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ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 32 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA: TENDÊNCIAS ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA: TENDÊNCIAS © R on C ha pp le S tu di os D re am st im e. co m ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 33 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S A EVOLUÇÃO DO ESPORTE E DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA Desde a época dos primatas o homem pratica atividade física, porém os exercícios evoluíram com o passar dos séculos. As primeiras atividades físicas praticadas pelo ser humano eram fugas de animais predadores e lutas por áreas prati- camente inexistentes nos dias de hoje. Essas atividades deram início ao que hoje chamamos de esporte. Acredita-se que os gregos e os per- sas foram os pioneiros na prática esportiva. Os tempos mudaram, mas desde aquela época o ser humano vem se preocupando cada vez mais em ter uma boa qualidade de vida através dos exercícios físicos. A nutrição faz parte da vida dos atletas desde a Antigüidade. Alguns atletas tinham crenças e tabus e costumavam se alimentar de forma diferente antes das competições esportivas. Há relatos de 580 a.C. sobre atletas gregos que adotavam dietas especiais, porém nessa época ainda não existiam estudos científi- cos sobre a nutrição no esporte. Apenas recentemente é que se conheceu a importância da nutrição para a melhora do desempenho do atleta na prática esportiva. O pri- meiro estudo a esse respeito data de 1924/1925 e foi feito com atletas O rendimento dos atletas vem aumentando gradativamente e as últimas olimpíadas constituem um termômetro que demonstra o fato. Os sucessivos recordes alcançados por esportistas de todas as áreas mostram claramente maior preparo físico. Associada ao sucesso de talentosos atletas está a ciência, colaborando bastante para obter os louros da vitória. A medicina esportiva contribui para o aumento do rendimento, orientando os atletas com procedimentos corretos para evitar desgastes e auxiliando na prevenção de problemas que, antigamente, deixavam esportistas valiosos fora das competições. Aliada aos avanços da medicina está a nutrição esportiva, que entra em campo com força total para que atletas possam extrair o máximo de suas potencialidades na prática de esportes. corredores, que participaram da Maratona de Boston. Esse estudo de- monstrou a importância da ingestão de carboidratos durante exercícios prolongados. Nos anos 60, em pesquisas feitas sobre o glicogênio, foi descrita pela primeira vez a dieta da super com- pensação, que consistia, primeiro, na diminuição do conteúdo de carboi- dratos da dieta, seguida do aumento da sua ingestão, acompanhado de uma diminuição na intensidade dos treinos, a fim de otimizar os estoques de glicogênio muscular. O efeito desta prática era um aumento no tempo de resistência, sem que ocorresse a diminuição da intensi- dade na prova. Esse tipo de conduta nutricional foi usado com sucesso por muitos atletas e é utilizado até hoje por alguns competidores. A preocupação com a qualidade de vida tem se tornado assunto de destaque em todo o mundo. A práti- ca regular de esportes acompanhada de uma alimentação adequada cons- titui o principal foco para alcançá-la, fazendo história nos consultórios, na vida das pessoas e, principalmente, no mundo dos esportes. OS ALIMENTOS FUNCIONAIS NO ESPORTE Atualmente, tem se dissemi- nado muito a idéia de se utilizar “o alimento como medicamento”, contemplando dessa forma as lições de Hipócrates - o pai da medicina - proferidas há 2.500 anos atrás. Todo alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, produz efeitos benéficos à saúde, é denominado alimento fun- cional, o qual tem sido amplamente divulgado, na atualidade, como promotor de saúde para pessoas em geral, inclusive esportistas. Alimentos com propriedades funcionais de importância signi- ficativa são aqueles que possuem ação antioxidante, ou seja, dimi- nuem a produção de radicais livres decorrentes da prática esportiva, especialmente nas atividades de longa duração. Durante a prática esportiva ocor- re um aumento de 10 a 20 vezes no consumo total de oxigênio do organismo e um aumento de 100 a 200 vezes na captação de oxigênio pelo tecido muscular, favorecendo a produção de radicais livres, o que contribui para a ocorrência de da- nos celulares, o que pode prejudicar o desempenho do atleta e ocasionar problemas à saúde. De maneira geral, os especia- listas recomendam atender todas as necessidades de nutrientes essenciais, além de enriquecer a alimentação com fontes de alimen- tos funcionais. Isto pode ser obtido através de uma alimentação ampla- mente variada e com a inserção de alguns dos alimentos descritos na tabela a seguir. ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 34 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS E NATURAIS Albumina. A albumina é a pro- teína mais abundante em ovos; está presente também no músculo e no sangue. Comercialmente extraída da clara do ovo, a albumina é uma pro- teína de alto valor biológico (fornece todos os aminoácidos essenciais), sendo muito importante para atle- tas que desejam realizar uma dieta hiperprotéica. É facilmente digerida e absorvida, o que facilita a recupe- ração do organismo. Sua necessidade é discutível, pois não é necessário suplementar o organismo com proteí- nas isoladas, bastando escolher os ali- mentos de forma correta. Por conter grande quantidade de aminoácidos essenciais, é mais importante para re- cuperar desnutridos do que aumentar a massa muscular de atletas que já se alimentavam de forma correta. Não há uma dose geral. Cada caso deve ser estudado, mas a recomendação é de aproximadamente 1,5g/kg para o total de proteína da dieta, somando- se suplementos e alimentos. Arginina, lisina e ornitina. São três aminoácidos encontrados em diversos alimentos. Ainda não há um consenso sobre a relevância de ingerir esses três aminoácidos sobre o organismo humano. Especula-se, ainda sem comprovação, que a as- sociação desses três aminoácidos estimula a liberação de GH (hormô- nio do crescimento), porém mais pesquisas precisam ser realizadas. A dose recomendada é de 40mg a 170mg/kg de peso corporal para a melhor estimulação do hormônio do crescimento. BCAA (Branched-Chain Amino Acids, em português aminoácidos de cadeia ramificada) - Leucina, valina e isoleucina. São aminoáci- dos abundantes em carnes e que têm a característica de serem essenciais ao organismo, ou seja, o corpo não os produz. Esses três aminoácidos pas- saram a atrair a atenção de pesquisas quando, na década de 80, formulou- se a hipótese de que seu uso reduz as chances do triptofano plasmático chegar à barreira hematoencefálica, reduzindo a produção de serotonina no cérebro, de modo que os sintomas de fadiga relacionados ao exercício seriam reduzidos. Porém, o seu uso também pode estar associado à melhora dos processos anabólicos e anticatabólicos. Até o momento, o aspecto mais favorável ao seu uso é de prevenir em até 40% o risco de infecções no trato respiratório su- perior de triatletas. Com a ingestão de 5g a 10g/dia atinge-se seu efeito máximo. b - H M b o u β - h i d r ox i - β - metilbutirato. É um metabólito da leucina. Tem recebido o mérito de ser um importante anti-catabólico, aumentando força e massa muscu- lar com sua suplementação. Seus efeitos ainda estão sendo estudados, pois o b-HMb não tem apresentado influências positivas em atletas de alto nível de condicionamento. A dose recomendada é de 1,5g a 3g/dia durante4 a 8 semanas. Bicarbonato de sódio. É um po- tente elemento tampão produzido pelo organismo. Durante atividade com predomínio da glicólise anaeró- bia, o pH sangüíneo tende a reduzir- se, prejudicando a performance. O propósito de ingerir tal substância COMPONENTES ATIVOS PROPRIEDADES PARA A SAÚDE ALIMENTOS FONTES Flavonóides Antioxidantes que previnem o câncer, além de apresentarem atividade antiinflamatória. Frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra, cereja e salsa. Ácidos graxos ômega 3 Redução do colesterol ruim (LDL); apresentam ação antiinflamatória. Peixes marinhos, como salmão, sardinha, atum, anchova e arenque. Ácido alfa-linolênico Estimula o sistema imunológico e tem ação antiinflamatória. Óleos de linhaça, soja, nozes e amêndoas. Licopeno Potente antioxidante que reduz o risco de certos tipos de câncer, como de próstata. Alimentos vermelhos em geral: tomate e derivados, melancia, goiaba vermelha e pimentão vermelho. Isoflavonas Antioxidante que diminui o colesterol e reduz sintomas da menopausa em mulheres. Soja e derivados. Catequinas Reduzem a incidência de certos tipos de câncer, reduzem o colesterol e estimulam o sistema imunológico. Chá verde, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, uva roxa e vinho tinto. Fibras solúveis e insolúveis Melhora o funcionamento intestinal e, com isso, reduz o risco de câncer de cólon. As fibras solúveis podem ajudar no controle do colesterol e da glicemia. Cereais integrais, como aveia, centeio, cevada, farelo de trigo, etc., hortaliças e frutas. Probióticos - Lactobacilos Melhora o funcionamento intestinal e reduz o risco de constipação e câncer de cólon. Leites fermentados e iogurtes. ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 35 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S é elevar o pH para que a queda da performance associada à acidez seja retardada. Apesar de ter ação com- provada, a intensidade dos sintomas podem estar anulando os benefícios à performance. A dose recomendada é de 250 a 300mg/kg, porém é me- lhor iniciar com doses menores. Cafeína. É um importante es- timulante do sistema nervoso central, presente em chás, café, chocolate, guaraná e refrigerantes. Tem sido usado no exercício para reduzir a percepção de esforço, pois a cafeína modifica o limiar da dor, melhorando a performance. Seu efeito lipotrófico (emagrecedor) pode estar associado à liberação do hormônio catabólico adrenalina. Apesar de ter eficiência comprovada em muitos estudos, a cafeína pode ser bastante prejudicial para alguns indivíduos, enquanto que apresenta pouco, ou nenhum efeito àqueles que já a consomem habitualmente. A dose para melhorar a performance é de 200mg a 300mg. Carboidratos complexos. Os carboidratos complexos são substân- cias presentes principalmente em vegetais, formados, quase sempre, de uma ou mais cadeias de glicose. Além de comporem substâncias essenciais ao organismo, também são uma das formas mais fáceis para que o organismo produza energia. Sendo composto de diversas uni- dades de açúcares, os carboidratos complexos têm a característica de serem absorvidos de forma lenta, de modo que exercem pouco estímulo à liberação de insulina, a qual, quando em excesso, causa letargia, fadiga e, às vezes, hipoglicemia. Assim, os carboidratos complexos devem ser ingeridos antes da prática de exercícios. Segundo a comunidade científica, os carboidratos são a for- ma mais segura de obter uma dieta hipercalórica, ou seja, quando asso- ciado ao exercício, facilitam o ganho de massa muscular por pouparem as proteínas e facilitam a recuperação. A dose recomendada é uma refeição com cerca de 200g a 300g de car- boidratos complexos de 3 a 4 horas antes da atividade física. Carnitina. É uma substância composta por aminoácidos presente em todas as mitocôndrias do corpo. Esse composto de aminoácidos tem recebido atenção por ser um dos responsáveis pela oxidação lipídica. Para que os ácidos graxos de cadeia longa atravessem a membrana mito- condrial para serem oxidados, há o auxílio da carnitina palmitoil trans- ferase, cuja concentração pode ser manipulada pela suplementação de carnitina. Em indivíduos deficientes de carnitina, sua suplementação é de grande importância, porém, até o momento, não há um consenso sobre sua influência na performan- ce. Ingerindo-se 2g/dia, estudos demonstram que a oxidação lipídica torna-se mais acelerada. Entretanto, os estudos ainda não são conclu- sivos. Creatina. Substância composta de dois aminoácidos (glicina e argi- nina) que é produzida nas células. Possui uma característica especial, a de ser a principal molécula de ressíntese de ATP nos primeiros 10 segundo de atividades máximas, o que significa que quando sua concentração é aumentada pela su- plementação, a ressíntese de ATP é mais eficiente e a recuperação mais rápida. Assim como no caso da gluta- mina, o seu efeito osmótico tem sido relacionado a uma maior síntese pro- téica. Como sua função ergogênica ocorre quase que exclusivamente em exercícios de alta intensidade e curta duração, não adianta ingeri-la antes de uma maratona. Em geral, nos três primeiros dia, usa-se uma dose ele- vada para a sobrecarga (20g a 30g), passando para a fase de manutenção (até 8 semanas) com 2g/dia. © M on ik a A da m cz yk D re am st im e. co m ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 36 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S Cromo. É um mineral co-fator de várias vias metabólicas, além de auxi- liar na função da insulina. Sabendo- se que a insulina é um dos principais hormônios anabólicos, este mineral tem sido usado por atletas que de- sejam aumentar a massa muscular. Sabe-se que o cromo acelera a perda de peso em indivíduos obesos, porém sem motivo esclarecido. Os efeitos ainda não são satisfatórios, a não ser que o indivíduo seja um iniciante. A dose recomendada é de 200mg a 300mg por dia e 400mg por dia para a perda de peso. DHEA ou dehidroepiandroste- rona. É um precursor natural da testosterona. Quando suplementa- do, oferece ganho de massa muscu- lar. Mas a relação custo-benefício, quando comparada à testosterona, ainda é desvantajosa ao DHEA. Além de ser considerado dopping, caso a testosterona se eleve acima de um padrão determinado, o seu uso deve obrigatoriamente ser acompanhado por um médico. A dosagem sugerida é de 100mg a 200mg/dia para homens e 25mg para mulheres. Garcínia cambogia. É um extra- to vegetal há muito tempo utilizado como medicamento no extremo Oriente. O ácido hidroxicítrico pre- sente neste vegetal age como um moderador de apetite; supõe-se que reduza a velocidade de conversão dos carboidratos em lipídeos. Ain- da pouco se sabe sobre sua função e segurança. Não foi estabelecido nenhuma dose que se suponha melhorar a performance. Ginseng. É um extrato de ervas. Supostamente ajuda o organismo a adaptar-se ao estresse, entretanto, ainda não há uma comprovação sobre sua ação e eficácia. Apesar de extensamente divulgado, esse extra- to vegetal ainda precisa ser melhor estudado. As doses recomendadas são de 100mg a 200mg três vezes ao dia. Glicerol. O glicerol é a parte hidrofílica que compõe os triglice- rídeos. Em atividades prolongadas, principalmente se realizadas em am- biente quente, a hidratação torna-se essencial. O glicerol possui a capa- cidade de reter água no organismo e, conseqüentemente, de promover a hiper-hidratação. Apesar de des- conhecerem muitos dos seus ma- lefícios, o glicerol tem apresentado bons resultados na hiper-hidratação. A dose padrão utilizada é de 1g/kg com 1,5 litro de 60 a 120 minutos antes do exercício. Glutamina. Encontradoem car- nes, é um aminoácido não-essencial, mas que desempenha diversas fun- ções. Além de ser um aminoácido de importante função como nutriente (energético) às células imunológi- cas, a glutamina apresenta impor- tante função anabólica, promovendo o crescimento muscular. Este efeito pode estar associado à sua capaci- dade de captar água para o meio intracelular, o que estimula a síntese protéica. É certo que sua queda após os exercícios intensos reduz a função imune, mas sobre seu efeito anabó- lico, apesar de sutil, as pesquisas apresentam dados cada vez mais favoráveis. Os melhores efeitos são demonstrados com a ingestão de 5g/dia em 330ml de água. Sais de fosfato. São sais contendo radicais de fosfato que atuam como substâncias básicas e carreadoras de oxigênio. Além de seu efeito sobre o tamponamento do ácido láctico, es- ses sais liberam oxigênio aos tecidos apresentando uma melhora nas vias oxidativas. Apesar de prometerem melhoras, nada foi, ainda, compro- vado. São recomendadas dosagens de 4g por 3 a 4 dias. Taurina. É um aminoácido pre- sente em alimentos de origem animal e é também produzida pelo homem. É usada nos energéticos por seu efeito desintoxicador, facilitando a excreção de substâncias pelo fíga- do que não são mais importantes ao corpo. Outro atributo relacionado a este aminoácido é de poder intensifi- car os efeitos da insulina, tendo sido responsável por um melhor funcio- namento do metabolismo de glicose e aminoácidos, podendo auxiliar o anabolismo. As respostas sobre sua eficiência estão apenas começando a serem respondidas. O consumo de três doses ao dia de 500mg cada reduz o catabolismo protéico. TCM ou Triglicerídeos de Cadeia Média. São substâncias decorrentes da digestão das gorduras e cujas cadeias de ácidos graxos são consi- derados de comprimento médio - de 8 a12 átomos de carbono. Os TCM, por serem absorvidos com maior velocidade e serem transportados diretamente ao plasma, são usados em atividades de endurance para ele- varem os ácidos graxos plasmáticos, facilitando a oxidação lipídica, de forma a pouparem os carboidratos. Mais pesquisas devem ser desen- volvidas, pois ainda não há certeza sobre sua eficácia. Apesar de reduzir o coeficiente respiratório, alguns sintomas adversos ainda inibem seu uso. A dose recomendada é, como solução a 5%, não mais do que 30g por hora. Tribulus terrestris. É um extrato vegetal que, por suas propriedades medicinais estimulantes, tem se difundido no Ocidente. O uso desta erva tem sido associado à elevação da testosterona plasmática e hipertrofia muscular. É usado, também, como diurético. Em estudos, não houve melhora na composição corporal as- sociado ao treinamento de força por 8 semanas com 3,21mg/kg de peso corporal. Apenas a dose de 3,21mg/ kg de peso corporal foi encontrada em estudos científicos. Vanádio. Assim como o cromo, este mineral age em diversas vias metabólicas, possibilitando ao or- Desde a época dos primatas o homem pratica atividade física, porém os exercícios evoluíram com o passar dos séculos. ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 38 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S ganismo realizar algumas de suas funções. De forma semelhante ao cromo, o vanádio age melhorando a sensibilidade dos tecidos à insulina, de modo que seu uso pode estar asso- ciado à elevação da massa muscular. Buscar suplementos cuja eficácia já tenha sido comprovada é a melhor forma de evitar possíveis prejuízos à saúde. Sugere-se cerca de 30mg a 50mg com as refeições. SUBSTRATOS ENERGÉTICOS E A ATIVIDADE FÍSICA A nutrição esportiva, apesar de ainda ser muito recente como ciên- cia, tem se tornado cada dia mais independente como área de atuação do profissional nutricionista. O tema em questão não se resume apenas a utilização do carboidrato como prin- cipal fonte de energia ou a oxidação dos ácidos graxos nos exercícios de baixa intensidade, podendo ser cada vez mais específicas as necessidades de desempenho e composição corpo- ral do esportista e do atleta. O termo esportista, neste contexto, se refere também ao indivíduo praticante de atividade física, uma vez que é co- mum a atuação do nutricionista em academias e consultórios, em busca de emagrecimento e qualidade de vida, e ainda de atletas com fins com- petitivos e objetivos de performance e melhora da composição corporal. A base da nutrição e fisiologia aplicada ao exercício é igual para ambos, porém os cuidados podem ser mais direcionados quando pro- blemas comuns são encontrados nestes diferentes grupos. O fornecimento de energia acon- tece quando há uma demanda (soli- citação) do músculo em contração. A energia do alimento não vem pron- ta para utilização, ou seja, passa por um processo de degradação através da digestão, sendo posteriormente armazenada em formas mais com- pactas. Os carboidratos, que são quebrados em moléculas de glico- se, são armazenados no músculo e fígado em forma de glicogênio. A gordura é degradada em ácido graxo e glicerol e armazenada em forma de triglicérides, e os depósitos de proteínas encontram-se sob a forma de aminoácidos. O substrato energético utiliza- do durante o exercício dependerá do tipo, intensidade e duração da atividade física. Dependendo da mo- dalidade esportiva, basicamente três sistemas de fornecimento de energia atuam para o desempenho do indi- víduo: ATP-CP, sistema anaeróbio e sistema aeróbio. Quando o indivíduo passa de um estágio de repouso e dá início ao exercício, o primeiro sistema de fornecimento imediato de energia é ativado para fornecer energia rápida ao músculo em atividade à sistema ATP-CP. A atividade pode durar segundos, como provas de curta duração e alta intensidade, corrida de 100 metros, provas de natação de 25 metros, levantamento de peso, sprints no futebol ou uma cortada no vôlei. Esta energia é proporcio- nada pelos fosfatos de alta energia (ATP e CP) armazenados dentro dos músculos específicos em atividade, portanto, a sua liberação acontece mais prontamente. O ATP é a prin- cipal fonte de energia para todos os processos do organismo, porém esta fonte de energia é limitada e deve ser continuamente reciclada dentro da célula. Esta ressíntese acontece a partir dos nutrientes e do composto creatina fosfato (CP). Os estoques de creatina fosfato são ressintetizados pelo músculo a partir de três aminoácidos: glicina, arginina e metionina (s-adenosil metionina), que pode ser encontrada tanto na forma livre, como creatina l, ou fosforilada, denominada fosfo- creatina. À medida que o exercício conti- nua, a via glicolítica - liberação de © M on ik a A da m cz yk D re am st im e. co m ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 39 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S energia a partir dos carboidratos - é ativada. Existem dois estágios para a degradação da glicose no organis- mo. O primeiro, é a decomposição de glicose para duas moléculas de ácido pirúvico, o qual é convertido em ácido láctico. Estas reações envolvem transferências de energia que não necessitam de oxigênio - de- nominadas anaeróbias. Ocorrem du- rante exercícios de alta intensidade e média duração (alguns minutos), como lutas, musculação, resistência localizada e de velocidade. De forma prática, o conhecimento da inten- sidade do exercício será relatada pela freqüência cardíaca durante a sessão de treinamento. Por exemplo, uma aula de aeróbica em academia pode ser de alta intensidade para um aluno e baixa para outro melhor con- dicionado. No caso de intensidades altas, o principal substrato utilizadoé o carboidrato, pela grande libera- ção de glicose durante a atividade. O tempo de exercício é limitado pela oferta de glicogênio disponível. Neste caso, a suplementação com carboidratos é benéfica, podendo prolongar o tempo de atividade. Se o indivíduo mantém a intensi- dade do exercício moderada ou baixa com uma freqüência cardíaca abaixo do limiar (onde a demanda de ácido lático é pequena), o ácido pirúvico é convertido em um componente chamado acetil CoA, que entrará no ciclo de Krebs, iniciando o sistema de fornecimento de energia aeróbia, como em atividades de resistência, maratonas, ciclismo, caminhadas e natação. Neste momento, a gordura tam- bém contribuirá para as necessida- des energéticas do músculo. O ácido graxo livre entra na célula muscular, sofre uma transformação enzimática chamada ß-oxidação, e transforma- se em acetil CoA, que entrará no ciclo de Krebs. Este processo é de- nominado lipólise. Os depósitos de glicogênio hepático e muscular são capazes de fornecer apenas 1.200 a 2.000cal de energia, enquanto a gordura armazenada nas fibras musculares e células de gordura podem fornecer cerca de 70.000 a 75.000cal. Portanto, quando ocorre a utilização de ácidos graxos, o tempo de atividade tende a ser prolongado. Proporcionalmente, haverá maior utilização da gordura, entretanto, o carboidrato é necessário para dar início ao ciclo. Os exercícios aeróbicos, além dos benefícios cardiovasculares, poten- cializam a capacidade do músculo em utilizar a gordura como substra- to energético, sendo uma forma de preservar o glicogênio muscular. A ingestão de gorduras não esti- mula o músculo a utilizar os ácidos graxos livres. Os fatores estimulan- tes para a lipólise são o exercício, a presença de oxigênio e um alto nível de catabolismo dos carboidratos. Os carboidratos e gorduras são os combustíveis preferenciais. Porém, as proteínas (formadas por aminoácidos), são transformadas nos intermediários do metabolismo, como piruvato ou acetil CoA, para entrar no processo de fornecimento de energia. A energia total prove- niente deste metabolismo protéico pode variar de 5% a 10%. Em casos de déficit de carboidratos, a demanda de proteína para atender as necessi- dades do músculo aumenta. SUPLEMENTOS VERSUS ALIMENTOS Pesquisas recentes demonstram que muitos suplementos são utili- zados tanto por atletas como pela população em geral, sendo que a prevalência do uso por atletas não é muito maior do que a de indivíduos não atletas. A suplementação pode superar a ingestão diária recomen- dada de diversos nutrientes e subs- tâncias, muitas vezes com alguns efeitos desejáveis e outros colaterais. O mercado de suplementos nutricio- nais oferece uma série de produtos com funções específicas ao organis- mo. Os ergogênicos, por exemplo, são aqueles que podem promover aumento do desempenho físico além da capacidade fisiológica. Já os re- positores, são aqueles utilizados em determinadas fases para garantir a reposição dos nutrientes perdidos por alguma situação específica. O consumo de suplementos mui- tas vezes é feito por indivíduos com baixo consumo alimentar, apenas corrigindo o déficit nutricional, o que pode ser alcançado tranqüila- mente através da alimentação. É fundamental que a suplementação seja indicada e acompanhada por um profissional qualificado, pois o efeito pode ser contrário ao espera- do, trazendo conseqüências sérias e irreversíveis. Também é importante conhecer a composição e a indicação do produto e ter consciência de que todo suplemento deve ser fabricado dentro de certos padrões de qua- lidade para que sejam preservadas suas características e garantir sua eficácia e inocuidade. A fim de diminuir o risco de saúde no consumo de suplemen- tos nutricionais com a atividade física, o Ministério da Saúde regu- lamenta estes produtos de acordo com sua finalidade, dando assim uma característica de necessidade, consumo e, inclusive, estabelecendo quantidades. Os suplementos nutri- cionais são classificados como: Aminoácidos. Deste grupo, todas as formas de aminoácidos isolados (partes de proteínas) estão excluí- dos da classificação de suplemen- tação alimentar, sendo que apenas os BCAAs são permitidos como suplemento. Até o momento, o Mi- nistério da Saúde entende que altas dosagens de aminoácidos não são seguras suficientes para o consumo generalizado. Compensadores. Pós que en- riquecem sucos ou leite e são for- mulados com todos os nutrientes necessários a uma dieta. Acrescen- tam calorias, proteína, carboidratos, vitaminas e minerais, de acordo com a necessidade calórica aumentada do esporte praticado. Repositores. São bebidas espor- tivas com o objetivo de repor água, sais e carboidratos (glicose) de forma mais rápida, evitando a desi- dratação de uma atividade intensa e/ou longa ou, ainda, causada pela temperatura elevada do ambiente. Energéticos. Especialmente desenvolvidos para repor ou forne- cer energia aos treinamentos. São ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 40 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S basicamente formulados à base de carboidratos e podem ser consumi- dos em pó (misturados em água) ou saches em gel. Aqui podem ainda ser consideradas as barras à base de cereais que fornecem basicamente carboidratos. Protéicos. Basicamente proteí- nas, em pó ou em forma de barras, produzidas a partir da proteína do ovo (albumina) do leite (caseína) ou isolados de soja. Sabendo sobre a função e a clas- sificação destes produtos, todos os atletas e esportistas podem manter bom rendimento com mais segu- rança. Além disso, o uso adequado e orientado por profissionais espe- cialistas (médico/ nutricionista) levam aos melhores resultados no controle de peso corporal, ganho de massa muscular e melhora no desempenho. PRODUTOS DISPONÍVEIS NO MERCADO BRASILEIRO No vasto mercado de suplemen- tos nutricionais, as bebidas isotô- nicas, energéticos e as barras de cereais são as grandes campeãs. Indicadas para a reposição de líquidos e sais minerais, como sódio e potássio, antes, durante e depois dos exercícios ou competições, as bebidas isotônicas são soluções cuja concentração de moléculas (osmolalidade) é semelhante aos fluidos do corpo e, portanto, podem ser incorporados e transferidos para a corrente sangüínea através do processo osmótico. São usadas principalmente para repor água e sais minerais perdidos pela transpiração ou outras formas de excreção, pois não interferem no equilíbrio hidroeletrolítico do corpo. São consideradas como be- bidas isotônicas o soro caseiro, a água de coco, e outros isotônicos industrializados, como Gatorade, SportDrink, Marathon, SportFluid, SportAde, etc. Por serem ótimos repositores hi- droeletrolíticos, as bebidas isotôni- cas passaram a ser comercializadas tendo como público-alvo principal- mente atletas ou praticantes de ati- vidades físicas. A moda dos produtos para esportistas se popularizou e começou a ser usada também fora das academias e quadras. No caso dos isotônicos, a princípio não existe contra-indicações, já que o objetivo do produto é repor água e eletrólitos perdidos pelo corpo. Os isotônicos industrializados são de agradável sabor e de fácil aceitação e, apesar de serem direcionados para praticantes de atividade físi- ca, vem ao longo dos anos sendo amplamente consumidos até por sedentários em substituição a refrigerantes. Existem vários mitos em torno deste produto. Um deles é que o seu consumo excessivo leva a problemas renais, devido às elevadas concen- trações de sais. Essa afirmação não é coerente, já que um saquinho de pipoca tem cerca de oito vezesmais sódio do que 500ml de um isotônico comum. É importante lembrar que essa mesma quantidade de sódio é 1/10 da necessidade diária reco- mendada pela RDA (Recomended Dietary Allowances). Portanto, o uso moderado dessas bebidas não possui restrições para quaisquer pessoas. O primeiro isotônico que se tem notícia foi formulado pelo Dr. Robert Johnson, da Florida State University, em 1962. Ao observar os atletas da universidade ficando desidratados, batizou sua fórmula de Seminole Fire Water. Diante dos bons resultados, levou sua fórmula a uma conferência de atletas e preparadores físicos e, na ocasião, distribuiu a bebida para mais de 60 atletas. Logo após a conferência, o Dr. Robert Cade, da Universidade da Flórida, criou o Gatorade, em 1965, para os jogadores de futebol ameri- cano Gators. O Dr. Cade entrou em acordo com a empresa Stokely-Van Camp e ambos produziram o Gato- rade em larga escala. A Stokely-Van Camp foi adquirida pela Quaker, em 1983, e desde então a bebida ganhou o mundo com o surgimento de outras marcas de isotônicos. MARCAS DE ISOTÔNICOS/ENERGÉTICOS DISPONÍVEIS NO MERCADO Marca Embalagem Adrenalina Lata Atomic Lata Bad Boy Lata Burn Lata D’Alice Garrafa Plástica Da Tribo Plástico Extra Power Lata Flash Power Lata Flying Horse Lata Guará Power Copo Guaramix Copo/Plástico Guaraná Power Copo Guaranapis Plástico Guaraplus Plástico Guaravita Copo Guaraviton Plástico Kapeta Plástico Night Power Plástico On Line Lata Red Bull Lata Sonny Plástico Viper Lata Citrus Indaiá Plástico Citrus Cool Parmalat Plástico Energil Sport Plástico Gatorade Vidro/Plástico Hiline Vidro Ice Plus Plástico Marathon Vidro/Plástico Maraú Plástico Skinka Plástico Taffman E Vidro Outro produto que se destaca no mercado dos suplementos são as barras nutricionais. Disponíveis no mercado em diferentes tipos, marcas, sabores e composições nutricionais, as barras nutricionais já estão inseridas e incorporadas definitivamente na dieta dos esportistas, por atenderem aos requisitos de opções dietéticas conve- nientes, saudáveis e de sabor agradável. Existem quatro tipos básicos de barras nutricionais. As barras de cereais fibro- sas são compostas predominantemente por fibras e carboidratos de rápida ab- ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 41 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S sorção (glicose), estando prontamente disponíveis para elevar a glicemia logo após a ingestão. Caracterizam-se pelo alto teor de fibras, podendo ser utiliza- das por qualquer pessoa nos intervalos das refeições. Em exercícios, o conve- niente é usá-las após o mesmo, já que o alto teor em fibras pode gerar um trabalho digestivo em um momento onde a prioridade do organismo é o tra- balho muscular, podendo atrapalhar, inclusive, o desempenho físico. Em média, estas barras possuem 100kcal e 20g de carboidratos, substituindo ade- quadamente, em termos calóricos, um lanchinho composto por uma vitamina de frutas ou uma fatia de pão integral com requeijão light. Normalmente, o lanche da manhã é composto de uma quantidade pequena de alimentos e o da tarde de uma quantidade um pou- co maior, o que permite, no segundo, a ingestão de até duas barras para um indivíduo normal com atividade moderada. Já as barras energéticas são compostas em grande parte por carboidratos de cadeia longa, menos fibrosas e ótimas para serem utiliza- das durante e após o exercício. São de fácil absorção, poupando parte do conteúdo muscular e diminuindo a fadiga. Para indivíduos que não fazem nenhuma atividade física, as barras energéticas se tornam um pouco caló- ricas, com 280 calorias em média. Sua ingestão é conveniente para um lanche da tarde de um indivíduo que necessite de 1.800 a 2.000kcal/dia. As barras protéicas são ideais para quem pratica atividade física, devendo ser consumidas após as mesmas para recuperação muscular. Não são indi- cadas para indivíduos que não fazem atividade física, porém podem ser incluídas caso alguma refeição seja omitida, como almoço ou jantar. As barras dietéticas e light são as mais novas no mercado; satisfazem o paladar daqueles que já aderiram ao uso de barras, com uma vantagem aos que não devem consumir calorias em excesso: possuem menos de 20g de carboidrato, isto é, menos carboidrato que uma fatia de pão. Em comparação às barras fibrosas, a baixa quantidade de gordura é um ponto positivo. Podem ser utilizadas por qualquer indivíduo, porém aqueles que praticam atividade física devem preferir as mais calóricas, com maior conteúdo nutricional. Além das barras nutricionais, o mercado dispõe do gel energético. Trata-se de um gel, encontrado nos sabores banana, pêssego, limão e mo- rango, rico em carboidratos de rápida e média absorção, ideal para atletas e esportistas. O FUTURO DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA A indústria de nutrição esportiva continua crescendo a cada ano. Os produtos destinados a esse mercado não atendem mais apenas a freqüenta- dores de academias e/ou atletas, mas abrangem agora um mercado mais amplo demograficamente. Nos últimos anos, o crescimento mais notável no mercado de nutrição esportiva se deu no segmento de bebi- das enriquecidas com proteínas. Esses drinques prontos altamente protéicos suplantaram o uso, mais tradicional e antigo, de pós adicionados a leite, água, etc. Utilizando embalagens assépticas produzidos pela Tetra Pak, essas bebi- das de baixa acidez estão crescendo rapidamente em popularidade no segmento de nutrição esportiva; o processo de empacotamento asséptico protege as composições de aminoácidos, ao contrário dos antigos processos enlatados, que danificam as proteínas e produziam off flavors. As barras protéicas que conhece- ram um boom há dez anos atrás já atingiram o pico máximo de vendas nos países industrializados e agora já estão estagnantes. A estabilidade das proteí- nas nas barras sempre foi problemática e muitos formuladores passaram a usar polióis (maltitol, sorbitol) na composi- ção das mesmas. Embora esses polióis melhorem a estabilidade das barras, costumam comprometer a estabilidade estomacal de seus consumidores! Ade- mais, o gosto das barras, embora tenha melhorado muito, continua sendo uma séria barreira na hora da repetição de compra. Já o mercado de perda de peso focou suas descobertas no corte de gorduras. As lignanas de gergelim, o ácido linoléico conjugado (CLA) e a fu- coxantina, a mais recente descoberta, possuem, até certo ponto, comprova- ções científicas que podem ajudar os consumidores a perder peso de forma segura e efetiva, além de não possuí- rem estimulantes, tais como cafeína, yohimbe, efedrina etc. A fucoxantina, um carotenóide encontrado em algas comestíveis, possui fortes propriedades termogênicas e viscerais de redução de gorduras, acompanhando a taxa me- tabólica normal e contribuindo para a manutenção de um peso saudável. Através da estimulação do desa- coplamento dos genes da proteína da mitocôndria das células de gorduras e suprimindo a diferenciação da célula e gordura, a fucoxantina promove a ter- mogênese (aumento do calor do corpo © M on ik a A da m cz yk D re am st im e. co m ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 42 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S para queimar mais calorias) e suprime a acumulação de lipídios nas células de gordura branca, as quais se acumulam no fígado e ao redor da barriga. Já as lignanas de gergelim e o CLA trabalham para equilibrar os hormônios e promo- ver a queima de lipídios. Antigamente,recorria-se a uma combinação prejudicial de efedra (efe- drina), cafeína e aspirina para aumen- tar a termogênese e induzir a perda de peso. Em função do falecimento de alguns atletas que abusaram da efedrina, a mesma passou a ser proi- bida pela FDA que, só recentemente, voltou a autorizar o seu uso, porém em baixas dosagens. Os pesquisadores descobriram um novo componente exclusivo, a beta-metoxi-feniletilamina, que tem resultado mais promissor, inclusive, do que a efedrina. Os cien- tistas examinaram a forma básica de beta-feniletilamina (conhecida como beta-PEA) durante anos, mas, desa- fortunadamente, a prevista vida média curta de seus componentes não a dei- xava, até agora, muito efetiva. Outra tecnologia que avança dia- riamente é a dos aminoácidos. Nos Estados Unidos, a empresa japonesa Kyowa Hakko desenvolveu o Sustami- ne, um dipeptídio dos dois aminoácidos L-alanina e L-glutamina, o L-analina- L-glutamina. O Sustamine é muito solúvel em água e estável em soluções, podendo assim ser utilizado para pro- piciar os benefícios da glutamina em uma grande variedade de aplicações. Já recebeu o estatuto de GRAS para uso em bebidas e alimentos. Comparado à L-glutamina, o Sus- tamine melhora o crescimento das células viáveis, além de reduzir o nível de amônia, que é um subproduto da degradação da L-glutamina. Estudos científicos sugerem que a suplemen- tação de glutamina minimiza o desar- ranjo do tecido muscular e melhora o metabolismo das proteínas. Vários estudos também mostram o efeito da glutamina no volume das células. Um estudo mais recente mostrou um aumento de 400% no nível de cresci- mento hormonal com o consumo de 2g de L-glutamina. Outro aminoácido utilizado na área de nutrição esportiva é a β-alanina, um aminoácido não-essencial encontrado em muitos alimentos, como o frango, por exemplo. Por si só, a β-alanina não é muito ergogênica. Segundo estudos, quatro semanas de suplementação com β-alanina (4g a 6g por dia) resul- tou em um aumento médio de 64% do músculo esquelético. Os ingredientes protéicos também foram completamente revoluciona- dos pela indústria esportiva. Durante anos, a indústria usou amplamente a proteína concentrada de soro, mas os grandes fabricantes, como a Glanbia Nutritionals, por exemplo, descobriram que a fração isolada do soro possui múltiplos benefícios para a saúde, como melhoria do sistema imune e dos níveis de nitrogênio no fluxo sangüíneo, favorecendo um ótimo crescimento muscular. A Glanbia Nutritionals produz uma proteína isolada de soro 100% pura, ultra-filtrada/micro-filtrada (UF/MF), de fácil assimilação e da melhor qualidade disponível no mercado. A proteína isolada de soro ultra- filtrada/micro-filtrada utiliza processos especiais que não danificam ou desna- turam os peptídios. Este processo, em conjunto com a qualidade da proteína usada, deixa a proteína intacta e permi- te ao organismo uma absorção rápida e fácil, sem gerar problemas estomacais (gás, refluxo). A proteína isolada de soro também é rica em frações glico- macropeptídicas altamente bioativas e beta-lactoglobulina, imunoglobulina, glicopeptídios e lactoferrina. Estes são os principais componentes do soro que alimenta o sistema imune e os tecidos musculares, juntamente com as altas quantidades de aminoácidos de cadeia ramificada. Em termos de inovação nessa área, o PeptoPro, da DSM, tem chamado a atenção do mercado nos últimos anos. Esse peptídeo especial da caseína é absorvido e age mais rapidamente na recuperação muscular do que qualquer outra proteína digestiva. O PeptoPro é um derivado da proteína de leite pré- digerido, neutro em gosto. Uma enzi- ma patenteada pela DSM reduz o gosto amargo típico, gerando minúsculos fragmentos de proteína (peptídios) que são rapidamente absorvidos na circu- lação sangüínea, ao mesmo tempo em que abastecem os músculos. PeptoPro contém 26% de glutamina em uma forma de peptídeo estável para uso em proteína para bebidas prontas, propor- cionando benefícios à musculatura e a saúde intestinal. A Davisco também inovou na área de proteínas com a sua nova alfa-lactal- bumina para aplicação em formulações infantis e em bebidas funcionais. A alfa-lactalbumina é a mais pura forma de alfa-lactalbumina bovina disponível comercialmente. A alfa-lactalbumina é a proteína primária do leite humano; é rica no aminoácido triptofano , um precursor do neurotransmissor serotonina. O grande benefício da alfa-lactalbumina está no seu efeito regulador do com- portamento neural, como apetite, sono, memória muscular, percepção da dor, humor, ansiedade e controle do estresse. Outra proteína amplamente usada agora em bebidas nutritivas para espor- tistas é a caseína micelar. Trata-se da forma natural desnaturada da caseína encontrada no leite, que é separada do mesmo através de ultra-filtração, sem o uso de substâncias químicas; aumenta a quantidade de peptídeos bioativos do leite que suportem a função imune, bem como aumentam o crescimento muscular. A caseína micelar tem a habilidade única de formar um “gel” no intestino, propiciando uma libe- ração constante de aminoácidos na circulação sangüínea, o que a torna uma excelente opção como proteína anti-catabólica de longa duração. Outras soluções high-tech estão sendo pesquisadas e, com certeza, o mercado de suplementos, alimentação e bebidas para esportistas não deve parar de crescer tão cedo. A indústria de nutrição esportiva continua crescendo a cada ano. ALIMENTAÇÃO ESPORTIVA 43 F U N C IO N A IS & N U T R A C Ê U T IC O S
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