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FUNASA, portaria que extrapola os limites da lei

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Ementa e Acórdão
27/10/2015 SEGUNDA TURMA
MANDADO DE SEGURANÇA 27.420 DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI
IMPTE.(S) :SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS 
NO DISTRITO FEDERAL - SINDSEP/DF 
ADV.(A/S) :ULISSES BORGES DE RESENDE 
IMPDO.(A/S) :PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA 
UNIÃO (PROCESSO Nº 00924020075) 
PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO 
EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. 
IMPUGNAÇÃO DE DECISÃO DO TCU. LIMITES DO PODER 
REGULAMENTAR. DECRETO 343/1991 E PORTARIA FUNASA 
138/2001. NÃO DEMONSTRADO O DIREITO LÍQUIDO E CERTO 
AFIRMADO NA INICIAL. 
ORDEM DENEGADA. 
 A C Ó R D Ã O
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência do 
Senhor Ministro DIAS TOFFOLI, na conformidade da ata de julgamentos 
e das notas taquigráficas, por unanimidade, em denegar a segurança, nos 
termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro 
Celso de Mello. 
 
Brasília, 27 de outubro de 2015.
 
Ministro TEORI ZAVASCKI
Relator
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 8
Relatório
27/10/2015 SEGUNDA TURMA
MANDADO DE SEGURANÇA 27.420 DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI
IMPTE.(S) :SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS 
NO DISTRITO FEDERAL - SINDSEP/DF 
ADV.(A/S) :ULISSES BORGES DE RESENDE 
IMPDO.(A/S) :PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA 
UNIÃO (PROCESSO Nº 00924020075) 
PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO 
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR): Trata-se de 
mandado de segurança coletivo preventivo, com pedido de liminar, 
impetrado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Distrito 
Federal, contra atos que estão na iminência de serem praticados pelo Diretor 
do Departamento de Administração da FUNASA em obediência ao determinado 
no Acórdão TCU 668/2008 (fl.3). Alega-se, em suma, que (a) os 
substituídos, servidores da FUNASA cedidos ao Governo do Distrito 
Federal para o auxílio no combate das doenças e endemias, recebem a 
indenização de campo, com amparo no art. 16 da Lei 8.216/1991 e na 
Portaria Funasa 138/2001; (b) o Acórdão TCU 668/2008 (Processo 
009.240/2007-5) considerou irregular a continuidade do pagamento, sob o 
entendimento de que a indenização de campo seria direito restrito aos 
servidores cujas atividades eram desempenhadas em área rural (art. 4º, 
Decreto 5.992/2006), sendo ilegítima a Portaria 138/2001, por extrapolar os 
limites da lei, estendendo o recebimento à zona urbana; (c) o ato 
questionado, além de deixar de oportunizar a defesa em prol da 
manutenção do pagamento das parcelas (SV 3), conferiu interpretação 
equivocada à Lei 8.216/1991, que não vincula necessariamente a atividade 
de campo à atividade desempenhada no campo, pois é clara no sentido de 
que a indenização de campo é devida aos servidores que desenvolverem trabalhos 
de campo, tais como os de campanhas de combate e controle de endemias; 
demarcação e inspeção e manutenção de marcos decisórios; topografia, pesquisa, 
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27/10/2015 SEGUNDA TURMA
MANDADO DE SEGURANÇA 27.420 DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI
IMPTE.(S) :SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS 
NO DISTRITO FEDERAL - SINDSEP/DF 
ADV.(A/S) :ULISSES BORGES DE RESENDE 
IMPDO.(A/S) :PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA 
UNIÃO (PROCESSO Nº 00924020075) 
PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO 
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR): Trata-se de 
mandado de segurança coletivo preventivo, com pedido de liminar, 
impetrado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Distrito 
Federal, contra atos que estão na iminência de serem praticados pelo Diretor 
do Departamento de Administração da FUNASA em obediência ao determinado 
no Acórdão TCU 668/2008 (fl.3). Alega-se, em suma, que (a) os 
substituídos, servidores da FUNASA cedidos ao Governo do Distrito 
Federal para o auxílio no combate das doenças e endemias, recebem a 
indenização de campo, com amparo no art. 16 da Lei 8.216/1991 e na 
Portaria Funasa 138/2001; (b) o Acórdão TCU 668/2008 (Processo 
009.240/2007-5) considerou irregular a continuidade do pagamento, sob o 
entendimento de que a indenização de campo seria direito restrito aos 
servidores cujas atividades eram desempenhadas em área rural (art. 4º, 
Decreto 5.992/2006), sendo ilegítima a Portaria 138/2001, por extrapolar os 
limites da lei, estendendo o recebimento à zona urbana; (c) o ato 
questionado, além de deixar de oportunizar a defesa em prol da 
manutenção do pagamento das parcelas (SV 3), conferiu interpretação 
equivocada à Lei 8.216/1991, que não vincula necessariamente a atividade 
de campo à atividade desempenhada no campo, pois é clara no sentido de 
que a indenização de campo é devida aos servidores que desenvolverem trabalhos 
de campo, tais como os de campanhas de combate e controle de endemias; 
demarcação e inspeção e manutenção de marcos decisórios; topografia, pesquisa, 
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Relatório
MS 27420 / DF 
saneamento básico, inspeção e fiscalização de fronteiras internacionais (fl. 8). Por 
entender presentes os requisitos, postula a concessão do pedido liminar. 
Ao final, requer a concessão da ordem para seja declarada a nulidade do Ato 
cometido, em todos os seus efeitos, bem como seja declarada a 
inconstitucionalidade do Acórdão do TCU 668/2008, determinando não seja 
aplicado aos substituídos pelo impetrante (...) (fl. 15). 
A autoridade impetrada prestou informações (fls. 130/172), 
pontuando, em especial, a ausência “de efetiva ameaça a direito” a justificar 
a impetração preventiva. 
Em informações, a União argumenta que: (a) o Sindicato não possui 
legitimidade ativa para impetrar a ação coletiva; e (b) não há 
comprovação de que, entre os substituídos, há indivíduos atingidos ou 
que podem ser atingidos pelo ato impugnado; essa verificação, no sentido 
de identificar os atingidos, demandaria análise de provas (fls. 175/183).
O pedido de liminar foi indeferido (fls. 185/187). 
A Procuradoria-Geral da República opina pela denegação da 
segurança (fls. 197/204).
É o relatório.
2 
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saneamento básico, inspeção e fiscalização de fronteiras internacionais (fl. 8). Porentender presentes os requisitos, postula a concessão do pedido liminar. 
Ao final, requer a concessão da ordem para seja declarada a nulidade do Ato 
cometido, em todos os seus efeitos, bem como seja declarada a 
inconstitucionalidade do Acórdão do TCU 668/2008, determinando não seja 
aplicado aos substituídos pelo impetrante (...) (fl. 15). 
A autoridade impetrada prestou informações (fls. 130/172), 
pontuando, em especial, a ausência “de efetiva ameaça a direito” a justificar 
a impetração preventiva. 
Em informações, a União argumenta que: (a) o Sindicato não possui 
legitimidade ativa para impetrar a ação coletiva; e (b) não há 
comprovação de que, entre os substituídos, há indivíduos atingidos ou 
que podem ser atingidos pelo ato impugnado; essa verificação, no sentido 
de identificar os atingidos, demandaria análise de provas (fls. 175/183).
O pedido de liminar foi indeferido (fls. 185/187). 
A Procuradoria-Geral da República opina pela denegação da 
segurança (fls. 197/204).
É o relatório.
2 
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Voto - MIN. TEORI ZAVASCKI
27/10/2015 SEGUNDA TURMA
MANDADO DE SEGURANÇA 27.420 DISTRITO FEDERAL
V O T O
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR): 1. Nos termos do 
art. 5º, LXX, da CF/88, o mandado de segurança coletivo pode ser 
impetrado por “organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos 
interesses de seus membros ou associados”. De acordo com os documentos, o 
impetrante está formalmente legitimado.
2. No que se refere ao justo receio ensejador do mandado de 
segurança, os documentos demonstram que, após a publicação do ato 
questionado (em 18/4/2008), foram expedidas comunicações no sentido 
de materializar o Acórdão 668/2008 (fls. 96 e 172) – situação que revela 
suficiente ameaça. Inclusive, de acordo com as informações apresentadas 
pelo TCU “a FUNASA noticiou a esta Corte de Contas a adoção de 
providências para a revogação da sua Portaria 138/2001” (fl. 134).
No mais, sobre a natureza da ação coletiva (Súmula 630 do STF) já 
me manifestei quando atuava no Superior Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO 
CIVIL COLETIVA. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. LEI Nº 9.494/97, ART. 1º-D. 
INAPLICABILIDADE.
1. A ação individual destinada à satisfação do direito 
reconhecido em sentença condenatória genérica, proferida em 
ação civil coletiva, não é uma ação de execução comum. É ação 
de elevada carga cognitiva, pois nela se promove, além da 
individualização e liquidação do valor devido, também juízo 
sobre a titularidade do exeqüente em relação ao direito 
material.
2. A regra do art. 1º-D da Lei nº 9.494/97 destina-se às 
execuções típicas do Código de Processo Civil, não se aplicando 
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Supremo Tribunal Federal
27/10/2015 SEGUNDA TURMA
MANDADO DE SEGURANÇA 27.420 DISTRITO FEDERAL
V O T O
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR): 1. Nos termos do 
art. 5º, LXX, da CF/88, o mandado de segurança coletivo pode ser 
impetrado por “organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos 
interesses de seus membros ou associados”. De acordo com os documentos, o 
impetrante está formalmente legitimado.
2. No que se refere ao justo receio ensejador do mandado de 
segurança, os documentos demonstram que, após a publicação do ato 
questionado (em 18/4/2008), foram expedidas comunicações no sentido 
de materializar o Acórdão 668/2008 (fls. 96 e 172) – situação que revela 
suficiente ameaça. Inclusive, de acordo com as informações apresentadas 
pelo TCU “a FUNASA noticiou a esta Corte de Contas a adoção de 
providências para a revogação da sua Portaria 138/2001” (fl. 134).
No mais, sobre a natureza da ação coletiva (Súmula 630 do STF) já 
me manifestei quando atuava no Superior Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO 
CIVIL COLETIVA. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. LEI Nº 9.494/97, ART. 1º-D. 
INAPLICABILIDADE.
1. A ação individual destinada à satisfação do direito 
reconhecido em sentença condenatória genérica, proferida em 
ação civil coletiva, não é uma ação de execução comum. É ação 
de elevada carga cognitiva, pois nela se promove, além da 
individualização e liquidação do valor devido, também juízo 
sobre a titularidade do exeqüente em relação ao direito 
material.
2. A regra do art. 1º-D da Lei nº 9.494/97 destina-se às 
execuções típicas do Código de Processo Civil, não se aplicando 
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Voto - MIN. TEORI ZAVASCKI
MS 27420 / DF 
à peculiar execução da sentença proferida em ação civil coletiva. 
( AgRg no RESP 489348, Rel. Min. Teori Zavascki, 1ª Turma, j. 
7/8/2003)
3. Feitas essas considerações de ordem preliminar a respeito da 
subsistência das condições necessárias ao conhecimento da ação, cumpre 
esclarecer que, em consulta ao andamento do Processo 009.240/2007-5 no 
sítio eletrônico do Tribunal de Contas da União na rede mundial de 
computadores, foi identificada nova abordagem do TCU sobre a matéria, 
quando apreciou o pedido de reexame, em 2009: 
7. Nada obstante, destacou a unidade técnica que o 
recurso perdeu o objeto, já que foi instituída, pela Lei 
11.784/2008, gratificação (GACEN) que substituiu, para todos os 
efeitos, as vantagens da indenização de campo, de que trata a 
Lei n.º 8.216/1991, sendo posteriormente tal gratificação, 
mediante a Lei n.º 11.907/2009, atribuída às categorias dos 
servidores recorrentes.
Embora a superveniência da Lei 11.784/2008 tenha solucionado, no 
âmbito administrativo, a controvérsia sobre o alcance da indenização de 
campo (extensível à área rural), remanesce ainda o interesse com relação 
ao período compreendido entre a impetração e a publicação da referida 
lei.
Dentro desse parâmetro de análise, não se tem demonstrado o 
direito líquido e certo afirmado na inicial. Isso porque, no caso, o ato 
questionado, sob o entendimento de que a Portaria FUNASA 138/2001 
teria ultrapassado os limites da lei ao estender o pagamento da 
indenização de campo (atual GACEN) às atividades desempenhadas em 
área urbana, determinou à FUNASA que:
9.1.5 abstenha-se de realizar o pagamento da indenização 
instituída pelo art. 16 da lei 8.216/1991, com base nas diretrizes 
da Portaria FUNASA 138/2001, e informe a este Tribunal, no 
prazo de 30 dias, as providencias adotadas pela entidade no 
2 
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MS 27420 / DF 
à peculiar execução da sentença proferida em ação civil coletiva. 
( AgRg no RESP 489348, Rel. Min. Teori Zavascki, 1ª Turma, j. 
7/8/2003)
3. Feitas essas considerações de ordem preliminar a respeito da 
subsistência das condições necessárias ao conhecimento da ação, cumpre 
esclarecer que, em consulta ao andamento do Processo 009.240/2007-5 no 
sítio eletrônico do Tribunal de Contas da União na rede mundial de 
computadores, foi identificada nova abordagem do TCU sobre a matéria, 
quando apreciou o pedido de reexame, em 2009: 
7. Nada obstante, destacou a unidade técnica que o 
recurso perdeu o objeto, já que foi instituída, pela Lei 
11.784/2008, gratificação (GACEN) que substituiu, para todos os 
efeitos, as vantagens da indenização de campo, de que trata a 
Lei n.º 8.216/1991, sendo posteriormente tal gratificação, 
mediante a Lei n.º 11.907/2009, atribuída às categorias dos 
servidores recorrentes.
Embora a superveniência da Lei 11.784/2008 tenha solucionado, no 
âmbito administrativo, a controvérsia sobre o alcance da indenização de 
campo (extensível à área rural), remanesce ainda o interesse com relação 
ao período compreendido entre a impetração e a publicação da referida 
lei.
Dentro desse parâmetro de análise, não se tem demonstrado o 
direito líquido e certo afirmado na inicial. Isso porque, no caso, o ato 
questionado, sob o entendimento de que a Portaria FUNASA 138/2001 
teria ultrapassado os limites da lei ao estender o pagamento da 
indenização de campo (atual GACEN) às atividades desempenhadas em 
área urbana, determinou à FUNASA que:
9.1.5 abstenha-se de realizar o pagamento da indenização 
instituída pelo art. 16 da lei 8.216/1991, com base nas diretrizes 
da Portaria FUNASA 138/2001, e informe a este Tribunal, no 
prazo de 30 dias, as providencias adotadas pela entidade no 
2 
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Casa
Realce
Casa
Realce
Voto - MIN. TEORI ZAVASCKI
MS 27420 / DF 
sentido de regularização do pagamento da mencionada 
indenização fundamentada em normativo que atenda aos 
preceitos da legislação federal específica – Decreto 5.992, de 
19/12/2006. (fl. 170v)
Nessa linha de consideração, é certo que o conteúdo da lei delimita o 
âmbito de incidência do poder regulamentar. Nesse sentido:
EMENTA CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. 
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. 
REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E AVALIAÇÃO DE 
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR. CRIAÇÃO DE 
NOVOS CURSOS. FUNÇÃO REGULAMENTAR DO PODER 
EXECUTIVO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO DE 
PROFISSÃO REGULAMENTADA. AUSÊNCIA DE DIREITO 
SUBJETIVO. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. 1. O 
exercício do poder regulamentar pelo Presidente da República 
(art. 84, IV, CF/88) e por Ministros de Estado - em auxílio à 
função diretiva da administração federal (art. 84, II, CF/88) - é 
legítimo quando restrito à expedição de normas 
complementares à ordem jurídico-formal vigente. 2. A 
pretensão não está amparada em qualquer fundamento 
constitucional, legal ou infralegal de que se possa extrair direito 
subjetivo líquido e certo do autor a ser protegido na via do 
mandamus. 3. Recurso ordinário a que se nega provimento. 
(RMS 27.666, Rel. Min Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 10/4/2012, Dje de 
4/5/2012)
O art. 4º, do Decreto 343/1991 (reproduzido no art. 4º, do Decreto 
5.992/2006), editado no exercício do poder regulamentar (art. 84, IV, CF), 
estabelecia:
 Art. 4º A indenização de que trata o art. 16 da Lei nº 
8.216, de 13 de agosto de 1991, será devida aos servidores de 
toda e qualquer categoria funcional que se afastar da zona 
considerada urbana de seu município de sede para execução de 
3 
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Supremo Tribunal Federal
MS 27420 / DF 
sentido de regularização do pagamento da mencionada 
indenização fundamentada em normativo que atenda aos 
preceitos da legislação federal específica – Decreto 5.992, de 
19/12/2006. (fl. 170v)
Nessa linha de consideração, é certo que o conteúdo da lei delimita o 
âmbito de incidência do poder regulamentar. Nesse sentido:
EMENTA CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. 
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. 
REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E AVALIAÇÃO DE 
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR. CRIAÇÃO DE 
NOVOS CURSOS. FUNÇÃO REGULAMENTAR DO PODER 
EXECUTIVO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO DE 
PROFISSÃO REGULAMENTADA. AUSÊNCIA DE DIREITO 
SUBJETIVO. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. 1. O 
exercício do poder regulamentar pelo Presidente da República 
(art. 84, IV, CF/88) e por Ministros de Estado - em auxílio à 
função diretiva da administração federal (art. 84, II, CF/88) - é 
legítimo quando restrito à expedição de normas 
complementares à ordem jurídico-formal vigente. 2. A 
pretensão não está amparada em qualquer fundamento 
constitucional, legal ou infralegal de que se possa extrair direito 
subjetivo líquido e certo do autor a ser protegido na via do 
mandamus. 3. Recurso ordinário a que se nega provimento. 
(RMS 27.666, Rel. Min Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 10/4/2012, Dje de 
4/5/2012)
O art. 4º, do Decreto 343/1991 (reproduzido no art. 4º, do Decreto 
5.992/2006), editado no exercício do poder regulamentar (art. 84, IV, CF), 
estabelecia:
 Art. 4º A indenização de que trata o art. 16 da Lei nº 
8.216, de 13 de agosto de 1991, será devida aos servidores de 
toda e qualquer categoria funcional que se afastar da zona 
considerada urbana de seu município de sede para execução de 
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Voto - MIN. TEORI ZAVASCKI
MS 27420 / DF 
atividades de campanhas de combate e controle de endemias, 
marcação, inspeção e manutenção de marcos divisórios, 
topografia, pesquisa, saneamento básico, inspeção e fiscalização 
de fronteiras internacionais
Ora, a Portaria 138/2001, mesmo fazendo referência ao Decreto acima 
citado, ultrapassa o poder regulamentar, no seu art. 1º, ao determinar que 
a indenização em questão “é devida aos servidores da FUNASA, de toda e 
qualquer categoria funcional que se afastarem de sua sede de serviço, para 
execução, no mesmo município ou município diverso, seja em zona urbana, rural 
ou área indígena, de atividades de vigilância epidemiológica, de combate e 
controle de endemias (...)” (fl. 107).
Igualmente, sem adentrar na discussão sobre a abertura de 
contraditório em processo de tomada de contas, não está demonstrada 
violação ao direito de defesa. A partir de consulta ao sítio eletrônico do 
Tribunal de Contas da União, também verificou-se que o próprio Tribunal 
dimensionou o reflexo da decisão na esfera jurídica dos servidores e 
concluiu por processar o pedido de reexame.
Em suma, não se tem demonstrada a alegada ilegitimidade do ato 
coator atribuído ao Tribunal de Contas da União, nem a existência do 
direitolíquido e certo afirmado pela parte impetrante.
4. Ante o exposto, considerado o limite de análise compreendido 
entre a impetração e a publicação da Lei 11.784/2008, denego a segurança. 
É o voto. 
4 
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Supremo Tribunal Federal
MS 27420 / DF 
atividades de campanhas de combate e controle de endemias, 
marcação, inspeção e manutenção de marcos divisórios, 
topografia, pesquisa, saneamento básico, inspeção e fiscalização 
de fronteiras internacionais
Ora, a Portaria 138/2001, mesmo fazendo referência ao Decreto acima 
citado, ultrapassa o poder regulamentar, no seu art. 1º, ao determinar que 
a indenização em questão “é devida aos servidores da FUNASA, de toda e 
qualquer categoria funcional que se afastarem de sua sede de serviço, para 
execução, no mesmo município ou município diverso, seja em zona urbana, rural 
ou área indígena, de atividades de vigilância epidemiológica, de combate e 
controle de endemias (...)” (fl. 107).
Igualmente, sem adentrar na discussão sobre a abertura de 
contraditório em processo de tomada de contas, não está demonstrada 
violação ao direito de defesa. A partir de consulta ao sítio eletrônico do 
Tribunal de Contas da União, também verificou-se que o próprio Tribunal 
dimensionou o reflexo da decisão na esfera jurídica dos servidores e 
concluiu por processar o pedido de reexame.
Em suma, não se tem demonstrada a alegada ilegitimidade do ato 
coator atribuído ao Tribunal de Contas da União, nem a existência do 
direito líquido e certo afirmado pela parte impetrante.
4. Ante o exposto, considerado o limite de análise compreendido 
entre a impetração e a publicação da Lei 11.784/2008, denego a segurança. 
É o voto. 
4 
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Casa
Realce
Casa
Realce
Casa
Realce
Extrato de Ata - 27/10/2015
SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA
MANDADO DE SEGURANÇA 27.420
PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI
IMPTE.(S) : SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO DISTRITO 
FEDERAL - SINDSEP/DF
ADV.(A/S) : ULISSES BORGES DE RESENDE
IMPDO.(A/S) : PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (PROCESSO 
Nº 00924020075)
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
Decisão: A Turma, por votação unânime, denegou a segurança, 
nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Senhor 
Ministro Celso de Mello. Presidência do Senhor Ministro Dias 
Toffoli. 2ª Turma, 27.10.2015.
Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli. Presentes à 
sessão os Senhores Ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Teori 
Zavascki. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de 
Mello.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edson Oliveira de 
Almeida.
Ravena Siqueira
Secretária
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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Supremo Tribunal Federal
SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA
MANDADO DE SEGURANÇA 27.420
PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI
IMPTE.(S) : SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO DISTRITO 
FEDERAL - SINDSEP/DF
ADV.(A/S) : ULISSES BORGES DE RESENDE
IMPDO.(A/S) : PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (PROCESSO 
Nº 00924020075)
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
Decisão: A Turma, por votação unânime, denegou a segurança, 
nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Senhor 
Ministro Celso de Mello. Presidência do Senhor Ministro Dias 
Toffoli. 2ª Turma, 27.10.2015.
Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli. Presentes à 
sessão os Senhores Ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Teori 
Zavascki. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de 
Mello.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edson Oliveira de 
Almeida.
Ravena Siqueira
Secretária
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	Ementa e Acórdão
	Relatório
	Voto - MIN. TEORI ZAVASCKI
	Extrato de Ata - 27/10/2015

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