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Direito Penal III Professor: Everton Gomes Correa Aula 01 Das Penas. Observem que a pena é a conseqüência natural imposta pelo Estado quando alguém pratica uma infração penal, ou seja, quando alguém comete um fato típico, ilícito e culpável, abre-se a possibilidade para o Estado utilizar de seu poder sancionador. Pergunta: esse poder dever do Estado de aplicar a pena é absoluto?não, pois a pena aplicada deverá observar os princípios expressos, ou mesmo implícitos trazidos pela Carta Magna. A CF/88 visando limitar tal poder Estatal proíbe de forma expressa, qualquer pena capaz de ofender a dignidade da pessoa humana. Dentre elas temos: Art. 5.º incisos: III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Art. 5.º XLVII da CF: a) pena de morte, salvo no caso de Guerra declarada; b) de caráter perpétuo – ver art. 97 § 1.º do CP; c) de trabalhos forçados – situação do serviço obrigatório militar; d) banimento; e) cruéis – vedação obvia. Porém nem sempre foi assim, inclusive até nos dias atuais existe a pena capital. É valido reviver o século XVII época essa marca pelas penas mais horrendas que já se teve noticia como forma de punição. O ilustre penalista Ferrajoli – diz que “a história das penas é, sem dúvida, mais horrenda e infamante para a humanidade do que a própria história dos delitos: porque mais cruéis e talvez mais numerosas do que as violências produzidas pelos delitos têm sido as produzidas pelas penas e porque, enquanto o delito costuma ser uma violência ocasional e ás vezes impulsiva e necessária, a violência imposta por meio da pena é sempre programada, consciente, organizada por muitos contra um” Exemplo citado pelo professor Rogério Greco .....pag 543; Origens das Penas: historicamente a pena pública surge como decorrência de um longo processo de monopolização pelo estado da vingança privada e da lei do talião, que superou a idéia de ódio ou da vingança contra o infrator e introduziu o mecanismo do julgamento do fator de forma ‘desapaixonada’ e objetiva. Verifica-se que desde a antiguidade até, basicamente, o século XVIII as penas tinham características extremamente aflitiva, uma vez que o corpo do agente é que pagava pelo mal por ele praticado. 1. Conceito – pena é a sanção (castigo) imposta pelo Estado (pela autoridade judicial competente), quando necessária (para fins de repressão e prevenção), de acordo com o devido processo legal, ao agente culpável de um fato punível. 2. Fundamento ou Justificação da Pena. A justificação da pena “reside na sua necessidade” – caso a sociedade quisesse renunciar ao seu poder penal se autodestruiria. A pena é utilizada como forma de controle social, é uma “instituição” necessária porque serve de abertura efetiva para a solução (decisão) de conflitos sociais. A pena conta com tríplice fundamentação: b.1 – Política: sem a pena o ordenamento deixaria de ser um ordenamento jurídico coativo capaz de reagir com eficácia diante das infrações. b.2 – Psicossocial: a pena é indispensável porque satisfaz o anseio de justiça da comunidade. b.3 – Ético-Individual: permite ao próprio delinqüente, liberar-se de algum sentimento de culpa. 3. fins das penas. Encontramos três teorias a que definem os fins das penas: a) Teoria Absoluta ou da retribuição: a finalidade da pena é punir o autor de uma infração penal. A pena é a retribuição do mal injusto, praticado pelo criminoso. É absoluta porque para ela o fim da pena é independente, desvinculado do seu efeito social; b) Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção: essa teoria se fundamenta no critério da prevenção que se biparte em: b.1) prevenção geral – negativa e positiva; b.2) prevenção especial – negativa e positiva. b.1 prevenção geral negativa ou prevenção por intimidação – a pena aplicada ao autor da infração penal tende a refletir junto à sociedade, evitando-se, assim, que as demais pessoas, que se encontram com os olhos voltados na condenação de um dos seus pares, reflitam antes de praticarem qualquer infração penal; b.1 prevenção geral positiva ou integradora – a pena tem por fim infundir, na consciência geral, a necessidade de respeito a determinados valores, exercitando a fidelidade ao direito, promovendo a integração social. b.2 prevenção especial negativa – a pena tem por fim a retirada do agente do fato do convívio social aplicando-lhe pena privativa de liberdade. b.2 prevenção especial positiva – nas palavras de Roxin a missão da pena consiste unicamente em fazer com que o autor desista de cometer futuros delitos. c) Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória: a pena tem a dupla função de punir o criminoso e prevenir a prática do crime, pela reeducação e pela intimidação coletiva. Obs. Qual a teoria adotada pelo nosso CP??? Conforme se infere do artigo 59 do código penal o nosso ordenamento adotou a teoria mista. 4. Características da pena. 4.1 legalidade – a pena deve estar prevista em lei vigente, não se admitindo que seja cominada em regulamento ou ato normativo infralegal (art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX da CF); 4.2 Anterioridade – a lei já deve estar em vigor na época em que for praticada a infração penal (art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX da CF); 4.3 Personalidade – a pena não pode passar da pessoa do condenado (CF, art. 5º, XLV). Assim, a pena de multa, ainda que considerada dívida de valor para fins de cobrança, não pode ser exigida dos herdeiros do falecido. 4.4 Individualidade: a sua imposição e cumprimento deverão ser individualizados de acordo com a culpabilidade e o mérito do sentenciado (CF, art. 5º, XLVI); 4.5 Inderrogabilidade: salvo as exceções legais a pena não pode deixar de ser aplicada sob nenhum fundamento. 4.6 Proporcionalidade: a pena deve ser proporcional ao crime praticado (CF, art. 5º, XLVI e XLVII). 4.7 Humanidade não são admitidas as penas de morte, salvo em caso de guerra declarada, perpétuas (art. 75 do CP) de trabalhos forçados de banimento e cruéis (CF, art. 5º, XLVII). Atividade obrigatória Faça uma síntese sobre as finalidades da pena.
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