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Mecanismos de Patogenicidade Porto Velho - RO 2017 Prof. Dr. Christian Collins Kuehn Área/ Subárea: Ciências biológicas - Microbiologia Mecanismos de Patogenicidade • Como os microrganismos infectam o hospedeiro - Os patógenos podem infectar o corpo humano ou outros hospedeiros por várias vias, denominadas portas de entradas. Mecanismos de Patogenicidade Mecanismos de Patogenicidade • Como os microrganismos infectam o hospedeiro • membranas mucosas: trato respiratório, trato gastrointestinal, trato geniturinário • pele: folículo pilosos e ductos sudoríparos • via parenteral: perfurações da pele ou mucosas (punção, injeção, picadas e cirurgias). Mecanismos de Patogenicidade • Portas de entradas preferenciais Muitos patógenos possuem uma porta de entrada preferencial que é um pré-requisito para serem capazes de causar doença. - Salmonella typhi: sinais e sintomas da doença quando engolida (via preferencial), mas se a mesma bactéria é esfregada na pele, não ocorre reação - Estreptococos que são inalados (via preferencial) podem causar pneumonia. Já aqueles que são engolidos geralmente não produzem sinais e sintomas. • Patógeno oportunista: causa doença somente quando o hospedeiro não apresenta resistência normal. • Virulência: grau de patogenicidade produzida por um patógeno; • Infecção: situação em que o microrganismo se estabelece e cresce no interior de um hospedeiro (invasão ou colonização do corpo por microrganismos patogênicos) Mecanismos de Patogenicidade • Fatores de aderência Adesinas = ou ligantes, são moléculas de superfície no patógeno que se unem a receptores complementares de superfície nas células do hospedeiro. • Localizam-se no glicocálice ou em estruturas como pili, fímbrias e flagelos. • Podem variar em estrutura entre linhagens da mesma espécie de patógeno. • As adesinas são constituídas por glicoproteínas e lipoproteínas que se ligam a receptores da célula hospedeira e tipicamente são açúcares, como a manose. Mecanismos de Patogenicidade • Fatores de aderência Mecanismos de Patogenicidade • Como os patógenos bacterianos ultrapassam as defesas do hospedeiro Mecanismos de Patogenicidade Cápsulas Componentes da parede celular das bactérias Enzimas que degradam o tecido Variação antigênica Penetração no citoesqueleto das células do hospedeiro • Como os patógenos ultrapassam as defesas do hospedeiro • Cápsulas – fator anti-fagocitário. Pode aumentar a virulência de certas bactérias: Streptococcus pneumoniae, Klebsiella pneumoniae, Hemophilus influenzae, Bacillus anthracis, Yersinia pestis. - Proteína M de Streptococcus pyogenes, resistente ao calor e ao ácido (figura ao lado). Media a fixação da bactéria ao hospedeiro. - Ácido micólico da parede celular de Mycobacterium tuberculosis. - Proteína O da membrana externa de Neisseria gonorrhoeae (auxilia na adesão no epitélio urogenital). Proteína M do estreptococo beta-hemolítico Mecanismos de Patogenicidade Mecanismos de Patogenicidade • Cápsulas – A natureza química da cápsula parece impedir que a célula fagocítica se ligue à bactéria. Entretanto, o corpo humano pode produzir anticorpos contra a cápsula e quando os mesmos estão presentes as bactérias encapsuladas são facilmente destruídas por fagocitose. Mecanismos de Patogenicidade • Componentes da parede celular: A parede celular de certas bactérias contém substâncias químicas que contribuem para a virulência: - S. pyogenes: proteína M facilita a aderência e auxilia na resistência bacteriana à fagocitose. - N. gonorrhoeae: fimbria e proteína Opa servem para aderência e multiplicação intracelular - M. tuberculosis: ácido micólico - resiste a digestão por fagócitos e multiplicam-se intracelularmente Mecanismos de Patogenicidade • Enzimas: Coagulase (Staphylococcus aureus): coagulam o fibrinogênio no sangue. Provoca a deposição de fibrina sobre os cocos, protegendo-os da fagocitose. Infecções localizadas como pústulas. Quinase (Streptococcus): dissolve os coágulos de fibrina formados pelo hospedeiro no local da invasão microbiana (fibrolisina). Hialuronidase (Streptococcus): degrada ácido hialurônico, um polissacarídeo que atua como cimento celular. Auxilia na disseminação do microrganismo. Colagenase (Clostridium): rompe a rede de colágenos que sustenta os tecidos, permitindo a disseminação do patógeno pelo corpo. Citolisinas – Hemolisinas (Lisam eritrócitos)(Enterococcus faecalis) ou Leucocidinas (Lisam leucócitos) (Staphylococcus aureus). Protease IgA – Enzimas capazes de destruir esses anticorpos. N. gonorrhoeae e N. meningitidis • Variação antigênica: alteração dos antígenos de superfície da célula microbiana. Heterogeneidade Antigênica: - Polissacarídeo O / Antígeno O dos LPS - Antígeno H do flagelo; - Antígeno K da cápsula - Existem vários tipos do mesmo antígeno. - Algumas bactérias mudam a forma antigênica de suas estruturas de superfície in vitro e possivelmente in vivo também. Rebecca Lancefield Métodos de sorotipagem baseados em presença de antígenos de Streptococcus Mecanismos de Patogenicidade • Penetração no citoesqueleto das células do hospedeiro: Invasinas: proteínas de superfície que são produzidas após o contato com a célula hospedeira. Promovem rearranjos nos filamentos de actina do citoesqueleto, formando prolongamentos do citoplasma que irão englobar o patógeno. Mecanismos de Patogenicidade • Penetração no citoesqueleto das células do hospedeiro: Mecanismos de Patogenicidade Como os patógenos lesam as células do hospedeiro ? 1. Usando os nutrientes do hospedeiro 2. Por lesão direta da célula 3. Pela produção de toxinas Mecanismos de Patogenicidade 2. Por lesão direta: - Patógenos intracelulares (vírus, alguns protozoários e E. coli, Salmonella, Shigella, N. gonorrhoeae): induzem células hospedeiras à um tipo de fagocitose. Se multiplicam até matar a célula. 1. Usando os nutrientes do hospedeiro: - Sideróforos: proteínas secretadas pelo patógeno, que sequestram ferro das proteínas transportadoras de ferro circulantes (lactoferrina, ferritina e hemoglobina). - Algumas bactérias usam as toxinas, para romper as células e obter o ferro. Mecanismos de Patogenicidade 3. Produção de toxinas: - 220 toxinas bacterianas conhecidas, aproximadamente 40% causam doenças através do dano às membranas das células eucariotas. - Podem produzir febre, diarreia, distúrbios cardiovasculares, interromper a síntese proteica, lisa células do sangue, danificar o sistema nervoso central e pode causar espasmos - 2 tipos: exotoxinas e endotoxinas. Mecanismos de Patogenicidade Exotoxinas Produto metabólico da célula em crescimento atingindo altas concentrações em meio líquido; Podem ser facilmente transportadas para locais distantes da infecção; Fonte bacteriana: principalmente bactérias Gram-positivo ou negativas; São proteínas (muitas são enzimas catalíticas), pequenas quantidades são bastante perigosas; Os genes que codificam as exotoxinas são carreados em plasmídeos bacterianos ou fagos; Mecanismos de Patogenicidade Exotoxinas Em geral, não produzem febre; Relativamente instáveis; a toxicidade é quase sempre destruída rapidamente por aquecimento em temperaturas acima de 60°C; Altamente antigênica, estimulam a formação de antitoxinas em altos títulos através dos toxoides. Mecanismos de Patogenicidade Nomeando as exotoxinas: • Neurotoxina: afetam as células nervosas • Cardiotoxinas: afetam as células cardíacas • Leucotoxinas: afetam os leucócitos • Enterotoxinas: atacam as células que revestem o trato gastrointestinal• Citotoxinas: afetam uma ampla variedade de células Mecanismos de Patogenicidade Exotoxinas As exotoxinas são divididas em 3 tipos principais com base na sua estrutura e função: Toxinas A-B Toxinas danificadora de membrana (citolítica) Superantígenos Mecanismos de Patogenicidade Exotoxinas Toxinas A-B: 2 subunidades proteicas ligadas covalentemente, partes A e B. Parte A é o componente ativo (enzima) e parte B é o componente de ligação com a superfície celular; Toxina diftérica – Corynebacterium diphtheriae – inibe a síntese proteica, especialmente nas células nervosas, do coração e rim. Toxina tetânica - Clostridium tetani – bloqueia impulsos nervosos para a via de relaxamento muscular, resultando em contrações musculares incontroláveis. Toxina botulínica – Clostridium botulinum – impede a transmissão de impulsos nervosos, ocorrendo a paralisia flácida. Mecanismos de Patogenicidade Corynebacterium diphtheriae Ação da toxina diftérica de Corynebacterium diphtheriae: A toxina diftérica liga-se à membrana celular, onde é clivada e o peptídeo A é internalizado. O peptídeo A catalisa a ADP-ribosilação do fator de elongação 2 (EF-2*). O fator de elongação modificado deixa de auxiliar na transferência de aminoácidos para a cadeia polipeptídica em crescimento, resultando na interrupção da síntese proteica e morte celular (Madigan et al., 2004). Exotoxinas: toxina diftérica Ação da toxina botulínica de Clostridium botulinum. (a) Com a estimulação nervosa central, a acetilcolina (A) é normalmente liberada das vesículas da porção neural da placa motora terminal. A acetilcolina se liga a receptores musculares específicos, induzindo a contração. (b) A toxina botulínica atua na placa motora terminal, impedindo a liberação de acetilcolina (A) pelas vesículas, resultando em uma ausência de estímulo das fibras musculares e provocando o relaxamento irreversível dos músculos e a paralisia flácida (Madigan et al., 2004) Exotoxinas: toxina botulínica Exotoxinas: toxina colérica Exotoxinas: toxina tetânica Citolíticas: agem na membrana plasmática, causando lise e morte celular. Rompem a porção fosfolipídica ou formam canais proteicos. Ex.: Streptococcus pyogenes (escarlatina), Clostridium perfringens (gangrena gasosa). Exotoxinas • Leucocidinas • Hemolisinas (SLO) – (SLS) Mecanismos de Patogenicidade Identificação de hemólise Mecanismos de Patogenicidade Mecanismos de Patogenicidade Superantígenos: - Toxinas que agem como antígenos que provocam uma resposta imunológica muito intensa. - Estimulam a produção das células T (linfócitos), que liberam grandes quantidades de citocinas, induzindo sintomas como febre, náusea, vômitos, diarreia. Exotoxinas Mecanismos de Patogenicidade Endotoxinas Endotoxinas Porção lipídica (lipídeo A) do LPS da membrana externa da parede celular de bactérias Gram-negativas; É liberada com a destruição da célula ou durante a divisão celular; Fonte bacteriana: bactérias Gram-negativas; Dose letal necessária é maior que para as exotoxinas; Sintomas são os mesmos para os diferentes tipos: febre, fraqueza, dores e choque hemorrágico; Mecanismos de Patogenicidade Não produz toxóides efetivos (não é facilmente neutralizada pelas antitoxinas). Relativamente estáveis, suportam temperaturas maiores que 60ºC durante horas sem perda da toxicidade. Endotoxinas Estudada principalmente em E. coli, Shigella e Salmonella. Ex.: febre tifóide, infecções do trato urinário e meningite meningocócica. Mecanismos de Patogenicidade Endotoxinas • Os antibióticos utilizados para tratar doenças causadas por bactérias gram-negativas podem lisar estas bactérias; essa reação pode causar a liberação de endotoxinas, o que pode levar uma piora imediata dos sintomas. • Todas as endotoxinas produzem os mesmos sinais e sintomas, independentemente da espécie de microrganismo. Estes sintomas incluem calafrios, febre, fraqueza, dores generalizadas e em alguns casos choque e ate mesmo a morte. Mecanismos de Patogenicidade -Ligação com proteínas circulantes; -Ativação de Macrófagos e Monócitos; -Liberação de IL-1 e TNF-alpha (Febre); -Ativação do complemento e cascata da coagulação. - Febre; - Leucopenia precoce e leucocitose secundária; - Hipoglicemia (aumento da glicólise); - Hipotensão; - Diminuição de componentes do sistema complemento; - Coagulação intravascular disseminada; - Necrose isquêmica (aderência de plaquetas ao endotélio) Efeito fisiopatológico dos LPS: Endotoxinas Mecanismos de Patogenicidade • Choque séptico: Bactérias gram-negativas causam choque endotóxico. Assim como a febre o choque está relacionado a secreção de citocinas pelos macrófagos (principal TNF-alpha). Um dos efeitos do TNF é o dano aos capilares sanguíneos, sua permeabilidade é aumentada, e eles acabam por perder grande quantidade de fluidos, resultando em queda da pressão arterial. Mecanismos de Patogenicidade Obrigado..... Mecanismos de Patogenicidade • Número de microrganismos invasores DI50: dose infectante para 50% de uma amostra da população Bacillus anthracis: 3 portas de entradas: DI50: pele – 10 a 50 endósporos DI50: inalação – 10.000 a 50.000 endósporos DI50: gastrointestinal – 250.000 a 1.000.000 endósporos Estes dados demonstram que o antraz cutâneo é significativamente mais fácil de ser adquirido do que as formas inalatórias ou gastrointestinais. Potência de uma toxina: Virulência de um microrganismo: DL50: dose letal para 50% de uma amostra da população A DL50 para a toxina botulínica em camundongos é de 0,03ng/kg, para a toxina Shiga, 250ng/kg e para a enterotoxina estafilocócia 350ng/kg. Qual seria o DL50 mais tóxico????
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