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TRABALHO N 1 EVICÇÃO

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DIREITO CIVIL III
EVICÇÃO
Trabalho apresentado no dia 06 de abril de 2017, pelo acadêmico do 4º período da Turma noturna do Curso de Direito, para obtenção parcial de nota bimestral da disciplina de Direito Civil III, sob a orientação do Professor Mestre 
PALMAS - TO
2017
INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata sobre o instituto da evicção na visão doutrinária. Busca apresentar seus conceitos e suas formas características na interpretação de vários doutrinadores nacionais de renome no âmbito jurídico, tema este que sempre foi complexo e de bastante distorção, mas de grande valia para a solução de conflitos entre as partes que se sujeitam a tipos de contratos avençados com evicção, demonstrando através da doutrina quem são os sujeitos dessa relação contratual e apontar o maior prejudicado na sua ocorrência. Busca-se o conhecimento deste vício no negócio jurídico que só se valida perante decisão judicial, enfim, tem-se em foco sobre esta prática ocorrida com frequência em alguns negócios interpessoais.
Evicção é a perda total ou parcial de um bem adquirido em favor de um terceiro, que tem direito anterior, por decisão judicial, relacionada a causas de um contrato.
Para ficar mais claro, um exemplo, é quando alguém vende algo para um indivíduo e descobre que o produto não pertencia à pessoa que vendeu e sim a uma terceira, ou seja, é a venda de um produto que não lhe pertence.
A pessoa que comprou o produto pode sofrer evicção e ir para a justiça para restituir o bem à pessoa que realmente é a dona do produto, e a mesma tem direito a indenização pela pessoa que a vendeu, pelo prejuízo sofrido.
Para ocorrer uma evicção, existem alguns requisitos tais como: A onerosidade na aquisição da coisa; A perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada; A ignorância por parte do adquirente da litigiosidade da coisa; O direito do evictor anterior à alienação e a denunciação da lide ao alienante.
Um termo jurídico bastante ligado à evicção é a denunciação da lide, que é quando chama-se o indivíduo que foi denunciado e que mantém um vínculo de direito com a parte denunciante, para vir responder pela garantia do negócio jurídico, caso o denunciante saia vencido no processo. O processo de evicção vem a ocorrer nesse caso quando uma parte do processo lança mão da lide e sucumbe perante a reivindicação da outra parte, então o outro perde o direito de exercitar a evicção.
A evicção pode ocorrer no caso de vários bens adquiridos, incluindo os adquiridos em hasta pública.
No código civil brasileiro, a evicção é abordada na Seção VI, nos artigos 447 até o artigo 457.
CONCEITO
Evicção é uma perda, que pode ser parcial ou total, de um bem por motivo de decisão judicial ou ato administrativo (Art. 447 do Código Civil) que se relacione a causa preexistente ao contrato.
Um exemplo é a venda de um automóvel pela pessoa “A” a uma pessoa “B”, sendo que posteriormente se verifica que na verdade o automóvel pertence a uma pessoa “C”. A pessoa “B” pode sofrer evicção e ser obrigada por sentença judicial a restituir o automóvel a pessoa “C”. A pessoa “B” tem direito a indenização, pela pessoa “A”, pelo prejuízo sofrido com a evicção.
PARTES
Na evicção, as partes são:
A) Alienante: Responde pelos riscos da evicção;
B) Evicto: Adquirente do bem em evicção;
C) Evictor: Terceiro que reivindica o bem.
Salvo estipulação em contrário, o evicto tem direito a restituição integral do preço ou quantias pagas além de indenização dos frutos que foi obrigado a restituir; Indenização de despesas com contratos e prejuízos relacionados à evicção; E indenização de custas judiciais e honorários do advogado, por ele constituído. Acrescenta-se que a jurisprudência tem considerado também a possibilidade de se incluir, nos valores a serem recebidos pelo evicto (quem detém o objeto da evicção), montante capaz de possibilitar compra de imóvel equivalente.
REQUISITOS
São requisitos da evicção:
Onerosidade na aquisição da coisa;
A perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada;
A ignorância por parte do adquirente da litigiosidade da coisa;
O direito do evictor anterior à alienação;
A denunciação da lide ao alienante.
Cabe ressaltar que, a ignorância do evicto (adquirente) face ao direito do evictor, além de onerosidade do negócio são fundamentais para caracterização de evicção.
Verificada a evicção sobre o bem dado em pagamento, ressurge a obrigação que havia sido extinta com todos os seus acessórios, exceto o fiador que continua liberado, conforme art. 838 do Código Civil Brasileiro.
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA
Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
GARANTIA LEGAL
Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - À indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - À indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - Às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa na época em que se evenceu e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
PARTE CONSIDERÁVEL
Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
DENUNCIAÇÃO À LIDE
Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Base: Código Civil - artigos 447 a 457.
NOÇÃO HISTÓRICA
A responsabilidade por evicção surge nos contratos consensuais em Roma. Em época correspondente, menos formal, a stipulatio. Se o adquirente pela mancipatio era demandado por um terceiro antes de ocorrer o usucapião, poderia chamar o vendedor a fim de que ele se apresentasse em juízo para assisti-lo e defende-lo na lide, se o vendedor se negasse a comparecer, ou, se mesmo comparecendo, o adquirente se visse privado da coisa, teria este ultimo a chamada actio auctoritatis, para obter o dobro do preço que havia pago no negócio.(VENOSA,2012, p.548).
“Em várias legislações a evicção é disciplinada no capitulo da compra e venda, pois esta constitui, por excelência, o contrato oneroso donde deriva a obrigação de se transmitirem os direitos reais e na qual o fenômeno ocorre com mais frequência. O Código Civil brasileiro, todavia, regula o assunto na parte concernente aos contratos em geral, pois o dever de garantia imposto ao alienante surge não só na compra e venda, como em todo contrato oneroso”. (GONÇALVES, 2004, p.119).
Assim, Venosa (2004) diz que: A situação era muito semelhante, como ainda o é, aos vícios redibitórios. No direito Justiniano, o remédio parao comprador privado da coisa por defeito de titulo do vendedor era tanto a actio empti para indenização, como a actio ex stipulatu, açao baseada na stipulatio, para obter o dobro do preço. O prejudicado deveria optar por uma das ações. De qualquer modo, a noção é no sentido de que a evicção não influi na validez do contrato. A venda continua valida e a única consequência é o dever do vendedor de indenizar o comprador pelo prejuízo. O pagamento do dobro do preço que foi fixado como limite dos prejuízos na época de Justiniano.
“O Código Civil de 1916 dispunha, no art. 1.101, que, nos contratos onerosos, pelos quais se transfere o domínio, posse ou uso, será obrigado o alienante a resguardar o adquirente dos riscos da evicção, toda vez que se não tenha excluído expressamente esta responsabilidade, acrescentando o parágrafo único que as partes podem reforçar ou diminuir essa garantia”. (GONÇALVES, 2004, p.119). 
DOUTRINA
Diniz, (2005) define: O alienante tem não só o dever de entregar ao adquirente o bem alienado, mas também o de garantir-lhe o uso e gozo, defendendo-o de pretensões de terceiro quanto ao se domínio, resguardando-o de riscos de evicção, pois pode ocorrer que o adquirente venha a perder a coisa, total ou parcialmente, em razão de sentença judicial, baseada em causa preexistente ao contrato.
Rodrigues, (2004) conceitua que, dá-se a evicção quando o adquirente de uma coisa se vê total ou parcialmente privado da mesma, em virtude de sentença judicial que atribui a terceiro, seu verdadeiro dono. Portanto, a evicção resulta sempre de uma decisão judicial.
Existe um conjunto de garantias que o alienante, por força de lei, está obrigado, na transferência da coisa ao adquirente. Essas garantias estão presentes tanto na compra e venda, como naqueles contratos em que se transferem a posse e a propriedade. O alienante deve não somente abster-se de interferir na fruição da coisa por parte do adquirente, como também impedir que terceiros o façam. Essa garantia ocorre nas questões de direito, como nas questões de fato, nos ataques de fato à coisa transferida, tem o adquirente as ações possessórias, entre outros meios a sua disposição. (VENOSA, 2012).
A garantia dos riscos da evicção, que recai sobre o alienante, ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública, e sempre que se não tenha excluído tal responsabilidade, tem por escopo resguardar o adquirente contra a perda da propriedade do bem ou do reconhecimento de algum ônus que o gravava por sentença judicial, assegurando-lhe a hipótese de vir a perde-lo, a restituição integral do preço, mais a indenização dos frutos que tiver sido obrigado a devolver, despesas contratuais e custas judiciais. Se a aquisição se deu em hasta pública, o arrematante ou adquirente que vier a sofrer evicção parcial ou total poderá pleitear o valor proporcional à perda ou ao preço da  coisa evicta, voltando-se contra credor que tirou proveito com o produto da arrematação ou contra o proprietário do bem, que recebeu o saldo remanescente. (DINIZ, 2005).
Venosa (2012) confirma que: Essa garantia está presente em todo contrato oneroso, e não apenas na compra e venda, como regulada em algumas legislações, quem transmite uma coisa a título oneroso está obrigado a garantir a legitimidade, higidez e tranquilidade do direito que transfere, desde que exista equivalência de obrigações para as partes, a garantia faz-se presente, deve ser assegurado ao adquirente que seu titulo seja bom o suficiente e que ninguém mais tem direito sobre o objeto do contrato, vindo a turbá-lo, alegando melhor direito. A evicção garante contra os defeitos materiais, nos contratos gratuitos, não há razão para a garantia, porque a perda da coisa pelo beneficiário não lhe traz um prejuízo, apenas obsta um ganho. No entanto, nada impede que, mesmo em uma doação, as partes estipulem a garantia, que não existe na lei.
De acordo com Gonçalves (2004), a evicção funda-se no mesmo principio de garantia em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios. Nesta, o dever do alienante é garantir o uso e o gozo da coisa, protegendo o adquirente contra os defeitos ocultos. Mas essa garantia estende-se também aos defeitos do direito transmitido. Há, portanto, um conjunto de garantias a que todo alienante está obrigado, por lei, na transferência da coisa ao adquirente. Não só deve fazer boa a coisa vendida no sentido de que ela possa ser usada para os fins que ela se destina, como também no de resguardar o adquirente contra eventuais pretensões de terceiro e o risco de vir ser privado da coisa ou de sua posse e uso pacífico, pela reivindicação promovida com sucesso por terceiro, ressarcindo-o se acaso consume a evicção.
REQUISITOS
A evicção tem por causa um vicio existente no titulo do alienante, ou seja, um defeito do direito transmitido ao adquirente. É necessário que a perda da propriedade ou da posse da coisa para terceiro decorra de uma causa jurídica, visto que as turbações de fato podem por ele ser afastadas mediante o recurso aos remédios possessórios. Essa turbação de direito de fundar-se em direito real, como o de propriedade e usufruto, por exemplo, ou em direito pessoal, como no caso de arrendamento, arguido pelo terceiro em relação à coisa. Na cessão de credito, o cedente responde tão somente pela existência do direito transferido e não pela solvência do devedor, salvo estipulação em contrário. (GONÇALVES, 2004).
Para Venosa (2012, p.549):
“Para que seja operada a garantia da evicção, em primeiro lugar é indispensável que ocorra uma perturbação de direito, qual seja, fundada em causa jurídica. As turbações de fato proveniente de terceiros devem ser protegidas pelo próprio adquirente, que tem a sua disposição os remédios possessórios. A periclitaçao de direito fica patente em toda pretensão ou defesa deduzida em juízo por um terceiro, que possa culminar na perda da propriedade ou da posse do adquirente total ou parcial. Essa turbação pode fundar-se em direito real (propriedade e usufruto), ou em direito pessoal (arrendamento), arvorado pelo terceiro em relação à coisa.”
Na evicção o vício de direito deve ser anterior ou concomitante à alienação, o que é ponto primordial. Se o vício tem origem posterior ao negocio, a responsabilidade é do novo titular. Nos vícios redibitórios, o momento em que se examina sua existência é a tradição; Na evicção, é no momento da transferência da posse ou da propriedade, a data, enfim, da formalização do negócio jurídico. Finalmente, é a tradição do instituto que para a evicção deve haver uma sentença, por via da qual o adquirente perde o uso, posse ou propriedade. Na verdade, somente após a ação do evictor, o evicto age contra o alienante para reclamar os prejuízos. (VENOSA, 2004).
EVICÇÃO PARCIAL
Venosa (2012) discorre que: O evicto pode perder toda a coisa ou parte dela, dai a possibilidade de evicção total ou parcial. A evicção parcial pode referir-se à parte de um todo, o adquirente de um imóvel rural perde para o terceiro parte dele. Pode ocorrer que haja um conjunto de bens na coisa vendida, e apenas alguns são perdidos: É vendida uma biblioteca e parte dos livros é reivindicada. A exemplos dos vícios redibitórios, o evicto pode escolher entre duas ações, a ação de evicção ou a indenização pela perda. Vale o princípio de que, eleita uma via processual, não é possível o retorno à outra. 
Para que essa escolha opere, a lei exige que a evicção seja considerável, o que se apurará no caso concreto. Se o adquirente perde 90% da propriedade, não há como exigir que se mantenha a coisa, ainda que recebendo o valor do desfalque. Um prédio vendido livre e desembaraçado, que após se verifica existir uma hipoteca sobre ele, enseja a evicção parcial, sem a rescisão do contrato, se o valor do débito não for preponderante.
Sobrinho et al (2011) comenta que: Se houver uma depreciação da coisa a época da evicção, que lhe acarretou diminuição do valor, poderá o evicto receber um valor menor do que pagou, embora no caput do art. 450 CC de 2002, esteja estabelecidoque o evicto tem direito a restituição integral do preço que pagou, podendo então haver uma contradição substancial. Na evicção parcial, que é a perda de uma fração ou de uma parte material ou ideal do bem ou de seus acessórios, ou mera limitação do direito de propriedade, o valor da coisa será o da época da evicção, e a indenização será proporcional ao desfalque sofrido.
SUJEITOS DA EVICÇÃO
Diniz (2005) cita que existem na evicção três pessoas: O evicto, o adquirente que perderá a coisa adquirida ou sofrerá a evicção; O alienante, que transfere o bem por meio de contrato oneroso, que estabelece o dever de transferir o domínio e, sofrerá as consequências das decisões judiciais; E o evictor, que é o terceiro que move ação judicial, vindo a ganhar, total ou parcialmente, o bem objetivado no ato negocial.
Na compra feita de quem não era dono. Se o verdadeiro proprietário da coisa vendida a reclama judicialmente e alcança êxito na lide, o comprador sofre evicção, ao reivindicante bem sucedido chama-se evictor; Ao adquirente, vencido na demanda, dá-se o nome de evicto. (RODRIGUES, 2004).
EXTENSÃO DA GARANTIA
Gonçalves (2004) nos ensina, sendo uma garantia legal, a sua extensão é estabelecida pelo legislador. Ocorrendo a perda da coisa, em ação movida por terceiro, o adquirente tem o direito de voltar-se contra o alienante, para ser ressarcido do prejuízo. Tem direito à garantia não só o proprietário, como o possuidor e o usuário. Cabe, pois, a denunciação da lide, destinada a torna-la efetiva, não só nas ações petitórias, como nas possessórias.
Rodrigues (2004) entende que se deve entender que a lei não permite reforço ilimitado da garantia, não podendo, em princípio, a responsabilidade de o alienante superar o prejuízo do adquirente, constituindo um lucrativo negócio em vez de indenizá-lo do prejuízo, assim como não se permite que se segure uma coisa por mais de seu valor, ou pelo seu todo, mais de uma vez, como consta no art. 765 do Código Civil de 2002.
A cláusula de irresponsabilidade, por si só, isto é, desacompanhada da ciência da existência de reivindicatória em andamento, exclui apenas a obrigação do alienante de indenizar todas as demais verbas, mencionados ou não no art. 459 do Código Civil de 2002, mas não a de retribuir o preço recebido. Para que fique exonerado também desta última, faz se mister, além da cláusula de irresponsabilidade, que o evicto tenha sido informado do risco da evicção e o assumido, renunciando à garantia. (RODRIGUES, 2004).
Venosa (2012) assim discorre, a clausula que dispensa a garantia não é absoluta. Para que não exista qualquer direito do evicto, deve ser ele alertado do risco sobre a coisa se já de conhecimento do alienante. Caso contrário, cai o princípio de boa-fé que deve pairar nas convenções. Se por exemplo, o alienante sabe que sua posse é duvidosa, que existem terceiros a turbá-la, somente poderá impingir sua irresponsabilidade ao adquirente se adverti-lo deste risco. Ademais, se o adquirente soube do risco e ressalvou não assumi-lo, também não opera a clausula de irresponsabilidade. A questão pode tornar-se difícil na prova. Nesses casos, poderá o evicto recobrar o preço.
EVICÇÃO NAS AQUISIÇÕES JUDICIAIS
Para Venosa (2012), nas arrematações judiciais, é possível ocorrer a evicção. O arrematante ou adjudicante pode pedir que seja restituído o preço da coisa perdida integralmente, ou o valor do desfalque, porque possível, no caso, a evicção total ou parcial. A ação é movida contra o credor ou credores que se beneficiaram, ou contra o executado, se esse recebeu saldo remanescente. Nas alienações judiciais decorrentes de jurisdição voluntária, os princípios gerais aplicáveis, persistindo, com maior razão, a garantia de evicção. O art. 447 do código de 2002 é expresso no sentido de serem aplicados os princípios da evicção nas aquisições em hasta pública.
Se a ação for julgado procedente e privado o adquirente da coisa, a sentença acolherá o pedido do adquirente denunciante, declarando seu direito de evicto (art.76). Na verdade, a sentença reconhece o direito do evicto, mas não o declara. A indenização, portanto, será aí pleiteada, como se fosse ação autônoma. O denunciado, no caso o alienante, quando comparece no processo, deverá coadjuvar o réu-adquirente e denunciante, na defesa do direito, assumindo, nesse aspecto, uma posição equiparada ao litisconsorte (art.74CPC). Portanto de o adquirente não denunciar a lide, perderá a proteção da evicção. (VENOSA, 2012).
CONDIÇÕES PARA QUE A RESPONSABILIDADE SE CONFIGURE 
Assim (DINIZ, 2005, p. 139) enumera:
“1 Onerosidade da aquisição do bem, pois a responsabilidade pelos riscos da evicção é inerente aos contratos onerosos, visto que, se o evicto for privado de uma coisa adquirida a título gratuito, não sofrerá uma diminuição em seu patrimônio, mas tão somente deixará de experimentar um lucro. Os negócios não poderão dar origem à garantia por evicção, já que, por não haver equivalência de prestações reciprocas, acarretam um empobrecimento para o transmitente, nesse caso, se se exigisse do alienante a obrigação de indenizar por evicção, ele teria um prejuízo, uma vez que ao fazer a liberalidade nada recebeu em troca.”
Uma das condições que se mostra mais que perfeita, tendo visto que a evicção só se configura a título oneroso, por ter de configurar diminuição do patrimônio de outrem.
“2  Sentença judicial, o direito do reivindicante e a carência de direito do vendedor, em verdade, só judicialmente podem ser apurados; sem sentença com transito em julgado, que proclame o bom e o mau direito de um e de outro, não se pode ter certeza sobre a quem pertence o domínio. De maneira que a evicção só ocorre quando a sentença definitiva houver negado ao adquirente seu direito à coisa”.
Fica claro que para ocorrer o reconhecimento deste instituto, deve obrigatoriamente ter o reconhecimento judicial com sentença transitada em julgado.
“3 Perda total ou parcial da propriedade ou da posse da coisa alienada pelo adquirente; assim, se não houver perda do domínio ou da posse do bem, não se terá evicção, a evicção será total, se houver perda de toda a coisa adquirida, tendo, então, o evicto o direito de obter a restituição integral do preço, com as indenizações previstas em lei. Na evicção parcial, por haver perda de uma fração ou de parte material ou ideal do bem, ou de acessórios, ou mera limitação do direito de propriedade, o adquirente, por ter sido privado de gozo de uma servidão ativa ou obrigado a suportar o ônus de uma servidão passiva, poderá optar entre a rescisão contratual ou o abatimento no preço, proporcionalmente a parte subtraída a seu domínio ou à desvalorização sofrida pela existência do ônus real.”
Nesta condição a perda do patrimônio ou de sua posse e pode se dar de forma total ou parcial, não ocorrendo tal fato, fica o evicto sem o direito de alegar alguma perda.
“4 Anterioridade do direito do evictor, pois a perda da coisa só caracterizará a evicção se, além de se dar por decisão judicial, se fundar em causa preexistente ao contrato entre alienante e adquirente, mediante o qual o evicto a adquiriu. Dessa maneira, será essencial que o órgão judicante reconheça a existência de um vício anterior a alienação, em favor de um terceiro, responsabilizando o alienante pelos prejuízos decorrentes da evicção. “
Aqui se encontra o terceiro interessado que entra com uma ação no judiciário alegando que o bem lhe pertence e foi alienado em nome de outrem, devendo o órgão judicante reconhecer ou não o vício anterior a alienação em favor de outrem.
“5 Denunciação da lide, visto que, pelo código civil, o adquirente, para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, deverá notificar do litigio o alienante, quando e como lhe determinarem as leis processuais. O adquirente, proposta por terceiro, ação para evencer bem transmitido, deverá denunciar a lide ao alienante para que intervenha no processo, defendendo a coisa que alienou, porém se o adquirente não notificar o alienante, perderá os direitos decorrentesda evicção, não mais dispondo de ação direta para exercitá-los.”
Uma regra essencial a ser observada pelo evicto é que após conhecimento de que o bem sofre de evicção, deve antes de tudo notificar o alienante para que este defenda o bem judicialmente, sob pena de perder seus direitos que a evicção resulta.
Segundo Gonçalves (2004), A evicção tem por causa um vício existente no título do alienante, ou seja, um defeito do direito transmitido ao adquirente. É necessário que a perda da propriedade ou da posse da coisa para terceiro decorra de uma causa jurídica, visto que as turbações de fato podem por ele ser afastadas mediante o recurso aos remédios possessórios. Essa turbação de direito pode fundar-se em direito real, como o de propriedade e de usufruto, por exemplo, ou em direito pessoal, como no caso de arrendamento, verbi gratia, arguido pelo terceiro em relação à coisa. Na cessão de crédito, o cedente responde tão-somente pela existência do direito transferido e não pela solvência do devedor, salvo estipulação em contrário.
DIREITOS DO EVICTO 
Assim assevera Diniz (2005). Se houver perda da coisa adquirida em virtude de decisão judicial o evicto terá o direito de demandar pela evicção, movendo ação contra o transmitente, exceto se no contrato se convencionou expressamente a exclusão da responsabilidade pela evicção ( art.449, C.C); entretanto, não obstante haver tal clausula excludente da garantia contra a evicção, se esta se der, como vimos anteriormente, o evicto terá direito de recobrar o prejuízo que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado não o assumiu ou se foi privado da coisa por decisão judicial e ainda por caso fortuito, força maior, roubo ou furto ou apreensão pela autoridade administrativa.
“O montante indenizatório é consequência do direito de garantia, que por sua vez, tem relação com o principio de boa-fé, como vimos. Os prejuízos efetivos decorrentes da perda da coisa devem ser devidamente provados, cuida-se, nessa hipótese, do principio geral que rege as perdas e danos. Questão importante é saber se o preço a ser devolvido é o da época do negócio ou o da época em que ocorreu a evicção. O bem provavelmente terá tido uma oscilação de seu valor entre os dois tempos, independentemente da desvalorização da moeda”. (VENOSA, 2012, p.555).
Venosa (2012) acrescenta que: Essa era a posição tradicional em nosso direito e seguia a orientação adotada pelas leis estrangeiras. Doutro lado, a simples correção monetária do valor do preço pago normalmente não se equiparará ao valor atual da coisa, principalmente em se tratando de imóveis. Não poderia o código ter adotado outro peso ou outra medida para evicção integral. Computa-se no valor da evicção tudo o que o evicto perdeu, referindo-se a lei aos frutos que teve de restituir e às custas judiciais. Evidentemente, também a verba a que foi condenado, relativa a honorários advocatícios, deve ser incluído, inserindo-se os prejuízos advindos da perda da coisa.
Gonçalves (2004) assevera que: Na realidade, o ressarcimento deve ser amplo e completo, como se infere da expressão prejuízos que resultarem diretamente da evicção, incluindo-se as despesas com o ITBI (imposto de transferência de bens imóveis) recolhido, lavratura e registro de escritura, juros e correção monetária, são indenizáveis os prejuízos devidamente comprovados, competindo ao evicto o ônus de prova-los. As perdas e danos, segundo o principio geral inserido no art. 402 do Código Civil, abrangem o dano emergente e o lucro cessante. Os juros legais são devidos à vista do disposto no art. 404 do CC.
O novo diploma manteve a redação do Código de 1916 (art.1.109), apenas incluindo nas despesas ressarcíveis os honorários advocatícios, que de resto já estavam assegurados pelo principio da sucumbência instituído no estatuto processual e no parágrafo único, procurou solucionar antiga discussão sobre o montante do preço a ser devolvido no caso de evicção total, dispondo que, seja total ou parcial a evicção, será sempre o do valor da coisa na época em que se evenceu. (GONÇALVES, 2004, p.128).
Diniz (2005) explica que: Reclamar, no caso de evicção total, além da restituição integral do preço ou das quantias pagas, tendo por base o valor da coisa ao tempo em que evenceu, incluídos os juros legais, correção monetária, salvo estipulação em contrário, conforme o art.450, I a III. E para não frustrar a expectativa de ganho, o legislador confere ao adquirente, o direito de receber as despesas de custeio e ao valor dos frutos e os pagamentos que foram feitos em razão das formalidades contratuais, exceto havendo dolo do adquirente.
Obter o valor das benfeitorias necessárias ou úteis que não lhe foram abonadas, pois se é possuidor de boa fé deverá receber do alienante o valor delas, tendo inclusive o direito de reter a coisa até que seja reembolsado das despesas feitas com tais benfeitorias (art.1.219 CC). Em regra, é o reivindicante, que venceu a ação, por se aproveitar das benfeitorias, quem deverá pagá-las ao evicto, se foi este quem as fez. Se o evicto realizou-as, após a propositura da ação reivindicatória, será tido, perante o evictor, como de má-fé; logo, o reivindicante não terá o dever de pagar (art.1.220 CC). Mas, como o evicto não será considerado de má-fé, em face do alienante é quem responderá pelo valor daquelas benfeitorias, pois as necessárias serão pagas pelo evictor. Se as benfeitorias abonadas ao evicto foram feitas pelo alienante, o valor delas será, conforme o Código Civil, art. 454, levado em conta na restituição devida. Como foi o alienante quem as realizou, receberá do reivindicante a devida indenização, e, se o evicto veio a recebê-la, a importância respectiva será deduzida pelo alienante do preço ou da quantia que terá de pagar ao primeiro. (DINIZ, 2005, 143).
Gonçalves (2004) acrescenta que: No tocante as benfeitorias realizadas na coisa, dispõe o art. 453 do Código Civil que as necessárias ou úteis não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo o alienante. O evicto, como qualquer possuidor, tem direito de ser indenizado das necessárias ou úteis, pelo reivindicante(art.1.219). Contudo, se lhe foram abonadas e tiverem sido feitas, na verdade, pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida (art. 454). A finalidade da regra é evitar o enriquecimento sem causa do evicto, impedindo que embolse o pagamento, efetuado pelo reivindicante, de benfeitorias feitas pelo alienante.
Convocar o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, à integração da lide, se proposta uma ação para evencer o bem adquirido, para que responda pelas consequências, assumindo a defesa, pois só assim poderá exercitar o direito que da evicção lhe resulta. Após a reforma o art. 456 CC, passou a ser o seguinte: Para o direito que da evicção lhe resulta, independe o evicto da denunciação da lide ao alienante, podendo faze- la se lhe parecer conveniente, pelos princípios da economia e da rapidez processual. Reforma esta seguida pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). (DINIZ, 2005, p.144).
Diniz (2005) acrescenta: Pode o adquirente optar, sendo parcial e considerável a evicção, entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ou proporcional ao desfalque sofrido, calculado de acordo com o valor da coisa ao tempo da evicção (art. 450 CC, parágrafo único, e 455), ainda que venha a receber menos do que pagou, por haver diminuído o seu valor. A indenização deverá ser proporcional à perda sofrida, podendo ainda responsabilizar os herdeiros do alienante pela evicção, se este vier a falecer.
Venosa (2012) complementa que, a denunciação pode ser tanto por parte do réu como por parte do autor (art.71 do CPC). O terceiro a qual a lei processual refere-se diz respeito ao sujeito da relação jurídica de direito material, porque ele é parte no processo. Sempre que na sentença puder ser afirmada a propriedade ou a posse do terceiro, a denunciação será obrigatória. A lei disse menos nesse artigo, porque a evicçãonão se limita à discussão de domínio.
No código civil, a evicção é tratada nos Arts. 447 a 457:
“Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
Art. 456 – Revogado pela Lei n.º 13.015/2015
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa”.
JURISPRUDENCIA: STJ já decidiu ser possível, em determinadas situações, o exercício do direito decorrente da evicção antes mesmo da irrecorribilidade da decisão que transfere o bem a terceiro. Confira-se:
“(...) 2. A evicção consiste na perda parcial ou integral do bem, via de regra, em virtude de decisão judicial que atribui o uso, a posse ou a propriedade a outrem, em decorrência de motivo jurídico anterior ao contrato de aquisição, podendo ocorrer, ainda, em virtude de ato administrativo do qual também decorra a privação da coisa. Precedentes.
3. A perda do bem por vício anterior ao negócio jurídico oneroso é fator determinante da evicção, tanto que há situações em que, a despeito da existência de decisão judicial ou de seu trânsito em julgado, os efeitos advindos da privação do bem se consumam, desde que, por óbvio, haja a efetiva ou iminente perda da posse ou da propriedade, e não uma mera cogitação da perda ou limitação desse direito.
4. O trânsito em julgado da decisão que atribui a outrem a posse ou a propriedade da coisa confere o respaldo ideal para o exercício do direito oriundo da evicção. Todavia, o aplicador do direito não pode ignorar a realidade hodierna do trâmite processual nos tribunais que, muitas vezes, faz com que o processo permaneça ativo por longos anos, ocasionando prejuízos consideráveis advindos da constrição imediata dos bens do evicto, que aguarda, impotente, o trânsito em julgado da decisão que já há muito assegurava-lhe o direito.
5. No caso dos autos, notadamente, houve decisão declaratória da ineficácia das alienações dos imóveis litigiosos - assim como seu arresto - em virtude do reconhecimento de fraude nos autos da execução fiscal movida pelo Estado de Goiás contra a empresa Onogás S/A, que transferiu os referidos bens à recorrente, sendo certo que, em consulta ao sítio do Tribunal a quo, verificou-se a improcedência dos embargos à execução fiscal em 14/12/2012, em processo que tramita desde 1998.
6. Dessarte, a despeito de não ter ainda ocorrido o trânsito em julgado da decisão prolatada na execução fiscal, que tornou ineficaz a alienação dos bens imóveis objeto do presente recurso, as circunstâncias fáticas e jurídicas acenam para o robusto direito do adquirente, mormente ante a determinação de arresto, medida que pode implicar no desapossamento dos bens e que promove sua imediata afetação ao procedimento executivo futuro.
7. O exercício do direito oriundo da evicção independe da denunciação da lide ao alienante na ação em que terceiro reivindica a coisa, sendo certo que tal omissão apenas acarretará para o réu a perda da pretensão regressiva, privando-lhe da imediata obtenção do título executivo contra o obrigado regressivamente, restando-lhe, ainda, o ajuizamento de demanda autônoma. Ademais, no caso, o adquirente não integrou a relação jurídico-processual que culminou na decisão de ineficácia da alienação, haja vista se tratar de executivo fiscal, razão pela qual não houve o descumprimento da cláusula contratual que previu o chamamento da recorrente ao processo.
8. Recurso especial não provido.
(Resp. 1332112/GO, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 21/03/2013, DJe 17/04/2013)”
EFEITOS DO NOVO CPC NO INSTITUTO DA EVICÇÃO
Conforme relembra Flávio Tartuce, a denunciação da lide sempre foi utilizada como o meio adequado para que o evicto pudesse exercer o direito de que a evicção lhe resultasse, sendo utilizado anteriormente o art. 70, I, do CPC revogado (“O Novo CPC e o Direito Civil” – 2ª edição – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016). O mesmo doutrinador assevera que a denunciação continua sendo um meio processual adequado para o adquirente exercitar os direitos decorrentes da evicção. A diferença, entretanto, é que o art. 125, I, do CPC/2015 não mais emprega expressão de obrigatoriedade da utilização de referida intervenção, sendo que o §1º do mesmo artigo inclusive dispõe que: “O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida”.
Na transcrição acima dos artigos do Código Civil, verificamos que o art. 456 foi revogado pela lei 13.015/2015 (atual CPC). O dispositivo em comento dizia: “Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar recursos”.
Com a revogação do art. 456 do Código Civil também deixou de existir previsão de denunciação da lide "por saltos". Vejam que o dispositivo utilizava a expressão “ou qualquer dos anteriores”, o que permitia o adquirente/denunciante convocar para o processo qualquer um dos alienantes da cadeia de transmissão. O art. 125, I, do CPC/2015, por sua vez, aduz que pode ser realizada por qualquer das partes “ao alienante imediato...”. Isso evidencia a impossibilidade do “per saltum”, devendo o adquirente promover a denunciação da lide do alienante imediato. Este, por sua vez, conforme permissão contida no art. 125, §2º, do CPC/2015, poderá promover uma única denunciação sucessiva contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.
De certo modo, a revogação do art. 456 do Código Civil pelo novo CPC, notadamente quanto à parte que previa a possibilidade de denunciação “por saltos”, resolveu a questão em favor do que dispunha o art. 73 do antigo CPC, uma vez que este último proibia esse tipo de procedimento (per saltum). Vale registrar que, apesar da divergência doutrinária e jurisprudencial,durante o período de convivência entre o art. 456 do Código Civil e o art. 73 do revogado CPC, prevalecia o entendimento pela aplicação daquele, tendo em conta a especialidade do art. 456 do CC e sua natureza iminentemente processual. Inclusive, o enunciado 29 do CJF/STJ (I Jornada de Direito Civil) preceituava: “a interpretação do art. 456 do novo Código Civil permite ao evicto a denunciação direta de qualquer dos responsáveis pelo vício”. Referido enunciado mostra-se agora prejudicado, considerando a alteração legislativa mencionada alhures, não mais existindo previsão da denunciação “por saltos” na evicção.
Sobre o ponto, José Fernando Simão, em artigo intitulado “Novo CPC e o direito civil – evicção – segunda parte” (publicado no dia 02/04/2015 no “Jornal Carta Forense” - http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/novo-cpc-e-o-direito-civil---eviccao---segunda-parte/15187), conclui que: “A revogação do art. 456 e o texto do art. 125, I do novo CPC pelo qual a denunciação é possível ao alienante imediato e a não reprodução da regra do art. 73 do atual CPC indicam que o princípio da relatividade dos efeitos se sobrepôs ao da função social quanto à evicção”. Considerando a profundidade do texto, recomendamos a leitura na íntegra de referido artigo.
Flávio Tartuce qualifica a mudança como um retrocesso. Renomado professor via a denunciação “per saltum” na evicção como uma forma de tutela mais efetiva do Direito material, uma vez que “os efeitos contratuais eram ampliados, além da primeira relação jurídica estabelecida, o que representava aplicação da eficácia externa da função social do contrato...” (“O Novo CPC e o Direito Civil” – 2ª edição – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016).
CONCLUSÃO
Ao observarmos e comparamos opiniões e comentários de vários doutrinadores fazendo comparação entre o antigo Código Civil de 1916 e o atual de 2002, dentro da evicção, vimos que o legislador ao tratar de evicção, trouxe de modo expansivo o direito e as condições das indenizações devidas ao adquirente de boa-fé.
Daí a conclusão que para haver a evicção deve existir a presença de três sujeitos: adquirente, alienante e um terceiro. Ocorrendo esta quando, o adquirente da coisa a perde total ou parcial, por sentença judicial ou ato administrativo.
Ou seja, para uma melhor compreensão, faz se necessário o uso da doutrina e suas exemplificações que simplifica o entendimento de estudantes, professores e operadores do direito, que se aprofundam em estudos de relações contratuais, do qual está inserido a evicção.
REFERENCIAShttp://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/eviccao.htm
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13049
http://www.infoescola.com/direito/eviccao/
http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1518/Eviccao-Novo-CPC-Lei-n-13105-15
http://www.emagis.com.br/area-gratuita/artigos/o-cpc-2015-e-as-repercussoes-sobre-a-eviccao/
https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/172172106/novo-cpc-e-o-direito-civil-eviccao-por-jose-fernando-simao
http://www.cpcnovo.com.br/blog/2015/05/14/proibicao-da-denunciacao-da-lide-per-saltum-no-ncpc/
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro:Teoria das Obrigações Contratuais e extracontratuais. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro.v.3. São Paulo: Saraiva, 2004.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: Direito das Obrigações. 34 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
MACHADO, Antônio Cláudio da Costa. (Org.). Código Civil Interpretado. 4 ed. São Paulo: Manole, 2011.
MONTEIRO, Antônio Pinto; Pinto Paulo Mota. Teoria Geral do Direito Civil. 4 ed. São Paulo: Coimbra, 2005.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. 3 ed. Rio de Janeiro: Del Rey, 2009.
JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. 44 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Dos contratos das declarações Unilaterais da vontade. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Contratos em espécie. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2005.

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