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Apostila Recursos NCPC 1

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Direito Processual Civil 
Recursos Cíveis 
 
1 
Profª Elisângela Ap. Medeiros 
 
 
CAPÍTULO I – TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
 
 
1 – CONCEITO 
 
Recurso é uma espécie de remédio processual que a lei coloca à disposição das partes 
para impugnação de decisões judiciais, dentro do mesmo processo, com vistas à sua 
reforma, invalidação, esclarecimento ou integração, bem como para impedir que a 
decisão impugnada se torne preclusa ou transite em julgado. 
 
Recurso pressupõe inconformismo, insatisfação com as decisões judiciais e que buscam 
outro procedimento do Poder Judiciário, a respeito das questões a ele submetidas. 
 
 
2 – OS RECURSOS PREVISTOS NO CPC - art. 496 do CPC/73 - ART 994 
CPC/15 
 
3- CARACTERÍSTICAS DOS RECURSOS 
 
- Os recursos não têm natureza jurídica de ação, nem criam um novo processo. 
- Aptidão para retardar ou impedir a preclusão ou a coisa julgada 
- Ao fundamentar seu recurso, o interessado poderá postular a anulação ou a 
substituição da decisão por outra, deverá expor quais as razões de sua pretensão, que 
podem ser de forma ( error in procedendo), ter por objeto vícios de conteúdo ou 
processuais ( error in judicando) 
- Impossibilidade em regra de inovação 
- Sistema de interposição – órgão a quo e não perante o órgão ad quem – exceção 
Agravo de Instrumento, interposto diretamente ao tribunal. 
 
- Decisão do órgão ad quem em regra substitui a do ad quo, o órgão ad quem – examina 
o recurso e pode: 
a) não conhecer do recurso 
b) pode conhecer do recurso 
c) pode conhecer do recurso, negando-lhe provimento, caso em que a decisão anterior 
será mantida, ou dando-lhe provimento para reformá-la. 
 
No caso mantença ou reforma, a decisão proferida pelo órgão ad quem substitui a do 
órgão a quo 
 
Pedido (mérito recursal)  Causa de pedir 
 
Reforma (pretende a correção da mesma 
decisão) – Não se discute a forma da 
decisão, mas sim seu conteúdo. 
Error in judicando – é a má aplicação ou 
interpretação da lei ou sua não aplicação; 
ou má valoração das provas. 
 
Invalidação (pretende uma nova decisão) 
– Não se discute o conteúdo da decisão, 
Error in procedendo – é erro que gera a 
nulidade da sentença por não possuir um 
Direito Processual Civil 
Recursos Cíveis 
 
2 
Profª Elisângela Ap. Medeiros 
 
mas sim seus aspectos formais, sua 
validade. Pretende desfazer a sentença em 
razão de um defeito; quando a decisão é 
defeituosa. 
de seus elementos (relatório, 
fundamentação ou dispositivo); por ser 
ultra, extra ou citra petita; ou pelo 
processo não ter transcorrido de acordo com 
as regras de procedimento. 
 
Esclarecimento Sentença obscura ou contraditória 
 
Integração Sentença omissa 
 
4 – ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS 
 
Juízo de Mérito e Juízo de Admissibilidade: exame quanto à possibilidade de 
conhecimento do recurso pelo órgão competente, em função das condições e 
pressupostos genéricos previstos em lei. 
Conhecimento e não conhecimento - juízo de admissibilidade no órgão que tem 
competência para julgar o mérito do recurso; Seguimento e não seguimento – juízo de 
admissibilidade no órgão a quo. 
 
Os recursos de admissibilidade se dividem em intrínsecos e em extrínsecos. Vejamos: 
 
Requisitos intrínsecos: são as condições para que ele possa ser examinado pelo 
mérito 
1. Cabimento 
2. Interesse recursal 
3. Legitimidade 
4. Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer 
 
Quanto a este último, há doutrinadores que o classifica como requisito intrínseco e 
outros como extrínseco. 
Requisitos extrínsecos: são aqueles que não dizem respeito à decisão recorrida, e à 
relação de pertinência entre ela e o recurso interposto, mas são exteriores, 
relacionam-se com fatores externos, que não guardam relação com a decisão. 
5. Tempestividade 
6. Preparo 
7. Regularidade formal 
 
Analisemos cada um deles: 
 
1. CABIMENTO 
Saber se a decisão é recorrível e se o recurso interposto é o adequado para a impugnação 
da decisão (cabimento + adequação). Este requisito se relaciona a seguintes regras: .Da 
Direito Processual Civil 
Recursos Cíveis 
 
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Profª Elisângela Ap. Medeiros 
 
taxatividade dos recursos: o rol de recursos é taxativo, só existindo aqueles previstos em 
lei; e .Da singularidade ou unirrecorribilidade: cada decisão apenas poderá ser 
impugnada por um recurso de cada vez. 
2. INTERESSE 
O recurso deve ser útil e necessário ao recorrente, que deverá demonstrar que poderá 
alcançar algum proveito com o recurso, e que este proveito depende de sua interposição. 
Para que haja interesse é preciso que, por meio de recurso, se possa conseguir uma 
situação mais favorável do que a obtida com a decisão ou a sentença. 
 
3. LEGITIMIDADE 
Quem pode recorrer: para interpor é preciso ter legitimidade. São legitimados: 
 Parte: autor e réu são legitimados por excelência (inclui também aqueles que 
tenham admitidos por força de intervenção de terceiros) 
 MP como fiscal da lei (mesmo que as partes não recorram – tal legitimidade do 
MP é autônoma – há duas súmulas do STJ que ratificam isso: n. 99 e n. 226). 
Súmula 99: o MP tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como 
fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte. 
 
Súmula 266: o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido 
na posse e não na inscrição para o concurso público. 
 
 Terceiro prejudicado (considera-se terceiro prejudicado todo aquele que poderia 
ter intervindo no processo e até então não o fez, inclusive o litisconsorte 
necessário não citado). Apenas não poderá recorrer como terceiro aquele que 
poderia ter sido opoente e não o foi, tendo em vista que se não houvesse essa 
vedação, este estaria suprimindo uma instância. O prazo do recurso de terceiro é 
aquele do recurso para as partes. 
 
4. INEXISTÊNCIA DE FATOS IMPEDITIVOS OU EXTINTIVOS DO DIREITO 
DE RECORRER 
É um requisito negativo. A doutrina costuma identificar três fatos (exemplos) que não 
podem ocorrer, quais sejam: 
. Renúncia ao recurso: não pode ter havido renúncia ao recurso para que este seja 
admitido, lembrando que a renúncia antecede a interposição do recurso e independe da 
anuência da outra parte. 
. Aceitação da decisão: se a parte aceitou a decisão, cumprindo-a espontaneamente (e 
não de uma decisão que determine certa conduta sob pena de multa!) não poderá 
posteriormente recorrer até porque haveria preclusão lógica. 
. Desistência: desistir de um recurso corresponde à sua revogação, tendo em vista já ter 
sido o mesmo interposto (logo, pressupõe-se que o recurso já foi interposto. Só há 
desistência de recurso que já foi interposto). A desistência do recurso independe de 
homologação judicial, bem como da anuência da parte contrária, podendo se dar até o 
início da votação. O recurso de outro recurso do qual já se havia desistido acarreta em 
sua inadmissibilidade. 
Direito Processual Civil 
Recursos Cíveis 
 
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Profª Elisângela Ap. Medeiros 
 
 
5. TEMPESTIVIDADE 
Todo recurso deve ser interposto dentro do prazo estabelecido em lei. Será 
intempestivo,e, portanto, inadmissível, o recurso que for apresentado fora do prazo, 
devendo ser observado quanto à contagem e a possibilidade de prorrogação o disposto 
no CPC, art. 184. ART 224, § 1º, 2º, 3º 
O MP, os entes públicos, e aqueles acompanhados por Defensor Público têm prazo em 
dobro para recorrer; por outro lado, MP e Fazenda pública não possuem prazo em dobro 
para contrarrazoar o recurso, diferentemente do Defensor Público, que sempre terá 
prazo em dobro parafalar nos autos, consoante previsão na Lei de Assistência Judiciária 
(de 1950). Obs.: o STJ não tem admitido o prazo em dobro para aqueles que prestam 
assistência por meio de universidades. (Art. 188 cpc/73) ART. 180 CPC/15 
Litisconsortes com advogados diferentes terão prazo em dobro (art. 191). (ART. 229 
CPC/15 
Relevante ainda a leitura do art. 507 do CPC/73: “Art. 507. Se, durante o prazo para a 
interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado, ou 
ocorrer motivo de força maior, que suspenda o curso do processo, será tal prazo 
restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a 
correr novamente depois da intimação.” ART 1004 CPC/15 
 
6. PREPARO 
É o pagamento das despesas relacionadas ao processamento do recurso; certo que o 
montante do preparo equivale à soma das custas com as despesas postais (porte de 
remessa e retorno). 
O preparo deve ser feito anteriormente à interposição do recurso, tendo em vista que 
quando for interpor o recurso dever-se-á comprovar o preparo. 
Frisa, ainda, que o preparo insuficiente, ou seja, menor que o devido, não gera, 
automaticamente, inadmissibilidade, devendo o recorrente ser intimado a completar o 
preparo pelo órgão judiciário. Existe um direito a complementação, conforme art. 511, 
CPC/73 - ART 1007 CPC/15 
A doutrina costuma utilizar o substantivo “deserção” para referir-se à inadmissibilidade 
pela ausência do preparo. 
Há situações em que é possível se relevar a deserção, desde que haja justo motivo para 
que não se tenha procedido ao preparo (calamidade pública, greve bancária, etc.), 
situação em que o juiz deverá conceder novo prazo para tanto (art. 519, do CPC/73) 
ART. 1007, § 6º 
 Embora seja um artigo previsto para a apelação, aplica-se a todos os recursos. 
 
OBS.: 
Não exige preparo os seguintes recursos: Agravo Regimental; Embargos de 
Declaração; Recursos do ECA; e Agravo do art. 544/73 (não conhecimento de RE ou 
REsp). ART. 1042 CPC/15 
Direito Processual Civil 
Recursos Cíveis 
 
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Profª Elisângela Ap. Medeiros 
 
São dispensados do preparo: Defensoria Pública; MP; Fazenda Pública; e os 
beneficiários da Justiça Gratuita. Frisa-se que este benefício poderá ser requerido no 
próprio recurso, mas não sendo concedido, deverá o tribunal fixar o prazo para o 
respectivo depósito. 
 
7. REGULARIDADE FORMAL 
Em regra apresentados por escrito, acompanhado das respectivas razões (não será 
admitido o recurso que venha desacompanhado de razões), a formulação da pretensão 
recursal, aduzindo se pretende a reforma ou anulação da decisão, ou de parte dela. 
O recurso, como todo ato processual, possui suas formalidades, por exemplo, deverá, 
em regra, ser escrito (Embargos de declaração nos juizados pedem ser realizados de 
forma oral;  Agravo retido também pode ser feito de forma oral nas audiência de 
instrução e julgamento); ser assinado por advogado; ter pedido para não ser inepto; ser 
fundamentado. 
8 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO RECURSAL 
 
Princípio do duplo grau de jurisdição: tratado entre os princípios fundamentais do 
processo civil, que diz respeito diretamente ao direito de recorrer. Garantia de boa 
justiça (Nery) – A CF/88 traça os limites do duplo grau, garantindo-o, mas não de forma 
ilimitada. 
Princípio da taxatividade: o rol legal de recursos é taxativo, numerus clausus. Só 
existem os previstos em lei, art. 496 CPC. ART 994 CPC/15 
Princípio da singularidade ou unirrecorribilidade: para cada decisão judicial deve 
existir um único recurso a ela correlacionado, num mesmo momento processual. – CPC 
e critério finalístico 
** Exceção: acórdão que, decidindo uma única questão, com fundamento legal e 
constitucional, leva a parte a interpor Resp e RE simultaneamente. 
Princípio da fungibilidade: possibilidade de que, em casos de dúvida objetiva, o 
tribunal receba um recurso por outro. São condições da fungibilidade: a) existência de 
dúvida objetiva, assim entendidos os casos em que há controvérsia jurisprudencial e 
doutrinária, ou erro do juiz; b) interposição no prazo menor, em caso de prazos 
diferentes para os recursos possíveis (segundo parcela da doutrina, não se faz necessário 
obedecer esse requisito). Não se aplica a fungibilidade em casos de erro grosseiro ou 
má-fé. 
Este princípio tinha previsão expressa no CPC/19 e atualmente, vigora o entendimento 
de que o princípio da fungibilidade continua sendo aplicado como consequência do 
princípio da instrumentalidade das formas previsto no art. 244 do CPC/73 (ART. 277 
CPC/15), sendo que tanto a doutrina quanto a jurisprudência entendem que os requisitos 
do CPC/39 (tempestividade e erro não grosseiro) ainda se aplicam. 
Princípio da proibição da reformatio in pejus: o recurso não deve resultar para o 
recorrente situação de piora em relação àquela em que lhe fora imposta pela decisão 
recorrida (também não se aceita a reformatio in melius, pois não pode o tribunal 
melhorar a situação do recorrente para além dos limites por ele mesmo fixados no 
recurso).

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