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Apostila Gestao Financeira

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GESTÃO FINANCEIRA E CUSTOS
Prof. Adrian Dambrowski
Prof. Carlo Enrico Bressiani
U n i v e r s i d a d e R e g i o n a l
d e B l u m e n a u
Reitor
Prof. Dr. Eduardo Deschamps
Vice-Reitor
Prof. Dr. Romero Fenili
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Profa. Ms. Sônia Regina de Andrade
Pró-Reitor de Administração
Prof. Dr. Edesio Luiz Simionatto
Pró-Reitor de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão
Prof. Dr. Clodoaldo Machado
Divisão de Modalidades de Ensino
Coordenação Geral
Prof. Ms. Alexander Roberto Valdameri
Equipe Multidisciplinar Técnica
Airton Zancanaro
Alexandre Adaime da Silva
Gerson Luís de Souza
Léo Fath
Equipe Multidisciplinar Pedagógica
Profa. Ms. Daniela Karine Ramos
Diego Fernando Negherbon
Profa. Ms. Henriette Damm
Profa. Ms. Iris Weiduschat
Administrativo
Viviane Alexandra Machado Saragoça
Odair José Albino
Centro de Formação
Profissional SAPIENCE Ltda
Dirigente
Prof. Ms. Kiliano Gesser
Equipe Administrativa
Prof. Carlos Alberto Alves de Oliveira
Prof. Dr. Carlo Enrico Bressiani
Prof. Ms. Kiliano Gesser
Coordenação Pedagógica
Profª Olga Sansão Gesser
Diagramação
Alvin Noriler
2008
FURB – Universidade Regional de Blumenau
Divisão de Modalidades de Ensino
Rua Antônio da Veiga, 140
Bairro: Victor Konder
Blumenau – SC - 89012-900
Fone: (47) 3321-0577
E-mail: dme@furb.br
Site: www.furb.br/ead
SAPIENCE Educacional
Rua Belarmino João da Silva, 52
Bairro: Santa Terezinha
Gaspar – SC – 89110-000
Fone: (47) 3330-5100
E-mail: secretaria@centrosapience.com.br
Site: www.centrosapience.com.br
Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1825,
de 20 de dezembro de 1907.
“Impresso no Brasil / Printed in Brazil”
Ficha catalográfica elaborada pela
Biblioteca Universitária da FURB
 Dambrowski, Adrian
 D156g Gestão financeira e custos / Adrian Dambrowski,
 Carlo Enrico Bressiani. - Blumenau : Edifurb ; Gaspar :
 SAPIENCE Educacional, 2008.
 102 p. : il. - (Pós-Graduação.Modalidade a distância)
 Bibliografia: p. 101-102.
 ISBN: 978-85-7114-212-1
 1. Ensino a distância. 2. Administração financeira.
 3. Custos. I. Bressiani, Carlo Enrico. II. Título.
 CDD 378.03
Professor Adrian Dambrowski
Graduado em Administração (Gestão Empresarial) pela Fundação Universidade Regional de
Blumenau (FURB), mestre em Administração (Gestão de Organizações) pela mesma instituição
e especialista em Gestão Financeira e Custos pelo Instituto Catarinense de Pós Graduação
(ICPG). Atualmente é funcionário do Banco do Brasil, docente na Sociedade Blumenauense de
Ensino Superior (IBES) e atua no programa de pós-graduação a distância do convênio FURB/
Sapience.
Professor Carlo Enrico Bressiani
Engenheiro Civil pela Universidade Regional de Blumenau, MBA em Gestão de Empresas
Industriais pelo Institut Quimic de Sarrià e Dr. em Administração e Direção de Empresas pela
Universitat Ramon Llull de Barcelona. Professor de graduação e pós-graduação em disciplinas
da área financeira e gestão de projetos, gerente financeiro da Unidade Design de Eventos,
Diretor Administrativo-Financeiro da Sapience e consultor na área financeira.
Também atua como parecerista em projetos de pesquisa da Universidade Presbiteriana
Mackenzie e referee em revistas da área de administração de empresas.
SUMÁRIO
1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA ...................................................... 11
1.1 IMPORTÂNCIA DA GESTÃO FINANCEIRA .........................................................12
1.1.1 Conceito de Finanças .......................................................................................12
1.1.2 Objetivo do Administrador Financeiro ................................................................13
1.1.3 Diferença Entre Gestão Financeira e Gestão Contábil ......................................13
1.1.4 Regime de Caixa x Regime de Competência ....................................................14
1.2 QUADROS FINANCEIROS ..................................................................................15
1.2.1 Investimentos ....................................................................................................15
1.2.2 Amortizações e Depreciações ..........................................................................16
1.2.3 Métodos de Depreciação..................................................................................22
1.2.4 Receitas............................................................................................................23
1.2.5 Receita Bruta ....................................................................................................23
1.2.6 Impostos ...........................................................................................................24
1.2.7 Custos ..............................................................................................................25
1.2.8 Estoques ...........................................................................................................25
1.2.9 Despesas .........................................................................................................31
1.3 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ...................................................................31
1.3.1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) ..............................................32
1.3.2 Balanço Patrimonial ..........................................................................................33
1.3.4 Fluxo de Caixa ..................................................................................................38
1.4 CAPITAL DE GIRO...............................................................................................40
1.4.1 Necessidade de Capital de Giro .......................................................................41
1.4.2 Saldo de Tesouraria ..........................................................................................42
1.4.3 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro ................................................................43
2 DECISÕES DE FINANCIAMENTOS E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS .............47
2.1 DECISÕES DE FINANCIAMENTOS ....................................................................47
2.1.1 Custo de Capital ...............................................................................................48
2.1.2 Efeitos dos Impostos sobre a Renda .................................................................48
2.1.3 Custo de Capital Próprio ...................................................................................49
2.1.4 Custo do Capital de Terceiros ...........................................................................49
2.2 ALAVANCAGEM..................................................................................................49
2.2.1 Alavancagem Operacional ................................................................................50
2.2.2 Alavancagem Financeira ...................................................................................53
2.2.3 Alavancagem Combinada .................................................................................54
2.3 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ..........................................................................55
2.3.1 Pay Back Simples .............................................................................................57
2.3.2 Pay Back Descontado.......................................................................................59
2.3.3 Valor Presente Líquido (VPL) ............................................................................60
2.3.4 Taxa Interna de Retorno .....................................................................................62
3 CUSTOS ................................................................................................................673.1 FUNDAMENTOS DE CUSTOS ...........................................................................68
3.1.1 Separação de Custos, Despesas, Investimentos e Perdas ...............................68
3.1.2 Avaliação de Estoques ......................................................................................70
3.1.3 Custo das Compras ..........................................................................................71
3.2 MÉTODOS DE CUSTEIO ....................................................................................74
3.2.1 Custeio Direto e Indireto ....................................................................................74
3.2.2 Custeio por Absorção .......................................................................................77
3.2.3 Custeio Variável ................................................................................................81
3.2.4 Custeio ABC .....................................................................................................86
3.3 ANÁLISES DE CUSTOS .....................................................................................95
3.3.1 Análise das Relações Custo, Volume e Lucro....................................................95
3.3.2 Ponto de Equilíbrio ............................................................................................97
3.4 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA ................................................................98
3.4.1 Impostos ...........................................................................................................98
3.4.2 Markup ..............................................................................................................99
REFERÊNCIAS ......................................................................................................103
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Bem vindo(a) à disciplina Gestão Financeira e Custos.
Este é o nosso Caderno de Estudos, material elaborado com o objetivo de contribuir
para a realização de seus estudos e para a ampliação de seus conhecimentos sobre o assunto.
A carga horária desta disciplina é de 45 horas e cabe a você administrar sua
aprendizagem e determinar o tempo para seus estudos e o aprofundamento dos temas tratados.
Lembre-se, porém, de que há um prazo limite para a conclusão dos estudos. Você deverá
realizar as avaliações presenciais nas datas previstas no cronograma do curso.
Os capítulos foram organizados de forma didática e complementar. Eles apresentam
os textos básicos, com questões para reflexão e indicam outras referências a serem
consultadas.
Desejamos a você um bom trabalho e que aproveite ao máximo o estudo dos temas
abordados nesta disciplina!
11
C
A
P
ÍT
U
LO
1
1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Objetivos de Aprendizagem
1. Relacionar o significado do termo "finanças", o papel do administrador
financeiro e as diferenças entre gestão financeira e gestão contábil.
2. Demonstrar o que são investimentos, amortizações e depreciações,
bem como sistemas de amortizações existentes e os mais usados
no Brasil; as formas de se determinar a depreciação de bens; a
relação de investimentos com a incidência de impostos e a
discriminação dos impostos existentes no Brasil; a gestão de
despesas e custos, além de formas de custeio e a administração
dos estoques, gerindo a ordem de saída destes para, desta forma,
apurar o custo da mercadoria armazenada por meios matemáticos.
3. Explicar a demonstração contábil denominada DRE (Demonstração
do Resultado do Exercício) bem como a sua estrutura; interpretar o
conceito de Balanço Patrimonial e a disposição dos elementos que
constituem essa demonstração contábil e demonstrar o conceito e
aplicação do fluxo de caixa.
4. Levantar o conceito de Capital de Giro bem como apurar a sua
necessidade; a determinação do saldo de tesouraria, do ciclo
operacional e financeiro - e como estes se relacionam.
INTRODUÇÃO
Podemos conceituar finanças como a arte de gerir recursos que, para o
caso de uma organização empresarial, se concentra no estudo do planejamento
financeiro, administrando os ativos e captando fundos para a mesma. Ou seja,
estamos tratando do estudo e da gerência dos ativos empresariais, analisando
projetos de investimentos. Você vai perceber que gestão financeira está
intimamente relacionada com a contabilidade e com a economia, podendo ser
vista como uma forma de economia aplicada, fundamentada em conceitos
econômicos e fazendo uso de informações contábeis.
Nesse primeiro capítulo de nossa jornada será abordada a relação
triangular entre a administração financeira, a contabilidade e a economia. A
relevância do fator econômico para o desenvolvimento do meio financeiro vai
nos levar à necessidade de se situar no ambiente operacional no qual estão
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
12
inseridas as organizações. Estamos falando de dois conceitos econômicos tratados
por macroeconomia (ambiente global em que a organização opera) e da
microeconomia (ambiente interno onde se contemplam as estratégias operacionais).
Assim, vamos dar início ao nosso estudo conhecendo a importância da gestão
financeira onde, além de lhe explicarmos o conceito de finanças e o objetivo do
administrador financeiro, também trataremos da distinção entre gestão financeira e
gestão contábil, onde a primeira fará uso do regime de caixa, ao passo que a segunda
trabalha com o regime de competência, que serão definidos e explicados no decorrer
do estudo.
Teremos ainda a oportunidade de lhe demonstrar os quadros financeiros,
que nos levarão a interpretar o que ocorre quando tratamos de investimentos, levando
em consideração diversos fatores tais como: amortizações, depreciações, custos,
despesas e estoques, considerando ainda a incidência do fator tributário (impostos).
Ainda nesse primeiro capítulo, explicaremos também algo sobre as
demonstrações financeiras comumente usadas no dia-a-dia dos setores financeiros
das organizações; conhecendo ferramentas como a Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE), o balanço patrimonial e o fluxo de caixa; o que nos permitirá a
compreensão dos ciclos: operacional e financeiro, levando-nos a situações nas
quais vamos explicar do que se trata, na administração do capital de giro.
1.1 IMPORTÂNCIA DA GESTÃO FINANCEIRA
A gestão financeira representa o conjunto de ações e procedimentos
administrativos que tem por tarefa o planejamento, a análise e o controle das
atividades financeiras da organização. Trata-se de tarefa administrativa que permita
visualizar a atual situação da empresa. Para melhor entendimento da importância
da gestão financeira, primeiramente vamos entender do que tratam as finanças.
1.1.1 Conceito de Finanças
Finanças podem ser definidas como uma técnica ou ciência de administrar
fundos. Praticamente todas as pessoas, sejam físicas ou jurídicas, obtêm receitas
ou levantam fundos, gastam ou investem. A gestão financeira detém a tarefa de gerir
o relacionamento de instituições, mercados e instrumentos envolvidos na
transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos (GITMAN, 2002).
Antes de adentrarmos no assunto em questão, é importante que você
compreenda o significado de finanças, que corresponde a um conjunto de recursos
disponíveis circulantes em espécie, que podem ser usados em transações e
negócios com transferência e circulação de dinheiro. A importância de se distinguir
esse conceito é justificada pela necessidade de se analisar essas questões para
prover o conhecimento da real situação econômica dos fundos da empresa, a qual
está sendo administrada, com relação aos seus bens e direitos garantidos
(FREZATTI, 2000).
Se você observar o cotidiano de uma organização, vai perceber que as
finanças fazem parte do dia-a-dia dela. Isso fica claro no controle de recursos para
compras e aquisições, tal como no gerenciamento e na própria existência da
empresa em suas respectivas áreas: marketing, produção, contabilidade e,
principalmente, na administração geral de nível tático, gerencial e estratégico,por
usar dados e informações financeiras para orientar a tomada de decisão na gestão
da empresa (FREZATTI, 2000).
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
13
A gestão financeira é uma ferramenta ou técnica utilizada para controlar da
forma mais eficaz e eficiente possível uma série de tarefas do dia-a-dia de uma
organização, tais como a liberação de crédito e a determinação de prazos para
clientes e a análise de investimentos, buscando meios viáveis para a obtenção de
recursos que são destinados a financiar as operações e atividades da empresa,
objetivando sempre o desenvolvimento da mesma, evitando desperdícios e gastos
desnecessários, e procurando sempre os melhores meios para uma segura
condução financeira da empresa (GITMAN, 2002).
Agora que vimos o que são finanças e o conceito mais apurado da gestão
financeira, vamos situar o gestor financeiro e seus objetivos nesse contexto
empresarial.
1.1.2 Objetivo do Administrador Financeiro
Os administradores financeiros administram ativamente as finanças de
todos os tipos de empresas, sejam elas financeiras ou não, grandes ou pequenas,
privadas ou públicas. Esses profissionais desempenham uma série de tarefas,
tais como orçamentos, previsões financeiras, administração do caixa,
administração do crédito, análise de investimentos. Necessita ser um membro
alocado na alta administração, pois o bom ou mau desempenho deste pode
ocasionar êxito ou insucesso para a empresa, caso não consiga cumprir a sua
tarefa principal: minimizar riscos e maximizar lucros (FREZATTI, 2000).
Gestores financeiros e contabilistas trabalham lado a lado, utilizando muitas
vezes as mesmas ferramentas ou informações. Porém, o tratamento que é dado
para essas informações diverge nas suas atividades. Portanto, é importante
diferenciarmos a gestão financeira da gestão contábil.
1.1.3 Diferença Entre Gestão Financeira e Gestão
Contábil
A gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos administrativos
que englobam o planejamento, a análise e o controle das atividades financeiras de
uma organização, objetivando maximizar os resultados econômicos e financeiros
oriundos de suas atividades operacionais (GITMAN, 2002).
No decorrer desse estudo, você vai perceber que, em função dos benefícios
e informações que a contabilidade proporciona para a gestão financeira e pelo
relacionamento próximo que se tem de interdependência, é que muitas vezes se
confunde a compreensão e a distinção dessas duas áreas, já que as mesmas se
relacionam estreitamente e geralmente se sobrepõem.
É preciso esclarecer que a principal função do contador é desenvolver e
fornecer dados para mensurar a performance da empresa, avaliando sua posição
financeira em presença dos impostos, contabilizando todo seu patrimônio,
elaborando suas demonstrações, reconhecendo as receitas no momento em que
são incorridos os gastos (denominado regime de competência). Porém, o que
diferencia as atividades financeiras das contábeis é que a administração financeira
enfatiza o fluxo de caixa, que nada mais é do que a entrada e saída de dinheiro
na linha do tempo, que demonstrará realmente a situação e capacidade financeira
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
14
para satisfazer suas obrigações e adquirir novos ativos (bens ou direitos de
curto ou longo prazo) ,a fim de atingir as metas da empresa (SANTOS, 2007).
Atenção
A gestão financeira não substitui a gestão contábil, assim como a
gestão contábil não substitui a gestão financeira. Elas caminham
juntas. Trabalham com as mesmas informações. Apenas dão
tratamento diferenciado para essas informações.
Todavia, os contadores admitem a importância do fluxo de caixa, tal como
o administrador financeiro se utiliza do regime de competência, mas cada um
com suas especificidades e maneiras de transpassar ou descrever a situação
da empresa, sem desapreciar a importância de cada atividade, já que uma
depende da outra, no que diz respeito à circulação de dados e informações
necessárias para o exercício de cada uma.
Diante do que vimos, julgo importante a diferenciação detalhada e
exemplificada que encontraremos a seguir, ao diferenciar o regime de caixa do
regime de competência.
1.1.4 Regime de Caixa x Regime de Competência
Em finanças, o fluxo de caixa (designado em inglês por cash flow - Cf),
refere-se ao montante de caixa recebido e gasto por uma empresa no decorrer
de um período de tempo determinado, algumas vezes ligado a um projeto
específico.
Na Contabilidade, uma projeção de fluxo de caixa (que será discutido
com mais profundidade no item 1.3.3) apresenta todos os pagamentos e
recebimentos esperados em um determinado período de tempo. O gestor do
fluxo de caixa precisa de uma visão holística de todas as funções da empresa,
como: pagamentos, recebimentos, compra de matéria-prima, compra de
materiais secundários, salários e outros, porque é necessário prever o que se
poderá gastar no futuro dependendo do que se consome no presente.
Regime de competência é o que apropria receitas e despesas ao período
de sua realização, independentemente da ocorrência ou não dos recebimentos
das receitas ou dos pagamentos das despesas (SANTOS, 2007).
Exemplo: Aquisição de mercadorias para pagamento a prazo.
Se a compra ocorreu no mês de janeiro com pagamento em fevereiro,
a despesa deverá constar nos registros de janeiro, embora o
pagamento seja feito em fevereiro. Para a contabilidade, em janeiro é
computada a despesa, criando-se uma obrigação em contas a pagar,
e em fevereiro, em função do pagamento, deduz-se o valor pago de
contas a pagar, reduzindo o valor do caixa.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
15
Tal fato ocorre porque a contabilidade utiliza o regime de competência,
regime este em que são contabilizados como receita ou despesa os valores
dentro do mês de competência, na data onde ocorreu o fato gerador (data de
compra do material, venda do bem ou artigo, prestação de serviço, etc.), não
importando quando será pago ou recebido, mas sim quando ocorreu o fato.
Dica
A diferença entre o regime de caixa e o regime de competência está
exatamente na disposição da ocorrência na linha do tempo.
Como observamos, no regime de competência o registro do documento
se dá na data do fato gerador, não importando quando será pago ou recebido; ao
passo que no regime de caixa o registro do valor ocorre efetivamente na data do
pagamento, pois este, pelo seu conceito, somente considera o registro de um
documento quando o mesmo for pago, liquidado ou recebido, assim como você
pode observar no extrato de sua conta bancária.
Para a mensuração dos resultados de uma empresa é recomendada a
utilização do regime de competência, pois considera também a depreciação,
algo que no regime de caixa não é contemplado. A depreciação de um bem será
discutida com mais profundidade no 1.2.2. Trata-se de um item importante para
a gestão financeira de uma organização, pois no futuro a empresa precisará
repor o bem que esta depreciando, levantando assim a necessidade de averiguar
se o lucro obtido nas operações empresariais contempla a cobertura da
depreciação do maquinário e/ou demais bens (SANTOS, 2007).
Até o momento, foi abordado o significado do termo finanças, o papel do
administrador financeiro e as diferenças entre gestão financeira e gestão contábil.
Fizemos isto para que você possa situar-se no cenário do gestor financeiro das
organizações, permitindo a análise dos quadros financeiros com os olhos desses
profissionais.
1.2 QUADROS FINANCEIROS
1.2.1 Investimentos
Investimento é o que você faz quando aplica seus recursos em algum
negócio (empresarial ou bancário) com a esperança de receber algum retorno
no futuro e que este seja superior ao aplicado, compensando até mesmo a perda
de uso desse recurso durante o período de aplicação.
Num sentido mais abrangente, o termo aplica-se tanto à aquisição de
máquinas, equipamentos e imóveis para a instalação de unidades produtivas
como à compra de títulos financeiros (letras de câmbio, ações). Ou seja,
investimentoé toda aplicação de dinheiro com expectativa de lucro.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
16
Em economia, investimento significa exatamente a aplicação de capital
em meios que levam ao crescimento da capacidade produtiva (instalações,
máquinas, meios de transporte), ou seja, em bens de capital, podendo ser dividido
em dois tipos: Investimento bruto e Investimento líquido (GITMAN, 2002).
O investimento bruto corresponde a todos os gastos realizados com bens
de capital (máquinas e equipamentos) e formação de estoques, ao passo que
investimento líquido não leva em consideração as despesas com manutenção e
reposição de peças, equipamentos e instalações desgastadas pelo uso. Como
está diretamente ligado à compra de bens de capital e, portanto, à ampliação da
capacidade produtiva, o investimento líquido mede com mais exatidão o
crescimento da economia.
São exemplos de Investimentos:
Investimento Liquidez Rentabilidade Segurança
Poupança
Ações
Imóveis
Veículos
Máquinas e
Equipamentos
Alta
Alta
Baixa
Alta
Baixa
Baixa
Alta
Alta
Alta
Baixa
Baixa
Baixa
Alta
Alta
Média
QUADRO 1 - Exemplos de investimentos e fatores de decisão.
FONTE: Os autores
Como você deve ter observado, ao exemplificar os tipos de investimentos
mais comuns apresentados acima, estes foram classificados quanto a três
importantes indicadores utilizados na tomada de decisão ao se optar por uma
linha de investimento para seu dinheiro. Estamos tratando da liquidez, da
rentabilidade e da segurança: um investimento líquido é aquele que é de venda
rápida (fácil solvência), isto é; que possa ser trocado por moeda rapidamente. A
rentabilidade é o que mede o retorno sobre o capital investido e a segurança é o
item que avalia o potencial de perda o capital investido.
Todos os investimentos passam por um processo natural de depreciação,
que deve ser computado financeiramente. Em alguns casos, como no de
investimentos financeiros, os mesmos são passíveis de amortizações, como
veremos a seguir.
1.2.2 Amortizações e Depreciações
Amortização é um procedimento de eliminação de uma dívida por meio
de pagamentos periódicos, realizados através de um planejamento, de modo
que cada prestação corresponde à soma do pagamento do capital ou com o
pagamento dos juros do saldo devedor, podendo ser o reembolso de ambos,
com os juros sempre calculados sobre o saldo devedor (NOGUEIRA, 2002).
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
17
No Brasil, encontramos a amortização contábil, que em seu conceito,
além da diminuição de dívidas, contempla também direitos intangíveis
classificados no ativo, provenientes da teoria de dimensão econômica dos fundos
contábeis. Assim, associamos a expressão amortização contábil à depreciação
contábil, que trata da redução de bens tangíveis, e à exaustão contábil, tratando
de recursos naturais (SÁ, 1990).
Para Figueiredo (2004), existe uma série de tipos de sistemas de
amortização, a seguir:
z Sistema Francês de Amortização (Tabela price)
z Sistema de Amortização Constante (SAC)
z Sistema de Amortização Misto (SAM)
z Sistema Americano de Amortização
z Sistema Americano com Sinking Fund
z Sistema de Amortização Variável
z Sistema Alemão de Amortização
z Arrendamento Mercantil (Leasing)
Saiba Mais
No Brasil, os sistemas comumente utilizados são: o sistema francês
de amortização, seguido pelo arrendamento mercantil; e em outras
situações o sistema de amortização constante. Confira o artigo de
Daiani Furtado acessando o site abaixo:
http: / /www.microepequenasempresas.com.br/sistema-de-
amortizacao/
O sistema francês de amortização faz uso da Tabela Price. Trata-se de
um método usado em amortização de empréstimo, construído por juros
compostos, caracterizado por prestações iguais. O método de amortização
baseado nas tabelas de Richard Price, na realidade foi idealizado pelo seu autor
para pensões e aposentadorias. Porém, somente depois da 2ª revolução industrial
que sua metodologia de cálculo foi aproveitada para cálculos de amortização de
empréstimo (NOGUEIRA, 2002).
O processo de cálculo da tabela price é iterativo. Tomando como exemplo
um empréstimo de R$10.000,00 para ser pago em 10 parcelas mensais, com
juros de 1% ao mês.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
18
TABELA 1 – Sistema Francês de Amortização.
FONTE: Os autores
Primeiramente você precisa determinar o valor de cada parcela pela
seguinte fórmula:
PMT = (PV x i) / 1 – (1 + i ) - n
Onde:
PV = Valor Presente (valor a ser financiado)
i = Taxa (sempre em %)
n = Período (número de parcelas)
PMT= Parcela (o valor de cada parcela a ser paga)
Assim, PMT = R$ 1.055,82
z O valor do juro será sempre o valor do saldo devedor do período anterior,
multiplicado pela taxa (Nesse caso: 1% ou 0,01).
z O valor da amortização será resultado da diferença entre o valor da parcela
e o valor do juro. Ou seja, em cada mês, apura-se o juro para identificar
quanto da parcela paga corresponde à quitação do valor que se está
devendo.
z O saldo devedor em cada momento será o resultado do saldo devedor
anterior, subtraindo a amortização que ocorreu no período.
Atenção:
Juros - Valor devido pelo prazo de pagamento, acrescentado ao
saldo devedor na transição do mês anterior para o atual;
Amortização - O quanto da dívida foi paga, levando-se em
consideração os juros;
Saldo Devedor - O quanto da dívida está pendente para ser paga.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
19
Abaixo, alguns termos usados no meio econômico/financeiro em relação
à amortização, que julgamos interessante lhe explicar:
Devedor ou mutuário
Taxa de juros
Prazo de carência
Prazo de utilização
Prazo de amortização
Parcelas de amortização
Prestação
Pessoa que recebe algo pelo empréstimo.
Taxa acordada entre as partes. Calculada sobre
o saldo devedor. Custo do dinheiro.
Período entre o prazo de utilização e o pagamento
da primeira amortização.
Intervalo de tempo em que o empréstimo é
transferido do credor ao devedor.
Intervalo de tempo em que são pagas as
amortizações.
Parcelas de devolução do principal. Prestações
menos juros.
Soma da amortização acrescida de juros e
encargos.
QUADRO 2 - Termos usados no meio econômico/financeiro.
FONTE: MATHIAS, Washington Franco; GOMES, José Maria, Matemática
Financeira. São Paulo, Ed. Atlas,1989.
O leasing ou arrendamento mercantil é um contrato por meio do qual a
arrendadora ou locadora (entidade que se dedica à exploração de leasing) compra
um bem escolhido por seu cliente para, em seguida, locar ao mesmo, por um
prazo definido. Ao fim do contrato o arrendatário pode optar por renová-lo por
mais um período, por devolver o bem arrendado à arrendadora ou dela adquirir o
bem, pelo valor de mercado ou por um valor residual previamente definido no
contrato. O cliente deste tipo de crédito é, tipicamente, uma empresa, podendo,
no entanto, ser, também, contratado por pessoa física (BLATT, 1998).
Existem três formas de Leasing: Financeiro, Operacional e Leasing back.
Na operação de leasing operacional, a arrendadora arca com os custos de
manutenção dos equipamentos, e a arrendatária pode desfazer o contrato
bastando apenas esperar o período mínimo de noventa dias a contar do início do
contrato, assim como determina o Banco Central, e aviso prévio para a empresa
ou pessoa física contratante. O Leasing Financeiro se assemelha a um aluguel,
com a diferença que se pode comprar o bem no final do prazo pré-determinado
por um valor já determinado anteriormente. Já o Leasing Back ocorre quando
uma empresa necessita de capital de giro. Ela vende seus bens a uma empresa
que a aluga novamente à primeira (BLATT, 1998).
No sistema de amortização constante (SAC) a parcela de amortização
da dívida é calculada tendo por base o total da dívida, também denominado saldo
devedor, dividido pelo prazo do financiamento, como um percentual fixo da dívida,
considerando um sistema linear. No SAC a prestação inicial é um pouco maior
que na Tabela Price, pois o valor que é pago da dívida, ou amortização,é maior,
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
20
assim, você estará liquidando mais da dívida desde o inicio do financiamento e
pagando menos juros ao longo de contrato (MATHIAS; GOMES, 1989).
Conforme a dívida é amortizada, a parcela dos juros e, por conseguinte a
prestação, tendem a decrescer, pois o próprio saldo devedor está sendo reduzido.
Com isso, no SAC, o saldo devedor e a sua prestação tendem a decrescer de
forma constante desde o início do financiamento e não permite a ocorrência de
valor residual ao término das prestações, desta forma, você estará menos
exposto em caso de aumento do indexador do contrato (a TR, TJLP ou INCC)
durante o financiamento (MATHIAS; GOMES, 1989).
Vejamos então o mesmo exemplo do caso anterior (price), como ele se
comporta pelo sistema de amortização constante:
Tratamos novamente de um empréstimo de R$10.000,00 para ser pago
em 10 parcelas mensais, com juros de 1% ao mês, porém dessa vez pelo SAC.
TABELA 2 - Sistema de Amortização Constante.
FONTE: Os autores
z Assim como no sistema francês de amortização, o valor do juro será
sempre o valor do saldo devedor do período anterior, multiplicado pela
taxa, porém diferente em cada momento, pois a formação do saldo
devedor, nesse caso, não soma juros retidos de períodos passados.
z O valor da amortização será determinado ao dividir o valor financiado pelo
número de parcelas em que será dividido.
z O saldo devedor em cada momento será o resultado do saldo devedor
anterior, descontando a amortização que ocorreu no período, que neste
caso será um valor fixo.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
21
Dica
Nesse sistema de amortização, a parcela não será fixa, sendo calculada
sempre pela soma da amortização ao valor dos juros, referente ao
saldo devedor. Compare a Tabela 1 com a Tabela 2.
Por depreciação devemos interpretar como sendo o custo ou a despesa
decorrente da deterioração ou da obsolescência dos ativos imobilizados
(máquinas, veículos, móveis, imóveis e instalações) da empresa. Ao longo do
tempo, com a obsolescência natural ou desgaste com uso na produção, os
ativos vão perdendo valor. Essa perda de valor deve ser apropriada pela
contabilidade periodicamente, até que esse bem tenha valor reduzido a zero
(SILVA, 2005).
Contudo, ao determinar a depreciação, o administrador pode estabelecer
fórmulas mais adequadas a sua realidade empresarial. Assim, um veículo,
mesmo tendo uma vida útil de 5 anos ou mais, deverá ser depreciado em 5 anos
no máximo, pois passado este período estará completamente obsoleto. Na
possibilidade desse veículo ainda ter condições de ser utilizado, deverá ser feita
uma reavaliação do bem, atribuindo a ele um novo valor, baseado em dados
técnicos. A partir de então, continua-se com a depreciação até a completa
exaustão do bem.
Conforme o art. 25 da IN SRF nº 11/96, os bens depreciáveis são:
z Edifícios e construções;
z Projetos florestais destinados à exploração dos respectivos frutos;
z Bens móveis e imóveis utilizados no desempenho de atividades de
contabilidade;
z Bens imóveis utilizados como estabelecimento da administração;
z Bens móveis utilizados nas atividades operacionais, instalados em
estabelecimento da empresa;
z Veículos do tipo caminhão, caminhonete de cabine simples ou utilitários,
utilizados no transporte de mercadorias e produtos adquiridos para
revenda, de matéria-prima, produtos intermediários e de embalagem,
aplicados a produção;
z Veículos do tipo caminhão, caminhonete de cabine simples ou utilitário;
as bicicletas e motocicletas utilizadas pelos cobradores, compradores e
vendedores, nas atividades de cobrança, compra e venda; bem como os
utilizados nas entregas de mercadorias;
z Veículos utilizados no transporte coletivo de empregados;
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
22
z Bens móveis e imóveis utilizados em pesquisa e desenvolvimento de
produtos e processos;
z Bens móveis e imóveis próprios, locados pela pessoa jurídica, e que
tenham a locação como objeto de sua atividade;
z Bens móveis e imóveis, objeto de arrendamento mercantil nos termos da
Lei 6099/74, pela pessoa jurídica arrendadora;
z Veículos utilizados na prestação de serviços de vigilância móvel, pela
pessoa jurídica que tenha objeto essa espécie de atividade (art. 307 do
RIR/99).
1.2.3 Métodos de Depreciação
Conforme determina o art. 305 do RIR/99, podemos computar como custo
ou encargo, em cada período de apuração, o valor correspondente à diminuição
do valor dos bens do ativo, resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza e
obsolescência normal. Esse artigo determina ainda os seguintes métodos de
depreciação:
z Método Linear
O método linear é o mais freqüentemente utilizado e se caracteriza pela
aplicação de taxas constantes durante o tempo de vida útil estimado para o
bem. Exemplo: Um bem tem vida útil de 10 anos, com taxa de depreciação de
10%.
Taxa de Depreciação = 100% / tempo de vida útil
TD = 100% / 10 anos = 10% a.a.
z Método das Horas de Trabalho
Este método consiste em determinar o número de horas de trabalho
durante o tempo de vida útil previsto para o bem. A parcela de depreciação será
obtida dividindo-se o número de horas trabalhadas no período pelo número de
horas de trabalho estimadas durante a vida útil do bem. Este método é próprio
das empresas industriais.
z Métodos das Unidades Produzidas
Também utilizado por empresas industriais. Consiste em determinar a
quantidade total de unidades que devem ser produzidas pelo bem no decorrer
de sua vida útil. A parcela de depreciação de cada período será obtida dividindo-
se o número de unidades produzidas no período pelo número de unidades
estimadas, a serem produzidas ao longo de sua vida útil.
Calculamos a depreciação, dentre outros motivos, para deduzi-la das
receitas e, assim, termos uma apuração mais real dos lucros obtidos nas
operações empresariais. Para tanto, vamos ver a seguir o que são essas receitas
de onde as depreciações e/ou amortizações serão descontadas.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
23
1.2.4 Receitas
Receita é o aporte de valores que ocorre em uma entidade (Contabilidade)
ou patrimônio (Economia). Normalmente esse aporte vem em forma de dinheiro
ou créditos representativos de direitos. Nas empresas privadas a receita
normalmente corresponde ao produto de venda de bens ou serviços – aqui
denominado faturamento – classificando-se em operacionais e não-operacionais
(SÁ, 1990).
Segundo Neves; Viceconti (2001), as receitas operacionais são oriundas
do objeto de exploração da empresa, podendo ser classificadas da seguinte
forma:
z Receita da atividade técnica ou principal - relacionada à atividade principal
da empresa como venda de produtos, mercadorias ou serviços.
z Receita acessória ou complementar - decorrente da receita da atividade
principal e representa rendimentos complementares. No Brasil denomina-
se contabilmente esse grupo de receitas de Outras Receitas
Operacionais, que devem ser compostos basicamente de Receitas
Financeiras (juros, aluguéis, rendimentos).
z Receitas não-operacionais - ingressos de valores no caixa derivados de
transações não inclusas nas atividades principais ou acessórias da
empresa.
1.2.5 Receita Bruta
A receita bruta, para a contabilidade, é o produto da venda de bens e
serviços. Ou seja, é a receita total decorrente das atividades-fim da empresa
(atividades para as quais a empresa foi constituída, segundo seus estatutos ou
contrato social), também visto como o faturamento da organização (SÁ, 1990).
Porém, para fins tributários, no Brasil, a Receita Bruta tem diferentes
composições. Considera-se receita bruta, para fins de aplicação do Simples
Nacional, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria,
o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia,
tais como comissões recebidas, dentre outros, não incluídas as vendas
canceladas e os descontos incondicionais concedidos.
Para fins de legislação do PIS e COFINS, a receita bruta é o totalde
receitas contabilizadas, independentemente de originária do faturamento, o que
motivou muitas empresas a questionarem este conceito na justiça, visando
redução de contribuições a pagar.
São excluídos do conceito da receita bruta, para fins tributários: o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), quando cobrado pelo
vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
24
Para a contabilidade, a receita líquida é representada pela receita bruta
com deduções, como no exemplo a seguir:
Receita bruta de Vendas R$ 50.000,00
(-) Devoluções de Vendas R$ 1.500,00
(-) Descontos Comerciais R$ 5.000,00
(-) Impostos R$ 8.500,00
(=) Receita Líquida R$ 35.000,00
Da Receita Líquida, podem ser feitas ainda as seguintes deduções:
(=) Receita Líquida R$ 35.000,00
(-) Custos R$ 4.000,00
(=) Lucro bruto R$ 31.000,00
(-) Despesas R$ 10.000,00
(=) Lucro líquido R$ 21.000,00
1.2.6 Impostos
Imposto é uma contribuição percentual paga obrigatoriamente por
pessoas ou organizações para um governo, a partir de uma base de cálculo e
de um fato gerador. É uma forma de tributo que tem como principal finalidade,
custear o Estado (SÁ, 1990).
Impostos podem ser pagos em moeda (dinheiro) ou em mercadorias,
embora o pagamento em mercadorias nem sempre seja permitido ou classificado
como imposto em todos os sistemas tributários. No Brasil, os tributos somente
são aceitos em forma de dinheiro. Esses tributos podem incidir sobre renda ou
patrimônio. Renda diz respeito ao valor recebido pelo trabalho de indivíduos ou
de organizações e patrimônio são os bens de posse que têm valor como imóveis
e veículos (SMITH, 1983).
São exemplos de impostos:
Impostos federais
z II - Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros;
z IE - Imposto sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados;
z IR - Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza;
z IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados;
z IOF - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas
a Títulos ou Valores Mobiliários;
z ITR - Imposto Territorial Rural.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
25
Impostos estaduais
z ICMS - Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e
prestação de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação;
z IPVA - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);
z ITCMD - Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de
Qualquer Bem ou Direito.
Impostos municipais
z IPTU - Imposto sobre a Propriedade predial e Territorial Urbana;
z ITBI - Imposto sobre Transmissão inter vivos de Bens e Imóveis e de
direitos reais a eles relativos;
z ISSQN - Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).
Tanto os impostos pagos quanto os substituídos, no orçamento
empresarial, são computados como custos e agregados assim ao valor do
produto ou serviço produzido. Assim, a seguir, vamos discorrer acerca do tema
custos, que será mais amplamente abordado no terceiro capítulo de nosso
estudo.
1.2.7 Custos
Os custos são medidas monetárias dos dispêndios financeiros com os
quais uma organização, uma pessoa ou um governo, precisa arcar para atingir
seus objetivos, sendo considerados como objetivos a utilização de um produto
ou serviço qualquer, utilizados na obtenção de outros bens ou serviços. A
Contabilidade gerencial incorpora esses e outros conceitos econômicos para
fins de elaborar relatórios de custos de uso da administração da empresa
(LEONI, 1996).
Sob a visão contábil, os custos são medidas monetárias derivadas da
aplicação de bens e serviços na produção de outros bens e serviços, durante o
processo de fabricação.
Não adentraremos mais no tema custos porque este será tema do capítulo
3. Outro importante item acerca dos custos das mercadorias é a relação que a
empresa tem com sua gerência de estoques. A armazenagem de matéria prima,
de produtos acabados ou em processos de fabricação gera outro custo para as
organizações, que será tratado a seguir.
1.2.8 Estoques
Estoques são recursos disponíveis em um determinado momento, que
uma empresa pode aproveitar para dar origem a um bem. São quantidades
armazenadas ou em processo de produção, com a o objetivo de criar uma
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
26
independência entre os vários estágios da cadeia produtiva. (Compra-Venda,
Compra-Produção, Produção-Distribuição) (LUBBEN, 1989).
A gestão de estoques é um conceito que está presente em todo tipo de
empresa, assim como na vida quotidiana das pessoas. Desde o início da sua
história que a humanidade tem usado estoques de variados recursos, de modo
a suportar o seu desenvolvimento e sobrevivência, tais como ferramentas e
alimentos (LUBBEN, 1989).
No meio empresarial, o excesso de estoques representa custos
operacionais e de oportunidade do capital empatado, porém níveis baixos de
estoque podem originar perdas de economias e custos elevados devido à falta
de produtos. A tarefa de encontrar o ponto ideal de estoques (também determinado
ponto de equilíbrio) é bastante árdua (LUBBEN, 1989).
Uma das vantagens dos estoques é o fato de poderem ser usados para
enfrentar uma situação de privação do que é necessário podendo enfrentar
variações ou balanços da procura, mesmo sendo essa procura mais ou menos
constante, possibilitando também adquirir a baixos preços para se revender
quando os preços são elevados, e evitam o desconforto devido a entregas e
aquisições com elevada freqüência. Ou seja, devido ao fato das operações entre
entregas e utilizações se efetuarem em tempos diferentes, pode-se dizer que
os estoques servem de reguladores, entre esses dois processos (LUBBEN,
1989).
O armazenamento de materiais compreende dois tipos de custos: fixos
e variáveis. Nos custos variáveis podemos considerar os custos de operação e
manutenção dos equipamentos, manutenção dos estoques, materiais
operacionais e instalações, obsolescência e deterioração e custos de perdas.
Já nos custos fixos, equipamentos de armazenagem e manutenção, seguros,
benefícios a funcionários e folha de pagamentos e utilização do imóvel e mobiliário
(LEONI, 1996).
Quando a empresa detém estoques desnecessários, ocorre um
desaproveitamento de estoque, o que vai significar uma perda de espaço físico
e perdas de investimento. Quando existe a compreensão que os estoques geram
desperdícios e quando se identificam as razões que indicam a necessidade de
estoques, o propósito é usá-las de uma forma eficiente (LUBBEN, 1989).
Para Leoni (1996), em relação aos custos associados à gestão de
estoques, estes podem ser separados em três áreas principais: Custos de
manutenção de estoques; Custos de pedido e Custos de falta.
Custos de manutenção de estoques são custos proporcionais à
quantidade armazenada e ao tempo que ela fica em estoque. Um dos custos
mais importante é o custo de oportunidade do capital, pois representa a perda
de receitas por ter o capital investido em estoques e não tê-lo investido em outra
atividade econômica. Uma visão comum é considerar o custo de manutenção
de estoque de um produto como uma pequena parte do seu valor unitário (LEONI,
1996).
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
27
Custo de pedido são custos referentes a uma nova encomenda, podendo
esses custos ser tanto variáveis como fixos. Os custos fixos associados a um
pedido são o envio da encomenda, receber essa mesma encomenda e a
inspeção. O exemplo principal de custo variável é o preço por unidade de compra
dos artigos encomendados (LEONI, 1996).
Custos de falta são custos derivados de quando não existe estoque
suficiente para atender a procura dos clientes em um dado período de tempo.
Esses custos ocorrem com o pagamento de multas contratuais, perdas de venda,
deterioração de imagem da empresa, perda de market share,e ativação de
planos de contingência (LEONI, 1996).
Para Lubben (1989), existem diversas classificações dos estoques. De
acordo com a natureza dos produtos fabricados e da atividade da empresa, os
estoques recebem diferentes denominações. Do ponto de vista do processo
produtivo em uma empresa industrial, podemos ter: estoque de produtos em
processo; de matéria-prima e materiais auxiliares; operacional e de produtos
acabados.
O estoque de produtos em processo baseia-se essencialmente em todos
os artigos solicitados, necessários à fabricação ou á montagem do produto final,
que se encontram nas várias fases de produção. No estoque de matéria-prima
e materiais auxiliares encontramos materiais secundários, como componentes
que iram integrar o produto final. São usualmente compostos por materiais brutos
destinados à transformação. O estoque operacional é um tipo de estoque criado
para evitar possíveis interrupções na produção por defeito ou danos de algum
equipamento. É constituído por lubrificantes ou quaisquer materiais destinados
à manutenção, substituição ou reparos tais como componentes ou peças
sobressalentes. E por fim, o estoque de produtos acabados, que é composto
pelo produto que teve seu processo de fabricação finalizado. Em empresas
comerciais é chamado de estoque de mercadorias. Usualmente são materiais
que se encontram em depósitos próprios para expedição. São formados por
materiais ou produtos em condições de serem vendidos (LUBBEN, 1989).
Fora do ciclo produtivo de uma empresa, temos também estoque de
materiais administrativos, que é formado de materiais destinados ao
desenvolvimento das atividades da empresa e utilizados nas áreas administrativas
da mesma, tais como, impressos, papel, formulários, etc. E como suporte à
operação da empresa, podemos também ter um estoque de segurança, que
são as quantidades guardadas para assegurar o andamento do processo produtivo
caso ocorram aumento na demanda do item por parte do processo ou atraso no
abastecimento futuro (LUBBEN, 1989).
Os estoques de segurança evitam que ocorram problemas inesperados
em alguma fase produtiva interrompendo as atividades sucessivas de
atendimento da demanda. A existência de estoques de segurança em uma fábrica
evita que o processo produtivo pare em caso de uma avaria, alimentando as
máquinas subseqüentes durante o reparo. São ainda utilizados para prevenir
uma empresa de incertezas nas suas operações logísticas (LUBBEN, 1989).
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
28
Quanto aos critérios de avaliação de estoques, podemos considerar três
critérios usualmente utilizados, sendo eles:
PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair);
UEPS (último a entrar, primeiro a sair);
Preço médio ponderado.
PEPS
No método PEPS, usamos o custo do lote mais antigo quando ocorre
venda da mercadoria até que se esgotem as quantidades desse estoque. Em
seguida, partimos para o segundo lote mais antigo e assim sucessivamente
(GARCIA, 2006).
Existem várias desvantagens nessa metodologia. Uma delas é que
precisamos controlar vários lotes para identificarmos sempre o custo do mais
antigo. Nesse caso o PEPS provocará um estoque com valor mais alto e um
custo mais baixo, formando assim um lucro maior, fazendo com que a empresa
pague mais impostos e mais dividendos (GARCIA, 2006).
UEPS
Já o UEPS funciona de forma muito parecida com o PEPS, apenas que
utilizamos o preço do último lote comprado para custearmos as vendas (GARCIA,
2006).
O UEPS possui também suas desvantagens em relação ao PEPS, pois
mesmo que não se acabe de usar todo um lote, abandona-se este e começa-se
a usar o último mais recente. Com isso precisamos controlar diversos lotes
com saldos no qual usamos parcialmente os custos (GARCIA, 2006).
Preço médio ponderado
Essa técnica é muito fácil de ser usada, pois custo médio será sempre a
divisão do saldo financeiro pelo saldo físico. A Média é a técnica indicada para a
elaboração dos cálculos de custos pela contabilidade, mas não é recomendada
para se usar na formação dos preços de vendas (GARCIA, 2006).
Para a contabilidade de custos não existe outra saída, pois a Média nos
dá um custo mediano, um lucro mediano e um estoque mediano, inclusive no
Brasil é obrigatório também o custeio por absorção real onde todos os custos
contábeis são agregados e rateados na produção do mês (GARCIA, 2006).
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
29
Observe a aplicação dos três métodos citados, em uma mesma situação.
TABELA 3 - Situação hipotética
FONTE: Os autores
TABELA 4 - PEPS
FONTE: Os autores
TABELA 5 - UEPS
FONTE: Os autores
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
30
TABELA 6 - MÉDIA
FONTE: Os autores
A gestão de estoques é o principal critério de avaliação de eficiência do
sistema de administração de materiais. Abrange uma série de atividades, que
vão desde a programação e planejamento das necessidades de materiais em
estoque, até ao controle das quantidades adquiridas, para medir a sua localização,
movimentação, utilização e armazenagem de modo a responder com regularidade
aos clientes em relação a preços, quantidades, e prazos (LUBBEN, 1989).
A programação e planejamento são as atividades relativas à definição
dos modelos necessários para a utilização de técnicas estatísticas, aplicáveis
às previsões de necessidades e à gestão de estoques da empresa, dentro de
uma produção e programação de vendas antecipadamente estabelecidas. O
controle é a etapa executiva responsável pela atualização e coleta dos dados de
movimentação que voltam a alimentar o processo de administração de estoques,
e que faz com que algumas decisões sejam tomadas em função de uma série
de parâmetros anteriormente estabelecidos (GARCIA, 2006).
Apesar da sua importância, extensão e complexidade, freqüentemente a
gestão de estoques é negligenciada em muitas empresas, sendo considerada
como uma questão não estratégica e limitada à tomada de decisões em níveis
organizacionais mais baixos. Algumas empresas já perceberam como a gestão
de estoques pode ser utilizada ao longo de toda a cadeia de suprimentos da qual
fazem parte, e de todas as vantagens competitivas que isso pode vir a trazer,
desfrutando assim destas vantagens (LUBBEN, 1989).
A boa administração dos estoques é de vital importância para a saúde
financeira das empresas, uma vez que grande parte do capital das empresas
está nos materiais envolvidos na produção, sendo comum representarem 50%
de todo o seu capital. Assim, reduções no montante estocado se traduz na
liberação de grande volume do capital necessário ao andamento do negócio
como um todo (LUBBEN, 1989).
Como vimos, estoques são custos, porém custos e despesas não são
sinônimos. Veja a seguir.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
31
1.2.9 Despesas
Para a contabilidade, despesa é o dispêndio necessário para a obtenção
de receita. As despesas são gastos que não se identificam com o processo de
transformação ou produção de bens e produtos. Estão sempre relacionadas
aos valores gastos com a estrutura administrativa e comercial da empresa tais
como aluguel, salários e encargos, telefone, propaganda, impostos, comissões,
dentre outros. Elas ainda são classificadas em fixas e variáveis, sendo as fixas
aquelas cujo valor a ser pago não depende do volume, ou do valor das vendas,
enquanto que as variáveis são aquelas cujo valor a ser pago está diretamente
relacionado ao valor vendido (SÁ, 1990).
Atenção: Custos diferente Despesas
Custo é o gasto aplicado à produção de um bem. No comércio,
aquisição de mercadorias. Na indústria, aquisição de matérias-
primas, insumos e mão-de-obra.
Despesas são os gastos usados para a obtenção de receitas não
relacionadas diretamente no produto: aluguel, telefone, material
de escritório, propaganda, comissões de vendedores, etc.
No Brasil, as despesas de entidades privadas e com fins lucrativos
aparecem na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), conforme as
normas brasileiras de contabilidade, logo abaixo do lucro líquido operacional. As
empresassem fins lucrativos lançam as despesas na demonstração do déficit/
superávit do exercício, as quais constituem os grupos de despesas com vendas,
administrativas e financeiras, e também no grupo despesas não-operacionais,
daquela demonstração.
É importante salientar que, contabilmente, despesa não é igual a custo,
uma vez que este último, como você identificará no item 1.2.5, é relacionado
com o processo produtivo de bens ou serviços, enquanto que despesa diz
respeito aos gastos com a manutenção das atividades da entidade.
Com base do que já vimos até o momento, certamente você está habilitado
a partir para o próximo passo de nosso estudo: As demonstrações financeiras.
1.3 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Vamos perceber nesse item que demonstrações financeiras são
representações estruturadas da posição financeira e do desempenho financeiro
de uma determinada organização. Os seus objetivos se concentram em propiciar
informações que orientem as tomadas de decisão, mostrando os resultados
obtidos em determinados períodos.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
32
1.3.1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração
contábil dinâmica que tem por objetivo evidenciar a formação do resultado líquido
em um exercício, por meio do confronto das receitas, custos e despesas,
apuradas segundo o princípio contábil do regime de competência (SÁ, 1990).
A DRE é estruturada da seguinte forma:
Faturamento Bruto
(-) IPI Faturado
= Receita Operacional Bruta (Venda Bruta)
Vendas de Mercadorias, Produtos ou Prestação de Serviços
(-) Deduções e abatimentos
Devoluções de vendas
Descontos e abatimentos comerciais
Vendas anuladas e canceladas
Impostos sobre vendas
= Receita Operacional Líquida
(-) Custos das Mercadorias, Produtos ou Serviços Vendidos
= Lucro Operacional Bruto
(-) Despesas Operacionais
Despesas com vendas / comerciais
Despesas administrativas
Encargos financeiros
Outras despesas operacionais
+ Outras Receitas Operacionais
Receitas de aluguéis, Dividendos recebidos, Ganhos em participações societárias, reversões de
provisões
(=) Resultado Operacional Líquido
+ Receitas Não Operacionais
Vendas de permanentes, lucro apurado em coligadas e controladas pela equivalência
patrimonial
(-) Despesas não operacionais
Custo dos Permanentes Vendidos, prejuízo apurado em coligadas e controladas, provisão para perdas
prováveis em investimentos
= Resultado do Exercício antes da Contribuição Social
(-) Provisão para Contribuição Social
= Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda (não é necessariamente a base para o IR)
(-) Provisão para o Imposto de Renda
= Resultado do Exercício após o Imposto de Renda
(-) Participações
Debêntures
Empregados
Administradores
Partes beneficiárias
Contribuições para instituições ou Fundo de Assistência ou Previdência dos Empregados
= Resultado Líquido do Exercício
Lucro ou Prejuízo por Ação do Capital
FIGURA 1 - Estrutura da DRE
FONTE: BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as
sociedades por ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/
L6404consol.htm>. Acesso em: 28 ago 2008. Alterada pela Lei 11.638/07 de 28
de dezembro de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 28 ago 2008.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
33
A demonstração do resultado do exercício oferece um resumo financeiro
dos resultados operacionais e não operacionais de uma empresa em certo
período. Embora sejam elaboradas anualmente para fins legais de divulgação,
normalmente são feitas mensalmente para fins administrativos e trimestralmente
para fins fiscais (HELFERT, 2000).
Observe um exemplo com números.
TABELA 7 - Exemplo de DRE
FONTE: Os autores
A DRE está intimamente ligada ao Balanço Patrimonial, porém dá
posicionamentos diferentes de um mesmo período. Observe abaixo o que ocorre
com as informações nessa ferramenta de demonstração financeira.
1.3.2 Balanço Patrimonial
Partimos da idéia de uma balança de dois pratos, onde sempre
encontramos a igualdade. Mas em vez de se denominar balança, denomina-se
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
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balanço. Já o termo patrimonial tem origem no patrimônio da empresa, ou
seja, o conjunto de bens, direitos e obrigações. Juntando os dois conceitos
temos o balanço patrimonial, equilíbrio do patrimônio, ou igualdade
patrimonial, que evidencia a situação patrimonial da empresa em determinada
data (PADOVEZE, 2004).
O balanço é uma demonstração contábil que tem por finalidade
apresentar a posição contábil, financeira e economica de uma empresa em
determinada data, representando uma posição estática (situação do
patrimônio em determinada data) (SÁ, 1990).
Saiba Mais
A palavra balanço vem do equilíbrio ou da igualdade expresso nas
seguintes fórmulas contábeis:
z Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido
z Aplicações = Origens.
Confira mais no site do SEBRAE acessando o link abaixo:
http://www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-um-negocio/
planeje-sua-empresa/administracao/1114/BIA_1114/integra_bia
O Balanço apresenta os Ativos (bens e direitos) e Passivos (obrigações)
e o Patrimônio Líquido, que é resultante da diferença entre o total de ativos e
passivos. É a demonstração contábil que evidencia, resumidamente, o patrimônio
da empresa, quantitativa e qualitativamente (PADOVEZE, 2004).
As contas do Ativo sujeitas à depreciação, à amortização, à exaustão e à
provisão para créditos de liquidação duvidosa e outras provisões aparecerão,
no Balanço Patrimonial, deduzidas das respectivas depreciações, amortizações,
exaustões ou provisões para créditos de liquidação duvidosa e outras provisões
(PADOVEZE, 2004).
Atenção
Na contabilidade, o ativo circulante é uma referência aos bens e
direitos que podem ser convertidos em dinheiro em curto prazo.
São ativos que podem ser considerados como circulantes: dinheiro em
caixa, conta movimento em banco, aplicações financeiras, contas a receber,
estoques, despesas antecipadas, numerário em caixa, depósito bancário,
mercadorias, matérias-primas e títulos (PADOVEZE, 2004).
O ativo circulante é aquele que irá se cumprir até o exercício social
seguinte e é equivalente ao capital de giro. O Capital de giro ou Capital Circulante
Líquido é a diferença do Ativo Circulante do Passivo Circulante, conforme a
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
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terminologia do DOAR ( Demonstração de origens e aplicações de recursos)
dada pela Lei Federal Brasileira 6.404/76. Esta era obrigatória para as companhias
de capital aberto e para as de capital fechado que apresentassem na data do
balanço patrimonial, um patrimônio líquido superior a R$ 1.000.000,00 (atualizado
pela Lei no 9.457/97). A DOAR indica as modificações na posição financeira da
companhia. E a partir de janeiro de 2008, a DOAR foi substituida pelo DFC
(Demonstração de Fluxo de Caixa) de 2007.
Ativo realizável a longo prazo é representado por um conjunto de bens e
direitos que irão realizar-se após 360 dias da data da publicação do balanço a
que faz parte. Exemplos: impostos a recuperar, contratos de mútuo valor,
empréstimos a sócios ou diretores (direitos a receber que, mesmo pressuponto
recebimento a curto prazo, devem ser classificados no realizável a longo prazo).
Tal fato ocorre por que a empresa não vai acionar seu diretor se este não pagar
na data combinada. Entram também no ativo realizável a longo prazo os direitos
realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de
vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas,
diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem
negócios usuais na exploração do objeto da companhia (PADOVEZE, 2004).
Passivo circulante são as obrigações que normalmente são pagas dentro
de um ano tais como contas a pagar, dívidas com fornecedores de mercadorias
ou matérias-prima, impostos a recolher, empréstimos bancários com vencimentonos próximos 360 dias, provisões para despesas incorridas, geradas, ainda não
pagas, porém reconhecidas pela empresa tais como imposto de renda, férias,
13° salário, dentre outros (PADOVEZE, 2004).
São considerados exemplos de passivo circulante:
z Fornecedores (duplicatas a pagar) z Encargos sociais a pagar
z Empréstimos bancários z Salários a pagar
z Títulos a pagar z Impostos a pagar
Passivo exigível a longo prazo são as dívidas de uma empresa que serão
liquidadas com prazo superior a um ano, tais como financiamentos e títulos a
pagar, dentre outros. Trata-se das obrigações com terceiros, como duplicatas a
pagar, notas promissórias a pagar, fornecedores, impostos a recolher, contas a
pagar, títulos a pagar, contribuições a recolher e outras, que terão seu vencimento
360 dias após a data da publicação do balanço de que fazem parte (SÁ, 1990).
Patrimônio líquido representa os valores que os sócios ou acionistas têm
na empresa em um determinado momento. No balanço patrimonial, a diferença
entre o valor dos ativos e dos passivos e resultado de exercícios futuros
representa o Patrimônio Líquido (PL), que é o valor contábil devido pela pessoa
jurídica aos sócios ou acionistas, baseado no princípio da entidade (SÁ, 1990).
A seguir temos um modelo mais completo de Balanço Patrimonial:
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QUADRO 3 - Estrutura do Balanço Patrimonial
FONTE: Os autores
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
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Observe como se comportam os números aplicados ao modelo exposto:
TABELA 8 - Exemplo de Balanço Patrimonial
FONTE: Os autores
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
38
Visto a Demonstração do Resultado do Exercício e a Balanço Patrimonial,
nos resta o fluxo de caixa, que trata-se de outra ferramenta de demonstração
financeira. Veja a seguir.
1.3.4 Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa é uma ferramenta desenvolvida para a execução do
planejamento e do controle financeiro a curto, médio e longo prazo da Empresa.
Ele não indica apenas o total de dinheiro em caixa necessário para a manutenção
das operações da empresa, mas também, o período em que serão obtidos e/ou
desembolsados. Além disso, o fluxo de caixa serve como um ponto de referência
em relação a qual os valores realizados podem ser comparados (CAVALHEIRO,
1989).
Defasagens significativas podem indicar que os programas da empresa
não estão correndo segundo o planejado, mostrando que deverão ser tomadas
medidas corretivas e/ou saneadoras. Estas defasagens podem informar que os
programas da empresa tornaram-se irreais em vista da ocorrência de
acontecimentos imprevistos e incontroláveis (DAMODARAN, 1997).
O fluxo não é nada mais que um plano escrito, expresso em termos de
unidades monetárias. Trata-se de uma ótima ferramenta para auxiliar o
administrador de determinada empresa nas tomadas de decisões. É através
deste demonstrativo que os custos fixos e variáveis são evidenciados, permitindo-
se desta forma um controle efetivo sobre determinadas questões empresariais
(DAMODARAN, 1997).
Para Pensar
O fluxo de caixa pode ser utilizado também por pessoas físicas que
tenham interesse em uma organização financeira pessoal mais
eficiente?
O fluxo de caixa poderá ser elaborado com relativa precisão e ter em
vista várias finalidades. A principal será indicar as necessidades de dinheiro para
atendimento dos compromissos que a empresa costuma ter com prazos certos
para serem saldados.
Observe o modelo de fluxo de caixa que é apresentado a seguir.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
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TABELA 9 - Modelo de Fluxo de Caixa
FONTE: Os autores
Vantagens do Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa também pode ser uma ferramenta de uso pessoal.
Pessoas físicas que tenham interesse em uma organização financeira pessoal
mais eficiente podem fazer uso dessas técnicas. Inclusive, existem hoje no
mercado diferentes tipos de ferramentas que têm por objetivo facilitar a confecção
do fluxo de caixa pessoal.
Segundo Damodaran (1997), as principais vantagens do uso de um fluxo
de caixa são:
z demonstrar ao gestor financeiro o momento exato para as retiradas de
caixa, sem acarretar problemas financeiros para a empresa;
z propiciar ao gestor financeiro meios de pôr em funcionamento suas
disponibilidades de caixa de maneira racional e lucrativa, sem
comprometer a liquidez da empresa;
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
40
z projetar as necessidades financeiras futuras, permitindo que se busquem
alternativas de suprimento de caixa mais rápidas e em tempo hábil quando
se fizer necessário;
z destacar os pontos negativos e os pontos positivos, antecipando ao gestor
financeiro a atitude, em termos, das medidas cabíveis para cada situação
projetada para a empresa;
z auxiliar na verificação dos períodos em que a empresa terá excedentes
de caixa, estimar os valores dos saldos de caixa e os períodos em que
eles irão ocorrer;
z permitir a escolha de alternativas mais eficazes para suprir eventuais
faltas de saldo de caixa, visto que o fluxo estabelece os objetivos e as
metas a atingir pela empresa.
Ainda segundo o mesmo autor, as principais desvantagens do uso de
um fluxo de caixa são:
z quanto ao planejamento - os erros cometidos pelo gestor financeiro
vinculam-se às estimativas do fluxo de caixa que, por sua vez, dependem
da exatidão das projeções de vendas que lhe servirão de base para todo
o sistema orçamentário global;
z apresentará restrições por parte de alguns grupos da empresa quanto a
mudanças de planejamento e de controles orçamentários;
z poderá haver um imediatismo por parte do gestor financeiro ou de algumas
pessoas na obtenção dos resultados, através da utilização do fluxo de
caixa;
z haverá sempre a necessidade de comparar os resultados apurados com
os projetados pela empresa, visando o melhor planejamento de ingressos
e de desembolsos de caixas futuros;
z as instabilidades do mercado poderão prejudicar o desempenho do fluxo
de caixa da empresa, em função das variações nas atividades econômico-
financeiras para o período projetado.
A projeção do fluxo de caixa consiste em uma importante e fiel ferramenta
para se apurar o lucro real obtido no período e a falta deste, que deve ser suprido
pelo capital de giro, assim como descrito no próximo item.
1.4 CAPITAL DE GIRO
Agora vamos começar a tratar das finanças a curto prazo, que tem como
preocupação principal a análise das decisões que afetam os ativos e passivos
circulantes. Nesse contexto, observa-se que, com certa freqüência, a expressão
capital de giro é associada à tomada de decisões financeiras a curto prazo.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
41
Saiba Mais
De acordo com a Lei das S/A's (Lei 6.404 de 15/12/1976, em seus
artigos 179 e 180), o curto prazo é delimitado por um período igual ao
de um exercício social, que normalmente é de um ano. Na prática, as
decisões financeiras tipicamente de curto prazo envolvem entradas e
saídas de caixa que ocorrem no prazo de um ano ou menos; tais
como encomendas de matéria prima, pagamentos à vista ou descontos
na venda de produtos acabados.
Confira acessando o site abaixo:
http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1976/6404.htm
Obs: Em 28 de dezembro de 2007, foi publicada a Lei 11.638/07 que
altera a Lei 6.404/76. Confira as mudanças no site abaixo:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/
L11638.htm
Uma boa parte dos fundos de uma empresa destina-se ao que chamamos
de capital de giro, ativos circulantes ou ativos correntes. Em geral, estes ativos
compreendem os saldos mantidos pela empresa nas contas disponibilidades,
investimentos temporários, contas a receber e estoques (matérias primas,
mercadorias para venda, produção em andamento e produtos acabados). A soma
destes saldos, em qualquer momento, representa o montante investido pela
empresa nestes itens.
Vamos determinar, a seguir, como se apura a necessidade de levantar
ou aprovisionar recursos para o capital de giro nas finanças das empresas.
1.4.1Necessidade de Capital de Giro
Capital de giro é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer
seus negócios acontecerem. Em geral, boa parte do total dos ativos de uma
empresa são destinados a este capital. Além de sua participação sobre o total
dos ativos da empresa, o capital de giro exige um esforço para ser administrado
pelo gestor financeiro maior do que aquele requerido pelo capital fixo (SÁ, 1990).
Atenção
O capital de giro precisa ser monitorado constantemente, pois
sofre o impacto das diversas mudanças econômicas enfrentadas
pela empresa. As dificuldades relativas ao capital de giro numa
empresa são originadas pela ocorrência dos seguintes fatores:
z Redução das vendas;
z Crescimento da inadimplência;
z Aumento das despesas financeiras;
z Aumento dos custos.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
42
A necessidade de capital de giro surge em função do ciclo financeiro da
empresa (que será explicado no item 1.4.3). Quando o ciclo financeiro é longo, a
necessidade de capital de giro é maior e vice-versa. Assim, a redução do ciclo
de caixa - em resumo, significa receber mais cedo e pagar mais tarde - deve ser
uma meta da administração financeira. Entretanto, a redução do ciclo de caixa
requer a adoção de medidas de natureza operacional, envolvendo o encurtamento
dos prazos de estocagem, produção, operação e vendas. O cálculo através do
ciclo financeiro (desenvolvido no item 1.4.3) possibilita mais facilmente prever a
necessidade de capital de giro em função de uma alteração nas políticas de
prazos médios ou no volume de vendas.
Através do saldo das contas no Balanço Patrimonial, pode-se determinar
a necessidade de capital de giro da seguinte forma:
NCG = Contas a Receber + Estoque - Contas a Pagar.
Dessa forma, podemos determinar o valor necessário para que as
operações financeiras da empresa mantenham-se com um status de saudável.
Porém, é muito importante a conciliação do fluxo de caixa, visto anteriormente,
para determinarmos também os períodos em que será necessário cada montante
do capital de giro apurado como necessário.
Se não obtivermos o valor necessário para o capital de giro, nos resta
crer que esta organização, ao invés de necessitar de recursos para fechar seu
período, está com recursos extras, além do necessário. Trata-se de uma situação
bastante saudável e confortável. A esta situação, dá-se o nome de saldo de
tesouraria.
1.4.2 Saldo de Tesouraria
Tesouraria é o setor de uma organização encarregado da contabilidade e
do armazenamento do dinheiro - caixa (SÁ, 1990). O saldo de tesouraria é obtido
pela diferença entre o ativo financeiro e o passivo financeiro:
T = Ativo Financeiro – Passivo Financeiro,
Você também pode determinar pelo valor residual decorrente da diferença
entre o Capital de Giro e a necessidade de capital de giro, da seguinte forma:
T = CDG – NCG
Ou seja, trata-se da diferença entre o valor que se tem em caixa e o valor
que é necessário para saldar as obrigações no período. Quando positivo é sinal
que existe dinheiro sobrando no caixa, que pode ser investido na produção, algum
ativo financeiro, ou até mesmo financiar um prazo maior aos clientes. Quando
negativo, observa-se a evidência de que não há dinheiro suficiente para o
cumprimento das obrigações, levando as organizações a buscar soluções para
esse fechamento, que comumente se dá em buscar dinheiro no mercado
financeiro, através de empréstimos ou venda de capital.
Um saldo positivo de tesouraria representa uma reserva financeira da
empresa para fazer frente a eventuais expansões da necessidade de
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
43
investimento operacional em giro, principalmente aquelas de natureza sazonal.
A condição fundamental para que a empresa esteja em equilíbrio financeiro é
que seu saldo de tesouraria seja positivo.
Tanto situações de necessidade de capital de giro quanto em que ocorrem
saldo de tesouraria, podem ser visualizadas nos ciclos empresariais: operacional
e financeiro. Veja a seguir do que se trata.
1.4.3 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro
Podemos dizer que os ativos correntes constituem o capital de empresa
que circula até transformar-se novamente em dinheiro, dentro de um ciclo de
operações. Nota-se assim que o curto prazo, como duração desse ciclo de
operações, na verdade varia conforme a natureza das operações da empresa,
e se resume ao tempo exigido para que uma aplicação de dinheiro em insumos
variáveis gire inteiramente, desde a compra de matéria prima e o pagamento de
funcionários, até o recebimento correspondente à venda do produto ou serviço
(MATIAS, 2007).
A figura abaixo representa graficamente o ciclo operacional de uma
empresa.
Caixa
Estoque
de
Matéria
Prima
Estoque
de
Produtos
Acabados
Duplicatas
a
Receber
>>>>> >>>>> >>>>>
Compra de
Matéria Prima Produção
Vendas à
prazo
Vendas à vista
W
W
FIGURA 2 - Ciclo Operacional
FONTE: Os autores
Observe que existe certa dificuldade em visualizar uma empresa real em
funcionamento e examinar o processo pelo qual as etapas são vencidas nesse
ciclo, principalmente quando se considera que uma empresa certamente terá
vários ciclos em andamento, simultaneamente e em etapas distintas a cada
momento.
Atenção
As empresas mantêm capital de giro para sustentar um dado volume
de operações. Os investimentos que ela faz, em cada item, dependem
da natureza das operações às quais a empresa se dedica e das
peculiaridades do setor em que ela atua.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
44
Vamos distinguir o Ciclo Operacional do Ciclo Financeiro (ou de caixa).
Suponha o seguinte exemplo: num certo dia (data zero) você adquire
mercadorias no valor de R$ 100.000,00 a serem pagos em 30 dias. Após 60
dias desta compra, você vende estas mercadorias por R$ 120.000,00 para
pagamento num prazo de 45 dias. Cronologicamente, estes eventos podem
ser resumidos conforme quadro a seguir:
TABELA 10 - Cronologia de Eventos
Compra de Mercadorias
Evento
Pagamento da Compra
Venda da Mercadoria a prazo
Recebimento da venda
0
30
60
105
Dia Caixa
(R$ 100.000,00)
R$ 140.000,00
FONTE: Os autores
A primeira observação pertinente é que o ciclo completo, desde o momento
da compra até o recebimento de caixa levou 105 dias. Denominamos este período
de Ciclo Operacional. O seja, o ciclo operacional é o período que vai desde a
compra da mercadoria até seu recebimento.
Observe ainda que este ciclo possui dois componentes distintos. A primeira
parte é o tempo que leva para comprar e vender a mercadoria, denominado de
Prazo de estocagem, representado por 60 dias no exemplo acima. A segunda
parte é o tempo necessário para receber a venda, denominado de Período de
Contas a Receber, representado por 45 dias no caso do exemplo.
Desta forma, temos:
Ciclo Operacional = Prazo de Estocagem + Prazo de Recebimento de Vendas
Onde, período de Estocagem representa o período entre a compra e a
venda da mercadoria; e Prazo de Recebimento de Vendas é determinado pelo
intervalo entre a venda da mercadoria e o recebimento da venda.
Assim:
Ciclo Operacional = 60 dias + 45 dias = 105 dias.
Outra observação pertinente sobre o exemplo é que os fluxos de caixa e
os outros eventos não estão sincronizados. Note que nada se pagou pelo estoque
até 30 dias após a compra. A este prazo denominamos Prazo de Contas a Pagar:
período entre o recebimento do estoque e seu pagamento.
Houve então um desembolso de R$100.000,00 no dia 30 e, no entanto,
não houve qualquer recebimento até o dia 105, o que evidencia a necessidade
de financiamento dos R$100.000,00 por 75 dias (105 – 30). A este período
denominamos Ciclo Financeiro, representando o número de dias transcorridos
desde o pagamento do estoque até o recebimento da venda.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
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Com base nestas definições, temos então que o Ciclo Financeiro que
pode ser calculado como a diferença entre o Ciclo Operacional e o Prazo de
Contas a Pagar
Ciclo de Caixa = Ciclo operacional – Prazo de contas a pagar

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