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Página 1 de 25 DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 - SEMANA 1 Descrição Caso - Tema: Classificação das constituições A Constituição de 1988 desenhou em seu texto um Estado de bem-estar social, consagrando princípios próprios do modelo liberal clássico de forma conjugada com outros, típicos do modelo socialista. Esse pluralismo principiológico se faz sentir ao longo de todo o texto constitucional, especialmente no art. 170, CRFB, que adota a livre iniciativa como princípio da ordem econômica, sem desprezar, no entanto, o papel do Estado na regulação do mercado. Considerando tal constatação, responda: a) Como o pluralismo principiológico pode favorecer a estabilidade da CRFB/88? b) Diante de tal característica, como a doutrina classificaria a CRFB/88? Sugestão: (A) Essa conciliação de princípios liberais com princípios socialistas é capaz, num primeiro momento, de acomodar os anseios das diversas correntes sociais, favorecendo a ideia de uma democracia pluralista e, num segundo momento, propicia uma maior estabilidade da Constituição diante de possíveis mudanças – geralmente cíclicas – de ideologia no governo. Essas seriam as vantagens mais significativas dessa conciliação principiológica. (B) Quanto à classificação da Constituição, é de se ver que o critério utilizado é o ideológico. A doutrina distingue, então, as constituições simples das constituições compromissórias. As primeiras são aquelas que apresentam fidelidade a uma única linha ideológica, como poderiam servir de exemplo a Constituição dos Estados Unidos e a da antiga União Soviética. Já as constituições compromissórias são aquelas que flertam com as duas linhas ideológicas, formando um Estado do bem-estar social. Então, a nossa Constituição de 1988 é classificada como compromissória. DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 - SEMANA 2 Caso 1 – Tema: Aplicabilidades das normas constitucionais Numa audiência no Juizado Especial Cível, em cujo processo o autor pleiteava uma indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), o advogado da empresa demandada, com amparo no art. 133 da Constituição da República, pleiteou a extinção do processo sem apreciação de mérito (CPC, art. 267, IV), sob o fundamento de que o advogado é essencial à administração da justiça. O autor, mesmo não tendo formação jurídica, ofereceu defesa alegando que a Lei n.º 9.099/95 lhe garantia a possibilidade de postular em juízo sem assistência de defensor técnico. Diante de tal hipótese, considerando a aplicabilidade do art. 133, CRFB, seria correto afirmar que a Lei n.º 9.099/95 padece de vício de inconstitucionalidade? Desenvolvimento: Entender o artigo 133 quanto a sua aplicabilidade. ... O artigo 133 é uma norma de eficácia contida e aplicabilidade imediata. Então ele é indispensável, agora se houver se lei dizendo que no caso ele é dispensável – então está tudo certo de acordo com a interpretação do artigo 133. Então a lei 9.099/85 não é inconstitucional nesse aspecto. Então conclui que o artigo 133 é uma norma de eficácia contida, aplicabilidade imediata, mas não integral. Gabarito. É simples concluir que o artigo 133 da CRFB, fazendo referência ao papel da legislação infraconstitucional, mas tendo elemento suficiente para viabilizar a sua aplicação direta, pelo menos no Página 2 de 25 que diz respeito a dispensabilidade do advogado para a justiça, deve ser classificado como uma norma de eficácia contida, significa dizer que apesar de auto aplicável o artigo 133 da CRFB, o 133 admite que a legislação infraconstitucional recepcione a regra da indispensabilidade, assim, não há qualquer violação com o referido dispositivo constitucional pela lei 9.099/85, considerando mais que a mesma amplia sensivelmente o acesso a justiça. Caso 2 – Tema: Recepção A Emenda Constitucional nº 1/69 permitia a criação, em sede de Lei infraconstitucional, de monopólios estatais. Com o advento da Constituição da República de 1988, a possibilidade de criação de monopólios por lei não foi mais contemplada. À luz da teoria da recepção, é possível sustentar a manutenção de monopólios estatais criados em sede infraconstitucional pelo ordenamento pretérito e não reproduzidos pela Constituição de 1988? Desenvolvimento: A questão está sendo debatida pelo STF na dpf n. 46 e diz respeito a manutenção pelos Correios no monopólio nos serviços postais que foi instituído pela lei 6.538 de 78. Retomado o julgamento da DPF proposta pela associação brasileira das empresas de distribuição – ABRAED e que se pretende a declaração da não recepção pela constituição de 88 da lei que institui o monopólio das atividades postais pela empresa brasileira de correios e telégrafos, os ministros Joaquim Barbosa e Cesar Peluso acompanharam os votos dos ministro Eros Graus, que abrindo a divergência julgou improcedente o pedido formulado ao fundamento de que os serviços postais constitui serviço público e não atividade econômica em sentido estrito – serviço prestado pela empresa de correios de privilégio, tendo sido então recepcionada a lei pela constituição de 88. É a tese que está vigorando para este caso. Não é um caso de descontituiconalizada de uma norma constitucional, mas é um caso de uma situação que havia amparo na outra constituição e na constituição atual ela é omissa. Então entendeu ele o que? Que apesar da omissão, não há nada que diga o contrario a proibição desse monopólio – então a lei seria considerada recepcionada. Votara pela procedência parcial do pedido os ministros Carlos Brito, que também considerando que o serviço postal é serviço público, ou seja, de prestação exclusiva por parte da União, ressalvou entretanto que a recepção da lei 6538 de 78, estaria restrita às atividades que impliquem comunicação privada e comunicação telegráfica, não alcando portanto as de caráter eminentemente mercantil e o Ministro Gilmar Mendes que declarava a não recepção somente nos artigos 42, 43, 44 e 45 da lei impugnada que tratam da criminalização da violação ao monopólio postal da União, dado o caráter aberto da disposição em afronta ao princípio da reserva legal estrita. DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 - SEMANA 3 Caso 1- Tema: Interpretação Constitucional Ronaldo, militar do exército, estava matriculado no Curso de Direito numa Universidade Particular de Pernambuco, quando foi transferido ex officio da Unidade sediada em Boa Viagem para a Unidade localizada no Município do Rio de Janeiro. Por conta do seu deslocamento e da necessidade de dar continuidade aos estudos na Cidade do Rio de Janeiro, o militar solicitou à Sub-reitoria de Graduação da UERJ, transferência do curso de Direito da referida Universidade Particular para o mesmo curso na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com base na Lei n° 9.536/97. Página 3 de 25 O pedido do militar foi indeferido pela Sub-reitora da UERJ, com fulcro no ato normativo interno desta Universidade (Deliberação n° 28/2000), o qual regula esta matéria, uma vez que a Universidade de origem do militar era uma instituição de ensino superior particular. O militar impetra mandado de segurança alegando, em sua defesa, os seguintes argumentos: I - que o seu direito está amparado pelo parágrafo único do artigo 49 da Lei Federal n° 9536/97 – dispositivo este que regulamenta o parágrafo único da Lei Federal n° 9.394/96 (estabelece as diretrizes e bases da educação nacional); II - que a norma restritiva do art. 99 da Lei 8.112/90 (entidades congêneres) não se aplica aos militares; III - que o ato normativo n° 28/2000, no qual o sub-reitor se baseou para indeferir o pedido de transferência, “tem vício de ilegalidadea negativa de matrícula”, pois contraria o conteúdo da Lei nº 9536/97, uma vez que a Lei federal não exige o caráter congênere entre instituições de ensino; Diante da situação acima descrita, questiona-se: qual a interpretação constitucional mais adequada para a solução deste conflito? Sugestão 1: A questão já foi examinada pelo STF na ADI Nº 3324 onde ficou decidido que para transferência entre instituições de ensino dever-se-à observar o caráter congênere das instituições de ensino sob pena de violação dos princípios da isonomia, impessoalidade e do mérito no acesso às Universidades Públicas. Aduza-se, por oportuno, que pela filtragem constitucional toda a ordem jurídica deve ser lida à luz da Constituição da República e passada pelo seu crivo. Caso 2- Tema: Princípio da razoabilidade O Estado do Tocantins publicou edital no Diário Oficial do Estado de concurso público para o preenchimento de vagas para o cargo de policial. Uma das provas é a realização de testes físicos e um dos testes exige que os candidatos façam a seguinte atividade: “Flexões abdominais: consiste em o candidato executar exercícios abdominais, por flexão de braços, deitado em decúbito ventral, em um maior número de repetições dentro de suas possibilidade, no período de um minuto, obedecendo à tabela de pontuação abaixo:...” Em função da redação incoerente do texto desse teste, o Estado publicou uma errata do edital no mesmo órgão oficial de imprensa, duas semanas antes de iniciarem as provas, com a seguinte redação: “Flexões abdominais: consiste em o candidato executar exercícios abdominais, por flexão de tronco, em decúbito dorsal em um maior número de repetições tocando os cotovelos nos joelhos ou coxas, no período de um minuto.” Como os candidatos já haviam se inscrito na prova no momento da percepção do equívoco da referida redação, muitos deles se consideraram surpreendidos, no dia da realização desse teste físico, pois não tomaram conhecimento da errata do edital. Alguns desses, que não conseguiram passar na prova de esforço físico, ingressaram com mandado de segurança com a alegação de que esse teste deve ser desconsiderado como critério de aprovação, pois foi incluído após as inscrições, apenas duas semanas antes do começo das provas e porque não foi publicado num jornal de grande circulação para que todos tivessem a chance de tomar conhecimento da modificação. Assim, alegam que houve ofensa ao princípio da razoabilidade. Página 4 de 25 A quem assiste razão no caso? Dê os fundamentos jurídicos cabíveis (fundamentos normativos, jurisprudenciais e doutrinários). Sugestão 2: Assiste razão ao Estado. Houve um simples erro material na redação, pois a flexão abdominal não pode ser efetuada com “flexão de braço”, o que não implicou em novo critério de avaliação. A Administração pública pode corrigir seus próprios atos e publicar a errata no Diário Oficial do Estado, que é o meio ordinário para dar efeito a seus atos junto à sociedade. Não há, por fim, ofensa ao princípio da razoabilidade justamente por ter sido mero erro material de redação, por não ter sido incluído novo critério de avaliação, por ter sido publicado com antecedência à realização das provas, por não haver qualquer justificativa que tornasse obrigatória a publicação em jornal de grande circulação e, principalmente por não ter fundamento a alegação de surpresa. (RE 390939/MA). DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 - SEMANA 4 Caso 1 – Tema: Cláusulas Pétreas ou Superconstitucionais Tramita no Congresso Nacional proposta de Emenda Constitucional convocando uma nova Revisão Constitucional nos moldes do artigo 3º da ADCT. A referida proposta de Emenda Constitucional prevê a realização de Referendo para a entrada em vigor dos dispositivos alterados pela Assembleia Revisora. É legítima tal proposta? Comentário: O que pode ser dito sobe a revisão constitucional de 1988. Quando nasce a constituição de 1988 existiam duas formas de expressão do poder constituinte derivado ou reformador. Ou haveria a emenda constitucional de acordo com o art. 60, ou as emendas de revisão, que seriam feitas pela revisão constitucional. As emendas de revisão de acordo com o artigo 3 dos Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT . Hoje é um tipo de norma que nos chamamos de normas de eficácia exaurida, ou seja, extinguiu-se em 5 anos, ou seja, passou os 5 anos previstos, exauriu a eficácia, não gera mais efeito. Não poderá mais haver a revisão constitucional. Nesse caso, a única forma de exercício da expressão do poder constituinte recorrente, foi a emenda constitucional. O que é mais fácil fazer? Emenda de revisão constitucional ou emenda constitucional. A emenda de revisão é mais fácil de operar. - Para se fazer a emenda constitucional, é necessário que o processo passe pela duas casas do congresso com aprovação de no mínimo 60% - 3/5 da casa. Para se proceder a emenda de revisão é necessário a maioria do membros da casa (portanto menos de 3/5) e sessão unicameral. Obs.: As emendas constitucionais foram feita até 1994. Sendo assim, não existe mais a opção de se propor emenda constitucional com base nos artigo 3 da ADCT. Hoje só existe a possibilidade de emenda constitucional nos moldes do artigo 60. A pegadinha da questão é querer alterar o artigo 60 para tornar o 60 mais fácil. Ou seja, quer se propor uma revisão alterando o artigo 3 dizendo que se quer fazer uma revisão de novo, ou seja, prtende-se tornar o processo de alteração/revisão das normas constitucionais mais fácil, ou seja, dando mais opções para o poder constituinte derivado. O referendo entra na história para. Quem é limitado pode acabar com a própria limitação não. No entanto quem colocou a limitação – no caso o povo pode Página 5 de 25 acabar com a limitação. O povo é o poder constituinte originário. Dessa forma, é como se o povo desse a legitimidade para se proceder o poder constituinte derivado. Considerando que o artigo 60 é cláusula pétrea, ele não pode sofrer abolição e nem restrição. Ou seja, não se pode usar o próprio 60 para abolir o próprio 60. A questão é polêmica, e pode despertar o interesse dos alunos. A doutrina sustenta que a proposta em questão viola algumas cláusulas pétreas implícitas. No entanto, os Professores Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Manoel Gonçalves Ferreira Filho e Jorge de Miranda, são favoráveis a esta possibilidade de realização de uma nova Revisão Constitucional. Esta questão pode render bons debates sobre a tensão existente entre Constitucionalismo e Democracia e o aspecto contra majoritário da Constituição. Obs. Constitucionalismo e Democracia e o aspecto contra majoritário da Constituição. - A democracia garante os direitos fundamentais das minorias. O objetivo é combater a ditadura da maioria. Dessa forma, não constituição estão elencados os direitos fundamentais que visam proteger as minorias. Desse sentido só pode haver emendas para ampliar os direitos fundamentais. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT - Tem natureza de norma constitucional, contendo regras para assegurar a harmonia da transição do regime constitucional anterior (1969) para o novo regime (1988), além de estabelecer regras de caráter meramente transitório, relacionadas com essa mudança, cuja eficácia jurídica é exaurida assim que ocorrer a situação prevista. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT - Tem natureza de norma constitucional, contendo regras para assegurar a harmonia da transição do regime constitucional anterior (1969) para o novo regime (1988), além de estabelecer regras de caráter meramentetransitório, relacionadas com essa mudança, cuja eficácia jurídica foi exaurida na situação prevista, ou seja, em 1994. As outras formas de propor emenda constitucional estão prevista no art. 60 da CRFB. Como fazer a revisão constitucional prevista nos ADCT é mais flexível do que as regras previstas no art. 60 da CRFB, o que se pretende é facilitar a possibilidade de alterar normas constitucionais de forma mais flexível. Conforme art. 60 para que a constituição seja emendada, a proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Para proceder a uma nova revisão nos moldes do art. 3º da ADCT é necessário a maioria dos membros da casa (portanto menos de 3/5) e sessão unicameral. O referendo proposto é para dar maior legitimidade a proposta, ou seja, quem é limitado pode acabar com a própria limitação não. No entanto quem colocou a limitação – no caso o povo pode acabar com a limitação. O povo é o poder constituinte originário. Dessa forma, é como se o povo desse a legitimidade para se proceder o poder constituinte derivado. Considerando que o artigo 60 é cláusula pétrea – cláusula que não podem ser modificadas -, ele não pode sofrer abolição e nem restrição. Ou seja, não se pode usar o próprio 60 para abolir o próprio 60. Dessa forma, qualquer proposta de Emenda Constitucional convocando uma nova Revisão Constitucional nos moldes do artigo 3º da ADCT não é mais possível, vez que se trata de uma norma de eficácia exaurida. Página 6 de 25 O que pode ser dito sobe a revisão constitucional de 1988. Quando nasce a constituição de 1988 existiam duas formas de expressão do poder constituinte derivado ou reformador. Ou haveria a emenda constitucional de acordo com o art. 60, ou as emendas de revisão, que seriam feitas pela revisão constitucional. As emendas de revisão de acordo com o artigo 3 dos Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT Resposta caso 01 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT - Tem natureza de norma constitucional, contendo regras para assegurar a harmonia da transição do regime constitucional anterior (1969) para o novo regime (1988), além de estabelecer regras de caráter meramente transitório, relacionadas com essa mudança, cuja eficácia jurídica foi exaurida na situação prevista, ou seja, em 1994. As outras formas de propor emenda constitucional estão prevista no art. 60 da CRFB. Como fazer a revisão constitucional prevista nos ADCT é mais flexível do que as regras previstas no art. 60 da CRFB, o que se pretende é facilitar a possibilidade de alterar normas constitucionais de forma mais flexível. Conforme art. 60 para que a constituição seja emendada, a proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Para proceder a uma nova revisão nos moldes do art. 3º da ADCT é necessário a maioria dos membros da casa (portanto menos de 3/5) e sessão unicameral. O referendo proposto é para dar maior legitimidade a proposta, ou seja, quem é limitado pode acabar com a própria limitação não. No entanto quem colocou a limitação – no caso o povo pode acabar com a limitação. O povo é o poder constituinte originário. Dessa forma, é como se o povo desse a legitimidade para se proceder o poder constituinte derivado. Considerando que o artigo 60 é cláusula pétrea – cláusula que não podem ser modificadas -, ele não pode sofrer abolição e nem restrição. Ou seja, não se pode usar o próprio 60 para abolir o próprio 60. Dessa forma, qualquer proposta de Emenda Constitucional convocando uma nova Revisão Constitucional nos moldes do artigo 3º da ADCT não é mais possível, vez que se trata de uma norma de eficácia exaurida. Resposta caso 2 Segundo a constituição: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; Página 7 de 25 1) o implícito direito de ser recrutado segundo a ordem descendente de classificação de todos os aprovados (concurso é sistema de mérito pessoal) e durante o prazo de validade do respectivo edital de convocação (que é de 2 anos, prorrogável, apenas uma vez, por igual período); 2) o explícito direito de precedência que os candidatos aprovados em concurso anterior têm sobre os candidatos aprovados em concurso imediatamente posterior, contanto que não-escoado o prazo daquele primeiro certame; ou seja, desde que ainda vigente o prazo inicial ou o prazo de prorrogação da primeira competição pública de provas, ou de provas e títulos. Mas ambos os direitos, acrescente-se, de existência condicionada ao querer discricionário da administração estatal quanto à conveniência e oportunidade do chamamento daqueles candidatos tidos por aprovados. O dispositivo estadual adversado, embora resultante de indiscutível atributo moralizador dos concursos públicos, vulnera os artigos 2º, 37, inciso IV, e 61, § 1º, inciso II, "c", da Constituição Federal de 1988. precedente: RE 229.450, Rel. Min. Maurício Corrêa. Caso 2 - Tema: Poder Constituinte Decorrente A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, no exercício do Poder Constituinte Derivado Decorrente inseriu no texto da Constituição Estadual norma que assegurava aos candidatos aprovados em concurso público, dentro do número de vagas obrigatoriamente fixado no respectivo edital, o direito ao provimento no cargo no prazo máximo de cento e oitenta dias, contado da homologação do resultado. É Constitucional o artigo 77, VII da Constituição do Estado do Rio de Janeiro? Gabarito comentado: Ver art 37 da CRFB. Art. 37 ...... A constituição estabelece que o prazo de validade é de 2 anos, prorrogados por mais 2 anos. A constituição do Rio não pode estabelecer um prazo menor que o prazo determinado do prazo pela CRFB. 1) o implícito direito de ser recrutado segundo a ordem descendente de classificação de todos os aprovados (concurso é sistema de mérito pessoal) e durante o prazo de validade do respectivo edital de convocação (que é de 2 anos, prorrogável, apenas uma vez, por igual período); 2) o explícito direito de precedência que os candidatos aprovados em concurso anterior têm sobre os candidatos aprovados em concurso imediatamente posterior, contanto que não-escoado o prazo daquele primeiro certame; ou seja, desde que ainda vigente o prazo inicial ou o prazo de prorrogação da primeira competição pública de provas, ou de provas e títulos. Mas ambos os direitos, acrescente-se, de existência condicionada ao querer discricionário da administração estatal quanto à conveniência e oportunidade do chamamento daqueles candidatos tidos por aprovados. O dispositivo estadual adversado, embora resultante de indiscutível atributo moralizador dos concursos públicos, vulnera os artigos 2º, 37, inciso IV, e 61, § 1º, inciso II, "c", da Constituição Federal de 1988. precedente: RE 229.450, Rel. Min. Maurício Corrêa. A matériajá foi examinada pelo STF, mas não custa trazer para o debate os votos vencidos do Ministro Sepúlveda Pertence, Celso Mello e Marco Aurélio. * STF - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Página 8 de 25 RE 229450 / RJ - RIO DE JANEIRO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA Julgamento: 10/02/2000 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação: DJ DATA-30-08-01 PP-00065 EMENT VOL-02041-04 PP-00683 EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. ARTIGO 77, VII, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: NOMEAÇÃO DE CANDIDATO APROVADO EM CONCURSO PÚBLICO. PRAZO MÁXIMO CONTADO DA HOMOLOGAÇÃO DO RESULTADO DO CONCURSO PÚBLICO. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. Aprovação em concurso público. Direito subjetivo do candidato à nomeação, de acordo com a respectiva ordem de classificação e no prazo de sua validade. 2. Constituição do Estado do Rio de Janeiro, artigo 77, VII. Provimento de cargo público. Iniciativa reservada ao Chefe do Executivo para edição de leis que disponham sobre o regime jurídico dos servidores públicos. Ofensa ao princípio da separação dos poderes: Inconstitucionalidade formal. Recurso extraordinário conhecido e provido para cassar a segurança, declarando-se, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do inciso VII do artigo 77 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. * STF - ADIN - 2931, de 2003 - Decisão do Mérito: "Julgamento do Pleno - Procedente - Decisão: o Tribunal, por maioria, julgou procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade do inciso VII do artigo 77 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, nos termos do voto do relator, vencidos os senhores Ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e Sepúlveda Pertence. Votou o Presidente, Ministro Nelson Jobim. Ausente, justificadamente, o senhor Ministro Eros Grau. Plenário, 24.02.2005. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 77, INCISO VII, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. TEXTO NORMATIVO QUE ASSEGURA O DIREITO DE NOMEAÇÃO, DENTRO DO PRAZO DE CENTO E OITENTA DIAS, PARA TODO CANDIDATO QUE LOGRAR APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS, OU DE PROVAS DE TÍTULOS, DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS OFERTADAS PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL E MUNICIPAL. O direito do candidato aprovado em concurso público de provas, ou de provas e títulos, ostenta duas dimensões: 1) o implícito direito de ser recrutado segundo a ordem descendente de classificação de todos os aprovados (concurso é sistema de mérito pessoal) e durante o prazo de validade do respectivo edital de convocação (que é de 2 anos, prorrogável, apenas uma vez, por igual período); 2) o explícito direito de precedência que os candidatos aprovados em concurso anterior têm sobre os candidatos aprovados em concurso imediatamente posterior, contanto que não-escoado o prazo daquele primeiro certame; ou seja, desde que ainda vigente o prazo inicial ou o prazo de prorrogação da primeira competição pública de provas, ou de provas e títulos. Mas ambos os direitos, acrescente-se, de existência condicionada ao querer discricionário da administração estatal quanto à conveniência e oportunidade do chamamento daqueles candidatos tidos por aprovados. O dispositivo estadual adversado, embora resultante de indiscutível atributo moralizador dos concursos públicos, vulnera os artigos 2º, 37, inciso IV, e 61, § 1º, inciso II, "c", da Constituição Federal de 1988. precedente: RE 229.450, Rel. Min. Maurício Corrêa. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do inciso VII do artigo 77 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. Página 9 de 25 Em que pese a decisão proferida pelo STF, devem-se destacar os votos vencidos que não consideraram inconstitucionais as restrições impostas ao exercício da discricionariedade pelo Administrador Público. Ao impor tal restrição o Poder Constituinte Decorrente estava prestigiando outros valores constitucionais como a boa-fé e a confiança legítima dos candidatos aprovados e classificados. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 - SEMANA 5 Caso 1 - A União Brasileira de Artesãos, sociedade civil sem fins lucrativos, por decisão de sua diretoria determinou a exclusão de alguns de seus sócios sem garantia da ampla defesa e do contraditório. Entendendo que os direitos fundamentais assegurados pela Constituição não vinculam somente os poderes públicos, estando também direcionados à proteção dos particulares nas relações privadas, tais sócios buscam tutela jurisdicional no sentido de invalidar a referida decisão. Diante do que dispõe o art. 5º, XIX, CRFB, poderia o Poder Judiciário invalidar a decisão da diretoria da entidade? Página 10 de 25 Poderia o poder judiciário invalidar a decisão da entidade? Podeira. Porque? Um cidadão é obrigado respeitar o outro em relação ao direito fundamental?Sim. Os direitos fundamentais aplicam-se na s relações horizontais. Eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Dessa forma, a autonomia da vontade fica limitada. Ninguém pode fazer o que bem entender. Gabarito 1: "Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer associação civil a possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que têm por fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, notadamente em tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais. O espaço de autonomia privadagarantido pela Constituição às associações não está imune à incidência dos princípios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais." (RE 201.819, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 11-10-05, DJ de 27-10-06). Caso 2 – A ABRATI – Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros - ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal onde pedia a declaração de inconstitucionalidade da Lei 8.899/1994. Tal norma assegura o direito ao passe livre às pessoas portadoras de deficiência, desde que comprovadamente carentes, no sistema de transporte coletivo interestadual. Segundo a ABRATI, a norma viola os seguintes dispositivos constitucionais: art. 1ª, IV; art. 5º, XXII; art. 170, II e art. 195, § 5º. Alega, em síntese, violação do direito de propriedade e da livre iniciativa, direitos fundamentais que devem ser protegidos pelo Supremo Tribunal Federal. Em parecer, o Procurador-Geral da República manifestou-se pela improcedência da ação, uma vez que a Constituição consagra como Direito Fundamental a proibição de discriminação e a norma em xeque procura realizar a efetiva inclusão social dos deficientes físicos com carências econômicas, razão pela qual, numa ponderação entre os direitos em conflitos estes deveriam prevalecer em detrimento do direito à propriedade. Analise o conflito acima, assinalando se a Lei 8.899/1994 deve realmente ser declarada inconstitucional. Para a solução deste caso procure utilizar a técnica da ponderação de interesses. Eles alegam que transportar pessoas que não podem pagar está invialbilizando o negócio, portanto atingindo a propriedade privada e atingindo também a livre iniciativa, que é direito de qualquer cidadão praticar da forma que bem entender-desde que seja dentro do previsto nas leis. E mais, se a seguridade social vem limitar o exercício da livre inciativa, a fonte de custeio tem que está determinada – de onde o dinheiro vai sair. A seguridade social que vais está no tripé previdência, saúde e assistência social é o grande direito social que objetiva proteger a sociedade contra as próprias mazelas humanas Página 11 de 25 e mazelas provenientes da sociedade. Mazelas humanas: A proteção contra a velhice. Quando velho, a capacidade da força de trabalho é reduzida. Manutenção contra as doenças. Proteção contra portar necessidades especiais. A seguridade social é feita para proteger a sociedade dos próprios risco inerentes a sociedade. A seguridade social é um direito. Observar o princípio constitucional da razoabilidade ou proporcionalidade – Esses princípios se dividem em três – a questão da necessidade, a questão da adequação e a questão da proporcionalidade em sentido estrito. Ou seja, toda a vez que o poder público – Legislativo, executivo e judiciário forem limitar um direito fundamental do cidadão, essa limitação tem que ser razoável ou proporcional. – Isto porque ela tem que ser uma limitação necessária: Isso significa dizer que não há outro jeito diante do problema apresentado. A solução também além de ser necessária tem que ser adequada, isto é, dentre as diversas soluções possíveis, tem que procurar encontrar a melhor solução e tem que entender se ela é uma solução igualitária – proporcional em sentido estrito. Então tem que se fazer as seguintes perguntas: A limitação que estou impondo é necessária? É porque eu tenho que viabilizar a seguridade social. É adequada. Sim, porque eu não estou inviabilizando o negócio. Por exemplo, de 50 vagas disponíveis em cada ônibus, estou solicitando 02.É razoável. É. Porque o mesmo critério está sendo estabelecido para todas as outras empresas do ramo.... Limitação versus ganho....A limitação de uns fornece um ganho maior para a maioria...... Gabarito 2: A ação foi julgada improcedente pelo Supremo Tribunal Federal, declarando-se constitucional o teor da norma impugnada. A maioria dos Ministros do Supremo compreendeu que a lei fornecia maior efetividade aos valores indicados no preâmbulo do Texto Constitucional de 1988, bem como aos princípios da solidariedade, constante no art. 3º da Constituição, e da dignidade da pessoa humana, expresso no art. 1º, III. Ademais não haveria violação à livre iniciativa, uma vez que o serviço de ônibus consiste em concessão do Poder Público, havendo liberdade de exploração nos limites da lei. O docente deverá ainda enfatizar que entre a proteção à livre atividade econômica e a garantia da dignidade da pessoa humana, neste caso concreto esta última deve prevalecer, fornecendo-se assim a máxima efetividade dos direitos fundamentais. Tal decisão de nossa Suprema Corte consta no Informativo nº 505 do STF, ao informar o resultado do julgamento da ADIN 2649. DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 - SEMANA 6 Caso 1 – A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro abriu edital para concurso público para o provimento de vagas para Primeiro-Tenente, médico e dentista, do seu quadro de oficiais de saúde. De acordo com as regras do edital seriam admitidos apenas candidatos do sexo masculino, uma vez que a Polícia Militar, por sua natureza de ser uma polícia de confronto, poderia diferenciar quanto ao gênero na contratação de seus oficiais. Inconformada com a restrição do edital, Alethéia Maria, dentista regularmente inscrita no CRO (Conselho Regional de Odontologia) e com mais de dez anos de experiência na área de saúde, procura seu escritório de advocacia em busca de uma orientação jurídica quanto à legalidade do edital da PMERJ. É constitucional a restrição imposta pelo edital do concurso? Está se fazendo claramente uma restrição ao sexo feminino, dizendo que esta profissão não pode ser exercida por mulher. Tal prática não é admitida pela constituição. Página 12 de 25 Sugestão 1: A exigência imposta pelo edital é inconstitucional. A discriminação aqui apresentada viola claramente os princípios da razoabilidade e da igualdade entre os sexos. O docente poderá apresentar aos alunos o quão irrazoável é exigir que os médicos e dentistas de uma instituição pública sejam apenas indivíduos do sexo masculino. DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 – Caso concreto 7 Num sábado à noite um cidadão recebe a visita de um Oficial de Justiça que havia se dirigido até sua residência com o fim de citar sua esposa, que se encontrava enferma e acamada. Preocupado com o estado de saúde de sua mulher, o cidadão não permitiu a entrada do Oficial de Justiça em sua casa, e quando este tentou ingressar forçosamente, foi repelido com um empurrão. Foi o cidadão então indiciado pelo crime de desobediência (art. 330, Código Penal). O Juiz de primeira instância o absolveu, entendendo ter o agente agido com inexigibilidade de conduta diversa, em face do exposto no art. 5º, XI da Constituição da República. No entanto, provendo apelo do Ministério Público, o Tribunal de Justiça reformou a decisão de primeiro grau, entendendo que o autor atuou com violência contra agente público competente que executava ordem com amparo legal. Ressaltouo Tribunal que o Oficial de Justiça encontrava-se de posse de mandado de citação que continha autorização expressa para cumprimento em domingo ou em dia útil, em horário diverso do estabelecido no caput do art. 172 do Código de Processo Civil, nos termos do § 2º deste mesmo artigo, condenando-o assim nas penas do crime de desobediência. Dessa decisão do Tribunal de Justiça o advogado interpôs Recurso Extraordinário, pedindo a reforma da decisão do TJ com o restabelecimento da sentença de 1º grau. Analise tecnicamente as possibilidades de sucesso desse recurso, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Gabarito 2: Pode? É constitucional entrar na casa de alguém à noite ou ao domingo? Houve inegável violação ao preceito do art. 5º, XI da Carta da República. Tal dispositivo constitucional é claro ao afirmar que só se pode entrar forçosamente na casa de uma pessoa com ordem judicial durante o dia. Assim, se o mandado judicial possibilitava ao oficial efetuar a citação da ré na sua casa em qualquer horário é claro que isto não poderia se dar durante o horário noturno, sob pena de nulidade do ato por inconstitucionalidade. Desta forma não houve crime de desobediência e o Recurso Extraordinário deve prosperar. Este é o posicionamento de nossa Suprema Corte explicitado no julgamento do RE 460.880-4. A inviolabilidade do domicílio só é flexibilizada em três situações: 1 – Só pode ingressar no domicílio com autorização do morador. Em qualquer horário. 2 – Com mandado judicial durante o dia, ou seja, de 06:000 às 18:00 hs. 3 - Depois desse horário, em flagrante delito ou para prestar socorro. Então a decisão tinha que ser provida Página 13 de 25 DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 - Caso concreto 08 Soldado do Exército Brasileiro, indignado por ter uma remuneração inferior ao salário mínimo, fato que contrariaria o art. 7º, IV da CRFB/88, lhe procura para saber da constitucionalidade dessa remuneração inferior ao salário mínimo. Fundamente a sua resposta na doutrina e na jurisprudência. Gabarito 1: O aluno deve argumentar que apesar de aparentemente haver uma inconstitucionalidade, pois ninguém deveria auferir salário menor que o mínimo, o entendimento do STF acerca da questão é de que a Constituição não incluiu os praças iniciais como uma categoria que deveria receber salário mínimo. “Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial (Súmula Vinculante nº6)”. “Constitucional. Serviço militar obrigatório. Soldo. Valor inferior ao salário mínimo. Violação aos arts. 1º, III, 5º, caput, e 7º, IV, da CF. Inocorrência. RE desprovido. A Constituição Federal não estendeu aos militares a garantia de remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. O regime a que submetem os militares não se confunde com aquele aplicável aos servidores civis, visto que têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios. Os cidadãos que prestam serviço militar obrigatório exercem um múnus público relacionado com a defesa da soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas.” (RE 570.177, Rel. Ricardo Lewandowski, julgamento em 30-4-08, DJE de 27- 6- 08). DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 - Caso concreto 09 Mulher grávida, que trabalha sob a regime de contratação temporária, lhe consulta como advogado trabalhista para saber se tem direito à licença maternidade. Fundamente a sua resposta na doutrina e na jurisprudência. Gabarito 2: O aluno deve argumentar que este direito social, que se traduz a um tratamento diferenciado ao gênero feminino, se aplica em qualquer forma contratual de trabalho. “A empregada sob regime de contratação temporária tem direito à licença-maternidade, nos termos do art. 7º, XVIII da Constituição e do art. 10, II, b do ADCT, especialmente quando celebra sucessivos contratos temporários com o mesmo empregador.” (RE 287.905, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 28-6-05, DJ de 30-6-06). Para saber um pouco mais Mas certos tipos de ações, as que discutem a constitucionalidade dos temas, o como Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), elas não geram prevenção. Ou seja, não é porque aquele assunto está com um ministro que ele receberá outros processos que chegarem sobre aquele tema, como habeas corpus ou mandados de segurança. E também se chegarem habeas corpus ou mandados de segurança primeiro, e depois a ADPF ou a ADI, ela também não vai para o ministro que está com o assunto. DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 Título – Caso concreto 10 Página 14 de 25 João da Silva Smith, filho de Ana Maria da Silva, brasileira, natural dos Estados Unidos da América, cometeu um homicídio em Nova York em 26 de janeiro de 2000. No dia 28 de janeiro de 2000 fugiu para o Brasil. Ao chegar aqui, João da Silva Smith opta pela nacionalidade brasileira na Justiça Federal de acordo com os artigos 12, I, c e 109, X da CRFB/88. No ano de 2001, antes de se concluir o processo de opção de nacionalidade, o governo norte-americano pede a extradição de João da Silva Smith ao Brasil pelo homicídio cometido em 2000. Pergunta-se: o Brasil vai extraditá-lo? Por quê? Sugestão de gabarito do caso 1: “Extradição: inadmissibilidade: extraditando que – por força de opção homologada pelo juízo competente – é brasileiro nato (Const., art. 12, I, c): extinção do processo de extradição, anteriormente suspenso enquanto pendia a opção da homologação judicial (...).” (Ext 880- QO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 18-3-04, DJ de 16-4-04). “Nacionalidade brasileira de quem, nascido no estrangeiro, é filho de pai ou mãe brasileiros, que não estivesse a serviço do Brasil: evolução constitucional e situação vigente. Na Constituição de 1946, até o termo final do prazo de opção – de quatro anos, contados da maioridade -, o indivíduo, na hipótese considerada, se considerava, para todos os efeitos, brasileiro nato sob a condição resolutiva de que não optasse a tempo pela nacionalidade pátria. Sob a Constituição de 1988, que passou a admitir a opção ‘em qualquer tempo’ – antes e depois da ECR 3/94, que suprimiu também a exigência de que a residência no País fosse fixada antes da maioridade, altera-se o status do indivíduo entre a maioridade e a opção: essa, opção – liberada do termo final ao qual anteriormente subordinada -, deixa de ter a eficácia resolutiva que, antes, se lhe emprestava, para ganhar – desde que a maioridade a faça possível – a eficácia de condição suspensiva da nacionalidade brasileira, sem prejuízo – como é próprio das condições suspensivas -, de gerar efeitos ex tunc, uma vez realizada. A opção pela nacionalidade, embora potestativa, não é de forma livre: há de fazer-se em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que finda com a sentença que homologa a opção e lhe determina a transcrição, uma vez acertados os requisitos objetivos e subjetivos dela. Antes que se complete o processo de opção, não há, pois, como considerá-lo brasileiro nato. (...) Pendente a nacionalidade brasileira do extraditando da homologação judicial ex tunc da opção já manifestada, suspende-se o processo extradicional (CPrCiv art. 265, IV, a)”. (AC 70-QO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 25-9-03, DJ de 12-3-04). DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 Título – Caso concreto 11 Marco Fiori, italiano pelocritério do jus sanguinis e brasileiro pelo critério do jus soli, e domiciliado no Rio de Janeiro, viaja a Roma onde comete um furto de duas obras de arte e retorna ao Brasil. O governo italiano pede a sua extradição. Pergunta-se: o Supremo Tribunal Federal vai conceder a extradição? Por quê? Gabarito: “O processo remete ao complexo problema da extradição no caso da dupla nacionalidade, questão examinada pela Corte Internacional de Justiça no célebre caso Nottebohm. Naquele caso a Corte sustentou que na hipótese de dupla nacionalidade haveria uma prevalecente – a nacionalidade real e efetiva – identificada a partir de laços fáticos fortes entre a pessoa e o Estado. A falta de elementos concretos no presente processo inviabiliza qualquer solução sob esse enfoque.” (HC 83.450, Rel. p/ o ac. Min. Nelson Jobim, julgamento em 26-8-04, DJ de 4-3-05). Página 15 de 25 DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 Título – Caso concreto 12 O Vice-Governador do Estado do Pará, eleito duas vezes para o cargo de Vice-Governador, sendo que no segundo mandato sucedeu o titular, consulta-lhe para saber se há possibilidade constitucional de se reeleger Governador. Fundamente a sua resposta na doutrina e na jurisprudência. Desenvolvimento Sugestão: “Vice-Governador eleito duas vezes para o cargo de Vice-Governador. No segundo mandato de vice, sucedeu ao titular. Certo que, no seu primeiro mandato de vice, teria substituído o governador. Possibilidade de reeleger-se ao cargo de governador, porque o exercício da titularidade do cargo dá-se mediante eleição ou por sucessão. Somente quando sucedeu o titular é que passou a exercer o seu primeiro mandato como titular do cargo. Inteligência do disposto no § 5º do art. 14 da Constituição Federal.” (RE 366.488, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 4-10-05, DJ de 28-10-05). DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 Título Caso concreto 13 A Emenda Constitucional No. 52/06, que entrou em vigor em março de 2006, alterou a redação do art. 17, §1º, CRFB, para conferir aos partidos políticos plena autonomia para definir o regime de suas coligações eleitorais, extinguindo a chamada verticalização das coligações partidárias. Logo, a partir da referida reforma as coligações partidárias realizadas em âmbito nacional deixaram de ser obrigatórias em âmbito estadual, distrital ou municipal. Diante de tais circunstâncias, seria possível aplicar as novas regras ao pleito de outubro de 2006? Resposta fundamentada. Desenvolvimento "A inovação trazida pela EC 52/06 conferiu status constitucional à matéria até então integralmente regulamentada por legislação ordinária federal, provocando, assim, a perda da validade de qualquer restrição à plena autonomia das coligações partidárias no plano federal, estadual, distrital e municipal. Todavia, a utilização da nova regra às eleições gerais que se realizarão a menos de sete meses colide com o princípio da anterioridade eleitoral, disposto no art. 16 da CF, que busca evitar a utilização abusiva ou casuística do processo legislativo como instrumento de manipulação e de deformação do processo eleitoral (ADI 354, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ de 12-2-93). DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 – Título – Caso concreto 14 Referindo-se ao poder constituinte originário, o preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 1937, dizia que o Presidente da República, “atendendo às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social (...)” e atendendo a outras circunstâncias, resolvia “assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo brasileiro, sob um regime de paz política e social, as condições necessárias à sua segurança, ao seu bem-estar e à sua prosperidade, decretando a seguinte Constituição, que se cumprirá desde hoje em todo o Pais”. Considerando tal preâmbulo, como classificar a Carta, quanto à origem? Por quê? Desenvolvimento: Outorgada. A Constituição em apreço não foi elaborada por uma assembléia constituinte eleita popularmente para tal fim (em tal caso seria promulgada por essa assembléia); foi, ao contrário, imposta pelo titular do Poder. Página 16 de 25 DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 – Título – Caso concreto 15 Questão Objetiva: As Constituições brasileiras se mostraram com avanços e retrocessos em relação aos direitos humanos. A esse respeito assinale a alternativa correta. (A) A Constituição de 1946 apresentou diversos retrocessos em relação aos direitos humanos, principalmente no tocante aos direitos sociais. (B) A Constituição de 1967 consolidou arbitrariedades decretadas nos Atos Institucionais, caracterizando diversos retrocessos em relação aos direitos humanos. (C) A Constituição de 1934 se revelou retrógrada ao ignorar normas de proteção social ao trabalhador. (D) A Constituição de 1969, mesmo incorporando as medidas dos Atos Institucionais, se revelou mais atenta aos direitos humanos que a Constituição de 1967. DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 – Título – Caso concreto 16 Descrição 1- Acerca do conceito, dos elementos e da classificação da CF, do poder constituinte e da hermenêutica constitucional, assinale a opção correta: De acordo com o princípio da força normativa da constituição, defendida por Konrad Hesse, as normas jurídicas e a realidade devem ser consideradas em seu condicionamento recíproco: (A) norma constitucional não tem existência autônoma em face da realidade. Para ser aplicável, a CF deve ser conexa à realidade jurídica, social e política, não sendo apenas determinada pela realidade social, mas determinante em relação a ela. (B) Segundo Kelsen, a CF não passa de uma folha de papel, pois a CF real seria o somatório dos fatores reais do poder. Dessa forma, alterando-se essas forças, a CF não teria mais legitimidade. (C) A CF admite emenda constitucional por meio de iniciativa popular. (D) Segundo Pedro Lenza, os elementos limitativos da CF estão consubstanciados nas normas constitucionais destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. (E) Constituição rígida é aquela que não pode ser alterada. 2- Com relação aos partidos políticos, ao alistamento, à eleição e aos direitos políticos, assinale a opção correta: (A) Considere que Petrônio tenha sido eleito e diplomado no cargo de prefeito de certo município no dia 1.º/1/2008. Nessa situação hipotética, o mandato eletivo de Petrônio poderá ser impugnado ante a justiça eleitoral, no prazo de 15 dias a contar da diplomação, por meio de ação instruída com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. (B) Os partidos políticos adquirem personalidade jurídica com registro dos seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. (C) É vedado aos estrangeiros, ainda que naturalizados brasileiros, o alistamento como eleitores. (D) Suponha que Pedro, deputado federal pelo estado X, seja filho do atual governador do mesmo estado. Nessa situação hipotética, Pedro é inelegível para concorrer à reeleição para um segundo mandato parlamentar pelo referido estado. (E) A condenação criminal com trânsito em julgado ensejará a perda dos direitos políticos do condenado. Página 17 de 25 3- Assinale a opção correta acerca do conceito, da classificação e dos elementos da constituição: (A) Segundo a doutrina, os elementos orgânicos da constituição são aqueles que limitam a ação dos poderes estatais, estabelecem as balizas do estado de direito e consubstanciam o rol dos direitos fundamentais. (B) No sentido sociológico, a constituição seria distinta da lei constitucional, poisrefletiria a decisão política fundamental do titular do poder constituinte, quanto à estrutura e aos órgãos do Estado, aos direitos individuais e à atuação democrática, enquanto leis constitucionais seriam todos os demais preceitos inseridos no documento, destituídos de decisão política fundamental. (C) Na acepção formal, terá natureza constitucional a norma que tenha sido introduzida na lei maior por meio de procedimento mais dificultoso do que o estabelecido para as normas infraconstitucionais, desde que seu conteúdo se refira a regras estruturais do Estado e seus fundamentos. (D) Considerando o conteúdo ideológico das constituições, a vigente Constituição brasileira é classificada como liberal ou negativa. (E) Quanto à correspondência com a realidade, ou critério ontológico, o processo de poder, nas constituições normativas, encontra-se de tal modo disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder se subordinam às determinações de seu conteúdo e do seu controle procedimental. 4- Julgue os itens subsequentes, relativos aos poderes constituintes originário e derivado: I - O poder constituinte originário não se esgota quando se edita uma constituição, razão pela qual é considerado um poder permanente. II - Respeitados os princípios estruturantes, é possível a ocorrência de mudanças na constituição, sem alteração em seu texto, pela atuação do denominado poder constituinte difuso. III - O STF admite a teoria da inconstitucionalidade superveniente de ato normativo editado antes da nova constituição e perante o novo paradigma estabelecido. IV - Pelo critério jurídico-formal, a manifestação do poder constituinte derivado decorrente mantém-se adstrita à atuação dos estados-membros para a elaboração de suas respectivas constituições, não se estendendo ao DF e aos municípios, que se organizam mediante lei orgânica. V - O poder constituinte originário pode autorizar a incidência do fenômeno da desconstitucionalização, segundo o qual as normas da constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem constitucional, permanecem em vigor com status de norma infraconstitucional. Estão certos os itens: (A) I e V. (B) II e III. (C) I, III e IV. (D) I, II, IV e V. (E) II, III, IV e V. Gabarito 1: A; 2:A; 3:B; 4:B; 5: E; 6:D; 7:B; 8:A EXERCÍCIOS DE REVISÃO Relativamente aos direitos e garantias fundamentais, analise as afirmativas a seguir: Página 18 de 25 I. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. II. São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder e a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. III. São imprescritíveis os crimes de racismo, ação de grupos armados contra o Estado, tortura e terrorismo. IV. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime hediondo praticado após a naturalização. Assinale: (A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. X (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. Senador da República apresenta projeto de emenda constitucional, aduzindo ser necessário restringir a utilização do habeas corpus tendo em vista a necessidade de combater o crime organizado, notadamente aquele do colarinho branco, bem como os grupos armados que, pelo tráfico de drogas, aguçam a violência urbana. À luz das regras constitucionais em vigor, pode-se afirmar que: (A) o sistema constitucional proíbe a apresentação da emenda por ferir direitos individuais. x (B) situações de calamidade pública, aí incluída a social, permitem limitar quaisquer direitos, sendo completamente livre o constituinte derivado. (C) desde que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, no exercício de suas atribuições regimentais, aprove o projeto, estará sanado qualquer eventual vício de inconstitucionalidade. (D) a emenda colide com a perspectiva republicana. João da Silva, cidadão brasileiro, tem um filho de sete anos e um enorme desejo pessoal de cursar uma faculdade de odontologia. Seu filho não conseguiu vaga em nenhuma escola pública para cursar o 1º ano do ensino fundamental, enquanto ele já foi reprovado cinco vezes no vestibular da única faculdade pública de seu estado, além de não possuir condições financeiras para arcar com as mensalidades de uma instituição privada. Inconformado com a situação, João decide ingressar com uma ação judicial a fim de obrigar o Estado a cumprir com o mandamento previsto no art. 205 da Constituição em relação ao seu filho e a ele próprio (“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua educação para o trabalho”). Comente as chances de sucesso da empreitada de João, considerando a aplicabilidade dos direitos sociais. O aluno deve tratar da questão associada ao custo dos direitos em um panorama de escassez de recursos estatais. Mesmo consciente de que os direitos sociais não poderão ser plenamente reconhecidos como direitos subjetivos, o seu núcleo essencial deve sempre ser garantido pelo Estado (mínimo existencial). Em relação à educação, a própria Constituição estabelece o ensino fundamental como o núcleo essencial (art. 208, § 1º). Já o acesso ao ensino superior depende de comprovação do Página 19 de 25 mérito acadêmico (art. 208, V), ou seja, não há possibilidade de se assegurar judicialmente uma vaga em universidade pública. Manoel, trabalhador, está sem receber salários a 3 meses. Ingressa na Justiça do Trabalho pedindo sua rescisão contratual e suas verbas devidas. O magistrado defere os pedidos e ainda determina a prisão do empregador. Pergunta-se: Com base em que tese o magistrado poderia determinar a prisão do empregador? (valor até 2,5 pontos). O aluno deverá discutir a natureza alimentar do salário. Assinale a opção correta. (A) Pessoas jurídicas de direito público podem ser titulares de direitos fundamentais. x (B) As garantias constitucionais da ampla defesa e do devido processo legal têm aplicação exclusiva nos processos administrativos ou judiciais em que alguém se acha na condição de acusado de infração administrativa ou criminal. (C) A nacionalidade brasileira é condição necessária e suficiente para que se proponha aço popular visando à anulação de ato lesivo ao patrimônio público. (D) O princípio constitucional da presunção de inocência tornou inconstitucional toda a prisão que não encontre causa numa sentença penal transitada em julgado. Os direitos fundamentais possuem quatro dimensões básicas, que a doutrina de Bobbio consagrou como gerações de direito. Menciona-se o termo dimensão, pois se considera o alerta de Antonio Cançado Trindade para o reducionismo do termo geração, no sentido de que este fornece uma idéia de que os direitos nascem e morrem quando em verdade são indivisíveis e interdependentes, sobrevivendo com o passar do tempo. Impossível ter direito à liberdade sem direitos econômicos e sociais. Além disso, sempre se concebe o direitofundamental como detentor de uma garantia, embora alguns direitos já se revelem em si mesmos como tal. Acerca desse tema e considerando o texto acima, marque a alternativa correta. • São considerados direitos fundamentais de primeira geração os direitos civis e políticos, que correspondem, em um quadro histórico, à fase inicial do constitucionalismo no ocidente. X • Os direitos de primeira geração consagram a titularidade no indivíduo, porém não podem ser traduzidos em forma de oposição ao Estado, uma vez que são atributos da pessoa humana e não se enquadram na categoria de status negativus. • De acordo com a boa doutrina, a concepção de direitos fundamentais que contêm garantias institucionais de liberdade deve ser recebida com certa cautela, pois o direito de liberdade, ao contrário do que acontece com a propriedade, não está suscetível de institucionalização em termos de garantia. • O direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao meio ambiente e o direito de propriedade ao patrimônio comum da humanidade podem ser considerados como direitos de segunda geração ou dimensão. Ainda a propósito dos direitos e deveres individuais, assinale a opção correta. (A) A garantia de que nenhuma pena ultrapassará a pessoa do condenado impede que a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento dos bens em decorrência de ilícito penal sejam estendidas aos sucessores e contra eles executadas. Página 20 de 25 (B) A prática do racismo constitui crime inafiançável, imprescritível, insuscetível de graça ou anistia, sujeito à pena de detenção, nos termos da lei. (C) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. X (D) A vedação à identificação criminal do cidadão civilmente identificado tem caráter absoluto também em relação ao legislador, a quem a Constituição não conferiu qualquer ressalva. Determinada pessoa, portadora do vírus da AIDS, ajuizou ação pelo rito ordinário em face do Município de Varre e Sai (RJ), com o objetivo de obter do Poder Público local os remédios necessários à manutenção de sua saúde e de sua vida. Alegava a parte autora, em suma, que ao Estado, em qualquer esfera federativa, incumbe o dever de garantir a saúde da população, nos termos do art. 196 da CRFB/1988. E mais: que a Lei n.º 9.313/1996 garantia-lhe, especificamente, o direito aos remédios para a preservação de sua vida. Em sede de defesa, além de outros pontos, argüiu a municipalidade o caráter meramente programático da norma contida no art. 196 da CRFB/1988, o que lhe retiraria a condição de norma jurídica, não se podendo, assim, extrair do referido dispositivo constitucional qualquer dever jurídico da Municipalidade. Na condição de magistrado, como você resolveria esse ponto específico da controvérsia sobre a eficácia das normas programáticas? O aluno deverá discutir a questão a luz do entendimento jurisprudencial da aplicabilidade das normas programáticas e dos princípios da reserva do possível e do mínimo existencial. Leia o texto abaixo: A partir da década de 1970, os princípios e conceitos dos direitos humanos — tanto civis e políticos como econômicos e sociais — emergem com o surgimento de novos atores durante a ditadura até 1985. (PINHEIRO, P. S. Transição política e não-estado de direito na República. In: SACHS, WILHEIM e PINHEIRO (Org.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 290.) • Cite um exemplo de movimento que lutou por direitos civis ou políticos no Brasil, na década de 1970 ou de 1980. O aluno poderá citar o movimento sindical, o movimento estudantil etc. • Cite três desafios econômicos enfrentados pelo Brasil na década de 1980. O aluno poderá citar a dependência do capital externo, a inflação desenfreada e o desemprego. Caso aula 18 A Assembleia Legislativa de um estado da Federação aprovou projeto de decreto legislativo criando novo município, resultante de desmembramento de outro, tendo sido realizada posteriormente à aprovação do decreto consulta plebiscitária junto às populações diretamente interessadas. Foram, ainda, apresentados e publicados os estudos que comprovam a viabilidade do novo ente que se quer formar. Nessa situação hipotética, foram atendidos todos os requisitos constitucionais que permitam considerar criado o novo município? Justifique a sua resposta. 1 - Nos termos da Constituição de 1988, o Estado federal brasileiro Página 21 de 25 a) é formado pela união indissolúvel dos estados e municípios e do Distrito Federal (DF), todos autônomos, sendo apenas a União detentora do atributo da soberania. b) adota um sistema de repartição de competências que enumera os poderes da União, define indicativamente os dos municípios e atribui os poderes remanescentes para os estados. c) destina à União, como ente central, competências de caráter exclusivo e privativo, restando aos estados, ao DF e aos municípios apenas o exercício de competências legislativas em caráter remanescente e suplementar. d) não admite que os municípios, mesmo de forma suplementar, possam legislar sobre as matérias que são objeto da legislação federal e estadual. 2 - Assinale a opção correta acerca da disciplina constitucional dos municípios. a) A posse de prefeitos e vice-prefeitos ocorrerá no dia 15 de fevereiro do ano subsequente ao da eleição. b) Os municípios, que são dotados de autonomia, podem editar constituição própria. c) Compete privativamente aos municípios legislar sobre trânsito e transporte. d) É vedada a criação de tribunais de contas municipais. 3 - Acerca do federalismo nacional, assinale a opção correta. a) A CF, ao extinguir os territórios federais até então existentes, vedou a criação de novos territórios. b) A CF não atribuiu ao território a chamada tríplice capacidade. c) Segundo preceitua a CF, são entes federativos os estados-membros, o DF, os municípios e os territórios federais. d) O DF não possui capacidade de auto administração visto que não organiza nem mantém suas próprias polícias Sugestão de gabarito do caso concreto: Não. Desde a edição da EC 15/1996, que alterou o art. 18, § 4º, CRFB/88, que trata da criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios, faz-se necessária a edição de uma Lei Complementar federal que disponha sobre o período em que será possível a criação do novo ente federativo. Com isso, a norma constitucional é classificada como sendo de eficácia limitada e, consequentemente, qualquer ato de criação de município posterior à edição da referida emenda (12.09.1996) será considerado inconstitucional. Ver, a respeito, a EC 57/2008, que ratificou os municípios irregularmente criados até 31.12.2006 e o julgamento das ADI 3316 e 3682 pelo STF. Gabarito 1: letra b; Gabarito 2: letra d. Gabarito 3: letra b. Caso concreto aula 19 Caso concreto 1: No terreno das competências legislativas de trato concorrente, máxime nas matérias de direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico, o artigo 24 da Carta da República institui à União o estabelecimento das normas gerais, reservando aos estados a incumbência da regulamentação específica. Todavia, com base no inciso II do artigo 30, aos municípios compete suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. Por conseguinte, na edição das leis urbanísticas municipais, tendo-se em consideração a vigência da Lei Federal nº 10.257/01 (Estatuto da Cidade) e das leis estaduais sobre a matéria,qual é a natureza Página 22 de 25 da competência exercida pelo poder local? Justifique sua resposta. Caso concreto 2: Em face da competência concorrente prevista na Constituição Federal, determinado estado da Federação editou lei que versa sobre educação e cultura. O Procurador-Geral da República ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal alegando que a lei estadual não respeitava as normas estabelecidas pela Lei federal n.º 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Tomando por base o sistema de repartição de competências adotado pela Constituição, redija um texto sobre o exercício da competência concorrente pelos estados-membros e pela União, comentando qual o campo de atuação de cada um desses entes. De igual maneira, comente se a ação impetrada pelo Procurador-Geral da República é adequada, e se o mesmo tem legitimidade para propor a ação. QUESTÕES OBJETIVAS 1 - Consoante disposição expressa da Constituição Federal, em matéria de competência legislativa, o Distrito Federal tem competência: a) privativa, para legislar sobre saúde e assistência pública. b) privativa, para legislar sobre produção e consumo. c) delegada, para legislar sobre registros públicos. d) concorrente, para legislar sobre orçamento e custas dos serviços forenses. 2 - No que se refere às competências legislativas de caráter concorrente, assinale a opção correta: a) A competência da União para legislar sobre normas gerais e específicas não exclui a competência suplementar dos estados. b) A superveniência de lei federal sobre normas gerais derroga a lei estadual, no que lhe for contrária. c) Os estados não exercerão competência legislativa plena, mesmo inexistindo lei federal. d) A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, naquilo que lhe for contrária. Sugestão de gabarito do caso 1: O município terá competência de natureza suplementar, cabendo-lhe suprir os vazios e omissões dos legisladores federal e estadual, devendo obediência às normas expedidas por esses dois entes federativos e limitando-se a regulamentar assuntos de interesse local. Sugestão de gabarito do caso 2: No campo das competências concorrentes, compete à União editar as normas gerais sobre o tema e aos Estados editar a legislação suplementar, que irá especificar a legislação federal à luz de suas peculiaridades. Como afirma Uadi Lammêgo Bulos, “enquanto a União, no âmbito da competência concorrente, limita-se a estabelecer normas gerais (CF, art. 24, § 1º), os Estados e o Distrito elaboram leis específicas, voltadas para satisfazer os seus interesses regionais” (Curso de Direito Constitucional, 2ª ed., Saraiva, 2008, p. 782). Com relação à ADI impetrada pelo PGR, tratando-se de lei estadual, posterior à CRFB/88, verifica-se que foi corretamente proposta, tanto do ponto de vista do objeto (art. 102, I, a, CRFB/88) quanto da legitimidade ativa (art. 103, VI, CRFB/88). Página 23 de 25 Gabarito 1: letra d; Gabarito 2: letra d. Caso concreto aula 20 Um governador de estado decidiu decretar intervenção em município situado no território de seu estado sob a alegação de que não foi aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino, conforme exige a Constituição Federal. Diante dessa situação hipotética, discorra sobre a intervenção em municípios, respondendo às seguintes perguntas: a)A intervenção poderia se realizar pelo estado-membro, ou deveria ter sido decretada apenas pela União? b)É adequado dizer que a citada intervenção, para se concretizar, depende de prévia autorização judicial? c)Qual a forma pela qual a intervenção deverá se concretizar (resolução, decreto legislativo, decreto governamental, lei estadual ou lei federal, decisão judicial)? d)No caso apresentado, é necessário que o Poder Legislativo estadual aprecie o ato de intervenção? Se sua resposta for afirmativa, essa apreciação deve ser a priori ou a posteriori? 1 - Não constitui causa de intervenção da União nos estados e no DF a necessidade de: a) garantir a aplicação do mínimo exigido da receita na segurança pública. b) manter a integridade nacional. c) prover a execução de ordem judicial. d) assegurar o princípio da autonomia municipal. 2 - Assinale a opção correta quanto à disciplina sobre a intervenção federal: a) Se houver, por parte de estado-membro, ameaça ao livre exercício de qualquer dos poderes, o pedido de intervenção federal dependerá de requisição do STF. b) A União só poderá intervir nos estados após prévia anuência do Congresso Nacional. c) O estado só poderá intervir em seus municípios se a assembleia legislativa, por maioria absoluta, aprovar a decretação da intervenção. d) No caso de descumprimento, por algum estado-membro, dos princípios constitucionais sensíveis, a decretação de intervenção dependerá de provimento, pelo STF, de representação do procurador-geral da República. Sugestão de gabarito do caso concreto: a) Neste caso, deveria ser decretada pelo estado-membro, uma vez que a União somente pode intervir em municípios localizados em territórios federais, de acordo com o art. 35, caput, CRFB/88. b) No caso da intervenção dos estados-membros nos municípios, a intervenção será espontânea nas hipóteses do art. 35, I, II e III, CRFB/88 e provocada apenas na hipótese do art. 35, IV, CRFB/88. Neste caso, como se trata da previsão do art. 35, III, CRFB/88, não dependerá de prévia autorização judicial. c) A intervenção deve ser decretada por meio de Decreto governamental, nos termos do art. 36, § 1º, CRFB/88, notadamente por se inserir no âmbito da competência privativa do Chefe do Executivo (art. 84, X, CRFB/88, aplicável pelo princípio da simetria – art. 25, caput – no plano estadual). Página 24 de 25 d) Em todas as hipóteses de intervenção o Poder Legislativo deve fazer o controle de sua decretação, que, neste caso (de intervenção espontânea), será feito a posteriori, no prazo de 24 horas, de acordo com o art. 36, § 1º, CRFB/88. Gabarito 1: letra a; Gabarito 2: letra d. Caso concreto aula 22 Caso concreto 1: Durante o estado de sítio, o Presidente da República indicou um executor das medidas excepcionais. Este por sua vez exorbitou em seu poder, poderá o mesmo responder criminalmente? A União poderá ser condenada a pagar indenização por danos materiais e morais? Sugestão de gabarito do caso concreto 1: Ainda que o estado de sítio represente uma situação de extraordinária excepcionalidade, que justifica, inclusive, a suspensão de algumas garantias constitucionais, tal como se extrai do disposto no art. 139 da CRFB/88, é de se ver que em nenhum momento ficou autorizada a prática de tortura, que é vedada, sem exceções, pelo art. 5.º, III, da CRFB/88 e capitulada como crime pelo art. 1.º da Lei n.º 9.455/97, sendo insusceptível de graça, anistia ou indulto (CRFB/88, art. 5.º, XLIII). Dessa forma e com amparo específico no caput do art. 141 da CRFB/88, a resposta deve ser no sentido de que o executor das medidas deveria responder pelos crimes praticados, bem como a União, que era representada pelo referido agente, deveria arcar com a indenização pelos danos materiais e morais causados, o que também encontra amparo específico nos arts. 5.º, X e 37, § 6.º, ambos da CRFB/88. Caso concreto 2: Poderá num momento de estado de defesa o Estado obrigar um particular de forma graciosa fazer atendimento hospitalar? Sugestão de gabarito do caso concreto 2: A medida liminar
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