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RESUMO Mediação de Conflitos AULA 1 A 10

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MEDIAÇÃO DE CONFLITOS AULA 1 a 10
Aula 1
Lógica determinista binária, é o paradigma ganhar-perder, onde a perpetuação do litígio é quase inevitável, podendo chegar a níveis patológicos, sempre haverá uma parte que ganha e outra que perde em um litígio.
Mecanismos Alternativos de Resolução de Conflitos:
Negociação: relação que estabelecem duas ou mais pessoas a respeito de um assunto determinado, visando encontrar posições comuns e chegar a um acordo que seja vantajoso para todos. NÃO EXIGE A PRESENÇA DE UM TERCEIRO. Inicia-se quando há diferença de posições entre as partes. O objetivo é um acordo que satisfaça a vontade de todos os envolvidos
Conciliação: forma de resolução de controvérsias na relação de interesses administrada por um conciliador (investido em autoridade ou indicado pelas partes) a quem compete: aproximá-las, controlar as negociações, aparar as arestas, sugerir e formular propostas, apontar vantagens e desvantagens. O JEC e o JECRIM tem competência para conciliação. A conciliação tem competência na Justiça do Trabalho para prestigiar o espaço de autonomia individual, buscando uma solução de conflito entre patrão e empregado.
Arbitragem: é prevista em lei, é um meio privado e alternativo de solução de controvérsia extrajudiciais de direito patrimonial, disponível nas áreas cível, comercial e trabalhista. Ela pode ser usada para resolver problemas jurídicos sem a participação do Poder Judiciário. O árbitro é um especialista no assunto. É um mecanismo voluntário, ninguém pode ser obrigado a se submeter à arbitragem contra sua vontade. A decisão arbitral tem força de sentença, é um título executivo e não cabe recurso. Os instrumentos que podem ser utilizados na arbitragem são cláusula compromissória e compromisso arbitral, esses instrumentos excluem a participação do judiciário, desde que, tenha sido feita livremente por todos os envolvidos. Se os envolvidos optaram pela arbitragem, não poderão voltar atrás no futuro, somente poderá recorrer ao judiciário se houver violação grave do direito de defesa, ou outras situações bem limitadas.
Mediação: é um meio alternativo de solução de controvérsias, litígios e impasses, na qual um terceiro imparcial, de confiança das partes (pessoas físicas ou jurídicas), por elas livre e voluntariamente escolhido, intervém entre elas agindo como um facilitador, um catalisador, que leva as partes a encontrarem a solução para as suas pendências. Na mediação, quebra o paradigma do ganhar-perder que acontece nas decisões judiciais, a parte vencida no processo sempre acha que foi 
injustiçada. O MEDIADOR NÃO PODE OPINAR, SUGERIR SOLUÇÃO PARA O CONFLITO. 
O procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até 60 dias, contados da primeira sessão, salvo quando as partes, de comum acordo, requerem sua prorrogação.
Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há, pelo menos, dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. 
Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação, ou nele inscrever-se. 
OBS: Se já houver processo judicial em andamento e as partes optarem pela mediação judicial no decorrer do litígio, esta será conduzida por um mediador judicial e não extrajudicial, e não poderá ser escolhido pelas partes.
A mediação incentiva nos indivíduos, a oportunidade de dispor de forma pacífica sobre seus problemas, inserindo-os na cultura do diálogo. Em uma mediação devemos dividir o problema em partes menores para entendê-lo melhor.
Aula 2
EUA e Canadá
Somente a partir do sec. XX a mediação tornou-se institucionalizada, e o crescimento da mediação deve-se ao reconhecimento dos direitos humanos. O uso da mediação cresceu de forma mais rápida no Canadá e nos EUA, no direito trabalhista para solucionar conflitos entre patrão e empregado, em 1913. Serviu também para:
EUA→ resolução de disputas nas comunidades e em relações discriminatórias quanto à etnia e nacionalidade. Os EUA vêm investindo maciçamente na Mediação como importante mecanismo de solução de conflitos. O interesse neste instituto visa reduzir o número de processos na justiça norte-americana. 
Canadá→ foram utilizados serviços de resolução de disputa, também utilizados para lidar com diferenças étnicas.
O sistema de mediação desses dois países tem sido utilizados em queixas criminais e em disputas familiares.
China e Japão
Na China, a mediação vem sendo utilizada para resolver disputas ambientais entre jurisdições e entidades governamentais. Hong Kong institucionalizou as mediações comerciais e familiares. O país já formou um milhão de mediadores. 
No Japão, as bases da mediação japonesa estão ligadas aos costumes do país. A mediação está incorporada à cultura empresarial e é utilizada nos tribunais para casos cíveis de uma forma geral, principalmente na área de família. A mediação familiar é obrigatória para a maior parte dos procedimentos de divórcio e para muitas questões entre pais e filhos. 
Europa
Na Europa, a mediação teve início no fim da década de 90, seguindo a nova era que emergia nos EUA a partir da Pound Conference de 1976, em que nasceram conceitos como o multi-door courthouse. Apesar disso, muitos países já conheciam e utilizavam a mediação. Diferentes modelos se desenvolveram na Europa, alguns países regulamentaram a mediação e tornou-se comum a existência de programas de mediação para resolver conflitos envolvendo direitos dos consumidores. Nessa Diretiva, de acordo com Pinho e Paumgartten (2013), os Estados-membros europeus seriam livres, quando da transposição aos seus ordenamentos internos, para disporem sobre os métodos que seriam adotados na instalação de programas de mediação.
A Comunidade Europeia vêm recomendando as RAD’s (Resoluções Alternativas de Disputas) em seus estados-membros. Podemos enfatizar nesse sentido: A publicação dos princípios europeus sobre a mediação familiar cujo texto foi elaborado pelos representantes dos estados-membros.
América Latina
O Movimento de ADR's ou RAD na América Latina começou na Colômbia, em 1983, e hoje é um dos mais avançados no que concerne à arbitragem comercial e à conciliação privadas. 
Nos últimos cinco anos, tem aumentado, na América Latina, o uso das resoluções alternativas de disputas aplicadas ao Direito Objetivo e à administração da Justiça. Vejamos como os países seguintes utilizam a mediação na resolução de suas disputas. 
Brasil
Por força dessas vantagens, a mediação veio sendo difundida paulatinamente em nosso País. Curiosamente, com o advento da lei de Arbitragem (9.307/96), observou-se um número crescente de câmaras arbitrais também especializadas em mediação. A primeira tentativa de encaminhar uma lei versando especificamente sobre a mediação foi apresentada em 1998 (PL 4.827/98), oriunda de uma proposta da Deputada Zulaiê Cobra, definindo o instituto. A proposta teve por objetivo fixar as diretrizes fundamentais do procedimento, mas sem regulamentar todos os detalhes. 
Em 2010, O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução n. 125, de 29 de novembro de 2010, indicando a mediação como meio de resolução de conflitos inserido na Política Judiciária Nacional de tratamento adequado de conflitos, a ser desenvolvida pelo próprio Conselho e pelos Tribunais do país, em parceria com outros órgãos e instituições.
Em 2015, A aprovação e posterior promulgação do marco legal da mediação é mais um passo na direção de um moderno sistema de resolução de conflitos no país e na construção de uma cultura
que privilegie o diálogo, o consenso e a paz. A Lei prevê, em suas disposições finais, que a mediação seja amplamente utilizada no país, podendo ser aplicada em diferentes tipos de conflito. A intenção do legislador é de incentivar o desenvolvimento de novas modalidades de mediação, abrindo espaço, dessa forma, para ampliação de sua aplicação a diversos tipos de conflitos. Lei 13.140/15.
Aula 3
A mediação em relação:
Direito: inspira-se no Direito quando objetiva auxiliar as pessoas a resolverem seus conflitos, orientadas pelo parâmetro da solução justa, respeitando as questões legais determinadas pela sua cultura. A mediação, dessa forma, poderia ser considerada como uma forma de ordem jurídica justa, porque leva a uma justiça mais: 
Adequada: Aumenta o acesso à justiça porque, entre os outros métodos, possui uma forma mais apropriada de abordar e resolver aquele determinado conflito.
Tempestiva: Por ocorrer no tempo dos mediandos, uma vez que, de certa forma, estabelecem o período de duração da mediação, a partir de suas habilidades e capacidades de negociação, aumentam o acesso à justiça.
Efetiva: A solução é construída pelas próprias pessoas envolvidas no conflito, tendo como base a satisfação e o benefício mútuos, a partir do atendimento de suas necessidades, aumentando, assim, o acesso à justiça.
Sociologia: A contribuição da Sociologia é decisiva para a compreensão do valor das redes sociais nos processos de negociação. Mediadores também trabalham com a negociação que os mediandos precisam fazer com os seus interlocutores – advogados, amigos, parentes, colegas de trabalho ou de crença religiosa, entre outros. 
Os mediandos não podem, em algumas situações, avançar em uma negociação, em função de compromissos estabelecidos com suas redes de pertinência. Nesses casos, é preciso ajudá-los a negociar com essas redes, dentro ou fora do processo de mediação, para que possa ocorrer a autocomposição. 
Psicologia: Da Psicologia, a mediação utiliza as leituras teóricas sobre o funcionamento emocional humano e valoriza as emoções como componente fundamental dos desentendimentos. A mediação trabalha, indiretamente, com as emoções quando se propõe a incluir a restauração da relação social dos envolvidos. A mediação utiliza técnicas da Psicologia, em especial das Psicoterapias, tais como a sumarização positiva (é uma técnica que consiste na recontextualização em que o mediador estimula as partes a perceberem o que cada um falou, porém, deverá recontextualizar por uma perspectiva com ênfase nos pontos positivos) e o enquadre (envolve: postura imparcial de escuta da angústia e do sofrimento; sigilo; reconhecimento e revalorização dos recursos dos mediandos; limites e possibilidades da mediação; duração das sessões e do procedimento; intervalo entre sessões; e o espaço físico), ampliando e tornando mais compreensíveis as diversas mensagens, além de ressaltar a importância da escuta ativa (a partir da linguagem verbal e não verbal, o mediador decodifica o conteúdo da mensagem como um todo. Propicia a expressão das emoções, o alívio das tensões e assegura a quem está falando a sensação de que está sendo ouvido), da interpretação do que está por detrás do discurso e da linguagem corporal.
Filosofia: Da filosofia, várias questões dizem respeito ao processo de Mediação. Entre elas, encontra-se o principal instrumento de trabalho do mediador, as perguntas, que devem ser oferecidas como na maiêutica socrática. O principal objetivo das perguntas na mediação é gerar informação para os mediandos, que são aqueles que têm poder decisório e serão os autores das soluções, de forma a provocar reflexão. A partir da maiêutica, pode-se auxiliar os mediandos a flexibilizarem as ideias trazidas na fase inicial do processo, momento em que as reais necessidades e interesses do outro não estão sendo ainda levados em consideração.
Teoria dos Sistemas
A definição de Sistema é, um conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo comum. Todas as áreas do conhecimento possuem sistemas com características e leis independentemente da área onde se encontram. Os sistemas apresentam como características básicas: os elementos formadores do sistema, a relação entre eles e um objetivo comum. O meio ambiente, que é o que está fora do sistema, ou seja, não pode ser controlado por ele. No entanto, o sistema pode estabelecer uma relação de troca com o meio ambiente e, por isso falamos que um pode influenciar o outro. 
A abordagem sistêmica é uma forma de resolver situações sob o ponto de vista da teoria geral dos sistemas. Muitas soluções surgem quando analisamos um sistema sendo formado por elementos que estabelecem relações entre eles, que apresentam um objetivo, inseridos em um meio ambiente. É uma ferramenta, um método que nos capacita a promover mudanças. Ela enfatiza a interação entre os componentes em vez de os componentes por si só, o propósito do sistema em vez de suas causas, as regras operacionais que capacitam o seu desenvolvimento, o objetivo a ser alcançado, o futuro, o envolvimento das pessoas. 
O olhar sistêmico, segundo Vasconcellos (2002), contribui para que a mediação reconheça os componentes multifatoriais dos desacordos – legais, psicológicos, sociológicos, financeiros, entre outros, e trabalhe com eles conforme a sua prevalência, de forma a atender aos interesses e necessidades dos mediandos.
Também como resultado dessa abordagem, os mediadores entendem que o que é trazido à mediação faz parte de uma cadeia de acontecimentos passados e futuros e que sua intervenção provocará alterações na lógica de desenvolvimento dessa cadeia, com repercussões sobre um conjunto de pessoas.
Questão: A abordagem sistêmica é uma maneira de resolver os problemas através: da Teoria Geral dos Sistemas. 
Estratégias da abordagem sistêmica
- Dividir para atingir um fim – todo problema deve ser dividido em partes menores porque isso facilita a sua compreensão e o seu manejo;
- Identificar todas as partes do sistema – identificar tudo o que faz parte do sistema, porque algumas partes identificadas podem fazer a diferença;
- Atentar para detalhes que estão sendo demonstrados pelas pessoas;
- Olhar para o todo, para ter uma compreensão sobre como as partes se relacionam;
- Utilizar analogias, comparações, ou seja, usar soluções antigas adaptadas à nova realidade, na solução de problemas similares.
Teoria da cibernética
A Teoria Cibernética ou Teoria do Controle foi desenvolvida pelo matemático N. Wiener. E tem por objeto o estudo da autorregulação dos sistemas, uma vez que é necessária a manutenção da ordem no interior de cada um, ou entre sistemas, combatendo o caos. A cibernética é uma teoria de controle, baseada na comunicação entre os sistemas e o meio ambiente, bem como a comunicação dentro do próprio sistema. A Teoria da Cibernética foi dividida em dois períodos:
1º período: De acordo com Grandesso (2000), no primeiro período da cibernética, a preocupação consistia nos mecanismos e processos pelos quais os sistemas funcionavam com a finalidade de manter a sua organização. O objetivo do sistema era, então, corrigir os desvios para poder se manter estável e sobreviver. Esse processo é conhecido como retroalimentação, em que um sistema sobrevive mantendo a sua constância apesar das mudanças do meio.
2º período : No segundo período da cibernética, mudou-se o foco de trabalho e o conflito passou a ter a função de mostrar que algo não vai bem no sistema. O foco sai do conflito e vai para as relações estabelecidas naquele sistema. Fato importante para o trabalho com a mediação. A partir desse segundo momento, houve a possibilidade de compreender o potencial de transformação dos sistemas, levando ao desenvolvimento de técnicas na mediação que possibilitassem a ampliação dessa capacidade de mudança.
→ Unindo os dois paradigmas teóricos, cibernético e sistêmico, podemos chegar à conclusão de que, na mediação, são trabalhadas as relações e a comunicação no sistema, propondo a compreensão
da função do conflito dentro do próprio sistema. E, para isso, precisamos também do auxílio das teorias da comunicação, como uma forma de identificar como as pessoas estão expressando os seus conflitos. 
Teorias da comunicação
Teorias da comunicação contribuem com numerosas abordagens e dão suporte a algumas das técnicas utilizadas na Mediação.
A comunicação humana é uma das bases de sustentação da dinâmica da Mediação e precisa ser decifrada pelo mediador, a cada momento, de forma a servir de referencial para a identificação da intervenção a ser utilizada. 
As contribuições são inúmeras. Algumas estão mais ligadas com o pragmatismo da comunicação humana, outras com as narrativas e a análise dos discursos e de sua subjetividade.
É impossível não comunicar, mesmo quando achamos que não estamos nos comunicando, existe uma mensagem. Há mediandos que utilizam o silêncio como estratégia para agredir o outro. Outros podem usar o silêncio para criar uma atmosfera de mistério sobre o que estão pensando, para aguardar que os outros transmitam informações importantes, que eles utilizarão de acordo com as suas conveniências.
O silêncio pode permitir a organização dos pensamentos e encorajar a outra pessoa a expandir suas ideias, reações ou sentimentos. Saber calar quando necessário também é muito importante na comunicação. O silêncio pode, também, ser sentido como confortável ou perturbador, e ser utilizado para aproximar ou afastar as pessoas nas relações com as outras.
Toda comunicação possui uma forma e um conteúdo. A relação entre o conteúdo e a forma na comunicação é chamada de metacomunicação. Pode-se usar de gestos, olhares, expressões corporais e faciais para dar mais ênfase ao que queremos comunicar e ao modo como queremos ser interpretados.
A técnica de metacomunicação é utilizada, em geral, quando queremos expressar algum sentimento, mas de forma não invasiva a uma pessoa. É uma forma menos brusca de se transmitir uma mensagem, como uma preparação para que a pessoa receba a mensagem sem constrangimento ou espanto.
Usamos a metacomunicação quando fazemos uma pequena introdução àquilo que se quer comunicar, por exemplo, ao noticiar fatos ruins, ao dar alguma advertência etc.
Ao censurarmos alguém, podemos realizar uma metacomunicação verbal e não verbal, quando, por exemplo, dizemos “Estou brincando“ e piscamos o olho ao mesmo tempo. Essa comunicação precisa ser neutralizada pelo mediador, que deverá estar atento às situações. Os seres humanos comunicam-se de forma digital e analógica. Na mediação, na maior parte das vezes, a comunicação será analógica, ou seja, face a face. 
Todas as trocas comunicacionais são simétricas ou complementares.
As simétricas são aquelas que possibilitam o diálogo entre as pessoas. Já as complementares, em geral, aparecem em situações de dependência, em que um manda e o outro obedece, um grita e o outro se cala, por exemplo. Este último tipo de troca deve ser convertido ou restabelecido em uma troca simétrica através do trabalho do mediador.
Questão: A teoria da comunicação é formada por axiomas. Marque nas opções abaixo aquela que não faz parte destas proposições: quando não há comunicação, não há mensagem.
Questão: são teorias que embasam a mediação no que tange à atuação do mediador: Teoria Geral dos sistemas, teoria cibernética e teoria da comunicação.
Comunicação não violenta (CNV)
A Comunicação Não Violenta (CNV) é um processo conhecido por sua capacidade de inspirar ação solidária, ponto fundamental no procedimento da mediação. Foi desenvolvida por Marshall B. Rosenberg, doutor em Psicologia Clínica, mediador internacional e fundador do Centro Internacional de Comunicação Não Violenta.
É uma teoria prática, que se confunde com um processo educativo e questiona os perigos da linguagem. A partir do conceito de Ahimsa (Ahimsa é um princípio ético-religioso adotado e presente no hinduísmo e no budismo, e que consiste na rejeição constante da violência e no respeito absoluto de toda forma de vida. Mahatma Gandhi fez do Ahimsa a base de sua doutrina política) , tornado famoso por Mahatma Gandhi, ressalta o poder que é liberado quando a intenção de agredir o outro é totalmente superada.
Baseado na ideia de que todos os seres humanos têm a capacidade da compaixão e recorrem à violência quando não percebem outro recurso, ou quando não têm suas necessidades supridas, busca-se criar uma cultura de expressão que resolva os conflitos, em vez de criá-los. Para isso, a CNV se baseia na escuta empática e na expressão autêntica em três âmbitos: nossa própria experiência interior, nossa relação com os outros e nossa conexão com os sistemas nos quais estamos inseridos.
Questão: A comunicação não violenta (CNV) afirma que formas culturais predominantes de nos comunicarmos, conosco e com os outros, levam-nos a entrar em choque com as pessoas de opiniões e culturas diferentes. Em sua prática, a CNV propõe: Alternativas aos confrontos que nos colocamos.
Questão: Verifica-se especificamente a concepção de comunicação não violenta (CNV): A violência na qual vivemos e estamos inseridos é resultado de uma lógica de ação e reação dissociada de seus verdadeiros valores. 
Princípios da mediação
Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios:
I - imparcialidade do mediador;
II - isonomia entre as partes;
III - oralidade;
IV - informalidade;
V - autonomia da vontade das partes;
VI - busca do consenso;
VII - confidencialidade;
VIII – boa-fé.
Aula 4
Conflitos
Em geral, conflito pode ser definido como um desentendimento entre duas ou mais pessoas sobre um tema de interesse comum. Conflitos representam a dificuldade de lidar com as diferenças nas relações e nos diálogos, associada a um sentimento de impossibilidade de coexistência de interesses, necessidades e formas de abordar o mesmo tema. 
Poder-se-ia sustentar que o conflito sempre consiste em um fenômeno negativo nas relações humanas. No entanto, constata-se que, do conflito, podem surgir mudanças e resultados positivos. É a partir dessa possibilidade de perceber o conflito de forma positiva que surge uma das principais alterações da chamada moderna teoria do conflito. Percebendo o conflito como um fenômeno natural nas relações, é possível vê-lo de forma positiva. 
Conflitos não são problemas
Há uma tendência geral em perceber os conflitos como problemas, ou seja, uma visão negativa do conflito. Os conflitos são normais, não são positivos nem negativos, nem maus e nem bons. É a resposta que se dá aos conflitos que os tornam positivos ou negativos, destrutivos ou construtivos.
Diferença entre conflito e briga
Conflitos não se confundem com brigas. A briga é uma resposta ao conflito. Um conflito, segundo Seidel (2007), pode ser definido como a diferença entre duas metas sustentadas por agentes de um sistema social. Além disso, podem ser organizados em três níveis: pessoais, grupais ou entre nações.
Atitudes básicas frente aos conflitos
Podemos ignorar os conflitos, responder de forma violenta a eles e lidar com os conflitos de forma não violenta, através do diálogo.
Benefícios do conflito
A não aceitação do conflito provoca a violência. No entanto, quando se aprende a lidar com o conflito de forma não violenta, ele deixa de ser visto como o oposto à paz e passa a ser considerado como um modo de existir em sociedade. Os conflitos podem trazer os seguintes benefícios, de acordo com Seidel (2007):
	Estimular o pensamento crítico e criativo;
	Melhorar a capacidade de tomar decisões;
	Reforçar a consciência sobre a possibilidade de opção;
	Incentivar diferentes formas de resolver problemas e situações;
	Melhorar os relacionamentos e a avaliação das diferenças;
	Promover a autocompreensão.
O manejo dos conflitos envolve os processos de: comunicação, percepção, atitudes para com o outro e orientação para o resultado do problema. Esses processos determinam duas formas de manejo dos conflitos: competição e colaboração. 
Tipos de
Conflitos:
Intrapessoal: É um conflito exclusivamente nosso, e que, às vezes, existe porque nós o vivemos assim. Ou seja, é o que cada um de nós vive quando está perante motivações que são incompatíveis. É o que chamamos de conflito interno.
Interpessoal: Os conflitos interpessoais se dão entre duas ou mais pessoas e podem ocorrer por vários motivos: diferenças de idade, de sexo, de valores, de crenças, por falta de recursos materiais, financeiros, e por diferenças de papéis. Neste último caso, podemos dividir o tipo de conflito em duas situações: conflitos hierárquicos são aqueles que colocam em jogo as relações com a autoridade existente; e conflitos pessoais, que dizem respeito ao indivíduo, à sua maneira de ser, agir, falar e tomar decisões.
Questão: Um conflito interpessoal compreende aspecto relacional, trama e aspecto objetivo. Qual das opções abaixo se relaciona a trama: Resultado da dinâmica entre os dois aspectos. 
Intragrupal: As diferenças individuais têm influência na dinâmica dos grupos, podendo levar a discussões, tensões, insatisfações e ao conflito aberto, ativando sentimentos e emoções mais ou menos intensos, que afetam a objetividade do grupo, reduzindo-a a um mínimo e transformando o clima emocional do grupo. 
Intergrupal: Esse conflito ocorre quando temos dois ou mais grupos com um problema a ser resolvido. O conflito intergrupal é definido como uma incompatibilidade de objetivos, crenças, atitudes ou comportamentos encontrados entre grupos.
Social: É o conflito que afeta a sociedade como um todo. Os conflitos na sociedade humana não podem reduzidos a uma abordagem, tendo em vista que cada nação, cada cultura, cada sociedade engendra modelos de relações sociais que são, invariavelmente diferentes, gerando conflitos sociais com interesses também diferentes.
Além disso, para os mediadores, os conflitos também podem ser divididos em quatro espécies. Ainda, tais espécies podem ocorrer de forma cumulativa em determinadas situações. São elas:
Conflitos de valores: Ocorrem entre pessoas que têm modos diferentes de vida ou critérios divergentes de como avaliar comportamentos. Os valores surgem como uma expressão cultural específica das necessidades, das motivações básicas e dos requisitos do desenvolvimento comuns a todos os seres humanos, que podem ser exemplificados pelas diferenças morais, éticas, religiosas etc. 
Conflitos de informação: Envolve a falta de informação e a informação errônea, assim como pontos de vista diferentes sobre os dados que são relevantes, a interpretação desses dados e como é feita a avaliação (ONU,2001). Podem decorrer da sonegação de dados ou de mensagens mal compreendidas, podendo a informação ser distorcida ou ter uma conotação negativa. 
Conflitos estruturais: São causados pela distribuição desigual ou injusta do poder e dos recursos. Limitações de tempo, padrões de interações destrutivas e fatores geográficos ou ambientais desfavoráveis.
Conflitos de interesses: São aqueles que envolvem a concorrência real ou percebida de interesses em relação aos recursos, à forma de resolver uma disputa ou às percepções de confiança e equidade.
Níveis de Conflito:
Latente: O conflito latente pode-se dizer que existe, mas não é dito, porque não é percebida a sua existência por quem o detém. O conflito está lá, mas escondido, não é notado nem sentido ainda;
Percebido: A pessoa ou as duas partes sabem da existência dele, mas não querem resolvê-lo, talvez por não incomodar o suficiente, ainda, os envolvidos;
Sentido: É aquele que já atinge ambas as partes, e em que há emoção e consciência da sua existência;
Manifesto: “A agressividade está explícita, os comportamentos são assumidos como tais. Essa agressão explícita pode variar desde a resistência passiva branda, passando pela sabotagem, até o conflito físico real”
Questão: Segundo Remo Entelman, não existe uma teoria do conflito que seja, realmente, um pensamento novo e sistemático. O que há é um (a): generalização de conhecimentos que formularam outros para descrever pressupostos concretos sobre este tema.
Questão: O conflito é um fenômeno inerente às relações humanas é muito importante, e você verá o porquê no decorrer desta aula. O mediador trabalha com o conflito, e sem essa compreensão sobre ele, a nossa tendência é demonizá-lo ou negar que ele existe. Sendo assim, assinale a afirmativa correta considerando a divisão dos conflitos por espécies: O conflito de interesse relaciona-se com a reivindicação de bens.
Questão: Os conflitos fazem parte de nossa vida e do nosso cotidiano. Podemos dizer que vivemos , no decorrer do nosso dia-a-dia em permanente contato com conflitos. Desta forma , um manuseio adequado do conflito tem a ver com: a gestão das relações emocionais que os conflitos provocam.
Questão: NÃO corresponde às cláusulas que devam ser dispostas na mediação: a agenda de trabalho, sob pena dos efeitos da revelia, e os objetivos da mediação proposta.
Aula 5
Negociação:
Observe três condições necessárias para que uma negociação ocorra: 
1- As partes devem ter interesses em comum – as partes preferem, em conjunto, certos resultados no lugar de outros. 
2- As partes devem ter interesses conflituais – alguns dos resultados desejados são melhores para uma das partes e outros são melhores para a outra. 
3- As partes devem ter possibilidade de comunicar entre si - para que exista a busca de um acordo, é necessário ter oportunidade de comunicar o que se oferece e o que se aceita.
Negociação como processo 
A negociação é um processo em que deverá ocorrer um planejamento prévio, desenvolvimento e conclusões finais. A necessidade de negociar surge quando duas ou mais partes desejam resolver um conflito, chegando a um acordo que seja benéfico para todos. O desejo de chegar a um acordo é um requisito que não pode faltar em uma negociação. 
Segundo Moore (1998), para que ocorra o processo de negociação, é imprescindível uma série de quinze condições, são elas: 
1- Partes identificadas que estão dispostas a participar – se uma parte decisiva está ausente ou não está disposta a negociar, diminui a possibilidade de acordo; 
2- Interdependência – para que a negociação seja produtiva, os participantes devem depender uns dos outros para a satisfação de suas necessidades e interesses; 
3- Disposição para negociar – para que comece o diálogo, as partes têm de estar dispostas a negociar; 
4- Meios de influência ou de pressão – para que as pessoas cheguem a um acordo sobre problemas sobre os quais discordem, devem possuir alguns meios de influenciar nas atitudes ou nas condutas das outras partes; 
5- Acordo em alguns pontos de interesse – em geral, os participantes compartilham alguns pontos de interesses e outros não; 
6- Vontade de acordo – se a continuação de um conflito é mais importante que o acordo, a negociação está condenada ao fracasso; 
7- Resultado imprevisível – as pessoas negociam porque o resultado de não negociar é imprevisível; 
8- Urgência e velocidade de tempo – os participantes devem ter uma sensação de urgência e ser conscientes de que, se não conseguirem uma decisão a tempo, poderão sofrer uma ação adversa ou uma perda de benefícios; 
9- Ausência de impedimentos psicológicos importantes para um acordo – fortes sentimentos expressados ou silenciados para a outra parte podem afetar a disposição psicológica de uma pessoa para negociar; 
10- Os temas têm de ser negociáveis – as partes devem estar conscientes de que há opções de acordo aceitáveis que tornam possível a participação no processo. 
11- As pessoas têm autoridade para decidir – se uma das partes não tem direito legitimado e reconhecido para decidir, o processo será apenas uma troca de informações entre as partes; 
12- Vontade de compromisso – para alcançar uma conclusão satisfatória deve–se ter o compromisso de aceitação das partes daquela decisão; 
13- O acordo deve ser razoável e realizável – os participantes devem ser capazes de construir um acordo realista e factível;
14- Fatores externos favoráveis ao acordo – devem ser criadas condições externas favoráveis a um acordo; 
15- Recursos para negociar – os participantes devem colocar em ação suas habilidades necessárias para negociar e o compromisso com o diálogo. 
Negociação colaborativa, integrativa ou baseada em princípios
A abordagem principal da negociação, utilizada na mediação, é aquela que foge de uma forma de negociar chamada de posicional. Nesse tipo de negociação, os negociadores se tratam como oponentes, o que acarreta uma situação em que um ganha e o outro perde. No lugar de analisar os méritos da questão, as partes pressionam o máximo e cedem o mínimo. Desse modo, pode haver um aumento de raiva e ressentimento, prejudicando a relação social dos envolvidos e, principalmente, levando uma parte a sentir que está cedendo às intransigências da outra, enquanto suas preocupações permanecem desatendidas. 
Quatro pontos fundamentais são necessários na negociação colaborativa: 
Separação das pessoas dos problemas
Os negociadores são pessoas que, em conflito, tendem a misturar questões referentes à relação com a questão objetiva a ser negociada. Os aspectos pessoais fazem parte da negociação, não podem ser ignorados, mas não devem se misturar às questões objetivas. O revide em uma discussão não ajudará a solucionar um problema. As emoções se misturam com frequência aos méritos de uma negociação. As questões subjetivas – relacionais, emocionais, comunicacionais – devem ser reconhecidas e trabalhadas através de ferramentas apropriadas. Dessa forma, antes de atacar as pessoas, deve-se atacar os méritos da negociação. Por exemplo, alguém pode iniciar uma negociação exigindo que uma pessoa se mude de um condomínio porque não tem educação quanto à altura do som que costuma escutar. Uma outra forma de iniciar a mesma negociação seria falando sobre algumas práticas como as proteções acústicas existentes e muitas utilizadas na vizinhança. Ao estabelecer que o problema é o vizinho, a comunicação fica difícil na negociação. 
Foco nos interesses e não nas posições
Um conflito se expressa, primeiro, através de posições. Exemplo: duas irmãs brigavam por uma laranja. Depois de muita discussão resolveram dividi-la ao meio. A primeira pegou a sua metade, comeu a polpa e jogou a casca no lixo; a segunda usou a casca de sua metade para fazer uma geleia e jogou a polpa fora. Se elas tivessem usado uma negociação colaborativa e colocado o foco nos seus interesses e não em suas posições, teriam terminado a negociação integralmente satisfeitas. 
Geração de opções de ganhos mútuos
Muitas vezes, as pessoas em conflito acreditam que apenas existe uma quantidade fixa de recursos a serem partilhados. Quando uma parte fica atendida na maior parte de seus interesses, a outra se sentirá desatendida. Neste caso, a ideia é aumentar os recursos disponíveis, gerando novas possibilidades para resolver o conflito.
Utilização de critérios objetivos
Os negociadores devem utilizar critérios objetivos para avaliar as soluções que foram levantadas e para a tomada de decisão. Como esses critérios são externos, não envolvem a subjetividade das partes na decisão e evitam a polarização nesse momento. São exemplos: a legislação, o parecer de um técnico, o valor de mercado etc.
Melhor alternativa à negociação de um acordo (MAANA)
Além dos quatro princípios da Escola de Harvard, um importante conceito é o da melhor alternativa à negociação de um acordo (MAANA). Trata-se do curso de ação de nossa preferência caso não haja consenso. É saber o que faremos ou o que vai acontecer se não conseguirmos chegar a um acordo. É importante observar qual é a MAANA antes de entrar em uma negociação, do contrário, não se saberá se o acordo será proveitoso ou não. 
O melhor negócio não é aquele que prevalece em detrimento do outro, mas aquele que satisfaz os dois lados.
Barganha distributiva e negociação integrativa
É importante lembrar que a escolha do tipo de negociação está ligada a uma série de fatores como:
	O objetivo que se tem em mente ao participar da negociação;
	O comportamento característico dependendo da abordagem utilizada;
	Os resultados alcançados a partir do modelo usado.
Em contraposição a essa negociação, temos a barganha distributiva ou negociação baseada em posições, em que os interesses reais das pessoas não serão contemplados e sequer discutidos, podendo levar a negociação para um impasse e deterioração das relações. A barganha distributiva tem como premissa que tudo que se ganhar na negociação é à custa do oponente. Cada ganho que tiver implica diretamente perda para o outro. 
De acordo com o Manual de Mediação Judicial (2013):
O regateio, a barganha, a informação não revelada, a desconfiança na proposta do outro lado, a sensação de que pode estar sendo enganado, o jogo de concessões mútuas, a necessidade de dividir a diferença ou o prejuízo, o medo de ser explorado e tantos outros aspectos, fazem parte de um tipo de negociação impregnado culturalmente em nossa sociedade.
Atenção!!!
O mais importante na negociação integrativa são os interesses. Podemos falar de solução numa negociação integrativa, quando os reais interesses das partes são atendidos.
Habilidades do negociador
Em linhas gerais, as habilidades que os negociadores utilizam depende do tipo de negociação que será realizada, do método e das estratégias empregadas. No entanto, existe um número significativo de habilidades que todo negociador deve ter, independente da situação. Resumindo algumas, podemos destacar:
	Excelente comunicação;
	Flexibilidade;
	Criatividade;
	Capacidade de observação;
	Decisão.
Não é um bom negociador, aquele que, uma vez, ao assumir uma postura típica daqueles que pensam ser “donos da verdade”, demonstra não estar disposta ao diálogo e à busca de uma solução que se mostre interessante para todos, em especial para a organização. 
Aula 6
O mediador tem como função exclusiva mediar a negociação. Ou seja, ele está eticamente impedido de exercer sua profissão de origem, inclusive no que diz respeito a prestar esclarecimentos técnicos às partes. Caso essas informações sejam necessárias, os mediandos devem ser orientados a procurar um especialista naquela área. 
É frequente, quando possível ou necessário, o trabalho em conjunto, chamado de comediação. Em geral, usamos esse termo para designar o trabalho de duplas de mediadores, que apresenta características valorizadas na mediação como: colaboração, diálogo e inclusão. 
Pré-mediação
Esse momento pode ser feito individualmente ou com as duas partes simultaneamente.
Na pré-mediação, ocorre a troca de informações que antecede a mediação propriamente dita. O mediador explica sobre o processo de mediação, avalia se ela é possível, a partir das informações das partes, e analisa a possibilidade da sua atuação como mediador naquele caso (se há algum impedimento quanto a sua imparcialidade). 
Após a pré-mediação, se os mediandos optarem pela mediação e o mediador avaliar como possível sua realização, o procedimento terá início.
Alguns autores evidenciam a importância de estabelecer uma agenda nessa fase, que deve conter os seguintes itens: estimativa do tempo de duração, frequência e duração das reuniões; lugar e idioma da Mediação ou, se assim o desejarem, deixar a critério da Instituição ou entidade organizadora do serviço; e custos e formas de pagamento da Mediação. 
Etapas da mediação
Abertura
Chamamos esse momento de discurso de abertura. É a partir daí que tem início a mediação. O discurso pode ocorrer após a pré-mediação, principalmente quando as partes comparecem juntas, ou em um outro momento em que deve ser lembrado, de forma resumida, o que foi conversado na pré-mediação. São estabelecidas as regras de comportamento dos mediandos, os princípios da mediação e o papel do mediador. O mediador começa a estabelecer uma relação de confiança e de imparcialidade com os mediandos. Explica as expectativas quanto
ao resultado do processo. Deve ser abordada a possibilidade de sessões individuais, além das expectativas do mediador em relação às partes. Deve ser relembrado o papel dos advogados na mediação e explicado como a mediação ocorrerá. O entendimento das regras pelas partes deve ser confirmado, além da disposição de participarem. Após esse momento, em vários setores, há a assinatura de um Termo que pode ser denominado, por exemplo, Termo de Consentimento ou Termo de Participação.
Relato das histórias
Nesse momento, ouvimos a história de cada uma das partes sobre o conflito que as levou à mediação. O objetivo é dar a todos a oportunidade de ouvir o relato dos fatos e analisar as percepções das pessoas envolvidas. Podemos ter uma visão geral e, ao mesmo tempo, identificar questões e interesses que estão por trás das posições declaradas nas histórias.
O mediador deve escutar os relatos de forma ativa e, após a exposição das partes sobre suas perspectivas, poderá elaborar perguntas, reunindo informações que o auxiliarão a entender aspectos que podem não estar claros em relação ao conflito trazido. 
Resumo
Após o relato das histórias, o mediador faz um resumo do que foi dito, utilizando uma linguagem neutra ou positiva. Ele deve transformar posições trazidas nos relatos como, por exemplo, “Eu não aceito pagar esse valor pelo serviço prestado, porque isso não foi o combinado”, em interesses “Acredito que o senhor esteja falando que concorda em pagar o valor justo pelo serviço prestado”.
Além disso, a realização do resumo serve para avaliar a compreensão do mediador sobre o que foi trazido. É importante saber que a técnica do resumo pode ser utilizada em etapas posteriores: após troca de informações importantes, após sugestões de possíveis soluções, lembrar os reais interesses e apaziguar ânimos. 
Pauta de trabalho
Após o resumo realizado pelo mediador e a confirmação das partes sobre a compreensão do profissional em relação ao ocorrido, é definida uma pauta de trabalho. Esta traduz os interesses ressaltados em temas a serem tratados. Ela pode ser confirmada, ratificada ou adequada pelos mediandos.
A pauta é dinâmica e deve ser atualizada conforme o trabalho na mediação vai acontecendo. Podem aparecer outros temas no decorrer da mediação e deverão ser organizados pelo mediador, para que mantenham uma sequência lógica. É uma forma de organizar a mediação e promover uma certa tranquilidade aos mediandos, que conhecerão os temas a serem tratados. É importante que se inicie a mediação a partir dos temas que apresentam menos desacordo, para que possa ser criada a percepção nos mediandos de que a colaboração entre eles é possível. 
Esclarecimento das controvérsias
O mediador trabalhará as questões da pauta de trabalho junto com os mediandos, buscando elucidá-las.
Resolução de questões
A partir do trabalho realizado quanto ao esclarecimento das controvérsias e tendo sido alcançada a compreensão sobre o conflito, chega a hora de o mediador utilizar as ferramentas para conduzir as partes para a análise das possíveis soluções. É importante que os mediandos elejam critérios objetivos na tomada de suas decisões, evitando o surgimento de novas polarizações.
Finalização da mediação
Você deve saber que a mediação pode terminar com a assinatura ou não de um acordo ou pode ser interrompida a qualquer momento pelo mediador ou pelas partes quando alguma situação dificultar a sua continuidade. 
O acordo escrito deve ser redigido pelo mediador, na linguagem dos mediandos, evitando, sempre que possível, o uso de termos técnicos que comprometem a compreensão deles. Deve refletir os compromissos mútuos e sua complementaridade. A linguagem é sempre positiva, otimista e com foco no futuro. 
Deve ser lembrada a possibilidade de um acordo provisório, que necessitará de um período de monitoramento ou de reavaliação para verificar a eficácia ou não daquela decisão. Essa situação ocorre com a marcação de futuras sessões de mediação a fim de avaliar a necessidade ou não de revisão sobre o que foi combinado. 
Aula 7
Ferramentas da mediação
Como uma prática que visa favorecer o diálogo, a mediação de conflitos utiliza várias ferramentas, para permitir que os mediandos consigam realizar uma dinâmica pautada na comunicação, favorecendo as suas relações. Essas ferramentas são importantes tanto para a construção do rapport (Relação de confiança que permite que os mediandos se sintam seguros e integrados no processo de mediação e com o mediador) como para a melhora do diálogo entre os mediandos, sendo este o principal objetivo do trabalho na mediação.
Recontextualização ou parafraseio
A recontextualização consiste em uma técnica em que o mediador irá estimular as partes a perceberem determinado contexto a partir de outra perspectiva. Esse trabalho consiste em estimular a pessoa a considerar ou entender certo comportamento, expressão, interesse ou situação, de forma mais positiva, para que se possa trabalhar soluções também positivas para aquela questão.
O sentido original da fala é mantido e podem ser utilizadas palavras ou expressões do discurso dos mediandos. O mediador chamará a atenção para aspectos importantes e significativos das falas dos mediandos, levando-os a uma nova escuta.
O parafraseio possibilita que o autor da fala escute o que disse, novamente, podendo reorganizá-la ou confirmá-la. O ouvinte tem a oportunidade de escutar o que foi falado pela outra parte, de forma imparcial, através do mediador, sem as emoções e as cargas negativas que fizeram parte da fala original. O ouvinte pode, então, ampliar a sua escuta. Além disso, os mediandos terão a oportunidade de escutar a fala, através do mediador, como uma possibilidade de reflexão.
Audição de propostas implícitas
Encontramos, em uma mediação, as partes com bastante dificuldade de se comunicar de uma forma neutra. Normalmente, estão exaltadas. Isso gera uma comunicação inadequada e, muitas vezes, elas podem propor soluções mesmo sem perceber. O mediador deve identificar essas propostas para os mediandos a fim de que eles possam construir uma solução consensual.
Afago ou reforço positivo
O afago é uma resposta positiva do mediador a um comportamento produtivo das partes ou dos advogados, se for uma mediação que conte com a presença desses profissionais. Essa atitude é uma forma de estimular as partes ou os advogados a continuarem a ter uma atitude positiva frente à mediação. Muitas vezes, pode-se demonstrar o afago através de uma expressão facial ou uma linguagem corporal. O mediador deve sempre tomar cuidado para que o afago seja natural, porque, de outra forma, poderia não ser compreendido pelas partes. O mediador pode dizer, por exemplo: “Estamos avançando na mediação. Estão sendo muito produtivas as opções que vocês estão trazendo”.
Sessões privadas ou individuais ou Caucus
As sessões privadas são encontros realizados entre o mediador e cada uma das partes, sem que a outra esteja presente. É utilizada com as duas partes, com igual tempo para ambas. Os objetivos são diversos:
	Permitir a expressão de sentimentos, sem aumentar o conflito;
	Eliminar uma comunicação não produtiva;
	Identificar e esclarecer questões;
	Evitar reações que dificultem o acordo;
	Aplicar a técnica de inversão de papéis (que veremos mais adiante, nesta aula);
	Evitar comprometimentos prematuros com soluções ou propostas;
	Explorar algum desequilíbrio de poder;
	Trabalhar habilidades de negociação com as partes;
	Examinar alternativas;
	Quebrar impasses;
	Avaliar as propostas da sessão conjunta com cada parte;
	Evitar situações inadequadas à mediação.
Inversão de papéis
É uma técnica para desenvolver a empatia entre as partes. Cada um deve perceber o contexto sob a perspectiva do outro. Recomenda-se, em geral, que essa técnica seja utilizada em sessões privadas. Além disso, o mediador deve avisar às partes que é uma técnica e que será aplicada com a outra parte também.
Geração de opções
Como
já sabemos, o mediador não apresenta soluções, mas estimula as partes a criá-las. Elas devem aprender a buscar opções sozinhas, já que a mediação tem um papel educativo e, em novas situações conflituosas, elas tenderão a buscar suas próprias soluções. O mediador deverá realizar perguntas que ajudem as partes a pensar em soluções conjuntas. O importante é que elas gerem o maior número de opções. Uma outra questão muito importante é levar uma parte a pensar nos interesses da outra, ou seja, em alguma sugestão que pudesse ser dada e aceita pela outra parte.
O mediador poderia perguntar, por exemplo:
	“O que você pode fazer para ajudar a resolver esta situação?”
	“Para você, o que poderia funcionar como solução?”
Normalização
Sabemos que o conflito é uma característica natural de qualquer relação. No entanto, as partes se sentem constrangidas, principalmente, quando o conflito está na Justiça. E, assim, a culpa tem de ser de alguém. Nesse caso, é importante que o mediador não permita que as partes se culpem nem se sintam constrangidas. Dessa forma, o mediador irá normalizar o conflito e fazer com que as partes a percebam que o problema pode levá-las à construção de uma melhora em sua relação. 
Validação de sentimentos
Essa técnica consiste em identificar os sentimentos que foram desenvolvidos em razão do conflito e trabalhá-los como uma consequência natural. O mediador acolherá e legitimará um comportamento considerado como negativo, identificando nele o que há de positivo: uma necessidade não atendida. A validação de sentimentos, na mediação, será realizada de forma a acolher o valor defendido e nunca deve ter um caráter de repreensão. Por exemplo, um mediador diz para as partes que estão se expressando de forma irritada e interrompendo uma a outra:“Entendo que ambos estão irritados porque querem resolver esta situação. Ao mesmo tempo, não vejo como essa forma de comunicação pode ajudar a construirmos uma solução que seja aceitável para vocês. Posso contar com a colaboração de vocês?"
Escuta ativa
Uma escuta de qualidade, e não apenas o fato de ouvir, é fundamental para a mediação. A escuta ativa requer que o mediador tenha uma participação efetiva no diálogo. Ela implica algumas questões:
Escutar com curiosidade genuína
O mediador deve procurar escutar para conhecer o conflito sob o ponto de vista dos mediandos e não para estabelecer pressuposições. Cada conflito e cada pessoa são únicos. O relato das partes deve ser ouvido pelo mediador sem preconceitos e pré-julgamentos. Ele deve se colocar no lugar de quem fala para entender o seu ponto de vista;
Estimular a fala dos mediandos
O mediador deve demonstrar interesse por qualquer tipo de comunicação, seja verbal ou não verbal. Deve realizar perguntas para o desenvolvimento do diálogo; permitir que o mediando se expresse sem interrupções; utilizar marcadores de escuta, como “compreendo”, “entendo”; Perceber a dinâmica e o conteúdo da comunicação como um todo, o que é dito e não dito, a forma como é dito, os efeitos do que é dito e a comunicação não verbal;
Confirmar o entendimento
Confirmar o entendimento daquilo que o mediando falou, através dos resumos de suas falas. Estes irão comprovar que o mediador escutou e compreendeu, além de permitir ao mediando confirmar ou corrigir a compreensão do mediador.
Questão: Qual é o objetivo da sessão privada, denominada de Caucus? Dar oportunidade para a parte desabafar, abrandar as emoções decorrentes da vivência do conflito e esclarecer alguma questão. 
Aula 8
Modelos de Mediação
É importante entendermos que os modelos mais utilizados nos países que praticam a mediação são: o modelo tradicional linear (Modelo de Harvard), o Modelo Transformativo (Busch e Foger) e o Modelo Circular Narrativo (Sara Cobb). Há modelos voltados para o acordo e modelos voltados para a relação. A mediação satisfativa, por exemplo, prioriza o problema concreto e busca o acordo. Os modelos circular-narrativo e transformativo já priorizam a transformação do padrão relacional, por meio da comunicação, da apropriação e do reconhecimento. Os vários modelos de mediação acolhem os princípios da autonomia da vontade, da confidencialidade e da inexistência de hierarquia.
Medição satisfativa
O início desse tipo de mediação esteve muito fundamentado em princípios de negociação e mais voltado para os acordos, se o comparamos com os modelos que surgiram mais tarde. Apesar dessa tendência, nesse modelo, não podemos esquecer que participar de um processo de diálogo regido pelos princípios da mediação já possibilita que as relações entre as pessoas em desacordo estejam sendo cuidadas. 
Vários procedimentos e conceitos são usados pela maioria dos outros modelos de mediação. Vamos a alguns exemplos:
	Identificar posições, consideradas como atitudes polarizadas e explícitas dos mediandos, e interesses, vistos, a princípio, como contraditórios e antagônicos, que deverão ser trabalhados na mediação.
	Utilizar técnicas de criação de opções para a satisfação dos interesses identificados;
	Observar os dados de realidade ou os padrões técnicos, éticos, jurídicos ou econômicos;
	Separar o conflito subjetivo (relação interpessoal) do conflito objetivo (questões concretas), conforme Fisher, Ury e Patton (1994).
Esses procedimentos são aplicados como técnicas de negociação e priorizam o conflito objetivo, visando ao acordo negociado. Esse modelo foi bastante usado, também, na contribuição para a solução de impasses entre países.
Mediação transformativa
É considerada uma visão moderna do movimento das ADRs, que se afasta, relativamente, da construção de acordos como objetivo e privilegia a transformação do conflito, modificando uma postura adversarial para uma postura colaborativa. 
A mediação transformativa tem como objetivo enfrentar o conflito por meio do fortalecimento próprio e do reconhecimento dos outros. 
A autocomposição que leva ao acordo transforma-se na consequência e não no objetivo da mediação transformativa. Esse modelo, no que diz respeito à teoria da comunicação, também adota técnicas para aperfeiçoar a escuta do mediador, sua investigação e a reformulação da comunicação, através da paráfrase e dos questionamentos. Adota, em suas estratégias, o resumo, que auxilia no aperfeiçoamento da comunicação e na mudança de posições dos mediandos sobre as questões que têm relação com o conflito. 
Atenção!!!!!
A mediação transformativa engloba, portanto, técnicas da mediação satisfativa, aspectos da terapia sistêmica de família e os elementos já citados do modelo de ciência contemporânea, que são: complexidade, intersubjetividade e instabilidade. Destaca a importância da pré-mediação e dos conceitos e procedimentos como: posições, escuta, questionamentos, prevalência dos aspectos intersubjetivos do conflito, resumos, interesses, opções, dados de realidade e acordos subjacentes.
Mediação circular-narrativa
É um modelo de mediação que adiciona ao modelo satisfativo tradicional conceitos da teoria geral dos sistemas, da teoria da cibernética e teoria da comunicação, entre outras teorias específicas do modelo.
Com a união dos paradigmas teóricos, sistêmico e cibernético, podemos chegar à conclusão de que, na mediação, são trabalhadas as relações e a comunicação no sistema, propondo a compreensão do conflito no próprio sistema. A teoria da comunicação seria a forma de compreender como as pessoas estão expressando os seus conflitos.
Sara Cobb, mediadora americana e idealizadora desse modelo, propõe uma forma de trabalhar que inclui a construção do acordo e, em paralelo, da relação social entre os envolvidos. Cobb trabalha com as técnicas de comunicação e de negociação numa abordagem sistêmica – visão sistêmica do conflito e da interação entre mediandos e sua rede social. Acrescenta especial atenção à construção social dos envolvidos e às suas redes sociais de pertinência. A mediação, nesse modelo, é considerada como um processo conversacional que ocorre a partir da
comunicação. Ela pode ser: analógica, não verbal, digital e verbal, lembrando sempre que essas formas se integram no processo de dialogar. A tarefa do mediador é, pois, desestabilizar as histórias antigas e possibilitar que os mediandos construam novas histórias. 
Outros modelos
São mais recentes a Mediação Estratégica (Mediação com viés interdisciplinar e pautado na desconstrução do conflito. Sua proposta é um modelo estruturado de intervenção, com uma finalidade estratégica), proposta por Rubén Calcaterra (2002) e a Mediação Narrativa (acentua a dimensão linguística dos conflitos e nega a pressuposição tradicional de que "o que a pessoa quer), incentivada por Gerald Winslade e John Monk (2008).
Os modelos citados reúnem-se sob a denominação Mediação Facilitativa. 
Mediação Avaliativa
Ela tem sido empregada quando, por demanda dos participantes no processo de mediação, o mediador, após esgotar a tentativa de conduzir o processo sem opinar, oferece seu olhar técnico sobre a questão. O profissional contribui, assim, para a agilização do processo. 
Esse modelo funciona como um instrumento denominado Avaliação Neutra de Terceiro e pode servir de base para impulsionar o término da negociação. O modelo tem aplicabilidade e valor, principalmente, em situações nas quais o tempo de processo e o tempo das pessoas são determinantes, como nas questões corporativas. 
Segundo Almeida (s.d), nas situações em que a mediação é conhecida há mais tempo e teve sua prática renovada, temos os recursos como a Binding Mediation e os processos Med-Arb e Arb-Med. Na Binding Mediation, há um acordo prévio entre as partes para a aceitação do parecer do mediador como vinculante (ligação, um vínculo extensivo a todos). A decisão do mediador é redigida em separado e assinada, igualmente, pelas partes, após esgotadas as possibilidades de composição através da mediação.
Esses modelos híbridos, Binding Mediation, Med-Arb e Arb-Med, são vistos como ágeis e econômicos, produzindo benefícios para além da celeridade e da economia e têm especial aceitação no mundo corporativo e dos contratos.
Med-Arb: No recurso Med-Arb, fica convencionado, desde o início, entre as pessoas em desacordo que, se a mediação não resultar em acordo, o mediador converter-se-á em árbitro (caso as partes não tenham preestabelecido que serão dois técnicos distintos) e deliberará sobre a questão, após instauração do processo arbitral.
Arb-Med: No recurso Arb-Med, fica previamente convencionado que o terceiro imparcial, antes de iniciada a mediação, conduzirá a arbitragem e deliberará sobre a questão, colocando o resultado de sua decisão em envelope lacrado, que somente será aberto e validado se a Mediação não der resultado.
Questão:
( ) O trabalho é feito com a comunicação, modificando as narrativas para, assim, conseguir a mudança da realidade. Mediação circular-narrativa.
( ) As versões dos fatos são consideradas como construções particulares de cada sujeito. Mediação narrativa.
( ) A desconstrução do conflito e a reconstrução da relação são estágios anteriores à tomada de decisão. Mediação estratégica.
( ) Os procedimentos são aplicados como técnicas de negociação e priorizam o conflito objetivo, visando ao acordo negociado. Mediação satisfativa.
( ) O modelo tem como objetivo enfrentar o conflito por meio do fortalecimento próprio e do reconhecimento dos outros. Mediação transformativa.
Aula 9
Medição familiar
A mediação familiar tem por objeto a família em crise. Quando seus membros se tornam vulneráveis, o mediador pode oferecer-lhes uma estrutura de apoio profissional, a fim de que lhes seja aberta a possibilidade de desenvolverem, através da mediação, a consciência de seus direitos e deveres, a responsabilidade não só pelo conflito, mas por tudo que será conversado na mediação, inclusive o que irão assumir como compromisso para o futuro. 
Os seguintes princípios podem ser encontrados nesse tipo de mediação:
	Participação voluntária e igualitária;
	Confidencialidade;
	Autoria da resolução com as partes;
	Intervenção breve.
Mediação empresarial e organizacional
Algumas das vantagens que têm feito muitas empresas e escritórios de advocacia nos Estados Unidos, na América Latina e na Europa se interessarem pela mediação são:
	A significativa redução dos custos legais;
	O tempo;
	A possibilidade de resolver questões complexas;
	A confidencialidade do processo;
	A eliminação de dúvidas.
A intervenção de um terceiro, facilitador do diálogo e da negociação cooperativa entre duas ou mais pessoas jurídicas, busca evitar a perda de tempo com discussões que não levarão a nenhum lugar, pois muitos falam, quase ninguém escuta, podendo a situação perdurar por horas. 
Muitas situações, nesse contexto empresarial, são fruto do descumprimento de cláusulas contratuais. A mediação, por isso, pode ter como resultado a elaboração de um novo contrato, com novas perspectivas entre as partes. Outra grande vantagem da mediação empresarial é o sigilo, pois as partes não querem suas pendências veiculadas publicamente no Judiciário. Nada do que foi discutido ali pode ser usado em eventual demanda judicial. 
Atenção!!!
Segundo o site da Hewysa Consultoria e Treinamento, a mediação pode ser aplicada em qualquer “organização”, podendo seu uso ser preventivo, como, por exemplo, nos casos de introdução de:
	Novos produtos;
	Novas políticas administrativas;
	Novos funcionários;
	Fusão de empresas;
	Cisão de empresas;
	Participação dos empregados nos resultados ou lucros das organizações;
	Negociação de demissões;
	Relações intersindicais;
	Sucessão e/ou divergências na empresa familiar;
	Treinamento de funcionários em técnicas de resolução de conflitos;
	Dúvidas oriundas de contratos e acordos;
	Situações de crises, antes ou durante os processos ou reclamações trabalhistas;
	Desentendimento entre setores, entre gerentes, entre clientes e fornecedores.
Mediação escolar
Um programa de mediação escolar também facilita a redução dos níveis de violência, de ausências e de suspensões, pois os alunos estariam mais disponíveis para conversar entre si e com as autoridades. Há uma mudança de paradigma nesses casos, pois jovens e crianças se responsabilizariam por seus atos e suas opções, não precisando dos adultos para resolverem seus problemas por eles.
A mediação escolar possibilita a educação de valores, a educação para a paz e uma nova visão sobre os conflitos. É um modelo de intervenção que promove a escuta ativa (como vimos na aula 7), a participação colaborativa e o desenvolvimento da criatividade.
Mediação comunitária
Na mediação comunitária, vamos perceber a criação de espaços de diálogos em que as pessoas, com suas diferenças, vão construir seus lugares na sociedade de forma pacífica, dinâmica e colaborativa. Ela estabelece canais para a intervenção política, institucional e social, permitindo uma reflexão sobre a realidade atual, preservando as características de uma comunidade pluralista, igualitária e integradora. 
A mediação comunitária pode ser utilizada para auxiliar em:
	Conflitos na comunidade, como relações entre vizinhos de uma determinada área;
	Conflitos entre pessoas em uma determinada região;
	Conflitos provenientes de questões culturais como etnia, minorias, imigração e inclusão social.
A mediação comunitária tem como objetivo “desenvolver entre a população valores, conhecimentos, crenças, atitudes e comportamentos conducentes ao fortalecimento de uma cultura político-democrática e uma cultura de paz. Busca, ainda, enfatizar a relação entre os valores e as práticas democráticas e a convivência pacífica e contribuir para um melhor entendimento de respeito e tolerância e para um tratamento adequado daqueles problemas que, no âmbito da comunidade, perturbam a paz” .
São vários os pontos positivos da Mediação Comunitária a destacar:
	O estímulo ao diálogo entre famílias
e vizinhos;
	O incentivo à participação ativa dos cidadãos na solução de conflitos individuais e coletivos;
	A criação de espaços de escuta;
	A prevenção à má administração de conflitos futuros;
	A ênfase à valorização do coletivo em detrimento do individual, buscando sempre a solução de um problema que satisfaça a todas as partes envolvidas.
Mediação Judicial
A mediação apresenta-se como instrumento de transformação do Judiciário, tendo como consequência a paz social, criando uma cultura que, paulatinamente, irá diminuir a demanda de processos judiciais. 
Considerando a mediação como uma atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
É importante lembrar que a mediação tem se desenvolvido bastante na área judicial, no território nacional, e uma das grandes molas propulsoras desse desenvolvimento é a Universidade. Na esfera governamental, foram adotadas normativas direcionadas para a mediação. O Ministério da Educação, através da Secretaria de Ensino Superior, em sua organização didático-pedagógica dos padrões de qualidade dos cursos de Direito, no item 5, letra C II, em junho de 2001, recomendava a mediação enquanto prática a ser adotada e desenvolvida nos Núcleos de Prática Jurídica dos cursos de Direito. Tal orientação e a inserção da disciplina Mediação nos cursos de Direito representam um grande avanço para o ensino acadêmico, além de proporcionar para os futuros profissionais da área uma prática mais comprometida com uma cultura de negociação, no lugar da cultura do litígio.
Questão:
Alguns autores, ao tratarem de mediação, conceituam esse processo de resolução de conflitos e buscam esclarecer o papel do profissional enquanto mediador. Assinale as opções corretas.
I. A mediação familiar tem por objetivo ajudar as partes em controvérsia ou disputa a alcançar a aceitação mútua e a concordância voluntária.
III. O mediador é um profissional com capacitação específica, que deve se manter neutro em todo o processo.
IV. A mediação não é uma arbitragem, na medida em que não tem como encargo descobrir e prover soluções para as partes.
Aula 10
Dos princípios e garantias da conciliação e mediação judiciais
Art. 1º São princípios fundamentais que regem a atuação de conciliadores e mediadores judiciais: confidencialidade, decisão informada, competência, imparcialidade, independência e autonomia, respeito à ordem pública e às leis vigentes, empoderamento e validação.
I – Confidencialidade - dever de manter sigilo sobre todas as informações obtidas na sessão, salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes, não podendo ser testemunha do caso, nem atuar como advogado dos envolvidos, em qualquer hipótese. 
II – Decisão informada - dever de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido.
As partes devem ter a plena consciência de seus direitos e da realidade dos fatos na qual se encontram como condição de legitimidade, para que resolvam a disputa por meio de um acordo. Os mediandos têm o direito de receber informações quantitativas e qualitativas acerca da mediação que estão realizando, de modo que não sejam surpreendidos por qualquer consequência inesperada da solução que adotaram. Isso impossibilita de uma das partes ser iludida pelo outro interessado ou até mesmo pelo terceiro imparcial. 
III – Competência - dever de possuir qualificação que o habilite à atuação judicial, com capacitação na forma desta Resolução, observada a reciclagem periódica obrigatória para formação continuada. O perfil profissional do mediador em mediação deve incluir nível superior; capacidade básica em mediação; experiência no emprego de técnicas de resolução de conflitos e credibilidade das partes.  
IV – Imparcialidade - dever de agir com ausência de favoritismo, preferência ou preconceito, assegurando que valores e conceitos pessoais não interfiram no resultado do trabalho, compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito e jamais aceitando qualquer espécie de favor ou presente. 
V – Independência e autonomia - dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento, tampouco havendo dever de redigir acordo ilegal ou inexequível. 
VI – Respeito à ordem pública e às leis vigentes - dever de velar para que eventual acordo entre os envolvidos não viole a ordem pública nem contrarie as leis vigentes.
VII – Empoderamento - dever de estimular os interessados a aprenderem a melhor resolverem seus conflitos futuros em função da experiência de justiça vivenciada na autocomposição. 
Empoderar é mostrar às partes que elas têm capacidade de lidar com seus conflitos de forma produtiva e positiva. Através do empoderamento, a mediação atinge objetivos que a decisão judicial é incapaz de atingir por si só. Enquanto a sentença é imposta às partes, sem sua participação na construção da solução, a mediação tem o potencial de capacitá-las para encontrarem suas próprias respostas. 
VIII – Validação - dever de estimular os interessados a perceberem-se reciprocamente como seres humanos merecedores de atenção e respeito. 
Das regras que regem o procedimento de conciliação/mediação
Art. 2º As regras que regem o procedimento da conciliação/mediação são normas de conduta a serem observadas pelos conciliadores/mediadores para o bom desenvolvimento daquele, permitindo que haja o engajamento dos envolvidos, com vistas à sua pacificação e ao comprometimento com eventual acordo obtido, sendo elas:
I – Informação - dever de esclarecer os envolvidos sobre o método de trabalho a ser empregado, apresentando-o de forma completa, clara e precisa, informando sobre os princípios deontológicos referidos no Capítulo I, as regras de conduta e as etapas do processo. 
II – Autonomia da vontade - dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo e de interrompê-lo a qualquer momento. 
III – Ausência de obrigação de resultado - dever de não forçar um acordo e de não tomar decisões pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliação, criar opções, que podem ou não ser acolhidas por eles. 
IV – Desvinculação da profissão de origem - dever de esclarecer aos envolvidos que atuam desvinculados de sua profissão de origem, informando que, caso seja necessária a orientação ou o aconselhamento afetos a qualquer área do conhecimento, poderá ser convocado para a sessão o profissional respectivo, desde que com o consentimento de todos. 
O objetivo do mediador é a pacificação das partes, através de seu trabalho com a comunicação entre elas. Ele não pode acumular tarefas. Se for necessária a orientação de outros profissionais, estes devem ser chamados, ou as partes devem ser encaminhadas até eles. O mediador não deve fazer essa orientação, porque a situação pode levar a uma confusão de papéis na mediação. 
V – Compreensão quanto à conciliação e à mediação - Dever de assegurar que os envolvidos, ao chegarem a um acordo, compreendam perfeitamente suas disposições, que devem ser exequíveis, gerando o comprometimento com seu cumprimento. 
Das responsabilidades e sanções do conciliador/mediador
Art. 3º Apenas poderão exercer suas funções perante o Poder Judiciário conciliadores e mediadores devidamente capacitados e cadastrados pelos Tribunais, aos quais competirá regulamentar o processo de inclusão e exclusão no cadastro.
Dever de possuir qualificação que o habilite à atuação na área da mediação judicial, com capacitação na forma da Resolução 125 (2010), sendo observada a reciclagem periódica
obrigatória para formação continuada. Com isto, deseja-se garantir um trabalho de qualidade, gerando resultados adequados e duradouros.
Art. 4º O conciliador/mediador deve exercer sua função com lisura, respeitar os princípios e regras deste Código, assinar, para tanto, no início do exercício, termo de compromisso e submeter-se às orientações do Juiz Coordenador da unidade a que esteja vinculado.
O respeito ao Código de ética é fundamental para que a mediação ocorra da forma mais transparente possível. Neste Código, estão contempladas questões pertinentes ao trabalho do mediador. o mediador, além dos princípios e regras anteriormente mencionados, deverá ter postura pró-ativa com relação ao desenvolvimento da prática da mediação.
Art. 5º Aplicam-se aos conciliadores/mediadores os motivos de impedimento e suspeição dos juízes, devendo, quando constatados, serem informados aos envolvidos, com a interrupção da sessão e a substituição daqueles.
Nos impedimentos, há presunção absoluta da parcialidade (certeza de que a pessoa não será imparcial), enquanto na suspeição, essa presunção é relativa (a imparcialidade é discutível).
Os impedimentos são causas que, objetivamente, impedem, por exemplo, o juiz de julgar um determinado processo: como ser parte, ter atuado como advogado, promotor, perito ou ter prestado testemunho, quando algum parente seu for parte ou advogado do processo ou quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
A suspeição, por sua vez, relaciona-se com a subjetividade do juiz, estando presentes as seguintes hipóteses:
quando este for amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, quando estas forem credoras ou devedoras do juiz, bem como seus cônjuges e parentes, quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes, quando receber dádivas das partes, aconselhá-las ou subministrar meios para atender às despesas do litígio e quando estiver interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. 
O juiz poderá, ainda, declarar-se suspeito por motivo íntimo.
Como tais disposições da lei estariam relacionadas ao mediador? Caso exista algum motivo de impedimento ou suspeição, o mediador deve informá-lo aos envolvidos na mediação, a sessão deve ser interrompida e pedida a sua substituição.
Art. 6º No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador ou mediador deverá informar com antecedência ao responsável para que seja providenciada sua substituição.
Para que as partes não fiquem prejudicadas pela falta da mediação e pelo respeito que é proporcionado a elas através de tal processo, observamos, neste artigo, uma preocupação para que a continuidade da mediação não seja interrompida.
Art. 7º O conciliador ou mediador fica absolutamente impedido de prestar serviços profissionais, de qualquer natureza, aos envolvidos em processo de conciliação/mediação sob sua condução.
Neste caso, convidamos você a observar a lei 13.140 (2015), que estabelece, no seu artigo 6, da seção II, subseção I: “O mediador fica impedido, pelo prazo de um ano, contado do término da última audiência em que atuou, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes”.
Fazendo uma interpretação mais abrangente, nesse caso, o mediador, na mediação judicial, sendo ele advogado, não poderá ter uma das partes como cliente após a mediação, pelo prazo de um ano.
Art. 8º O descumprimento dos princípios e regras estabelecidos neste Código, bem como a condenação definitiva em processo criminal, resultará na exclusão do conciliador/mediador do respectivo cadastro e no impedimento para atuar nesta função em qualquer outro órgão do Poder Judiciário nacional.
O Código de ética é um instrumento que busca a realização dos princípios, a visão e a missão de uma profissão. Serve para orientar ações e explicitar a postura do profissional. Como vemos, o descumprimento das determinações contidas no Código de Ética podem ser passíveis de punições já previstas nas legislações trabalhistas, de responsabilidade civil, penal e outras.
Parágrafo único - Qualquer pessoa que venha a ter conhecimento de conduta inadequada por parte do conciliador/mediador poderá representar ao Juiz Coordenador a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis.
Neste parágrafo, observamos a importância do cumprimento deste Código e a possibilidade de relatar o seu descumprimento, em prol de uma mediação dentro dos parâmetros éticos e justos para todos que dela participam.

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