurança no Trabalho independente do setor que se desempenha a atividade. A construção Civil é regida por algumas NRs que juntas tem o objetivo de minimizar os riscos à ocorrência de acidentes de trabalho, as principais são: 19 NR 4: esta norma fala a respeito do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Seu intuito é proteger a integridade física do trabalhador e favorecer sua saúde no canteiro de obras; NR 6: por sua vez, exige que as construtoras providenciem Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para prevenção de riscos e acidentes durante a jornada de trabalho; NR 12: estabelece referências técnicas e medidas de proteção à saúde e à integridade física do trabalhador que utiliza máquinas e equipamentos; NR 18: considera as condições e o meio ambiente de trabalho na construção civil; NR 35: a Norma Regulamentadora 35 está voltada à segurança das atividades profissionais desenvolvidas nas alturas, para minimizar acidentes. Onde se necessitando uma atenção especial para a NR 6 devido ao elevando número de trabalhadores necessário ao executar uma obra (NETO, 2012). 3.4 Equipamentos de Proteção Individual EPIs (NR-6) De acordo com Brasil (1987) a Norma Regulamentadora - NR6, que trata dos EPIs, conceitua como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaça à segurança e a saúde no trabalho. Esses equipamentos utilizados podem ser separados por partes do corpo. Proteção para a cabeça: são os capacetes de proteção tipo aba frontal, aba total ou aba frontal com viseira. Proteção dos olhos: usa-se óculos de segurança incolor ou tonalidade escura. Já a proteção auditiva requer o protetor auditivo tipo concha ou tipo inserção (plug). Proteção respiratória: temos o respirador purificador de ar descartável e com filtro. Proteção dos membros superiores: é feita por luvas de proteção em raspa, vaqueta ou em borracha. Proteção para membros inferiores: são protegidos por calçados de proteção tipo botina de couro ou bota de borracha (cano longo). Proteção contra queda com diferença de nível: há cinto de segurança tipo paraquedista, talabarte de segurança tipo regulável, tipo Y com absorvedor de energia e dispositivo trava quedas. As vestimentas de segurança são os blusões e calça em tecido impermeável. 20 Na Figura 2, são ilustrados alguns EPIs mais utilizados na construção civil, e qual parte do corpo ele protege. Figura 2: Descrição dos EPIs mais utilizados na construção civil Fonte: http://www.roscacorteparafusos.com.br/epis.htm Os EPIs fazemparte do sistema de proteção ativa, que necessita frequentemente de treinamentos específicos aos trabalhadores determinados em NR – 6, para assegurar que sejam executadas corretamente as ações necessárias para o funcionamento do sistema. Não adianta se ter um bom equipamento de proteção se os colaboradores não são treinados para um uso correto (SIMON & BRANCHTEIN, 2013). Os EPIs podem estar combinados ou não, conforme um ou mais riscos que possam está presente na atividade laboral. Antes de determinar qual tipo de EPI será utilizado, deve-se fazer uma Análise de Risco do Trabalho (ART- trata-se do estudo técnico sobre determinada atividade ou procedimento a ser realizado, visando a identificação e avaliação dos riscos presentes no ambiente de trabalho), para assim verificar qual EPI é mais apropriado para realização de determinada tarefa (BARROS, 2013). 21 Os EPIs evoluíram muito nas últimas décadas, não apenas em relação à eficácia técnica de segurança, mas também quanto ao design, o que proporciona por um lado, mais conforto ao usuário e, por outro, beleza estética. Não há, portanto, desculpas para deixar de usá-los corretamente, durante todo o tempo de exposição ao risco. Para o trabalhador, além de um direito, o EPI é de uso obrigatório; e o empregador responsável deve considerar que a utilização da proteção é condição de emprego (CIPA, 2017). 3.4.1 A importância da utilização de EPIs na construção civil A construção civil como sendo um dos setores com maior índice de acidente de trabalho, tem como grande problema a não utilização dos EPIs pelos seus operários, mesmo sendo obrigatório. Normalmente a falta da utilização do EPI ocasiona acidentes com ferimentos mais graves e que necessitam de maiores cuidados médicos. Um exemplo seria a não utilização do capacete em um canteiro de obras onde um objeto pode cair de uma determinada altura sobre a cabeça de algum trabalhador, exemplificando a Figura 3, onde um objeto pontiagudo caiu de um desnível adentrando em um capacete, que estava sendo usado por um operário de um canteiro de obra, observando assim que com a utilização do EPI foi minimizado o acidente. Figura 3: Amenização do acidente de trabalho. Fontes: http://www.portalbocaquente.com.br/?p=53808 22 Outro exemplo é o não uso das botas, em que o prego pode adentrar no pé como mostra a Figura 4, e observa-se que com a utilização do calçado de segurança evita-se que o acidente aconteça ou seja minimizado. Figura 4: Proteção dos pés pela utilização do EPI. Fontes: http://www.portalbocaquente.com.br/?p=53808 Toda empresa tem a obrigatoriedade do cumprimento das leis relativas à Segurança dos seus trabalhadores, abordada na NR 6 da Portaria GM nº 3.214 de 8 de junho de 1978 da Consolidação das Leis do Trabalho, relativa à Segurança e Medicina do Trabalho e Norma Regulamentadora NR (BRASIL, 1978). Além de ser uma obrigação a prevenção de acidentes pelas empresas, há ganhos econômicos, diminuindo tarifas e tempo perdido, sendo afetada diretamente pelo Fator Acidentário de Prevenção – FAP. Esse fator é um multiplicador atualmente calculado por estabelecimento que varia de 0,50 a 2,00 a ser aplicado sobre as alíquotas de 1%, 2% ou 3% da tarifação coletiva por subclasse econômica, incidentes sobre a folha de salários das empresas para custear aposentadorias especiais e benefícios decorrentes de acidentes de trabalho. O FAP varia anualmente, e é calculado sempre sobre os dois últimos anos de todo o histórico de acidentalidade e de registros acidentários da Previdência Social. Pela metodologia do FAP, as empresas que registrarem maior número de acidentes ou doenças ocupacionais, pagam mais. Por outro lado, o Fator Acidentário de Prevenção – FAP aumenta a bonificação das empresas 23 que registram acidentalidade menor. No caso de nenhum evento de acidente de trabalho a empresa é bonificada com a redução de 50% da alíquota (BRASIL, 2016). Para a economia, o afastamento de trabalhadores lesionados também impacta no desempenho de diversos setores do país – segundo a OIT, cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial (US$ 2,8 trilhões) são perdidos por ano em custos diretos e indiretos com os acidentes de trabalho (BRASIL, 2015). Com base no total dispendido pela Previdência Social com benefícios acidentários (doenças e acidentes de trabalho) de 1.296 milhões em 2012, e aplicando-se percentual de dias perdidos de trabalho na construção civil do total. Considerados dados da pesquisa, relacionado com o salário médio da época, pode-se estimar que a cada 10.000 trabalhadores serão perdidos 4.000 dias de trabalho por ano, apenas por acidentes não fatais. Estima-se que 9,1% do PIB da construção civil é gasto com acidentes (BARBOSA.et al., 2012). 3.4.2 Responsabilidades das empresas quanto ao EPI. Toda empresa é obrigada a fornecer aos trabalhadores gratuitamente EPIs adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e para atender a situações de emergência. Esses equipamentos devem possuir o Certificação de Aprovação (CA), documento expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 1978). Para Grohmann (2005), a partir dos dados observados na pesquisa realizada na construção civil, pode-se verificar que a não utilização dos EPIs não é de exclusiva culpa dos operários, pois as empresas que tem a responsabilidade e obrigatoriedade de exigi-los, não fornecem grande parte dos mesmos. Apenas capacete, calçado fechado e cinto de segurança são 100% fornecidos pelas empresas. 24 3.5 Acidentes de trabalho na construção civil De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2013), cerca de 2,34 milhões de pessoas morrem todos os anos vítimas de acidentes de trabalho e doenças relacionados ao ofício. Sendo a construção civil reconhecida como um dos ramos de atividade com maiores números de acidentes de trabalho. A cada ano ocorrem pelo menos 60.000 acidentes fatais em todo o mundo, com um óbito a cada 10 minutos. Sendo que, um de cada seis acidentes de trabalho fatais ocorre na construção civil. Ainda segundo a OIT, no Brasil foram registrados 717.911 acidentes, 2.814 óbitos e 16.121 incapacidades permanentes, de acordo com os índices mais recentes de 2013 do Anuário Estatístico da Previdência Social que inclui apenas trabalhadores com registro em carteira. Os setores com maior índice são indústria extrativista, transporte e construção civil (BRASIL, 2015). 3.6 Resistência ao uso dos EPIs na construção civil No âmbito de trabalho de um canteiro de obras, temos vários fatores que levam os trabalhadores a estarem deixando de lado o uso correto dos EPIs. Segundo o estudo de Pelloso e Zandonadi (2012) em pesquisa realizada com trabalhadores da construção civil, com questionário, priorizou-se questões como o conhecimento, obrigatoriedade de uso, importância, utilização, orientação, treinamento, acidentes de trabalho, incômodo e qualidade dos equipamentos de proteção individual. Percebe-se um certo descontentamento quanto ao EPI devido a desconfortos, como o capacete que esquenta a cabeça, a limitação dos movimentos pelo cinto de segurança, a falta de sensibilidade nas mãos por causa das luvas, as botas deixam os pés com odores e provocam feridas, entre outros motivosque levam à retirada do equipamento durante a execução das atividades. O estudo de Filho; Almeida; Santos (2005) apontou que alguns trabalhadores veem o uso do EPI como obrigação, enquanto outros veem como algo incômodo, e outros ainda admitem que é segurança pessoal. Ainda que o estudo não aponte o percentual de respondentes, é possível perceber nos resultados baixo nível de conscientização com a segurança pessoal. Segundo Dobrovolski, Witkowski e Atamanczuk (2009) em pesquisa realizada nas empresas de médio porte, ao analisar o desconforto na utilização dos EPIs, 64% sentem em 25 algum momento desconforto ao usá-lo e 36% acham confortável. Fato que contribui para a resistência de alguns trabalhadores ao uso dos EPIs durante suas atividades laborais. Montenegro & Santana (2010) em estudo realizado em 10 construções de pequeno porte, constatou que 81% dos entrevistados dizem que o EPI incomoda em alguma situação na execução da obra. Outros dados da pesquisa é que 64% dos entrevistados deixam de utilizar os EPIs em algum momento. E em relação a qualidade dos EPIs, 30% afirmam que precisa melhorar o material do EPI. Stefano (2008) afirma que o trabalhador pode deixar de utilizar o EPI por esquecimento ou mesmo por negligência com a sua própria segurança, o que implica a necessidade de contínuo investimento em educação para que isso seja minimizado ao máximo. Santos (2015) em pesquisa realizada, aos operários de uma construtora, observou que 40,91% dos trabalhadores possuem ensino fundamental incompleto, seguido por 31,82% que possuem ensino médio completo ou superior incompleto. Fazendo da construção civil um dos setores que possuem os mais baixos rendimentos na economia brasileira, principalmente quando se refere às atividades mais simples, como a de servente e ajudante de pedreiro (CUNHA, 2015). Fatores esses que contribui para um mal-uso dos EPIs por falta de informações relacionada a importância deles, sua utilização se torna obrigação e menos conscientização dos danos que se pode ocorrer pela não utilização dos mesmos. Segundo Côrtes e Silva (2011) em pesquisa realizada em 20 (vinte) canteiros de obras se constatou que os trabalhadores não tem pouco ou nenhum conhecimento das NRs, mesmo trabalhando em uma realidade que podemos considerar desumana em relação à higiene, limpeza e segurança. Eles estão satisfeitos com grande parte das questões levantadas apresentando um grau leve de insatisfação, uma única empresa oferece todos os principais EPIs, 58% responderam está insatisfeito ao usá-lo. Outra coisa quase inexistente são os treinamentos oferecidos pela empresa. Esse estudo mostra as dificuldades que tem esses trabalhadores nessas pequenas cidades. Tendo em vista esses tipos de resistência abordados, é necessária uma interpretação estratégica para conversar com o empregado e fazer deste momento um bate papo mostrando a importância e o que pode acontecer se o EPI não for usado ou for colocado de forma inadequada. Visando torná-lo parceiro através do entendimento da importância e mostrando os riscos a que eles estão expostos, como as doenças ocupacionais, os acidentes que podem advir e o 26 comprometimento na qualidade de vida, eles passam a entender e assim utilizá-los de forma correta (TAVARES, 2011). 27 4. METODOLOGIA A metodologia desse trabalho é de forma bibliográfica, através de pesquisas em artigos e leis da área de Segurança do Trabalho, em sites governamentais e de associações em defesa da prevenção e saúde no trabalho. De uma forma qualitativa quanto à natureza e é abordado através de um entendimento feito a partir das leituras, por sua vez, apresentam a complexidade de determinado problema, sendo necessário compreender e classificar os processos dinâmicos vividos nos grupos, contribuir no processo de mudança, possibilitando o entendimento das mais variadas particularidades dos indivíduos (DIEHL, 2004). Os estudos iniciaram pelo levantamento de dados em sites governamentais sobre acidentes de trabalho no Brasil e no mundo com foco na área da construção civil. Em seguida foi realizado um estudo bibliográfico sobre as leis e normas de Segurança do Trabalho, com ênfase na Norma regulamentadora – 6, que trata dos EPIs necessários para a segurança e saúde do trabalhador na sua atividade laboral. A última etapa da pesquisa refere-se ao uso ou não do EPI por parte dos operários em canteiros de obras, e a identificação dos motivos que levam os mesmos a resistirem ao uso de tais equipamentos de proteção ou utilizarem de forma incorreta. Nessa etapa, foram utilizados questionários apresentados pelo material lido com perguntas abertas e fechadas e observações em artigos, sites governamentais, livros e revistas. 28 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO O mercado de trabalho no Brasil vem passando por diversas transformações oriundas de políticas públicas aplicadas aos setores da indústria. Entretanto, um setor que se mostra aparecer nas pesquisas é o da construção civil, que por sua vez é um setor que contribui tanto para o papel econômico quanto para o papel social (CARDOSO, 2013). Setor esse que se diferencia dos diversos ramos da indústria por necessitar quase que exclusivamente da mão de obra. Por esse fato, pesquisas realizadas mostram a grande ocorrência de acidente de trabalho na construção civil nos últimos anos. São diversos os fatores que levam a ocorrência destes acidentes, que preocupa a sociedade de uma forma geral. No Brasil nas últimas décadas, ocorreu um crescimento no setor da construção civil jamais visto, fato muito lucrativo para a economia brasileira, mais em tudo é positivo, pois esse crescimento trouxe à tona uma problemática vivida há anos no mundo e principalmente no Brasil, onde o número de acidentes de trabalho é tão elevado (FILGUEIRAS, 2015). Contudo, a Legislação Brasileira teve um grande avanço com o surgimento das Normas Regulamentadoras – NRs para assegurar a Saúde, Segurança e Medicina do Trabalho. Com o objetivo de prevenir danos a saúdes dos trabalhadores, foram criadas 36 (trinta e seis) NRs, onde toda empesa privada ou pública que possuam empregados, tem a obrigatoriedade de seguir a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (BRASIL, 1978). Dentre essas NRs uma merece ser destacada na indústria da construção, a NR – 6 (que se refere aos equipamentos de proteção individual – EPI). Por ser um setor que necessita quase que exclusivamente da mão de obra, esses equipamentos são de vital importância para minimizar o máximo possível os acidentes de trabalho. Levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa realizada em convênio com o Ministério da Saúde, estima-se que em 2013 cerca de 4,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais sofreram acidentes de trabalho no Brasil, aproximadamente 7 vezes mais do que o número captado pelo INSS (IBGE, 2015). Esse cenário de riscos e acidentalidade verificados no conjunto da economia brasileira parece ser ainda pior na construção civil. Segundo os indicadores oficiais disponíveis, a construção civil é a atividade econômica que mais mata trabalhadores no Brasil. Considerando 29 apenas os empregados formalmente vinculados a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) que integram a Construção e os dados dos últimos Anuários Estatísticos de Acidentes de Trabalho do INSS, morrem mais de 450 trabalhadores no setor, a cada ano, no país (BRASIL, 2013). De acordo com os dados do Gráfico1, o número de acidentes registrados na construção civil, mostra que houve um aumento de 66,78% no índice de acidentes no período de 2006 a 2012. Esse índice eleva-se em virtude do crescimento da construção civil nesse período que foi de 51,41%, segundos dados do IBGE onde o número de trabalhadores do setor cresceu consideravelmente. Gráfico 1: Acidentes de trabalho registrados na construção civil brasileira Fonte: http://www.previdencia.gov.br/2015/01/estatisticas-anuario-estatistico-de-acidentes-do-trabalho-2013-ja- esta-disponivel-para-consutla/ No Brasil, desde 2010 apenas considerando os dados registrados pelo INSS mais de 450 trabalhadores morrem todos os anos no Brasil na construção civil. Em 2013 morreram 451 de um total de 3.094.153 trabalhadores formalizados no setor (RAIS), ou 14,57 para cada 100 mil. Apesar do desenvolvimento tecnológico dos últimos anos, quase nada se modificou para mudar esses números no Brasil, mesmo tendo uma das leis, que abrange as atividades trabalhistas que é a Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Pouco se ver na pratica ações que minimize este índice (FILGUEIRAS, 2015). 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 A ci d en te d e Tr ab al h o anos construção de Edifício Obras de infraestrutura serviços espercializados para construção total: 30 Através da leitura de artigos, livros e revistas da área; levando-se em conta o porquê da resistência dos trabalhadores ao uso deles em execução de suas atividades, compreendeu-se que uma das razões que leva a ocorrência de acidentes de trabalho na construção civil, é a não utilização dos EPIs, por inúmeros motivos. No canteiro de obras são diversos os fatores que induzem os operários a não utilização dos EPIs, ou mesmo quando fazem uso é de forma incorreta. O principal motivo encontrado em diversos artigos e relatórios é o desconforto ao utiliza-los. Segundo Pelloso e Zandonadi (2012), ressalta em seu estudo que o capacete ao longo do dia esquenta na cabeça, ocasiona dores de cabeças periódicas; já o cinto de segurança dificulta a movimentação durante as suas atividades; as luvas diminuem a sensibilidade das mãos dificultando uma maior rapidez na execução da obra; além das botas que deixam os pés com odores e provocam feridas; entre outros motivos. Existem outros estudos que apontam para esse motivo como o Dobrovolski; Witkowski; Atamanczuk; (2008) que constatou na sua pesquisa que mais de 50% dos trabalhadores pesquisados, em algum momento, sentem desconforto ao utilizar os EPIs. Esse desconforto associando a sua redução de movimentos e sensibilidade das mãos fazem com que os trabalhadores deixem de usá-los, para que haja maior rapidez na tarefa realizada, pois prazos são estimados para execução da obra. Muitas vezes são ofertados aos trabalhadores gratificação extra, aos que cumprem esse prazo, e a partir daí é gerado um estímulo para acelerar suas atividades. Esse desconforto precisa urgentemente ser corrigido. Uma forma a princípio, é a inovação tecnológica dos EPIs, que nas últimas décadas evoluíram em relação a eficácia técnica de segurança, além de proporcionar um maior conforto ao usá-lo. Não há, portanto, desculpas para deixar de usá-los corretamente, durante todo o tempo de exposição ao risco (CIPA, 2017). Em relação a limitação dos movimentos dos colaboradores, ocasionado pelos EPIs é algo que precisa ser conscientizado pelos empregados e empregadores. Que por mais que seja necessária uma maior rapidez no término da função de um operário ele tem suas limitações, e obrigações que não podem ser deixadas de lado, simplesmente por uma bonificação. Sabe-se que no Brasil, historicamente, os funcionários da construção civil tem um dos rendimentos mais baixos da economia brasileira, principalmente os “serventes e pedreiros” um estimulo é sempre bem-vindo, o que não pode é o funcionário por sua saúde em risco por isso (CUNHA, 2015). 31 Outro motivo que chama a atenção é a falta de informação dos colaboradores da construção civil. Muitos sequer sabem a importância dos EPIs. Usam simplesmente por obrigação, não porque previne os acidentes ou danos maiores à sua saúde. Outros operários pensam que os acidentes acontecem com hora programada, quanto mais eles pensam que é desnecessário o uso do EPI, mais vulnerável fica ao acidente. Essa falta de conhecimento da classe operária, que na sua maioria não terminaram o ensino fundamental, requer das empresas uma maior atenção com treinamentos e conscientização do real motivo do uso dos EPIs (SANTOS, 2015). Além do incômodo destacado em diversos estudos em relação aos EPIs e da falta de informações, há pesquisas que mostram que os trabalhadores muitas vezes esquecem ou mesmo negligenciam sua própria segurança em não utilizarem os EPIs (STEFANO, 2008). Essa negligência se dá porque ao exercer essa função há muito tempo e nunca ter sofrido um acidente de trabalho, “acha que não é preciso usá-lo, por que isso nunca vai ocorrer com ele”. Isso é um grande erro pois acidentes não tem hora, nem lugar específico para ocorrer. E em relação a Segurança do Trabalho não se pode apostar na sorte. Quando esses estudos passam a ser investigados de uma forma geral, a situação é mais preocupante ainda. Pois, empresas de pequeno porte que, na sua maioria trabalham como terceirizadas das grandes empresas ou mesmo aquelas pequenas construções que raramente são fiscalizadas, essa não utilização já é bem maior. Consequentemente, o número de acidentes também é maior se for comparado pelo número de trabalhadores. Em muitos casos, as próprias empresas não fornecem os EPIs de uso obrigatório, tornando ainda mais difícil a situação destes operários. Para as empresas os gastos decorrentes da contratação da força de trabalho são vistos pelo empregador como um custo a ser suportado, como despesa essencial para que a atividade econômica gere lucros. O cumprimento da legislação trabalhista, por sua vez, implica em custos para o empresário. Muitas empresas pensam que só fornecer os EPIs seja suficiente. Enganam- se! Pois, para usá-lo é necessário treinamento para que o mesmo seja usado de maneira correta afim de evitar maiores acidentes. Os EPIs não evitam acidentes, mas diminuem a gravidade da lesão (GROHMANN, 2005). Muitas empresas não investem em treinamentos, por acharem ser uma perda de tempo, ou seja, perda de dinheiro. A prevenção de acidentes além de ser uma obrigação das empresas, gera também ganhos econômicos. Diminuindo tarifas e horas trabalhadas perdidas. E em relação a ganhos econômicos a empresa é afetada diretamente pelo Fator Acidentário de 32 Prevenção – FAP, sabendo que as empresas que registrarem maior número de acidentes ou doenças ocupacionais, pagam mais. Por outro lado, o FAP, aumenta a bonificação das empresas que registram acidentalidade menor. No caso de nenhum evento de acidente de trabalho a empresa é bonificada com a redução de 50% da alíquota paga para custear aposentadoria e benefícios decorrente de acidentes de trabalho (BRASIL, 2016). Apesar dos inúmeros malefícios advindos da ocorrência de acidentes de trabalho, pouco se vê ações dos órgãos competentes do governo, e muito menos das empresas para que haja uma redução no número de acidentes. 33 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Fica constatado que no Brasil a construção civil se destaca pelo número elevando de acidentes. Muitos deles em virtude da não utilização do EPI. São dados preocupantespara o setor, pois além de ocasionar lesões parciais ou mesmo permanentes em alguns casos, ocorre até a própria morte do trabalhador. Conclui-se que são diversos os motivos que acarretam esses acidentes em um canteiro de obras. O que vem chamando a atenção, é a quantidade de operários que em algum momento deixam de utilização dos EPIs, por diversos motivos. Levando-se em conta a resistência ao uso dos EPIs, algumas causas chamam a atenção como: o desconforto, segundo pela falta de informações, negligência dos operários e a carência de treinamento adequado aos funcionários das empresas etc. Em praticamente todos os artigos lidos relacionados ao tema “Resistência ao uso dos EPIs” constatou-se de alguma forma um incômodo ao usá-los. Os incômodos gerados pela utilização dos EPIs, juntamente com a falta de informação e a negligência por parte de alguns operários vem ocasionado a resistência em utiliza- los durante as atividades de trabalho. Apesar dos avanços tecnológicos, poucas são as ações realizadas para minimizar esse número de acidentes de trabalho. É preciso que haja uma maior fiscalização nas empresas, por parte dos órgãos governamentais, com uma maior punição para aquela que descumprirem a lei referentes a saúde e segurança dos trabalhadores. Outra ação que toda empresa precisa de imediato, é executar palestras de sensibilidade e conscientização para os funcionários em um canteiro de obras periodicamente. É algo que deve fazer parte do dia a dia na obra, completando com cartazes, quadros de avisos, jornais periódicos, profissionais responsáveis pelo zelo da segurança, reforçando o tema e orientando os trabalhadores quanto às medidas a serem tomadas coletivamente e individualmente. 34 7 REFERÊNCIAS AICO. A IMPORTÂNCIA DAS NORMAS REGULAMENTADORAS (NRS). 2014. Disponível em: <http://www.iaco.com.br/saiba-tudo-sobre-as-normas-regulamentadoras>. Acesso em: 11 abr. 2017. BARBOSA, Andrea Maria Gouveia et al (Org.). Segurança e saúde na Indústria da construção no Brasil: Diagnóstico e Recomendações para a Prevenção dos Acidentes de Trabalho / Vilma Sousa Santana, organizadora. Brasilia: Sesi/dn, 2013. 60 p. BARROS, Sergio Silveira de. Análise de Riscos. Curitiba: Ifrn, 2013. 160 p. BAZZO, Walter Antônio & PEREIRA, Luiz Teixeira do Vale - INTRODUÇÃO À ENGENHARIA – Conceitos, Ferramentas e Comportamentos, Editora da UFSC Florianópolis, 2006. BRASIL (Org.). Governo Federal intensifica fiscalização para reduzir acidentes de trabalho no Brasil: Planalto presidente da republica. 2015. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/noticias/2015/04/governo-federal-intensifica-fiscalizacao-para- reduzir-acidentes-de-trabalho-no-brasil>. Acesso em: 30 mar. 2017. ______. Ministério do trabalho e emprego - MTE. NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI. -Portaria 3214. Brasília mistério do trabalho 1987 Disponível em: < http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR6.pdf> Acesso em: 25/01/2017. ______. ESTATÍSTICAS: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2013 já está disponível para consutla: Previdência social. 2013. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/2015/01/estatisticas-anuario-estatistico-de-acidentes-do- trabalho-2013-ja-esta-disponivel-para-consutla/>. Acesso em: 03 abr. 2017 ______. FAP – Fator Acidentário de Prevenção. 2016. Previdência social. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/a-previdencia/saude-e-seguranca-do-trabalhador/politicas-de- prevencao/fator-acidentario-de-prevencao-fap/>. Acesso em: 11 abr. 2017. ______. Relação Anual de Informações Sociais - RAIS. 2006. Disponível em: <http://www.rais.gov.br/sitio/sobre.jsf>. Acesso em: 15 abr. 2017. ______. Taxa de incidência de acidentes de trabalho em segurados da Previdência Social: IBGE. 2015. Disponível em: <http://dados.gov.br/dataset/taxa-de-incidencia-de- acidentes-de-trabalho-em-segurados-da-previdencia-social>. Acesso em: 15 abr. 2017. 35 CARDOSO, Fernando Henrique. INCENTIVO DO ESTADO E DESENVOLVIMENTO: UMA ANALISE SOBRE O CRESCIMENTO DA ÁREA DA CONSTRUÇÃO CIVIL. 2013. 9 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado de Ciências Sociais, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013. CHAGAS, Ana Maria de Resende; SALIM, Celso Amorim; SERVO, Luciana Mendes Santos. Saúde e segurança no trabalho no Brasil: aspectos institucionais, sistemas de informação e indicadores. Brasília: Ipea, 2011. CIPA: Proteção Conforto e Estéticas dos EPIs. São Paulo: Cipa Fiera Milano, jan. 2017. Janeiro 2017. CÔRTES, Áquila Silva; SILVA, Luciano Souza da. A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL. 2011. 85 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Vale do Rio Doce, Governador Valadares, 2011. Cap. 3. CUNHA, Sebastião Ferreira da (Org.). Perfil do mercado de trabalho brasileiro e dos trabalhadores na construção civil. In: FILGUEIRAS, Vitor Araújo (Org.). SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA. Sergipe: Gráfica J. Andrade, 2015. p. 41-61. DIEHL, Astor Antonio. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004. DOBROVOLSKI, Marlene; WITKOWSKI, Valkiria; ATAMANCZUK, Mauricio João. Segurança no trabalho: uso de EPI. In: 4° ENCONTRO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA DOS CAMPOS GERAIS, 4., 2008, Ponta Grossa/pr. Segurança no trabalho: uso de EPI. Ponta Grossa/pr: Uvaranas, 2009. p. 1 - 6. FILGUEIRAS, Vitor Araújo. SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA. Sergipe: Gráfica J. Andrade, 2015. 196 p. FILHO, Antônio P. de Q. ALMEIDA, Cláudio J.C. de. SANTOS, João Batista A. dos. As Dificuldades Iniciais para o Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) na Construção Civil. Universidade Estadual de Ponta Grossa – Paraná, 2005. GROHMANN, Márcia Zampieri. SEGURANÇA NO TRABALHO ATRAVÉS DO USO DE EPI’S: ESTUDO DE CASO REALIZADO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTA MARIA. 2005. 7 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-rs, 2005. Cap. 1. Disponível em: <http://www.segurancaetrabalho.com.br/download/epis-construcao.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2017. 36 LINDOSO, Bernardes Martins et al. Educação Profissional: construção civil. Brasilia: Brasilia, 2000. 36 p. MONTENEGRO, Daiane Silva; SANTANA, Marcos Jorge Almeida. RESISTÊNCIA DO OPERÁRIO AO USO DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. 2010. 18 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Civil, Ucsal – Universidade Católica do Salvador, Salvador Ba, 2010. NASCIMENTO, Ione Grace do et al. MOTIVOS QUE LEVAM O TRABALHADOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL A DEIXAR DE UTILIZAR OS EPIs. In: XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, 11., 2015, Rio de Janeiro. SEGURANÇA DO TRABALHO: MOTIVOS QUE LEVAM O TRABALHADOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL A DEIXAR DE UTILIZAR OS EPIs. 2015: Issn, 2015. v. 1, p. 1 - 21. NETO, W. Nestor. O que é NR. 2012. Disponível em: <http://segurancadotrabalhonwn.com/o- que-e-nr/>. Acesso em: 11 abr. 2017. OIT, Mundial. Morte no trabalho. 2013. Organização internacional do trabalho. Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/content/oit-pede-acao-mundial-urgente-para-combater- doencas-relacionadas-com-o-trabalho>. Acesso em: 25 mar. 2017. PELLOSO, Eliza Fioravante; ZANDONADI, Francianne Baroni. Causas da Resistência ao Uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI). 2012. 9 f. Monografia (Especialização) - Curso de Arquiteto e Urbanista, Universidade Católica de Santos,Cuiabá, 2012. SANTOS, Geizza Naira Fernandes. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL: UTILIZAÇÃO PELOS TRABALHADORES DO SETOR DE OBRAS. 2015. 10 f. Monografia (Especialização) - Curso de Enfermeira, Graduada Pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais-unileste, Vale do Aço - Mg, 2015. Cap. 1. Disponível em: <https://www.unilestemg.br/enfermagemintegrada/artigo/v8/04.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2017. SANTOS, Ronaldo HilÁrio dos; PAVAN, Alex. RESISTÊNCIA AO USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL. 2016. 8 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Tuiuti do ParanÁ, Curitiba, 2016. Cap. 1. SIMON, Wilson Roberto; BRANCHTEIN, Miguel Coifman (Org.). Sistema de proteção ativa contra quedas com linha de vida Horizontal flexível. In: FILGUEIRAS, Vitor Araújo (Org.). SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA. Sergipe: Gráfica J. Andrade, 2015. Cap. 8. p. 159-190. 37 STEFANO, Camile. SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL: TRABALHO DE EDUCAÇÃO, CONSCIENTIZAÇÃO E MEDIDAS DE PROTEÇÃO. 2008. 58 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2008. TAVARES, J. C. Noções de prevenção e controle de perdas em segurança do trabalho. 8. ed. São Paulo: SENAC, 2011.
Compartilhar