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ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DO ESTRESSE

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Estratégias de enfrentamento
Estratégias de enfrentamento do estresse
Prof. Dr. André Luiz Moraes Ramos
Centro Universitário Salesiano de São Paulo - Lorena
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Seria bom se pudéssemos evitar o estresse e termos uma vida livre das pressões cotidianas. Mas convivemos com aborrecimentos, discussões familiares, compromissos profissionais, prazos exíguos para completarmos nossas tarefas, além das atividades que não conseguimos realizar.
	Como nem sempre obtemos sucesso em nos livrar destes eventos estressantes, temos que aprender a lidar com estas situações de forma efetiva (Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003). O enfrentamento está, portanto, relacionado ao processo pelo qual lidamos com as demandas internas e/ou externas que pressionam, sobrecarregam ou excedem os recursos do indivíduo, e que são percebidas como ameaçadoras ou opressivas (Lazarus e Folkman, citados por Gerrig e Zimbardo, 2005).
	O enfrentamento do estresse envolve uma variada gama de estratégias, funcionais e disfuncionais utilizadas pelos indivíduos para lidar com situações ameaçadoras, sendo que o seu tratamento, de acordo com Lipp e Malagris (2008), constitui-se em ensinar à pessoa formas de lidar melhor com ele e evitar que se torne excessivo e prejudique sua saúde, assim como sua vida em geral.
	As estratégias de enfrentamento, comumente empregadas diante das situações estressoras, consistem em respostas cognitivas, emocionais e comportamentais.
Estratégias cognitivas:
	Uma forma poderosa de se adaptar ao estresse é alterar suas avaliações dos eventos estressores e suas cognições autodestrutivas com as quais você está lidando com eles. Neste sentido, de acordo com Gerrig e Zimbardo (2005), é preciso encontrar uma maneira diferente de pensar sobre uma determinada situação, sobre o papel que você está desempenhando diante dela e as atribuições causais que você faz para explicar o resultado indesejável. 
Avaliação e reestruturação cognitivas: 	
As teorias cognitivas de enfrentamento do estresse, em especial a Teoria Cognitiva de Richard Lazarus e a proposta de Donald Meichenbaum de uma vacina contra o estresse, utilizam de duas formas básicas para enfrentar mentalmente o estresse: a avaliação e a reestruturação cognitivas, que podem ser explicitadas em três fases de atividades mentais que visam diagnosticar os eventos que enfrentamos em nossas vidas, denominadas: avaliação primária, avaliação secundária das estratégias de enfrentamento e reavaliação.
1) Avaliação primária:
	Quando você enfrenta situações estressantes, seu primeiro passo é definir de que forma tais situações são, realmente, estressantes. A avaliação inicial realiza a apuração e a interpretação cognitiva de um estressor, através da descrição detalhada do evento e da estimativa de sua gravidade.
	Alguns estressores, como sofrer um grave atropelamento ou ser assaltado com violência, são considerados como ameaças por quase todas as pessoas. Mas é comum que uma situação que cause estresse em outra pessoa, como pedir uma informação a um estranho ou estar na escola durante uma tempestade de granizo, seja interpretada por você como um evento comum, pouco ou nada estressante.
Os eventos provocadores de estresse para uma pessoa são definidos em função da situação da pessoa, de especificidades da demanda e de sua competência para lidar com o problema. 
É importante que o indivíduo se questione seriamente sobre o a situação que está vivenciando, ampliando a sua consciência do fenômeno: O que realmente está acontecendo? Eu corro algum risco? Isto é estressante ou irrelevante para mim? 
2) Avaliação secundária: as estratégias de enfrentamento:
Se a reposta a última pergunta for estressante, é necessário decidir o que será feito. É preciso, então, identificar as estratégias de enfrentamento, fazendo um levantamento das alternativas que o indivíduo possui para lidar com o problema.
Avaliam-se os recursos pessoais e sociais disponíveis para encarar as circunstâncias estressantes e ponderar se estas opções são necessárias e efetivas. 
Tomando-se como referência a teoria de Robert Sternberg (2002), observa-se que, nesta fase, são utilizadas estratégias de processamento cognitivo da informação para solução de problemas, empregando-se componentes metacognitivos e de desempenho. Sternberg conceitua o componente metacognitivo como os “executivos” do processamento, pois atuam em alto nível no planejamento da atividade mental, definindo a natureza das estratégias, a seleção dos passos e a alocação de recursos para a solução do problema, além de monitorarem o progresso da aplicação das estratégias escolhidas rumo ao sucesso deste enfrentamento. O componente de desempenho executa as estratégias definidas pelo componente metacognitivo (Weiten, 2002)
Na preparação para o enfrentamento, surgem questionamentos do tipo: Em vez de ficar ansioso, por que eu não penso em algo que possa fazer? Sou capaz de elaborar um plano para enfrentá-lo? É possível pensar esta situação de modo diferente? 
O enfrentamento pode focalizar as emoções, de modo a mudar a si mesmo por intermédio de atividades que façam sentir-se melhor, mas não alteram o estressor, como atividades de foco somático que visam aliviar o corpo (medicamentos, relaxamento, exercícios), atividades cognitivas (distrair-se, fantasiar, refletir acerca de si mesmo), identificação dos processos conscientes e não conscientes que levam a mais ansiedade. Para isto, o indivíduo deve refletir acerca de si mesmo, seus recursos, suas competências, qualidades, dificuldades, limitações e fraquezas, de modo a identificar seus aspectos positivos para lidar com o problema.
Pode, também, utilizar-se de técnicas de enfrentamento que focalizem o problema, como alterar o estressores ou a própria relação com ele, por meio de ações diretas e/ou atividades para a solução de problemas, por exemplo: lutar (destruir, remover ou enfraquecer a ameaça) ou fugir (distanciar-se da ameaça), buscar opções para lutar ou fugir (negociação, barganha, compromisso) e/ou impedir estresse futuro (agir para aumentar a própria existência ou diminuir preventivamente a força do estresse).
A disponibilidade de múltiplas estratégias de enfrentamento é adaptativa, porque você tem mais chances de obter equilíbrio e administrar o evento estressante.
Definidas as alternativas de enfrentamento, é necessário escolher as que vão ser utilizadas e pô-las em prática, avaliando a sua eficiência no controle e redução do estresse.
	
3) Reavaliação:
	Nesta fase, são avaliados os resultados obtidos com a aplicação das estratégias utilizadas na fase anterior, o sucesso e/ou fracasso produzido por cada estratégia.
	Se o estresse persiste, retorna-se à fase anterior e novas estratégias são escolhidas e implantadas, dando continuidade ao processo de enfrentamento até se conseguir a redução do estresse.
Erros ou distorções cognitivas:
Em termos cognitivos, é comum enfrentar o estresse distorcendo a percepção da realidade, o que pode tornar fazer com que uma situação realmente perigosa seja percebida como inofensiva, enquanto que outro evento insignificante seja interpretado como altamente ameaçador.
Os erros cognitivos têm sido estudados pelos psicólogos cognitivos e hoje se tem uma lista significativa de distorções realizadas pela mente humana na percepção dos fenômenos.
Wright, Basco e Thase (2008) e Rangé e Sousa (2008) apresentam uma relação de erros cognitivos, considerados equívocos do pensamento (vide Quadro 1).
Quadro 1: Erros cognitivos:
	Erro cognitivo
	Descrição
	Abstração seletiva 
(filtro mental):
	só vê uma parte (a que lhe interessa) das informações disponíveis
	Inferência arbitrária: 
	conclui com base em evidências contraditórias ou ausentes (tira conclusões independentes dos fatos)
	Supergeneralização
	transfere conclusões de eventos específicos para todas as áreas da vida
	Maximização ou Minimização
	exagero ou depreciação de um atributo, evento ou sensaçãoPersonalização
	assume responsabilidade por eventos negativos não relacionados a si próprio
	Pensamento absolutista (dicotômico, polarizado, tudo ou nada)
	simplifica sua análise a duas categorias excludentes de interpretação
	Leitura mental
	tendência a antecipar negativamente, sem provas, o que as pessoas vão pensar sobre você.
	Catastrofização
	Exagerar a probabilidade ou a magnitude dos efeitos negativos de uma situação (pensar o pior)
Uma pessoa estressada pode estar sofrendo por conta de uma percepção distorcida da realidade. Cabe ao terapeuta rever com seu cliente a utilização de erros cognitivos e, através do emprego de técnicas apropriadas, buscar a reestruturação cognitiva destes pensamentos tendenciosos.
Foco de controle interno:
	De acordo com Rotter (citado em Huffman, Venoy e Vernoy, 2003), as crenças e as expectativas da pessoa quanto ao controle dos eventos compõem o conceito locus de controle. Uma pessoa com locus de controle interno acredita que está no comando, enquanto que uma pessoa com lócus de controle externo acredita que o ambiente, a sorte ou o destino determina o que lhe acontece.
	Pessoas com foco de controle externo sentem que são impotentes para mudar as circunstâncias que enfrentam. Em seus pensamentos, elas imaginam que não há o que possam fazer para superar seus problemas, percebem-se como incapazes de enfrentar pessoas consideradas mais poderosas do que elas, de enfrentar os desígnios da sorte (pois são azaradas) e que Deus, Todo Poderoso, ou o destino, que já está traçado para cada um de nós, conspiram contra ela. 
Quando as pessoas têm um lócus de controle interno, um sentimento de que têm controle sobre os eventos de sua vida, elas lidam melhor com o estresse do que pessoas que sentem que não têm controle (Huffman, Venoy e Vernoy, 2003). Esta relação foi verificada em estudos com homens de negócio, estudantes, mulheres com câncer de mama, pessoas com aids, idosos institucionalizados e residentes em clínicas de repouso. Nestes exemplos, o controle percebido, isto é, a crença de que podemos influenciar o ambiente de maneira a determinar nossos resultados positivos ou negativos, é tão importante quanto o controle real (Aronson, Wilson e Akert, 2002).
Em suma, estes autores destacam que é importante julgar-se no controle de alguma coisa e quanto mais o cliente pensar que pode controlar as conseqüências de sua vida, mesmo que não se possa controlar o curso inevitável de uma doença grave e fatal, mais empenho ele terá no seu tratamento e isto será um atenuador do seu estresse, resultando em benefícios para a sua saúde física e mental.
	
Estratégias emocionais:
	As estratégias emocionais envolvem reavaliação afetiva das situações estressantes, procurando alterar os sentimentos relacionados ao problema.
 
Enfrentamento defensivo:
Geralmente, são utilizados mecanismos de defesa psicológicos como uma das formas de enfrentamento. 
Os mecanismos de defesa foram propostos por Freud como estratégias inconscientes utilizadas para defesa do ego, que protegem a pessoa de emoções desagradáveis como ansiedade, raiva e culpa, distorcendo a realidade.
O conceito de mecanismo de defesa, concebido inicialmente por Freud como pertencente ao nível inconsciente, foi ampliado por outros teóricos para incluir manobras da quais as pessoas estão conscientes. Portanto, tais mecanismos podem atuar de forma consciente como inconsciente (Weiten, 2002).
À lista de Freud de mecanismos de defesa descritos, como projeção, regressão, negação, deslocamento, formação reativa, sublimação, regressão e racionalização, foram acrescentados outros mecanismos, como fantasia, anulação supercompensação, entre outros (vide Quadro 2).
Quadro 2: Mecanismos de defesa
	Mecanismo
	Definição
	Exemplo
	Repressão
	Expulsar da consciência experiências desagradáveis.
	Não se lembrar de quando foi humilhado.
	Negação
	Recusa de admitir a existência de uma situação desagradável.
	Negar as evidências científicas dos problemas acarretados pelo fumo.
	Regressão
	Retorno a comportamentos infantis.
	Fazer birra quando contrariado.
	Projeção
	Atribuir afetos e pensamentos seus a outra pessoa.
	O marido infiel que sente ciúmes da esposa.
	Racionalização
	Criar desculpas falsas, mas plausíveis.
	Dizer-se feliz porque foi demitido, pois agora pode-se dedicar à família.
	Formação 
reativa
	Fazer o oposto do que deseja
	Desdenha de algo que, na verdade deseja, mas que lhe é inalcançável.
	Sublimação
	Empregar sua energia (sexual) em algo que é socialmente aceitável.
	Dedicar-se à pintura, praticar esportes, fazer caridade.
	Deslocamento
	Desviar um impulso para um alvo menos ameaçador.
	Gritar com o colega de trabalho após ser destratado pelo superior.
	Fantasia
	Gratificação dos desejos frustrados através de realizações imaginárias.
	Um rapaz tímido e solitário, que imagina ser disputado por várias mulheres.
	Anulação 
	Remediar ou tentar dissipar magicamente desejos ou atos inaceitáveis.
	Uma adolescente, que se masturba, repete várias vezes uma seqüência de números a cada vez que se toca.
	Supercompensação
	Encobrir a fraqueza em uma área satisfazendo-se excessivamente em outra.
	Uma mulher, rejeitada pelo namorado, compensa sua frustração comendo exageradamente.
	Todas as pessoas utilizam mecanismos de defesa, pois são padrões absolutamente normais de enfrentamento que aliviam sentimentos de ansiedade. Mas o fato de representarem uma distorção da realidade pode impedir a pessoa de ver com realismo e clareza, como uma estratégia de auto-engano, uma situação delicada, como, por exemplo, um paciente cardíaco que não admite (negação) o aumento de sua pressão arterial. Outro problema é quando este mecanismo é utilizado como um padrão único e por tempo prolongado, impedindo a pessoa de buscar formas mais efetivas de enfrentar situações provocadoras de estresse (Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003). 
Por outro lado, há mecanismos que podem ser, em situações específicas, formas adapatativas de enfrentamento. Por exemplo, um aluno, que teve frustradas suas aspirações esportivas, que se dedica intensamente aos estudos (supercompensação) ou uma pessoa hospitalizada que se utiliza da fantasia de modo criativo (Weiten, 2002).
Humor:
	Uma forma diferente para lidar com os problemas do dia-a-dia é o uso do bom–humor, considerado por Huffman, Huffman e Vernoy (2003) como uma forma de enfrentamento baseada na emoção, que é altamente eficaz em alterar o mal-humor, eliminar a depressão e diminuir a raiva e a tensão. 
Estudos apontam que pessoas que são capazes de fazer brincadeiras e de rir de seus próprios infortúnios obtêm são capazes de produzir respostas de enfrentamento mais efetivas do que pessoas mal-humoradas que só enxergam os aspectos negativos da situação (McCrae, citado por Weiten, 2002).
Isto é observado porque encontrar um aspecto humorístico em uma situação estressante permite redefinir o evento de maneira mais realista e menos ameaçadora do que inicialmente se supôs. Uma das estratégias para a solução de problemas é ser capaz de olhar para a situação de modo diferente do habitual, buscando alternativas para tal situação. Um exemplo de Gerrig e Zimbardo (2005) propõe a reavaliação cognitiva através do humor como estratégia de enfrentamento: se você está preocupado por ter que falar diante de um público assustador, você pode reavaliar a situação imaginando que seus críticos potenciais estão sentados, ali na sua frente, nus.
	Outra contribuição positiva do humor é que o riso e a jovialidade auxiliam na liberação de emoções reprimidas. Considerando-se que o ser humano, quando envolvido em situações de grandes emoções, geralmente, tem dificuldade de focalizar seus problemas de maneira racional, pode-se afirmar que, neste sentido, o alívio da tensão é crucial para que se possa pensar no problema de modo mais objetivo.
	Por isto é que fazer brincadeiras a respeito das dificuldades da vida pode ser uma estratégiade enfrentamento particularmente útil (Weiten, 2002).
Atitudes positivas:
	Uma auto-imagem e uma atitude positivas podem ser recursos significantes para o enfrentamento. Estudos apontam que até mesmo elevações temporárias da auto-estima reduzem a quantidade de ansiedade causada por eventos estressantes (Greenberg et al, citado por Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003).
	A maneira como a pessoa enfrenta a vida é crucial na construção de crenças desdaptativas, em especial, a visão que ela tem de si, do mundo e do futuro, que vão gerar a depressão (Beck, Rush, Shaw e Emery, 1997).
O indivíduo que se percebe como possuidor dos atributos que ele considera essenciais para alcançar felicidade e sucesso, que acredita no seu potencial e se vê como competente para enfrentar e superar as adversidades, e que, por outro lado, acredita na capacidade profissional do médico e do psicólogo, assim como na eficácia do tratamento, e que alimenta a esperança de que suas dificuldades, frustrações e privações serão em breve superadas, apresenta atitudes que tendem a lhe garantir melhores perspectivas no enfrentamento de situações estressantes.
Há pessoas que estão, constantemente, em estado de alerta para prever problemas e que vêem somente as dificuldades instransponíveis de cada situação. Estas costumam ter mais conflitos interpessoais que levam a perda da rede de apoio social. Nestes casos, Friedman, Hawley e Tucker (citados em Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003), declaram que ter uma atitude negativa em relação ao mundo em geral produz um estado de estresse quase que constante.
Neste sentido, a esperança pode sustentar a pessoa que enfrenta desafios severos, em circunstâncias aparentemente insuperáveis. A esperança pode vir da crença em si mesmo, o que pode capacitar-nos a planejar nossas próprias estratégias; da crença em outros, como nos médicos e seus resultados positivos; ou da crença num Deus justo e benevolente (Lazarus e Folkman, citados em Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003).
A tendência geral para esperar resultados positivos apresenta correlações positivas com a saúde física e mental, pois as pessoas otimistas administram o estresse através de formas mais adaptativas, como ações diretas para a resolução do problema, busca de apoio social e uma maior consideração dos aspectos positivos em suas avaliações de eventos estressantes, do que os pessimistas, que, em geral, são mais passivos diante da situação, desistem ou negam o problema (Weiten, 2002). 
Pode parecer que as formas de enfrentamento baseadas na emoção representam apenas uma maneira de “cair fora” da situação estressante, mas isto não é verdade (Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003). Nem sempre é necessário solucionar um problema para aliviar o estresse e, em algumas vezes, o enfrentamento do estresse através da emoção pode ser uma forma eficaz de lidar com os eventos estressantes, podendo levar até a solução do problema. Com a diminuição, por exemplo, da ansiedade, a pessoa poderá dedicar-se a formas de enfrentamento centradas na solução do problema.
Estratégias comportamentais:
	As formas de enfrentamento, que envolvem ações do indivíduo para lidar com eventos estressantes, compõem o conjunto de estratégias comportamentais, que podem incidir sobre as emoções, como a prática de exercícios e de uma vida mais saudável, a liberação de emoções reprimidas, a busca de apoio social, de recursos emocionais, o treinamento de habilidades sociais, até o uso de estratégias não construtivas, como descontar sua frustração nos outros, a passividade como forma de desamparo aprendido, a evitação das fontes de estresse e a procrastinação dos compromissos.
Prática de exercícios e busca de uma vida mais saudável:
	O estresse impõe conseqüências específicas ao corpo de pessoas a ele submetidas. Huffman, Varnoy e Vernoy (2003) afirmam que, o corpo, quando estressado, passa por mudanças fisiológicas, como a ativação do sistema nervoso autônomo, o aumento da freqüência cardíaca, da pressão sangüínea, da respiração e da tensão muscular, diminuição do movimento dos músculos do estômago, contração dos vasos sangüíneos e liberação hormônios como a epinefrina (adrenalina). 
Hans Selye (citado em Huffman, Varnoy e Vernoy, 2003) descreveu uma reação fisiológica generalizada a fatores estressantes intensos, que ele chamou de síndrome de adaptação geral, composta por três fases: a reação de alarme (ativação fisiológica que dá ao corpo uma energia abundante, que predispõe o indivíduo para lutar ou fugir da situação), a fase de resistência (adaptação do corpo ao fator estressante e o aumento da resistência a doenças) e a fase de exaustão (a resistência diminui e o estado de alarme reaparece), que ocorre quando há exposição prolongada ao fator estressante, gerando a diminuição da energia de adaptação da pessoa. O comprometimento do sistema imunológico pode tornar o indivíduo susceptível a um sem-número de doenças, desde resfriados e gripes, até cânceres e doenças cardíacas, que podem levá-lo até a morte.
A fase de exaustão pode levar à síndrome de exaustão emocional, denominada de síndrome de burnout (esgotamento), experimentada por profissionais de saúde, segurança e educação, que estão em constante contato interpessoal de alta intensidade, como pacientes, clientes ou público (Gerrig e Zimbardo, 2005). A exaustão emocional faz com que a pessoa experimente um sentimento de despersonalização (perda da identidade e visão de si como um objeto), e redução nas realizações pessoais, uma diminuição de cuidados pessoais, passam a tratar ou outros com indiferença impessoalidade e até de forma desumana, e apresentam um baixo comprometimento com ou outros, o que resultam em problemas na família, na escola, no trabalho e na vida social em geral.
Benevides-Pereira (2003) ao comparar estresse e burnout, afirma que o burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse, ocorre pela cronificação deste, quando os métodos de enfrentamento falharam ou foram insuficientes. É na fase de resistência que lidamos com o estresse, é nesta fase que o organismo pode suportar e resistir a outros efeitos debilitantes e de duração prolongada (Gerrig e Zimbardo, 2005). Quanto mais forte e saudável a pessoa, melhor ela lidar com o estresse e mais longa é a permanência no estágio de resistência, não entrando na fase de exaustão.
Se você se mantiver em boa forma física, provavelmente vai sentir menos ansiedade, depressão e tensão do que pessoas que não cuidam de sua saúde (Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003). Isto implica em cuidados com a alimentação, com o descanso, com o sono, a prática de exercícios, redução do tabagismo e da ingestão de álcool e drogas, entre outras modalidades preventivas.
Os benefícios potenciais de exercícios físicos regulares são substanciais para enfrentar o estresse. Não é necessário ser um atleta de nível competitivo para obter resultados significativos. Exercícios moderados e regulares, como andar de bicicleta, dançar, caminhar, correr, nadar, praticar outros esportes, são acessíveis e dão bons resultados. É importante escolher uma prática que lhe seja agradável, adequada na opinião de um médico e adaptada à sua condição física, na avaliação de um profissional da área de Educação Física. Cuidado para não cair na armadilha de esportes competitivos, pois a exigência de resultados, a obsessão por se superar e vencer, pode ser um fator que aumente o estresse.
O exercício reduz o efeito negativo do estresse de várias maneiras. Primeiro, ele provoca consumo de hormônios secretados na corrente sangüínea durante o estresse, ajudando com isso o sistema imunológico a retornar o mais rápido possível ao seu funcionamento normal e aumentando a eficiência do sistema cardiovascular. Segundo, o exercício pode ajudar a eliminar a tensão acumulada nos músculos. Terceiro, há o aumento da força, da flexibilidade e da resistência para enfrentar futuros fatores estressantes (Huffman, Varnoy e Vernoy, 2003). Além do efeito no preparo físico, o exercício aumenta a auto-estima(Morris e Maisto, 2004), uma vez que o indivíduo observa mudanças positivas em seu corpo, o que reflete no aumento da atitude positiva em relação a si próprio.
Outro recurso é a prática do relaxamento, que consiste num processo psicofisiológico e de aprendizagem, uma vez que envolve respostas somática e autônoma, informes verbais de tranqüilidade e bem-estar, como estado de aquiescência motora, assim como o desenvolvimento de respostas biológicas, que incluem o reconhecimento de áreas de tensão muscular, seu posterior relaxamento e o controle da respiração diante das situações estressantes (Guimarães, 2008).
Há várias técnicas para obter relaxamento, como, por exemplo, as apresentadas por Benson (citada em Weiten, 2002), Huffman, Vernoy e Vernoy (2993), Basco (citada em Wright, Basco e Thase, 2008), Lovato e Cordioli (2008), Guimarães (2008), Costa e Lanna (2008),
	O relaxamento favorece o bem-estar, ao promover o alívio de certas regiões do corpo e permitir o manejo da ansiedade, de modo que o indivíduo possa perceber-se e controlar-se de forma mais efetiva diante das situações de estresse.
 
Liberação das emoções reprimidas:
	Nos casos em que o estresse gera uma grande tensão e a pessoa sente que fortes emoções se acumulam dentro de si, nada mais saudável do que liberar estas emoções, uma vez que as pesquisas indicam que pessoas que inibem a expressão de raiva e outras emoções são mais propensas a apresentar, por exemplo, pressão alta (Ellis, citado em Weiten, 2002). 
	Se a tensão é ruim, a sua expressão é boa para a saúde. Ao apresentar suas emoções é possível reduzir sua excitação fisiológica, desde que seja de forma madura e socialmente aceitável, especialmente quando a emoção é a raiva (Weiten, 2002), num ambiente de receptividade e acolhimento.
	Tenho verificado que a expressão das emoções, por mais negativas, desagradáveis e ameaçadoras que elas pareçam, em condições adequadas, liberam as energias da pessoa, descarregando a tensão e permitindo que ela invista suas energias na busca e implementação de estratégias efetivas. Chorar, gritar, temer, dar uma boa gargalhada são exemplos de formas humanas naturais de extravasar as emoções.
Escrever ou desenhar sobre eventos traumáticos é também é uma forma positiva de liberar as emoções. O hábito de manter um diário, mais recentemente um blog, onde se possa expor os problemas, as dificuldades, procurando descrever as situações de forma pessoal e detalhada, a fim de entrar em contato com os pensamentos e emoções despertadas por eventos estressantes, é bastante salutar. O desenho, por ser uma forma mais primitiva de expressão, também é capaz de liberar emoções difíceis de serem expressas.
	Pennebaker (citado em Aronson, Wilson e Akert, 2002) pediu a universitários que escrevessem durante 15 minutos, ao longo de quatro noites consecutivas, sobre eventos significativos pelos quais tinham passado. A longo prazo, estes sujeitos procuraram menos os serviços de saúde da universidade do que os do grupo de controle. O autor sustenta que tentar inibir ou não pensar num problema exige forte dispêndio de energia física e mental, e é, por isso mesmo, estressante. Escrever sobre o trauma pode ajudar a pessoa a obter uma melhor compreensão do evento, ajudando-a a superá-lo. E poderá também suscitar apoio emocional em outras pessoas.
Apoio social:
É certo que escrever ou desenhar pode ser um bom recurso, mas encontrar um bom ouvinte para poder verbalizar seus medos secretos, suas ansiedade e dúvidas, numa conversa franca, é sempre uma estratégia positiva para liberar as emoções.
O apoio social diz respeito aos recursos que outros proporcionam, por exemplo, transmitir a mensagem de que uma pessoa é amada, de que alguém se preocupa com ela e a estima, de modo que ela está conectada a uma rede de pessoas que têm um compromisso mútua (Gerrig e Zimbardo, 2005). Mais especificamente, refere-se a vários tipos de auxílio fornecidos por membros da rede (Weiten, 2002) social, e consiste em sentir que há outras pessoas dispostas a nos ajudar (Aronson, Wilson e Akert, 2002).
Qualquer pessoa com a qual você tenha um relacionamento social importante, como membros da família, amigos, colegas de estudo ou de trabalho e vizinhos, pode fazer parte de sua rede de apoio social em momentos de necessidade. Estas pessoas podem-nos ajudar a cuidar melhor da saúde, escutar nossos temores, segurar nas nossas mãos, dar-nos um abraço e nos aconselhar.
O apoio social pode atenuar os efeitos estressantes do divórcio, da perda de um ente querido, de uma doença crônica, gravidez, perda de emprego e sobrecarga de trabalho (Winnubst, Buunk e Marcelissen, citados em Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003). Tudo indica que o apoio social serve como um amortecedor em épocas de grande estresse, reduzindo o impacto negativo de eventos estressantes e mesmo quando não estamos em situação de grande estresse (Cohen e Syme, citado em Weiten, 2002). 
Grupos de apoio dos mais variados tipos têm se espalhado por aí, seja para o apoio a alcoólatras, drogadictos, neuróticos, mães solteiras, vítimas de violência, mulheres que amam demais, pacientes com câncer, entre outros.
Culturalmente, observa-se que os grupos sociais que dão maior destaque ao coletivismo e à interdependência sofrem menos de doenças relacionadas com o estresse do que pessoas que fazem parte de culturas que enfatizam o individualismo, pois espera-se que estas se “virem sozinhas” (Bond, citado em Aronson, Wilson e Akert, 2002).
Até aqui falamos do apoio socioemocional, mas há também, segundo Gerrig e Zimbardo (2005), o apoio tangível (dinheiro, transporte, alojamento, alimentação, etc.) e o apoio informacional (aconselhamento, avaliação pessoal, informações).
É importante ter e fazer parte de uma rede social de apoio, e nunca ficar socialmente isolado, para quando se possa precisar de alguém, ou mesmo quando, ao passar por uma situação estressante, não se chega a pedir ajuda.
Recursos materiais:
	Aprendemos desde pequenos ditados populares que dizem dinheiro não é tudo e dinheiro não compra felicidade. Só que quando falamos em lidar com o estresse, o dinheiro e as coisas que ele compra podem ser recursos bem efetivos que fazem a diferença. Até as igrejas, preocupadas com a dimensão espiritual, pedem contribuição, insistem com o dízimo e passam a sacolinha, de modo que esta não é uma questão meramente materialista.
	O dinheiro aumenta o número de opções disponíveis para eliminar algumas fontes de estresse ou reduzir os seus efeitos. Pessoas com recursos financeiros podem ter acesso a soluções que outras pessoas, que não têm recursos, não podem contar. 
São exemplos de pessoas com recursos financeiros: se o carro está dando defeito, pode trocá-lo por um outro mais novo; se um parente doente que mora distante é hospitalizado às pressas, a pessoa pode ir de avião; e se a pessoa perdeu um livro, pode comprar outro.
Há outras situações, como uma gravidez indesejada, um assalto ou a morte de uma pessoa querida, com certeza, que não podem ser dirimidas. Mas quem tem dinheiro pode pagar pelo apoio profissional que vai atenuar as conseqüências desta situação estressante.
Habilidades sociais:
	Situações sociais, como reuniões, grupos de discussão, namoros e festas, geralmente são fontes de prazer, mas também podem ser fontes de estresse. O mero fato de conhecer uma pessoa e tentar encontrar um assunto para conversar pode ser muito estressante para algumas pessoas (Huffman, Vernoy e Vernoy, 2003). 
	O treinamento em habilidades sociais surgiu sob a influência dos trabalhos de Wolpe e Lazarus sobre treinamento assertivo e inclui uma variedade de técnicas (Guimarães, 2008).
O desenvolvimento de habilidades sociais pode favorecer estas pessoas a adquirirem recursos que vão reduzir a sua ansiedade diante de tais situações. O treinamento em habilidades sociais tem diversos objetivo para capacitar o indivíduo a melhorar sua vida social. Caballo (1996) resumiu as metas de treinamento de habilidades sociais:iniciar e manter conversação, falar em público, expressar amor, agrado e afeto, defender os próprios direitos, pedir e receber favores, recusar pedidos, aceitar e fazer elogios, desculpar-se e aceitar críticas, sorrir e fazer contato visual, fazer entrevistas para solicitar emprego, solicitar mudança de comportamento do outro e expressar opiniões pessoais mesmo divergentes e desagrados.
O casal Almir Del Prette e Zilda Del Prette (2001), agruparam as habilidades sociais em categorias, como habilidades sociais e de comunicação, de civilidade, assertivas de direito e cidadania, empáticas, de trabalho e de expressão de sentimento, sendo que eles apresentam vivências que visam a promoção e o treinamento destas habilidades sociais.
As dificuldades sociais são específicas de cada indivíduo, devendo-se identificar, em cada caso, as situações estressantes para aquela pessoa que requerem o desenvolvimento de determinadas habilidades para tais situações (Guimarães, 2008).
Huffman, Vernoy e Vernoy (2003) afirmam que as habilidades sociais nos ajudam não apenas a interagir com os outros, mas também a comunicar nossas necessidades e desejos, solicitar ajuda quando necessário e a diminuir a hostilidade em situações de tensão.
Estratégias destrutivas:
Algumas estratégias de enfrentamento são consideradas destrutivas, como descontar nos outros, o desamparo aprendido, a evitação e a procrastinação.
	
Descontar nos outros: geralmente as pessoas reagem a eventos estressantes descontando nos outros através da agressão. Agressão é qualquer comportamento com intenção de ferir alguém física ou verbalmente.
	Estapear, chutar, cuspir, puxar o cabelo, dar cascudos, tapas, socos, atirar objetos como pedras, copos, etc. são mais comuns do que deviam em muitos lares. Xingar, ofender, humilhar, difamar, desdenhar, ridicularizar, menosprezar e mesmo tratar com indiferença, são formas agressivas através das quais as pessoas descarregam o seu estresse em outras pessoas.
	A hipótese de frustração-agressão proposta por Dollard e Miller (Rodrigues, Assmar e Jablonski, 2001) sustentava que a agressão pode ser causada, entre outros motivos, pela frustração. Assim, algumas pessoas acabam por emitir respostas agressivas por conta de problemas pessoais cuja fonte causadora nem sempre está relacionada com a vítima de sua agressão.
Desamparo aprendido: é importante analisar como explicamos a nós mesmos porque nos ocorreu um evento negativo. Desamparo aprendido é um comportamento passivo produzido pela exposição a eventos aversivos inevitáveis, fruto da interpretação cognitiva que a pessoa faz destes eventos (Seligman, citado em Huffman, Varnoy e Vernoy, 2003).
O senso de desamparo aprendido de um indivíduo provém de seu autoconceito negativo (devido à ativação de crenças centrais como eu sou inadequado ou eu sou inferior) e da crença de que os outros estão atentos aos meus defeitos e vão rir de mim (Rangé e Sousa, 2008).
Tal interpretação cognitiva surge quando a pessoa acredita que os eventos negativos (como tirar uma nota baixa na prova de Matemática no início do ano letivo) são estáveis, pois a situação não mudará com o tempo (Eu não vou conseguir ser aprovado), a causa do evento é interna, de modo que a pessoa é responsável pela situação em que se encontra (Eu não tenho capacidade ou Eu não sou inteligente) e acreditar em uma causa global para o evento, que se aplica a outras situações também (Se eu não sou bom em Matemática isto significa que eu não sou um bom aluno em qualquer outra matéria).
Morris e Maisto (2004) destacam que crianças educadas em uma família violenta, em que a punição não está relacionada ao comportamento, em geral desenvolvem a sensação de desamparo. Até mesmo em contextos relativamente normais e externos à sua família, é comum que elas se sintam apáticas, passivas e indiferentes. Elas fazem pouca ou nenhuma tentativa para buscar recompensas ou evitar incômodos, pois aprenderam que o que quer que façam não será capaz de tirá-las desta situação.
Nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, prisioneiros não se revoltavam contra seus algozes, pois acreditavam que não tinham como escapar desta situação. Também mulheres que se casam com maridos violentos, que as espancam e abusam sexualmente, geralmente se sentem impotentes para fazer qualquer coisa acerca desta situação, pois temem o que seus maridos fariam se tentassem abandoná-los ou denunciá-los (Atkinson, Atkinson, Smith e Bem, 1995). No Brasil, depois de duras penas, com a aprovação da Lei Maria da Penha, as mulheres têm um apoio legal para enfrentar esta situação, mas casos assim são muito complexos, e muitas mulheres ainda sofrem caladas e inertes.
Fazer atribuições estáveis, internas e globais de eventos negativos leva à desesperança, à depressão, à diminuição de esforço e a dificuldades de aprendizagem (Aronson, Wilson e Akert, 2002).
Evitação: é uma resposta do indivíduo que o mantém afastado da fonte do seu estresse. Funciona como uma tentativa de não entrar em contato com eventos estressores. Em princípio parece uma estratégia positiva, mas que pode produzir limitações à vida de uma pessoa.
Quando uma pessoa com fobia social decide não ir a uma festa e sente alívio imediato da ansiedade, sua evitação é reforçada. Na próxima vez em que receber um convite para um evento social, a pessoa provavelmente continuará a aplicar o padrão de evitação como forma de controlar a ansiedade associada ao julgamento social o qual ela prevê que irá acontecer. Cada vez que ela evita uma situação social, seu comportamento fóbico e suas cognições disfuncionais sobre o seu desempenho social são ainda mais reforçadas e seus sintomas se tornam mais profundamente intricados (Wright, Basco e Thase, 2008).
Pacientes com transtorno de pânico, que se sentem desconfortáveis em alguns lugares e situações, podem passar a evitá-los com receio de sentir novamente aquele medo (Rangé e Sousa, 2008).
A evitação, identificada inicialmente como uma técnica que apresenta uma relativa eficácia, acaba provocando, com o tempo, sérias conseqüências na vida do indivíduo, pois limita o seu universo.
Procrastinação: refere-se ao hábito que certas pessoas têm de adiar seus compromissos e de não cumprir os planos estabelecidos. 
A crença que costuma impulsionar a procrastinação é “se eu tentar fazer algo eu posso fracassar, e as pessoas descobrirão o fracassado que eu realmente sou” (Wright, Basco e Thase, 2008). Então, ao invés de tentar fazer algo e errar, é melhor eu não fazer nada e adiar este compromisso. O pensamento mágico é que “se eu não enfrentar a situação, quem sabe ela deixa de existir ou desaparece”.
Como diz o ditado, o tiro costuma sair pela culatra e a pessoa procrastinadora, que tentava evitar o estresse, acaba vendo seu problema, com o passar do tempo, ficar ainda maior, o que lhe causa mais ansiedade. Além do que um problema não resolvido hoje vai somar-se aos eventos estressantes de amanhã e dos próximos dias, produzindo o efeito de uma bola de neve.
A aplicação desta estratégia a diversas situações gera um acúmulo de fatores estressantes que só tende a aumentar a severidade do estresse.
Considerações finais:
Como vimos, são bastante diversificadas as estratégias de enfrentamento do estresse, sendo que algumas focalizam diretamente o problema e outras focalizam as cognições e emoções provocadas pelos eventos estressantes, e que foram apresentadas como estratégias cognitivas, emocionais e comportamentais. Deve-se considerar, também, que as estratégias são específicas para cada situação.
Vimos que, através do uso eficaz destas estratégias de enfrentamento, a pessoa procura tolerar, diminuir, confrontar, aceitar, ignorar ou suprimir uma ameaça. Não parece adequado considerar uma estratégia de enfrentamento como boa ou ruim, ela poderia ser funcional ou disfuncional, dependendo da eficácia no sentido de consecução dos objetivos de recuperação do equilíbrio (Garrosa-Hernández, Benevides-Pereira, Moreno-Jiméneze Gonzáles, 2003). 
Referências:
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Del Prette, A. e Del Prette, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes; 2001.
Garrosa-Hernández, E., Benevides-Pereira, A. M. T., Moreno-Jiménez, B. e Gonzáles, J. L. Prevenção e intervenção na síndrome de burnout: como prevenir ou remediar o processo de burnout. In Benevides-Pereira, A. M. T. (Org.). Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003, 227-271.
Gerrig, R. J. e Zimbardo, P. G. A Psicologia e a vida. Porto Alegre: Artmed; 2005.
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