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Resumo de mediação de conflitos

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Mediação de conflitos
Introdução
O acesso à justiça e a tutela jurisdicional efetiva, rápida e sem demoras indevidas são direito fundamental do ser humano. O aumento dos direitos, após a CF88, aumentou a demanda de processos no Judiciário, o que resultou no desenvolvimento de outros procedimentos jurisdicionais (negociação, conciliação, arbitragem e mediação) - utilizam procedimentos mais simples e informais. 
Novos paradigmas, que tem como matriz a cooperação e a construção conjunta de soluções, surgem para substituir o do ganha-perde (lógica determinista binária - perpetuação do litígio é inevitável).
Bases teóricas e princípios da mediação
Ciências que dão suporte: Direito (objetiva auxilia a resolver conflitos orientadas pela solução justa), Sociologia (valor das redes sociais nos processos de negociação), Filosofia (perguntas - refletir sobre decisões) e Psicologia (funcionamento emocional humano).
Abordagens teóricas: 
1- Teoria de sistemas: Muitas soluções surgem quando analisamos uma situação como um sistema sendo formado por elementos que estabelecem relações entre eles, que apresentam um objetivo , inseridos em um meio ambiente. O sistema pode influenciar o meio ambiente e vice-versa.
Estratégias da abordagem sistêmica:
- Dividir para atingir um fim – todo problema deve ser dividido em partes menores porque isso facilita a sua compreensão e o seu manejo;
- Identificar todas as partes do sistema, porque algumas partes identificadas podem fazer a diferença;
- Atentar para detalhes que estão sendo demonstrados pelas pessoas;
- Olhar para o todo, para ter uma compreensão sobre como as partes se relacionam;
- Utilizar analogias, comparações, ou seja, usar soluções antigas adaptadas à nova realidade, na solução de problemas similares.
2- Teoria cibernética: é uma teoria dos sistemas, baseada na comunicação entre os sistemas e o meio-ambiente, bem como a comunicação dentro do próprio sistema.
3- Teoria da comunicação: A comunicação humana é uma das bases de sustentação da dinâmica da Mediação e precisa ser decifrada pelo mediador, a cada momento, de forma a servir de referencial para a identificação da intervenção a ser utilizada. Importante na compreensão de como as pessoas expressam os seus conflitos
Metacomunicação é a relação entre conteúdo e forma.
Todas as trocas comunicacionais são simétricas ou complementares.
As simétricas são aquelas que possibilitam o diálogo entre as pessoas. Já as complementares, em geral, aparecem em situações de dependência, em que um manda e o outro obedece. A conversão das trocas comunicacionais complementares em simétricas. 
Comunicação não violenta - escuta empática - cooperação e harmonia.
Princípios da mediação (Lei de mediação): imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade, boa-fé.
Moderna teoria do conflito para a mediação
Mediação = princípio da confidencialidade e autonomia da vontade.
Conflito: desentendimento entre duas ou mais pessoas sobre um tema de interesse comum. É a dificuldade de lidar com as diferenças nas relações e nos diálogos - impossibilidade de coexistência de interesses. O mediador deve perceber o conflito como algo natural inerente às relações humanas.
É a partir do momento em que se percebe o conflito como um fenômeno natural nas relações é que é possível perceber o conflito de forma positiva.
As diferentes abordagens do conflito:
De acordo com Seidel (2007) :
1-Conflitos não são problemas - os conflitos devem ser entendidos como parte da vida, sendo o seu problema apenas a forma como serão enfrentados e resolvidos ;
2-Diferença entre conflito e briga - conflitos não se confundem com brigas. A briga é uma resposta ao conflito.
3-Atitudes básicas frente aos conflitos - podemos ignorar os conflitos; responder de forma violenta aos conflitos; e, lidar com os conflitos de forma não violenta através do diálogo;
4-Os benefícios do conflito – estimular o pensamento crítico e criativo; melhorar a capacidade de tomar decisões; incentivar diferentes formas de resolver problemas e situações; entre outros
A postura do mediador frente ao conflito:
O mediador busca a transformação do conflito , ou seja, buscar e utilizar estratégias para mudança, reconciliação e construção de relações positivas. 
Espiral ou escalada do conflito: Cada reação torna-se mais severa do que a ação que a precedeu e cria uma nova questão ou ponto de disputa. As causas que deram origem ao conflito, progressivamente, tornam-se secundárias.
Formas de resolver o conflito: 
1- Processos destrutivos: há uma tendência do conflito aumentar no desenvolvimento da relação. Este conflito torna-se, com frequência, independente das causas iniciais que o gerou, assumindo aspectos competitivos, onde uma parte busca vencer ou derrotar a outra parte.
2- Processos construtivos - seriam aqueles em que as partes concluiriam a relação processual, se estivessem nessa situação, com um fortalecimento da relação social preexistente à disputa. 
Isso ocorreria pelo aumento do conhecimento entre elas e pela empatia desenvolvida na resolução do conflito.
Manejo de conflitos: competição e colaboração
Classificação de conflitos: intrapessoal, interpessoal, intragrupal, intergrupal, 	social (toda sociedade).
Espécies de conflitos: de valores, de informação, estruturais (distribuição desigual de poder e recursos), de interesses.
Níveis de conflito: latente (conflito existe, mas não é percebido), percebido (sabe da existência, mas não quer resolver), sentido (atinge ambas as partes - emoção e consciência de sua existência), manifesto (agressividade está explicita). 
Fundamentos da negociação
A negociação é o meio através do qual as pessoas lidam com suas diferenças. Na verdade, negociar é buscar um acordo por meio de um diálogo. 
Negociação é um processo, em que duas ou mais partes, com interesses comuns e antagônicos se reúnem para confrontar e discutir propostas com o objetivo de alcançarem um acordo.
Condições para a negociação: partes devem ter interesses em comum, interesses conflituais, possibilidade de comunicação entre si.
Negociação posicional: os negociadores se tratam como oponentes, o que acarreta uma situação em que um ganha e o outro perde. No lugar de analisar os méritos da questão, as partes pressionam o máximo e cedem o mínimo.
Negociação colaborativa, integrativa ou baseada em princípios: chega a resultados justos, abordando os reais interesses dos envolvidos, e não suas posições.
Separação das pessoas dos problemas;
Foco nos interesses e não nas posições;
Geração de opções de ganhos mútuos;
Utilização de critérios objetivos.
Melhor alternativa à negociação de um acordo (MAANA): curso de ação de nossa preferência caso não haja consenso. É saber o que faremos ou o que vai acontecer se não conseguirmos chegar a um acordo. O melhor negócio não é aquele que prevalece em detrimento do outro, mas aquele que satisfaz os dois lados.
Barganha distributiva e negociação integrativa: tem como premissa que tudo que se ganhar na negociação é à custa do oponente. Cada ganho que tiver implica diretamente perda para o outro.
Habilidades do negociador: Excelente comunicação; Flexibilidade; Criatividade; Capacidade de observação; Decisão.
O processo de mediação
Comediação: Trabalho em conjunto de duplas de mediadores, que apresenta características que são valorizadas na mediação como: colaboração, diálogo e inclusão.
As partes devem assumir a responsabilidade de tomar as decisões que influenciarão as suas vidas.
Advogados: Na maior parte da mediação, quando há a presença dos advogados para desempenhar os seus papeis de forma correta. Participarão das mediações, esclarecendo os direitos de seus clientes. Nos casos ainda não ajuizados, o advogado revisa o aspecto jurídico dos acordos efetuados na mediação e solicita ao juiz sua homologação.
Cada mediador desenvolve e tem um estilo próprio de mediar, respeitando as questões técnicas e éticas.O espaço da mediação deve conter, sempre que possível, uma mesa redonda, onde é criada a garantia de que todos se veem e estão no mesmo plano. O ambiente da mediação deve ser bem confortável, mantendo a privacidade, e estimulante para o diálogo.
Na pré-mediação irá ocorrer a troca de informações antes de iniciar a mediação propriamente dita. Pode ser feito individualmente ou com as duas partes simultaneamente. O mediador explica sobre o processo de mediação, avalia se a mediação é possível, a partir das informações das partes, além de analisar a possibilidade da sua atuação como mediador naquele caso. É importante que, na pré-mediação, os mediandos sejam informados sobre a técnica da mediação, seus objetivos e alcance.
Etapas da mediação:
1-	Abertura
2-	Relato das histórias
3-	Resumo
4-	Pauta de trabalho
5-	Esclarecimento das controvérsias
6-	Resolução de questões
7-	Finalização da mediação
Benefícios: as partes chegam a um diálogo construtivo, superando as diferenças para chegar a um conclusão; o empoderamento das partes, propicia um ambiente neutro para que as partes possam expor seus sentimentos e compreender o ponto de vista da outra parte, facilitando a comunicação.
Ferramentas da mediação: Na mediação, como em qualquer outro campo de atuação , a escolha e o uso das ferramentas são estratégias fundamentais para o êxito.
1- Recontextualização ou parafraseio: O mediador irá estimular as partes a perceberem determinado contexto a partir de outra perspectiva. Entender certa situação, de forma mais positiva, para que se possa trabalhar soluções mais positivas para aquela questão.
2- Audição de propostas implícitas: Em geral, em uma mediação encontramos as partes com dificuldade de se comunicar de uma forma neutra. Isso gera uma comunicação inadequada e, muitas vezes, elas podem propor soluções sem perceber que estão propondo. O mediador deve identificar para os mediandos estas propostas para que desta forma, eles possam construir uma solução consensual.
3- Afago ou reforço positivo: O afago é uma resposta positiva do mediador a um comportamento produtivo das partes ou dos advogados. Esta atitude é uma forma de estimular as partes ou os advogados a continuarem a ter uma atitude positiva frente a mediação.
4- Sessões privadas, individuais ou caucus: são encontros realizados entre o mediador e cada uma das partes, sem que a outra esteja presente.
5- Inversão de papéis: desenvolver a empatia entre as partes. Cada um deve perceber o contexto sob a perspectiva do outro.
6- Geração/Avaliação de opções: O mediador, papel educativo, não apresenta soluções, mas deve estimular as partes a cria-las.
7- Normalização: O mediador não deve permitir que as partes se culpem, ou se sintam constrangidas de estarem em conflito. O mediador irá normalizar o conflito, já que ele faz parte de qualquer relação.
8- Organização de questões e interesses: O mediador deve estabelecer uma relação com as questões a serem trabalhadas e os interesses reais das partes para garantir que as partes não percam o foco.
9- Enfoque prospectivo: O mediador não deve escutar as partes pensando em quem está certo ou errado, mas sim, ouvir identificando os reais interesses, as questões a serem resolvidas e estimulando as partes a encontrarem soluções, daqui para frente - voltada para o futuro.
10- Teste de realidade: As pessoas em conflito, por estarem envolvidas emocionalmente na situação, tem uma percepção seletiva em razão do estado emocional em que se encontram. O mediador busca uma nova reflexão dos envolvidos sobre o problema que os envolve e suas possíveis soluções. É uma busca de uma reflexão realista dos mediandos sobre as propostas apresentadas por meio de parâmetros objetivos.
11- Validação de sentimentos: identificar os sentimentos que foram desenvolvidos em razão do conflito e trabalha-los como uma consequência natural.
12- Escuta ativa: É um processo que deixa a outra pessoa saber que você estava prestando atenção e se interessando pelos pensamentos e opiniões dela. Isto é conhecido também, como 'reciprocidade' (as duas pessoas estão comprometidas no processo de ouvir ativamente e trocar informações).
13- Mensagem-eu: Através desta mensagem, o mediador assume a responsabilidade sobre as suas percepções e autoria dos discursos. O mediador deve sempre utilizar a primeira pessoa do singular (EU), para se referir a alguma percepção. A ideia desta técnica é entender que as percepções são individuais e que cada um deve se responsabilizar pelas leituras que fizerem das situações.
14- Perguntas: É a partir das perguntas do mediador que aparecerão as informações, reflexões, ideias e decisões sobre o problema que está sendo mediado.
15- Resumo: o mediador vai situando os mediandos quanto à mediação ou é uma forma de sintetizar as suas falas. Resume o que as partes disseram e propõe o acordo. 
Tipos de mediação
Os vários modelos de mediação acolhem os princípios da autonomia da vontade, da confidencialidade e da inexistência de hierarquia.
Satisfativa: Esta técnica de mediação trabalha com posições e interesses, utiliza a técnica de opções e de observação dos dados de realidade e também separa o conflito subjetivo do objetivo.
Outros modelos de mediação: mediação estratégica (modelo estruturado de intervenção, com uma finalidade estratégica. Ele é dividido em etapas estabelecidas em dez estágios. A desconstrução do conflito e a reconstrução da relação são estágios anteriores à tomada de decisão.) e mediação narrativa (voltada para a linguagem e, principalmente, com as versões dos fatos consideradas como construções particulares de cada sujeito, levando esta compreensão para a prática da mediação.)
Contextos de aplicação da mediação
1- Mediação familiar: É uma solução mais fácil, rápida e menos onerosa
2- Mediação empresarial
3- Mediação organizacional (empregados)
4- Mediação escolar
5- Mediação comunitária
6- Mediação ambiental
7- Mediação judicial: autocomposição dos conflitos (as próprias partes decidem), intervenção de um terceiro para facilitar o diálogo, inexistência do ganha-perde, economia de custos.
Código de ética dos mediadores
Código de Ética fixa normas que regulam os comportamentos das pessoas dentro de uma determinada profissão, e também, numa empresa. 
Princípios fundamentais que regem a atuação dos conciliadores e mediadores: confidencialidade (sigilo os dados), decisão informada (as partes têm o direito de receber informações acerca da mediação que estão realizando, de modo que não sejam surpreendidos por qualquer consequência inesperada da solução que adotaram.), competência (conhecimento e treinamento específico de técnicas próprias), imparcialidade, independência e autonomia (o terceiro imparcial deve atuar com liberdade, sem pressões internas ou externas.), respeito à ordem pública e às leis vigentes, empoderamento (é mostrar às partes que elas têm capacidade de lidar com seus conflitos de forma produtiva e positiva. ) e validação (consiste em demonstrar às partes que é natural em qualquer relação haver conflitos e que se faz mais eficiente buscar soluções do que atribuir culpa.)
Regras que regem o procedimento: Informação (o conhecimento sobre o procedimento que irão realizar), ausência de obrigação de resultado (o acordo passa a ser a consequência lógica), compreensão quanto à mediação.
Apenas poderão exercer suas funções perante o Poder Judiciário mediadores devidamente capacitados e cadastrados pelos Tribunais. 
O mediador fica absolutamente impedido de prestar serviços profissionais, de qualquer natureza, aos envolvidos em processo
O descumprimento dos princípios e regras estabelecidos neste Código, bem como a condenação definitiva em processo criminal, resultará na exclusão do mediador do respectivo cadastro e no impedimento para atuar nesta função em qualquer outro órgão do Poder Judiciário nacional.
Por Diligência do mediador entende-se: Que a mediação deverá ser pautada pelo cuidado e prudência do mediador, pela observância dos princípios que regem este procedimentoe pela qualidade do processo e excelência dos serviços por ele prestados
A Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça dispõe sobre: Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário.

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