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CAFÉ E DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE SÃO PAULO

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CAFÉ E DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Joheinnel van Sales
Graduando em História pela UNITAU. E-mail: joovaansaalees@gmail.com 
Café e Desenvolvimento do Estado de São Paulo
O café é o produto básico promotor do desenvolvimento que, a partir da capital São Paulo, orienta os direcionamentos políticos que permitiram em diversas regiões favoráveis á planta um “progresso” a partir de fortes investimentos que deixariam, posterior, condições embrionárias para uma diversificação econômica. O que valida teoricamente que a transferência de recursos produtivos e gerador de capital, que alavancou a industrialização nacional, dá-se a partir de um recurso primário: café. 
É esse produto que desencadeia a transformação industrial e urbana posterior ao processo agrícola, no estado que se torna a força motriz da industrialização e urbanização no Brasil: São Paulo. É a continuidade do gerenciamento da riqueza proporcionada pelo café, dirigida pela força política da gestão econômica do capital advindo dessa planta, aliada a capacidade endógena de uma região que desenha o progresso urbanístico e industrial.
A importância do desenvolvimento produtivo do café é dada a partir do clássico estudo de Sérgio Milliet (1946). A tabela adiante apresenta as medidas da produção que organizou uma nova estrutura para o Brasil a partir do estado de São Paulo. 
Tabela 1: Produção de Café no Estado de São Paulo, Arrobas
	Ano
	Norte 
	Central 
	Mogiana
	Paulista
	Araraquarense
	Noroeste
	Alta Sorocabana
	Total
	1836
	510.406
	70.378
	821
	8.461
	-
	-
	-
	590.066
	1854
	2.737.639
	491.397
	81.750
	223.470
	-
	-
	-
	3.534.256
	1886
	2.074.267
	3.008.350
	2.262.599
	2.458.134
	420.000
	-
	151.000
	10.374.350
	1920
	767.069
	2.780.525
	7.852.020
	4.148.462
	4.152.438
	722.119
	1.676.228
	22.098.861
	1935
	898.332
	3.716.021
	8.521.076
	6.110.213
	14.126.113
	12.544.045
	6.524.410
	52.440.210
Fonte: (MILLIET, 1946, pp. 17-27 apud RICCI, 2006, p. 108). 
A expansão agrícola cafeeira atinge 5,9% a.a entre 1920 e 1935, acentuando a importância econômica do produto cuja safra, tendo retorno financeiro garantido, justifica a expansão territorial (RICCI, 2008, p. 108). 
O crescimento da agricultura cafeeira, no estado de São Paulo, é proporcionado por forças do comércio exterior e é sob essa perspectiva que se faz possível entender seu desenvolvimento econômico (FURTADO, 1998, p.152). O desenvolvimento no Estado renuncia a uma organização própria do processo que sustenta o capitalismo por meio do progresso tecnológico e, com o capital advindo do café, compra esse progresso junto aos países capitalistas centrais. A reestruturação da urbanidade, proporcionada pelo capital excedente, acontece primeiramente em São Paulo devido as interações comerciais com o exterior; o que faz com que: “os padrões de consumo de bens e serviços urbanos começam a se espelhar nos europeus, provocando novos tipos de demanda económica e social” (RICCI, 2006, p. 24). 
O contexto apresentado é o que permite uma prosperidade desse Estado, propiciando uma melhor qualidade de vida__ espaço onde se permite um crescimento populacional mais acentuado e consequentemente a aparição de novas empresas que oferecem produtos diversificados para atender os gostos da nova classe trabalhadora. O investimento no setor industrial, no país, é posto a partir do momento em que o capitalismo, do centro, já estabelece monopólios mundiais. No Brasil, a extensão desse monopólio careceu da “potencialização do acúmulo de excedentes e formação de mercado consumidor” (RICCI, 2006, p. 25).
Ora, se o produto primário: café, gerador incontestável de riquezas, avolumava a economia do Estado, a gestão política preocupava-se em modernizar os caminhos possíveis para dinamizar o comércio do produto. É o contexto dessa dinamização logística que possibilitou uma reorganização social, que, por seu turno, apresentou ao moderno mundo tecnológico um espaço propício a investimentos. Dessa forma, o café engendrava o desenvolvimento do Estado e o seu nivelamento com os centros tecnológicos. Entretanto, isto acontecia sob condições distintas: de um lado o dono da tecnologia (centro) e de sua contínua aplicação e, de outro, o Estado (periferia) na função de comprador, e sua contínua dependência. Sobre o assunto, complementa o professor:
A diversificação da economia brasileira propiciava inúmeras oportunidades de investimentos, que foram amplamente aproveitadas pelas empresas estrangeiras. Essa articulação de interesses, tendo de um lado a necessidade de crescimento e diversificação da economia brasileira, notadamente em infra-estrutura, e de outro, a expansão das economias centrais, que se caracterizou pela exportação de capitais, trouxe um rápido desenvolvimento dos serviços urbanos nos principais centros do país . (RICCI, 2006, p. 25)
Essas ideias são reforçadas em (SUZIGAN, 1971, p. 90) a partir do momento em que explica como o transporte necessário á dinâmica cafeeira embasou condições para a distribuição dos produtos da indústria incipiente; concomitantemente sucedia um avolumado crescimento populacional e um capital disponível para ser aplicado neste novo setor: industrial. Essas condições são responsáveis pela composição apresentada na tabela seguinte: 
Tabela 3 – Indústria de Transformação no Estado de São Paulo
	
	1900
	1905
	1910
	1915
	1920
	1925
	1926
	1927
	1928
	Tecidos
De algodão (1000m)
 Juta (1000m)
 Lã (1000m)
 Seda (kg)
 Fitas de seda (kg)
	
	
	33.540
	26.646
	75.834
	121.590
	186.520
	206.148
	238.933
	203.889
	191.139
	
	---------
	---------
	19.088
	33.463
	26.367
	86.161
	97.852
	81.573
	84.613
	
	---------
	---------
	218
	617
	1.573
	3.506
	3.083
	4.212
	4.330
	
	---------
	---------
	---------
	5.185
	34.586
	40.110
	49.104
	103.051
	232.030
	
	---------
	---------
	---------
	18.899
	22.503
	48.648
	48.108
	53.109
	72.018
	 2. Artigos de vestuário
 Chapéus (1000 und)
 Calçados(1000 p.)
	
	
	1.060
	1.400
	3.588
	2.654
	2.342
	3.983
	4.247
	4.303
	4.993
	
	1.600
	1.980
	3.608
	4.865
	6.765
	10.036
	10.948
	11.204
	12.580
	 3. Bebidas
Cervejas (1000 L)
	
	
	_____
	_____
	20.959
	27.959
	28.518
	50.007
	50.670
	54.353
	62.207
Fonte: Censo Industrial do Brasil. 1910 (dados primários) Rio de Janeiro. Diretoria Geral de Estatística (apud SUZIGAN, 1971, p.91)
	É a distribuição da renda gerada pela exportação que orienta os gastos de consumo, que passam a estimular a produção interna (HIRSCHMAN, 1961); donde se conclui na tabela anterior que os itens 1 (tecidos) e 2 (artigos de vestuário) apresentam a maior produção. 
As propriedades necessárias á produção industrial podem ser concebidas naquelas pessoas geradas no processo do produto básico e que assistem a um vencimento superior, pois tem a capacidade de acumular poupanças para investimentos vindouros (BRESSER PEREIRA, 1996). 
Considerações Finais: 
O desenvolvimento capitalista global assiste a uma ordem de acúmulo de riquezas, a partir de formas diversas de origem de recursos, e posterior investimentos tecnológicos. É a capacidade de orientar o potencial tecnológico e a sua instalação em uma ampla região, ou macrorregião, que define a riqueza a que se terá direito em retorno. Conforme a congruência (política) dos fatores endógenos dá-se nessa expansão uma melhor distribuição das rendas geradas. 
No Brasil, o vetor inicial industrial difundido no estado de São Paulo obedece a riqueza gerada pelo café_ planta que carece de mercado externo. Enquanto esse mercado sustentava um alto nível de arrecadação a política do país não deu conta de engendrar um mecanismo eficiente para sustentar uma tecnologia própria. Assim, o capital gerado no Brasil não era capaz de alimentar o progresso, pois comprava dos países centrais toda a inovação modernizadora. E mais, fazia o Estado bancar as despesas que o produtoprimário não era suficiente para manter. 
Referências Bibliográficas
RICCI, F. Origens e Aspectos do Desenvolvimento das Indústrias Têxteis no Vale
do Paraíba Paulista na República Velha. Taubaté – SP:FFLCH/USP, 2006
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo Nacional, 1998.
HIRSCHMAN, Albert O. Estratégia do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1961. Capítulo 6- Interdependência e Industrialização
MILLIET, Sergio. Roteiro do Café e Outros Ensaios. São Paulo, BIPA-Editores, 1946.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Empresários, suas origens e as Interpretações do Brasil. In: SZMRECSÁNYI, Tamás e MARANHÃO, Ricardo (org). História de Empresas eDesenvolvimento Econômico . São Paulo, HUCITEC/FAPESP/ABPHE, 1996.
SUZIGAN, Wilson. Indústria Brasileira: Origem e Desenvolvimento. São Paulo, HUCITEC/UNICAMP, 2000.

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