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PARASITOSES INTESTINAIS Academico: Vinicius Aldo Cury Silva PARASITOSES INTESTINAIS Constituem um importante problema de saúde pública Principalmente em países subdesenvolvidos Prevenção – 3 Pilares: Saneamento básico, acesso à alimentação saudável e educação continuada da população. PARASITOSES INTESTINAIS HELMINTOS Ascaridíase Ancilostomíase Tricuríase Enterobíase Estrongiloidíase Esquistossomose PROTOZOÁRIOS Giardíase Amebíase HELMINTOS ASCARIDÍASE Ascaris lumbricoides EPIDEMIOLOGIA É a helmintíase humana mais prevalente no mundo A OMS estima-se que existam cerca de 1 bilhão de indivíduos infectados no mundo A alta prevalência da infecção resulta pela grande produção de ovos pelas fêmeas fecundadas e pela resistência dos ovos em condições ambientais extremas MODO DE TRANSMISSÃO Ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas (200.000 ovos por dia) / (Podem permanecer viáveis em 5 a 10 graus por até 2 anos). 5 ASCARIDÍASE Ascaris lumbricoides CICLO BIOLÓGICO: RESUMO: Após a ingestão dos ovos eles chegam no intestino delgado. As larvas são liberadas, penetram na parede intestinal e migram para os pulmões pela circulação venosa. Os parasitas causam então a ascaridíase pulmonar, a medida que invadem os alvéolos e migram pelos brônquios , traquéia e faringe. Subsequentemente são deglutidos e retornam ao intestino, onde amadurecem até se tornarem vermes adultos. 6 QUADRO CLÍNICO: Depende da intensidade da infecção e dos órgãos comprometidos Assintomática Carga parasitária leve ou moderada Manifestações pulmonares Ciclo da larva Síndrome de Loeffler: febre, tosse, dispnéia e EOSINOFILIA Intestino delgado Ciclo de verme adulto Dor abdominal, diarréia, náuseas e anorexia ASCARIDÍASE Ascaris lumbricoides sintomas de acordo com o percurso desenvolvido pelas larvas durante sua migração no organismo do hospedeiro, até alcançar sua maturidade reprodutiva e chegar ao seu habitat natural. A fase de invasão larvária geralmente é assintomática, mas quando há elevadas cargas larvárias pode causar hepatomegalia e mais raramente icterícia. Durante a passagem das larvas pelos pulmões ocorre a eosinofilia pulmonar aguda (Sindrome de Loeffler). A sintomatologia é inespecífica e variada quando no tubo digestivo ocorre a maturação das larvas e a presença de vermes adultos. 7 ASCARIDÍASE Ascaris lumbricoides QUADRO CLÍNICO: Complicações: Obstrução intestinal Grande número de parasitas Enovelamento dos parasitas na luz do intestino – “Bolo de áscaris” Sintomas da obstrução/semiobstrução: Vômitos; cólicas intensas; distensão abdominal; eliminação dos parasitos nas fezes ou pelo vômito. Volvo, perfuração intestinal, colecistite, pancreatite Ação espoliativa O verme adulto pode consumir proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas A e C do hospedeiro. Isto pode resultar em subnutrição e baixo desenvolvimento físico e mental Vermes adultos de Ascaris lumbicoides em grande número podem ocluir o intestino a partir da compactação e formação de um "bolo de áscaris". Podem, ainda, causa volvos (retorção do intestino) e intussucepção intestinal (invaginação de uma porção do intestino para dentro de outra). O verme adulto apresenta grande mobilidade, a qual pode ser responsável pela sua presença em locais incomuns ao parasitismo: apêndice cecal, divertículo de Meckel, vias biliares (relacionado com icterícia obstrutiva) e ducto pancreático (relacionado com pancreatite aguda). A alta mobilidade deste verme está relacionada, ainda, a um quadro de perfuração intestinal e seguida de peritonite. Quando ocorre um elevado número no estômago, estes parasitos adultos podem ser regurgitados e aspirados pela via respiratória podendo causar obstrução da árvore traqueobrônquica e conseqüente insuficiência respiratória (mais comum em crianças). 8 ASCARIDÍASE Ascaris lumbricoides DIAGNÓSTICO: Clínico Laboratorial Exame Parasitológico de Fezes Presença de ovos do parasita Hemograma Eosinofilia na fase se invasão larvária ASCARIDÍASE Ascaris lumbricoides TRATAMENTO: Albendazol 400mg, 10mg/kg, VO, dose única Mebendazol 100mg, VO, 2x/dia, por 3 dias Levamizol: <8 anos: 40mg, VO, dose única >8 anos: 80 mg, VO, dose única OBSTRUÇÃO INTESTINAL Piperazina 100mg/kg/dia + óleo mineral (40 a 60ml/dia) + antiespasmódicos + hidratação. Neste caso estão indicados sonda nasogástrica e jejum + mebendazol 200mg/dia de 12/12hrs por 3 dias. 10 ASCARIDÍASE Ascaris lumbricoides PROFILAXIA: Higiene pessoal Educação sanitária Saneamento básico Tratamento dos doentes 11 ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale E Necator americanus Conhecida como amarelão ou doença do Jeca Tatu EPIDEMIOLOGIA: São parasitas de região quente e úmida, portanto, predominam-se em áreas rurais, estando muito associado a áreas sem saneamento e cujas populações tem hábito de andar descalças. A. duodenale mais prevalente na Europa e na Ásia e o N. americanus, na África e na América ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale E Necator americanus MODO DE TRANSMISSÃO A infecção pelo N. americanus só ocorre por via percutânea. Já a transmissão pelo A. duodenale se dá, além da percutânea, pela via oral, por água e por alimentos contaminados com ovos ou larvas. ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale E Necator americanus CICLO BIOLÓGICO: Os ovos contidos nas fezes são depositados no solo, onde se tornam embrionados. Em condições favoráveis de umidade e temperatura, as larvas se desenvolvem até chegar ao 3º estágio, tornando-se infectantes em um prazo de 7 a 10 dias. A infecção nos homens ocorrem geralmente quando essas larvas penetram na pele, geralmente pelos pés, causando dermatite característica. As larvas dos ancilostómos, após penetrarem a pele, passam pelos vasos linfáticos, ganham a corrente sanguínea, e nos pulmões, penetram nos alvéolos. Daí migram para a traquéia e faringe, são deglutidas e chegam ao intestino delgado, onde se fixam, atingindo a maturidade ao final de 6 a 7 semanas, passando a produzir milhares de ovos por dia. 14 ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale E Necator americanus QUADRO CLÍNICO: Os sintomas dependem da carga parasitária, do estado nutricional e da etapa de migração do parasita. Infecções leves podem apresentar-se assintomáticas Dermatite pruriginosa – Coceira quando invadem a pele Fase pulmonar: tosse, laringotraqueobronquite, faringite ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale E Necator americanus QUADRO CLÍNICO: Infecção intestinal: Sintomas inespecíficos: dor, anorexia, diarréia As principais manifestações clínicas estão relacionados à perda intestinal de sangue Alta carga intestinal: Anemia ferropriva, desnutrição protéica Déficit pôndero-estatural, baixo rendimento escolar e atraso no desenvolvimento psíquico.* 16 ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale E Necator americanus DIAGNÓSTICO: Clínico Devido ao prurido característico Laboratorial EPF ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale E Necator americanus TRATAMENTO: Albendazol 400mg, VO, em dose única Mebendazol 100mg, 2x/dia, VO, por 3 dias Pamoato de pirantel 20-30 mg/kg/dia durante 3 dias ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale E Necator americanus PREVENÇÃO: Educação sanitária Uso de calçados Saneamento básico Tratamento de pessoas infectadas TRICURÍASE Trichuris trichiura EPIDEMIOLOGIA: Acomete comunidades rurais com instalações sanitárias inadequadas e solo contaminado com fezes humanas ou de animais. 5 a 15 anos de idade TRICURÍASE Trichuris trichiura MODO DE TRANSMISSÃO: Ingestão de ovos embrionados Contaminação direta das mãos, alimentos ou bebidas Pode ocorrer também a transmissão indireta através de moscas ou outros insetos TRICURÍASE Trichuris trichiura CICLO BIOLÓGICO: Após a ingestão de ovos embrionados, as larvas escapam da casca no intestino delgado superior e penetram os vilos intestinais. Os vermes movem-se lentamente em direção ao ceco, onde os ¾ anteriores do verme (porção semelhante a um chicote) permanecem no interior da mucosa superficial, e a extremidade posterior que é curta fica livre na luz. Em 3 meses, as fêmeas começam a produzir cerca de 5.000 a 20.000 ovos/dia, que são liberados junto às fezes. O desenvolvimento embrionário ocorre em duas a quatro semanas, com condições ótimas de temperatura e de solo. 22 TRICURÍASE Trichuris trichiura QUADRO CLÍNICO: Assintomáticos Baixa carga parasitária Alguns indivíduos podem apresentar um histórico de dor no quadrante inferior direito ou na região periumbilical Infecção maciça: Diarréia crônica, disenteria, prolapso retal, anemia, retardo no crescimento, déficits cognitivos e do desenvolvimento. 23 TRICURÍASE Trichuris trichiura DIAGNÓSTICO: EPF Ovo característico em forma de barril TRICURÍASE Trichuris trichiura TRATAMENTO: Mebendazol 100mg, VO, 2x/dia, por 3 dias Reduz a produção de ovos em 90-99% Taxa de cura de 70-90% É eficaz em parte por ser pouco absorvido no TGI Mebendazol 500mg, VO, em dose única Albendazol 400mg, VO, em dose única Atualmente, os esquemas recomendados com dose única de mebendazol e albendazol NÃO tem eficácia na cura de infecções por Trichuris. Nitazoxanida 100mg, 2x/dia, VO, por 3 dias – crianças entre 1 a 3 anos 200mg, 2x/dia, VO, por 3 dias - crianças entre 4 a 11 anos 500mg, 2x/dia, VO, por 3 dias – adolescentes e adultos Resultam em taxa de cura superior ao albendazol em dose única TRICURÍASE Trichuris trichiura PREVENÇÃO Higiene pessoal Melhora das condições sanitárias ENTEROBÍASE Enterobius vermicularis Infecção por oxíurus (oxiuríase) EPIDEMIOLOGIA Acomete indivíduos de todas as idades e de todas as classes sociais NÃO está relacionado com o nível socioeconômico da população Mais frequente na idade escolar Afeta mais de um membro da família Implica no seu controle, que deve ser dirigido a pessoas que vivem no mesmo domicílio ENTEROBÍASE Enterobius vermicularis MODO DE TRANSMISSÃO Fecal-oral Autoinfecção direta: Do ânus para a cavidade oral por meio das unhas Autoinfecção indireta: Ovos presentes na poeira, roupa, roupa de cama ou alimentos atingem o mesmo indivíduo que o eliminou Heteroinfecção: Ovos presentes na poeira ou alimentos atingem um novo hospedeiro Retroinfecção: Migração das larvas da região anal para as regiões superiores do intestino grosso, chegando até o ceco, onde se tornam adultas Autoinfecção interna: Processo raro na qual as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco, transformando-se em vermes adultos ENTEROBÍASE Enterobius vermicularis CICLO BIOLÓGICO A fêmea grávida migra à noite para as regiões perianais e perineais, onde depositam mais de 15.000 ovos. Os ovos se tornam infectantes (embrionádos). Os indivíduos ingerem os ovos embrionados e após a ingestão as larvas amadurecem e formam vermes adultos. 29 ENTEROBÍASE Enterobius vermicularis QUADRO CLÍNICO Assintomático Principal sintoma: Prurido perianal É mais exacerbado à noite Acompanhado de irritabilidade e sono intranquilo As escoriações decorrente ao ato de coçar podem resultar em infecções secundárias em torno do ânus Sintomas inespecíficos: Vômitos, dores abdominais, tenesmo, puxo e raramente fezes sanguinolentas Complicações: Vulvovaginites Esporadicamente Infecções secundárias às escoriações. ENTEROBÍASE Enterobius vermicularis DIAGNÓSTICO Clínico Prurido característico Laboratorial Identificação de ovos ou vermes adultos Swab anal Método da fita Leitura em microscópio ENTEROBÍASE Enterobius vermicularis TRATAMENTO Deve-se tratar os pacientes infectados e todos os membros de sua família Pamoato de Pirvínio 10mg/kg, VO, dose única Pamoato de Pirantel 10mg/kg, VO, dose única Mebendazol 100mg, VO, 2x/dia, durante 3 dias Albendazol 10mg/kg, VO, dose única, até o máximo de 400mg ENTEROBÍASE Enterobius vermicularis PROFILAXIA Orientar a população sobre os hábitos de higiene pessoal Boa higiene das mãos Tratar todos os membros da família Trocar roupas de cama e toalhas de banho diariamente 33 ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis EPIDEMIOLOGIA A transmissão requer solo quente e úmido Fatores de risco: Condições ambientais precárias Aglomerações humanas Cães e gatos podem ser reservatórios Hiperinfecção acomete indivíduos imunodeprimidos ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis MODO DE TRANSMISSÃO Via percutânea As larvas infectantes (filarióides) penetram a pele do indivíduo Auto-endoinfecção Quando as larvas passam a ser filarióides no interior do próprio hospedeiro, sem passar pela fase evolutiva no meio externo Auto-exoinfecção Quando as larvas filarióides se localizam na região anal ou perianal, onde novamente penetram no organismo do hospedeiro ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis MORFOLOGIA Verme adulto cilíndrico Fêmea – Habita o intestino delgado e por partogênese libera ovos na luz intestinal Macho – Habita o solo (forma livre) Larva rabiditiforme Não infecciosas Larva filarióide Forma infectante ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis CICLO BIOLÓGICO Os seres humanos são geralmente infectados através do contato da pele com o solo contaminado com larvas filarióides. As larvas penetram na pele, entram na circulação venosa e em seguida, passam pelos pulmões, entram nos espaços alveolares e migram através da árvore brônquica. Em seguida, elas são deglutidas e passam pelo estômago, e os vermes adultos FÊMEAS se desenvolvem no intestino delgado (Apenas os vermes adultos fêmeas habitam o intestino delgado). Elas se reproduzem por partenogênese e liberam ovos que contém larvas maduras na luz intestinal. Larvas rabiditiformes emergem dos ovos e são eliminadas nas fezes, podendo tanto se diferenciar em vermes adultos machos e fêmeas, de vida livre, como sofrer metamorfose para larvas filarióides infecciosas. A reprodução sexuada só ocorre nos estágios livres, gerando larvas infectantes. 37 ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis QUADRO CLÍNICO Assintomático Sintomas relacionados aos três estágios de infecção: Invasão da pele Lesões urticariformes ou maculopapulares ou por lesão serpiginosa ou linear pruriginosa migratória (larva currens) Migração das larvas através dos pulmões Tosse seca, dispnéia, broncoespasmo ou edema pulmonar (síndrome de Löffler) Parasitismo do intestino delgado pelos vermes adultos Diarréia, dor abdominal e flatulência, acompanhadas ou não de anorexia, náusea, vômitos e dor epigástrica que pode simular quadro de úlcera péptica. ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis QUADRO CLÍNICO Hiperinfecção Indivíduos imunocomprometidos Febre, dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos, diarréias profusas, manifestações pulmonares (tosse, dispnéia e broncoespasmos, e raramente, hemoptise e angústia respiratória). Na radiografia pode-se observar até cavitação Podem ainda ocorrer infecção secundárias como meningite, endocardite, sepse e peritonite, mais frequentemente por enterobactérias. ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis DIAGNÓSTICO Parasitológico de fezes, escarro ou lavado gástrico ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis TRATAMENTO Cambendazol 5mg/kg, dose única, VO Tiobendazol, VO, em vários esquemas terapêuticos: 25mg/kg/dia durante 5 a 7 dias – esquema muito utilizado 50mg/kg/dia dose única, à noite (A dose máxima recomendada é de 0,3g) 10mg/dia por 30 dias - Recomendado para situações de auto-endoinfecção e deficiência da imunidade celular Albendazol 400mg/dia durante 3 dias Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala de peso: 15 a 24kg: ½ comprimido 25 a 35kg: 1 comprimido 36 a 50kg: 1 ½ comprimidos ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis PROFILAXIA Saneamento básico Uso de calçados Tratar os animais domésticos infectados ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni EPIDEMIOLOGIA No Brasil é considerada uma endemia que atinge 19 unidades federadas É endêmico do Maranhão até Minas Gerais, com focos no Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Distrito federal e Rio Grande do Sul Possui baixa letalidade e as principais causas de óbitos estão relacionadas às formas clínicas graves. ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni MODO DE TRANSMISSÃO A transmissão depende do destino dado aos excrementos, da presença dos caramujos hospedeiros intermediários específicos e dos padrões de contato com a água e dos hábitos sociais da população. ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni MORFOLOGIA Cercárias: Forma infectante de vida livre Caramujo São hospedeiras intermediárias específicas que vivem em água doce, e se dividem assexuadamente Miracídios: Móveis, emergem, infecta as lemas dos caramujos Verme adulto: Ao atingirem a maturidade, migram para locais anatômicos específicos (Veias mesentéricas inferiores) Os esquistossomas adultos (1 a 2 cm de comprimento) são adaptados para uma existência intravascular. ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni CICLO BIOLÓGICO Os ovos do S. mansoni são liberados pelas fezes do hospedeiro infectado (homem). Na água eclodem liberando uma larva ciliada denominada miracídio, que infecta o caramujo (hospedeiro intermediário). Após 4 a 6 semanas, a larva abandona o caramujo, na forma de cercária, ficando livres nas águas naturais. O contato humano com águas infectadas pelas cercárias é a maneira pela qual o indivíduo adquire a esquistossomose. 46 ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni QUADRO CLÍNICO Depende do seu estado de evolução no homem Fase aguda: Assintomática ou apresentar-se como dermatite urticariforme, acompanhada de erupção papular, eritema, edema e prurido até 5 dias após a infecção. Reação toxênemica Após 3 a 7 semanas de exposição pode evoluir para a esquistossomose aguda caracterizada por febre, anorexia, dor abdominal, mialgia, artralgia e cefaléia. Esses sintomas podem ser acompanhados de diarréia, náuseas, vômitos ou tosse seca, ocorrendo hepatomegalia por 4 semanas. Fase crônica: Após 6 meses pode evoluir para a fase crônica Hepatointestinal: Caracteriza-se pela presença de diarréias e epigastralgia. Ao exame, o paciente apresenta fígado palpável , com nodulações que, nas fases avançadas dessa forma clínica, correspondem a áreas de fibrose decorrentes de granulomatose periportal ou fibrose de Symmers. Hepática: Pode ser assintomática ou com sintomas hepatointestinal. Ao exame, o fígado é palpável e endurecido, à semelhança do que ocorre na forma hepatoesplênica. 47 ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni QUADRO CLÍNICO Hepatoesplênica compensada: Presença de hipertensão portal, levando à esplenomegalia e ao aparecimento de varizes de esôfago. Hepatoesplênica descompensada: Considerada uma das formas mais graves. Caractetiza-se por diminuição acentuada do estado funcional do fígado. ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni DIAGNÓSTICO Clínico EPF A USG pode ajudar a identificar hepatoesplenomegalia ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni TRATAMENTO Praziquantel 26 mg/kg, VO, dose única Oxamniquina, cápsula com 250mg e a solução de 50mg/ml para uso pediátrico ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni PROFILAXIA Educação em saúde, mobilização comunitária e saneamento domiciliar e ambiental nos focos de esquistossomose. Protozoários Giardia intestinalis ou Giardia duodenalis Protozoário flagelado que infecta o duodeno e o intestino delgado EPIDEMIOLOGIA Podem ocorrer epidemias em instituições fechadas (creches, pré-escola) Grupo etário mais acometido: entre 8 meses e 10 a 12 anos “Diarréia dos viajante em zonas endêmicas” Ingestão de água contaminada Atividade sexual resultante do contato oro-anal É significativo em pessoas com desnutrição, certas imunodeficiências e fibrose cística GIARDÍASE Giardia lamblia 53 GIARDÍASE Giardia lamblia MODO DE TRANSMISSÃO Fecal-oral Direta Contaminação das mãos e consequente ingestão de cistos existentes em dejetos de pessoa infectada Indireta Ingestão de água e alimentos contaminados GIARDÍASE Giardia lamblia CICLO BIOLÓGICO: Ingestão de cistos de giardia. Cada cisto ingerido produz 2 trofozoítos no duodeno. Após saírem dos cistos, os trofozoítos colonizam a luz do duodeno e do jejuno proximal, onde se ligam a borda em escova das células epiteliais intestinais e se multiplicam por divisão binária. A medida que os trofozoítos se desligam do epitélio, deslocam-se caudalmente ao longo do trato intestinal e se transformam em cistos ovais. Os cistos saem nas fezes e podem permanecer viáveis por até 2 meses. Sua viabilidade, com frequência, não é afetada pelas concentrações usuais de cloro utilizados para purificação de água. 55 GIARDÍASE Giardia lamblia QUADRO CLÍNICO: Assintomática (maioria) Diarréia aguda Fezes líquidas, explosivas e fétidas, com curso auto-limitado Diarréia crônica A diarréia se torna persistente ou intermitente Diarréia, cólica, distensão abdominal, sensação de plenitude gástrica, mal-estar, flatulência, náuseas, anorexia e perda de peso As fezes ficam gordurosas, com odor fétido e podem flutuar na água (esteatorréia) Síndrome da má absorção Complicação Pode ou não estar associada Má absorção de açúcares, gorduras e vitaminas lipossolúveis Deficiência de ferro Perda de peso e anemia GIARDÍASE Giardia lamblia DIAGNÓSTICO: Clínico Laboratorial Presença de trofozoítos ou cistos nas amostras de fezes (3 amostras) Método tradicional Métodos imunológicos Detecção de antígenos pelo ELISA Em raros casos pode ser feito biópsia duodenal com a identificação de trofozoítos GIARDÍASE Giardia lamblia TRATAMENTO: Tinidazol 30mg/kg/dia, dose única Secnidazol 30mg/kg ou 1ml/kg, dose única, tomar após uma refeição Metronidazol 15mg/kg/dia (máximo 250mg), VO, dividida em 2 tomadas por 5 dias Albendazol 400mg por dia, durante 5 dias, apresentação em suspensão oral com 40mg/mL 58 GIARDÍASE Giardia lamblia PREVENÇÃO: Filtração da água potável Saneamento básico Creches ou orfanatos Adequadas instalações sanitárias Enfatizar a necessidade de higiene pessoal AMEBÍASE Entamoeba histolytica EPIDEMIOLOGIA 10% da população mundial 50 milhões de casos invasivos/ano Frequente em áreas com baixos padrões socioeconômicos e sanitários 3º maior causa de óbito por infecção parasitária no mundo. (Nelson) AMEBÍASE Entamoeba histolytica MODO DE TRANSMISSÃO Fecal-oral: Ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros Transmissão sexual (contato oral-anal) – Mais raramente Este parasito pode atuar como comensal ou provocar invasão de tecidos, originando as formas intestinal e extra-intestinal da doença. AMEBÍASE Entamoeba histolytica CICLO BIOLÓGICO Ingestão do cisto maduro que passa pelo estômago e intestino delgado. O suco gástrico e secreções intestinais forma uma fenda na parede do cisto, sendo liberada a forma tetranucleada (metacisto) que por divisão binária dará origem a oito trofozoítos uninucleados. Estes trofozoítos multiplicam-se por divisão binária e colonizam o intestino grosso, principalmente na região do ceco. Os trofozoítos diminuem de tamanho formando os pré-cistos e se arredondam formando os pré-cistos. Este secreta uma membrana glicoprotéica (parede cística), formando assim um cisto uninucleado. Esses cistos tornam-se tetranucleados e podem ser eliminados nas fezes, possibilitando a infecção de um outro ser humano. 62 AMEBÍASE Entamoeba histolytica QUADRO CLÍNICO Assintomática Colite amebiana: É a forma clássica com invasão parasitária da mucosa intestinal e caracteriza-se por dor abdominal em cólica, diarréia com fezes mucosanguinolentas, tenesmo. Apresenta febre em apenas um terço dos pacientes. Abcesso hepático: É a segunda forma mais comum da doença. Ocorre com a disseminação dos parasitas para o fígado. É incomum em crianças. Nas crianças manifesta-se com febre, dor abdominal, distenção abdominal e hepatomegalia dolorosa. AMEBÍASE Entamoeba histolytica DIAGNÓSTICO Presença de trofozoítos e cistos presentes nas fezes (EPF); em aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou proctoscopia; ou em aspirados de abcesso ou biópsia de tecidos Os anticorpos séricos podem ser dosados e são de grande auxílio no diagnóstico do abcesso hepático amebiano A USG e TC são úteis no diagnóstico de abcesso hepático amebiano TRATAMENTO 1º opção Formas intestinais: Secnidazol 30mg/kg/dia, VO, não ultrapassando o máximo de 2g/dia 2º opção Metronidazol 35mg/kg/dia, 3 tomadas, durante 5 dias Formas graves: amebíase intestinal sintomática ou extra-intestinal. Metronidazol 50mg/kg/dia durante 10 dias 3º opção Formas extra-intestinais: Tinidazol 50mg/kg/dia durante 2 a 3 dias a depender da forma clínica 4º opção Somente para formas leves ou assintomáticas: Teclozam 15mg/kg/dia durante 5 dias. Em alguns casos podem ser necessários a aspiração do abcesso. AMEBÍASE Entamoeba histolytica AMEBÍASE Entamoeba histolytica PROFILAXIA Medidas de saneamento e educação em saúde Referências Bibliográficas SAÚDE, Ministério da. Guia de bolso: Doenças infecciosas e parasitárias. 8. ed. Brasília: 2010. NELSON, Tratado de Pediatria: Kliegman et al. 19ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 Tratado de pediatria: sociedade brasileira de pediatria. 2º ed. Barueu, SP: Manole 2010. Coletânea de artigos
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