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APOSTILA 
PSICOLOGIA 
NOVA LIMA/ MG 
 
 
- REPRODUÇÃO PROIBIDA – 
 
 www.educapsico.com.br 
Karina de O. Lima 
CRP: 84326/06 
Organização e Coordenação 
 
 
 2 
 
 
 
 
Índice: 
1. Ética profissional do psicólogo. Página 3 
2. Teorias da Personalidade. Página 10 
3. Diagnóstico psicológico: fundamentos e passos do processo psicodiagnóstico; testes 
psicológicos (tipos, aplicação, interpretação, análise dos testes). Página 32 
4. Entrevista Psicológica: definição, tipos e finalidades. Página 66 
5. Mudanças no enfoque da gestão de pessoas: parceiros, colaboradores, capital 
intelectual. Página 72 
6. Gestão de pessoas: conceitos e desafios para a gestão de pessoas: ambientais, 
organizacionais e individuais. Funções da gestão de pessoas: Captação: importância do 
recrutamento e seleção, métodos de seleção, dinâmica de grupo, avaliação do candidato, 
tendências. Página 76 
7. Desenvolvimento de pessoas: diagnóstico de necessidades, treinamento, 
desenvolvimento e educação corporativa; planejamento, execução e avaliação das 
atividades de treinamento e educação, treinamento a distância, redes de aprendizagem, 
aprendizado em equipes. Diagnóstico e desenvolvimento organizacional. Página 95 
8. Avaliação de desempenho; meritocracia; gestão do desempenho: importância e 
responsabilidade, métodos tradicionais e modernos. Acompanhamento funcional e 
Coaching. Página 100 
9. Cultura e clima organizacional. Página 108 
10. Manutenção de pessoas: programas de relações com os empregados, tipos e 
objetivos, público alvo. Página 110 
11. Motivação: importância, teorias, abordagens contemporâneas, plataforma 
motivacional para uma abordagem estratégica, aplicações do conceito. Página 113 
12. Liderança e influência: conceito, questões contemporâneas e liderança eficaz. Página 
126 
13. Qualidade de vida no trabalho e saúde ocupacional. Transtornos mentais e do 
comportamento relacionados ao trabalho. Página 130 
14. Psicopatologia: conceituação; alterações da percepção, representação, juízo, 
raciocínio, memória, atenção, consciência e afetividade; doenças de natureza psíquica 
(alcoolismo, depressão, esquizofrenia, ansiedade). Página 166 
15. Possibilidades de atendimento institucional e terapia de apoio. Página 203 
16. Instituições, análise institucional – principais abordagens. Página 209 
17. Psicologia e Políticas Públicas Municipais. Página 215 
18. ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Página 229 
19. Estatuto do Idoso. Página 264 
20. Referências Bibliográficas. Página 279 
 
 www.educapsico.com.br 
Karina de O. Lima 
CRP: 84326/06 
Organização e Coordenação 
 
 
 3 
 
1. Ética profissional do psicólogo. 
Apresentação 
Toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender demandas sociais, 
norteado por elevados padrões técnicos e pela existência de normas éticas que garantam a 
adequada relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade como um todo. 
Um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões esperados quanto às práticas 
referendadas pela respectiva categoria profissional e pela sociedade, procura fomentar a auto-
reflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua práxis, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e 
coletivamente, por ações e suas conseqüências no exerc ício profissional. A missão primordial de 
um código de ética profissional não é de normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, a de 
assegurar, dentro de valores relevantes para a sociedade e para as práticas desenvolvidas, um 
padrão de conduta que fortaleça o reconhecimento social daquela categoria. 
Códigos de Ética expressam sempre uma concepção de homem e de sociedade que determina a 
direção das relações entre os indivíduos. Traduzem-se em princ ípios e normas que devem se 
pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus direitos fundamentais. Por constituir a expressão de 
valores universais, tais como os constantes na Declaração Universal dos Direitos Humanos; sócio-
culturais, que refletem a realidade do país; e de valores que estruturam uma profissão, um código 
de ética não pode ser visto como um conjunto fixo de normas e imutável no tempo. As sociedades 
mudam, as profissões trans formam-se e isso exige, também, uma reflexão cont ínua sobre o 
próprio código de ética que nos orienta. 
A formulação deste Código de Ética, o terceiro da profissão de psicólogo no Brasil, responde ao 
contexto organizativo dos psicólogos, ao momento do país e ao estágio de desenvolvimento da 
Psicologia enquanto campo científico e profissional. Este Código de Ética dos Psicólogos é reflexo 
da necessidade, sentida pela categoria e suas entidades representativas, de atender à evolução do 
contexto institucionallegal do país, marcadamente a partir da promulgação da denominada 
Constituição Cidadã, em 1988, e das legislações dela decorrentes. 
Consoante com a conjuntura democrática vigente, o presente Código foi construído a partir de 
múltiplos espaços de discussão sobre a ética da profissão, suas responsabilidades e 
compromissos com a promoção da cidadania. O processo ocorreu ao longo de três anos, em todo 
o país, com a participação direta dos psicólogos e aberto à sociedade. 
 
Este Código de Ética pautou-se pelo princ ípio geral de aproximar-se mais de um instrumento de 
reflexão do que de um conjunto de normas a serem seguidas pelo psicólogo. Para tanto, na sua 
construção buscou-se: 
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a. Valorizar os princípios fundamentais como grandes eixos que devem orientar a relação do 
psicólogo com a sociedade, a profissão, as entidades profissionais e a ciência, pois esses eixos 
atravessam todas as práticas e estas demandam uma cont ínua reflexão sobre o contexto social e 
institucional. 
b. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limites e interseções relativos aos direitos 
individuais e coletivos, questão crucial para as relações que estabelece com a sociedade, os 
colegas de profissão e os usuários ou beneficiários dos seus serviços. 
c. Contemplar a diversidade que configura o exerc ício da profissão e a crescente inserção do 
psicólogo em contextos institucionais e em equipes multiprofissionais. 
d. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo e não em suas práticas 
particulares, uma vez que os principais dilemas éticos não se restringem a práticas específicas e 
surgem em quaisquer contextos de atuação. 
 
Ao aprovar e divulgar o Código de Ética Profissional do Psicólogo, a expectativa é de que ele seja 
um instrumento capaz de delinear para a sociedade as responsabilidades e deveres do psicólogo, 
oferecer diretrizes para a sua formação e balizar os julgamentos das suas ações, contribuindo para 
o fortalecimento e ampliação do significado social da profissão. 
Princípios Fundamentais 
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da 
igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nosvalores que embasam a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. 
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das 
coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade 
política, econômica, social e cultural. 
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional, 
contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de 
prática. 
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às 
informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da 
profissão. 
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando 
situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada. 
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CRP: 84326/06 
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VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos 
dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em 
consonância com os demais princ ípios deste Código. 
Das Responsabilidades do Psicólogo 
 
Art. 1º - São deveres fundamentais dos psicólogos: 
a. Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Código; 
b. Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais esteja capacitado 
pessoal, teórica e tecnicamente; 
c. Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à 
natureza desses serviços, utilizando princ ípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente 
fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional; 
d. Prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou de emergência, sem visar 
benefício pessoal; 
e. Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos do usuário ou 
beneficiário de serviços de Psicologia; 
f. Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao 
trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional; 
g. Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, 
transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o usuário ou 
beneficiário; 
h. Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a partir da prestação de 
serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos pertinentes ao bom termo 
do trabalho; 
i. Zelar para que a comercialização, aquisição, doação, empréstimo, guarda e forma de divulgação 
do material privativo do psicólogo sejam feitas conforme os princípios deste Código; 
j. Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros profissionais, respeito, consideração e 
solidariedade, e, quando solicitado, colaborar com estes, salvo impedimento por motivo relevante; 
k. Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que, por motivos justificáveis, não puderem ser 
continuados pelo profissional que os assumiu inicialmente, fornecendo ao seu substituto as 
informações necessárias à continuidade do trabalho; 
l. Levar ao conhecimento das instâncias competentes o exercício ilegal ou irregular da profissão, 
transgressões a princípios e diretrizes deste Código ou da legislação profissional. 
Art. 2º - Ao psicólogo é vedado: 
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a. Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade ou opressão; 
b. Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou 
a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais; 
c. Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas psicológicas como 
instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de violência; 
d. Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que exerçam ou favoreçam o exercício ilegal da 
profissão de psicólogo ou de qualquer outra atividade profissional; 
e. Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de direitos, crimes ou contravenções penais 
praticados por psicólogos na prestação de serviços profissionais; 
f. Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a serviços de atendimento psicológico cujos 
procedimentos, técnicas e meios não estejam regulamentados ou reconhecidos pela profissão; 
g. Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-cient ífica; 
h. Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas psicológicas, adulterar seus 
resultados ou fazer declarações falsas; 
i. Induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a seus serviços; 
j. Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo com o atendido, 
relação que possa interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado; 
k. Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou 
profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a 
fidelidade aos resultados da avaliação; 
 
l. Desviar para serviço particular ou de outra instituição, visando benefício próprio, pessoas ou 
organizações atendidas por instituição com a qual mantenha qualquer tipo de vínculo profissional; 
m. Prestar serviços profissionais a organizações concorrentes de modo que possam resultar em 
prejuízo para as partes envolvidas, decorrentes de informações privilegiadas; 
n. Prolongar, desnecessariamente, a prestação de serviços profissionais; 
o. Pleitear ou receber comissões, empréstimos, doações ou vantagens outras de qualquer espécie, 
além dos honorários contratados, assim como intermediar transações financeiras; 
p. Receber, pagar remuneração ou porcentagem por encaminhamento de serviços; 
q. Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou apresentar resultados de serviços psicológicos 
em meios de comunicação, de forma a expor pessoas, grupos ou organizações. 
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Art. 3º - O psicólogo, para ingressar, associar-se ou permanecer em uma organização, 
considerará a missão, a filosofia, as políticas, as normas e as práticas nela vigentes e sua 
compatibilidade com os princípios e regras deste Código. 
Parágrafo único: Existindo incompatibilidade, cabe ao psicólogo recusar-se a prestar serviços e, 
se pertinente, apresentar denúncia ao órgão competente. 
Art. 4º - Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o psicólogo: 
a. Levará em conta a justa retribuição aos serviços prestados e as condições do usuário ou 
beneficiário; 
b. Estipulará o valor de acordo com as características da atividade e o comunicaráao usuário ou 
beneficiário antes do início do trabalho a ser realizado; 
c. Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos independentemente do valor acordado. 
Art. 5º - O psicólogo, quando participar de greves ou paralisações, garantirá que: 
a. As atividades de emergência não sejam interrompidas; 
 
b. Haja prévia comunicação da paralisação aos usuários ou beneficiários dos serviços atingidos 
pela mesma. 
Art. 6º - O psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos: 
a. Encaminhará a profissionais ou entidades habilitados e qualificados demandas que extrapolem 
seu campo de atuação; 
b. Compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando 
o caráter confidencial das comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de 
preservar o sigilo. 
Art. 7º - O psicólogo poderá intervir na prestação de serviços psicológicos que estejam 
sendo efetuados por outro profissional, nas seguintes situações: 
a. A pedido do profissional responsável pelo serviço; 
b. Em caso de emergência ou risco ao beneficiário ou usuário do serviço, quando dará imediata 
ciência ao profissional; 
c. Quando informado expressamente, por qualquer uma das partes, da interrupção voluntária e 
definitiva do serviço; 
d. Quando se t ratar de t rabalho multiprofissional e a intervenção fizer parte da metodologia 
adotada. 
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Art. 8º - Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente ou interdito, o 
psicólogo deverá obter autorização de ao menos um de seus responsáveis, observadas as 
determinações da legislação vigente; 
1. §1° - No caso de não se apresentar um responsável legal, o atendimento deverá ser efetuado e 
comunicado às autoridades competentes; 
2. §2° - O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se fizerem necessários para 
garantir a proteção integral do atendido. 
Art. 9º - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da 
confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso 
no exercício profissional. 
 
Art. 10 - Nas si tuações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do 
disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-
se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando 
sua decisão na busca do menor prejuízo. 
Parágrafo Único - Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá 
restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias. 
Art. 11 - Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações, 
considerando o previsto neste Código. 
Art. 12 - Nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o 
psicólogo registrará apenas as informações necessárias para o cumprimento dos objetivos 
do trabalho. 
Art. 13 - No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos 
responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício. 
Art. 14 - A utilização de quaisquer meios de registro e observação da prática psicológica 
obedecerá às normas deste Código e a legislação profissional vigente, devendo o usuário 
ou beneficiário, desde o início, ser informado. 
Art. 15 - Em caso de interrupção do trabalho do psicólogo, por quaisquer motivos, ele 
deverá zelar pelo destino dos seus arquivos confidenciais. 
1. § 1° - Em caso de demissão ou exoneração, o psicólogo deverá repassar todo o material ao 
psicólogo que vier a substituí-lo, ou lacrá-lo para posterior utilização pelo psicólogo substituto. 
2. § 2° - Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicólogo responsável informará ao 
Conselho Regional de Psicologia, que providenciará a destinação dos arquivos confidenciais. 
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Art. 16 - O psicólogo, na realização de estudos, pesquisas e atividades voltadas para a 
produção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias: 
 
a. Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedimentos, como pela divulgação dos resultados, 
com o objetivo de proteger as pessoas, grupos, organizações e comunidades envolvidas; 
b. Garantirá o caráter voluntário da participação dos envolvidos, mediante consentimento livre e 
esclarecido, salvo nas situações previstas em legislação específica e respeitando os princípios 
deste Código; 
c. Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou organizações, salvo interesse manifesto destes; 
d. Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organizações aos resultados das pesquisas ou 
estudos, após seu encerramento, sempre que assim o desejarem. 
Art. 17 - Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores esclarecer, informar, orientar e 
exigir dos estudantes a observância dos princípios e normas contidas neste Código. 
Art. 18 - O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá a leigos 
instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da 
profissão. 
 Art. 19 - O psicólogo, ao participar de atividade em veículos de comunicação, zelará para 
que as informações prestadas disseminem o conhecimento a respeito das atribuições, da 
base científica e do papel social da profissão. 
 Art. 20 - O psicólogo, ao promover publicamente seus serviços, por quaisquer meios, 
individual ou coletivamente: 
a. Informará o seu nome completo, o CRP e seu número de registro; 
b. Fará referência apenas a títulos ou qualificações profissionais que possua; 
c. Divulgará somente qualificações, atividades e recursos relativos a técnicas e práticas que 
estejam reconhecidas ou regulamentadas pela profissão; 
d. Não utilizará o preço do serviço como forma de propaganda; 
 
e. Não fará previsão taxativa de resultados; 
f. Não fará auto-promoção em detrimento de outros profissionais; 
g. Não proporá atividades que sejam atribuições privativas de outras categorias profissionais; 
h. Não fará divulgação sensacionalista das atividades profissionais. 
Das Disposições Gerais 
Art. 21 - As transgressões dos preceitos deste Código constituem infração disciplinar com a 
aplicação das seguintes penalidades, na forma dos dispositivos legais ou regimentais: 
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a. Advertência; 
b. Multa; 
c. Censura pública; 
d. Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta) dias, ad referendum do Conselho Federal 
de Psicologia; 
e. cassação do exerc ício profissional, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia. 
Art. 22 - As dúvidas na observância deste Código e os casos omissos serão resolvidos 
pelos Conselhos Regionais de Psicologia, ad referendum do Conselho Federal de 
Psicologia. 
Art. 23 - Competirá ao Conselho Federalde Psicologia firmar jurisprudência quanto aos 
casos omissos e fazê-la incorporar a este Código. 
Art. 24 - O presente Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de Psicologia, por 
iniciativa própria ou da categoria, ouvidos os Conselhos Regionais de Psicologia. 
 Art. 25 - Este Código entra em vigor em 27 de agosto de 2005. 
 
2. Teorias da Personalidade. 
 Serão expostas a seguir três das principais teorias Psicológicas sobre a 
Personalidade. 
FREUD 
Sigmund Freud nasceu em Viena, na Áustria em 1856. 
Forma-se em medicina, interessa-se por neurologia. Vai estudar em Paris, onde 
conhece o médico Charcot que já pesquisava o tratamento da histeria através de técnicas 
com o uso de hipnose e sugestão através da palavra. 
Retorna à Viena em 1886, com suas observações e é ironizado, no círculo médico, 
a respeito de suas idéias. Conhece Breuer, renomado médico vienense e junto a este 
passa observar e estudar atendimentos clínicos com o uso de hipnose. 
O denominado método catártico se refere à técnica em que a paciente, sob 
hipnose, fala sobre lembranças traumáticas retidas num suposto núcleo isolado da 
consciência. 
Freud passa então a aprofundar os seus estudos sobre a histeria e descobre o 
método da livre associação que consiste em convidar os pacientes a relatarem 
continuamente qualquer coisa que lhes vier à mente, sem levar em consideração quão 
sem importância ou possivelmente embaraçadora esta situação possa parecer. Abandona 
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assim o método da hipnose e da sugestão. Ele percebe que a partir do momento em que 
ele se cala as pacientes começavam a associar livremente e elas começam a contar-lhe 
os sonhos. É a partir da análise do conteúdo desses relatos que ele percebe o papel da 
sexualidade na formação da personalidade. Em 1900, Freud escreve então 
“Interpretação dos Sonhos” e em 1905 publica os seus “Três Ensaios sobre a Teoria da 
Sexualidade”. 
Toda a teoria de Freud está baseada no pressuposto de que o corpo é a fonte 
básica de toda a experiência mental. E afirmou que não há descontinuidade nos eventos 
mentais, isto é, estes, conscientes ou não, são influenciados por fatos que os precederam 
no passado, são ligados uns aos outros. A esse pressuposto foi denominado o termo 
Determinismo Psíquico. 
Em sua primeira explanação (Primeira Tópica) sobre o estado da consciência, 
Freud interessou-se também em suas áreas menos expostas, as quais ele chamou de 
inconsciente e pré-consciente. 
Primeira Tópica: Primeiro Modelo do Aparelho Psíquico 
Inconsciente: parte do funcionamento mental que deposita os desejos instintivos e 
necessidades e ações fisiológicas. Para Freud, ao longo da vida do sujeito, o inconsciente 
torna-se um depósito para idéias sociais inaceitáveis, memórias traumáticas e emoções 
dolorosas colocadas fora da mente pelo mecanismo da repressão psicológica. Na visão 
psicanalítica, o inconsciente se expressa no sintoma. Pensamentos inconscientes não são 
diretamente acessíveis por uma ordinária introspecção, mas podem ser interpretados por 
métodos especiais e técnicas como a livre-associação, análise de sonhos e atos falhos 
presentes na fala, examinados e conduzidos durante o processo analítico. 
Consciente: é através dele que se dá o contato com o mundo exterior. Inclui sensações e 
experiências das quais há a percepção a cada momento. Freud não considerava este 
aspecto da vida mental o mais importante uma vez que há uma pequena parte de nossos 
pensamentos, sensações e lembranças perceptíveis todo o tempo. 
Pré-consciente: é a parte situada entre o consciente e o inconsciente. Parte do 
inconsciente que pode se tornar consciente com facilidade, na medida em que a 
consciência precisa de lembranças para desempenhar suas funções. (P. ex: nome de 
pessoas, datas importantes, endereços, entre outros). 
Pulsões (trieb) ou instintos (instinkt) 
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Pulsão (em alemão: trieb): “processo dinâmico que consiste numa pressão ou 
força (carga energética, fator de motricidade) que faz tender o organismo para um alvo.” 
Instinto (em alemão: instinkt): “esquema de comportamento herdado, próprio de uma 
espécie animal, que pouco varia de um indivíduo para outro, que se desenrola segundo 
uma seqüência temporal pouco suscetível de alterações, e que parece corresponder a 
uma finalidade” (LaPlanche e Pontalis, 1975). 
Os instintos básicos foram divididos por Freud em duas forças antagônicas, 
representadas pelos instintos de vida (responsáveis pela sobrevivência do indivíduo e da 
espécie) e pelos instintos de morte (agressivos e destrutivos). 
Por estes instintos, uma energia pode fluir, fazendo com que uma satisfação 
instintual possa ser substituída por outra e se submeter a adiamentos. O mecanismo 
instintual é complexo. Segundo Freud: “Os instintos sexuais fazem-se notar por sua 
plasticidade, sua capacidade de alterar suas finalidades, sua capacidade de se 
substituírem, que permite uma satisfação instintual ser substituída por outra, e por sua 
possibilidade de se submeterem a adiamentos...” ( 1933, livro 28, Ed. Bras.) 
Impulso: Energia que possui uma origem interna, situada entre o corpo (somático), isto é, 
em uma região deste corpo onde nasce uma excitação e o psíquico. 
Libido: impulsos sexuais e impulsos de autoconservação. Os primeiros são os 
responsáveis pela manutenção da vida da espécie e estão relacionados à reprodução, já 
os segundos são os responsáveis pela manutenção da vida do indivíduo (comer, beber, 
dormir, etc). 
Catexia do objeto: processo de investimento da energia libidinal, em idéias, pessoas, 
objetos. A mobilidade original da libido é perdida quando há a catexia voltada para um 
determinado objeto. A catexia está relacionada aos sentimentos de amor, ódio, raiva, que 
podem ser relacionados aos objetos. O luto, no qual pode haver um desinteresse por 
parte do indivíduo pelas ocupações normais e a preocupação com o recente finado pode 
ser interpretado neste sentido, como uma retirada de libido dos relacionamentos habituais 
e cotidianos e uma extrema catexia da pessoa perdida. 
Princípio do Prazer / Processo primário: 
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Explicado pelo mecanismo psíquico em que os impulsos agem no sentido de busca de 
prazer e evita o desprazer (prazer causado pela redução da tensão, desprazer causado 
pelo acúmulo de tensão produzida no interior do aparelho psíquico). Este princípio rege as 
primeiras experiências da vida de um bebê recém-nascido, tendo como característica 
central a ausência de contradição, não leva em conta a realidade. Freud nominou este 
funcionamento de processos mentais primários. Há satisfações alucinatórias neste 
período, em que o bebê na ausência do objeto de satisfaçãotem uma revivescência 
perceptiva de algo que proporcionou prazer no passado. 
Princípio de Realidade / Processo secundário: As experiências pelas quais o bebê vai 
passando, fazem com que esse sujeito passe a considerar a realidade para que suas 
satisfações sejam obtidas sem que a alucinação seja o meio de alcançá-las. A satisfação 
passa a considerar adiamentos e atrasos, porém desta maneira se mostra mais segura e 
provoca menor risco para a integridade do indivíduo. Este mecanismo foi denominado 
processo secundário e co-existe ao lado dos processos primários, isto é, um processo 
não substitui o outro, os dois formam um complexo mecanismo de funcionamento 
psíquico. 
Fantasia: Modo de pensar inconsciente que não leva em conta a realidade. Está presente 
nas brincadeiras infantis, sonhos, sintomas neuróticos. É regida pelo processo primário. 
Pulsão de Vida: Freud reformulou sua teoria sobre os impulsos. Aglutina todos eles em 
Pulsão de Vida (Eros) e Pulsão de Morte (Thânatos). Os impulsos de autoconservação e 
os impulsos sexuais, responsáveis pela preservação da vida e da espécie, passam a 
fazer parte da pulsão de vida, porém esta não se resume à atividades vitais mas também 
à atividades que levam o sujeito a construir (p.ex.: união com outros indivíduos, estudo, 
trabalho, etc). 
Pulsão de Morte – compulsão à repetição: Freud ao analisar sonhos, percebeu que 
eventos desagradáveis, como lembranças de guerra, poderiam ser constantemente 
repetidos. Freud irá então reformular sua teoria das pulsões, antes dividida em impulsos 
de autoconservação e impulsos sexuais. Explica que repetições, em sonhos ou mesmo 
em atos, pudessem ser fruto do que ele chamou de pulsão de morte e estas estariam em 
contradição com o princípio do prazer que rege as pulsões de vida. O impulso de morte 
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estaria presente no interior da vida psíquica dos indivíduos (sob a forma de 
autodestruição, masoquismo, etc.), podendo ser projetado para o mundo externo sob a 
forma de agressividade, destruição, sadismo, entre outras. 
Segunda Tópica: Segundo Modelo do Aparelho Psíquico 
 Freud a fim de apreender a complexidade do dinamismo do aparelho psíquico 
reelaborou a sua concepção sobre a estrutura da personalidade. Entretanto, a primeira 
concepção (aparelho dividido em cs, ics e pré-cs) não foi abandonada, ela foi integrada à 
nova concepção. Tal concepção foi denominada 2ª tópica. Nesta, a personalidade é 
dividida em três partes que mantém relações mútuas entre si. São elas o ID, o EGO e o 
SUPEREGO. 
Id: (“es” em alemão, é a forma latina do pronome neutro “isto”). Refere-se à parte 
inacessível da personalidade. Corresponde ao conceito inicial de inconsciente, apesar de 
também o ego e o superego possuírem aspectos inconscientes. Além disso, o ID é o 
reservatório dos instintos (tanto de vida quanto de morte) e da energia libidinal e é ele que 
fornece e satisfaz as exigências do Ego e do Superego, fornecendo toda a energia para 
eles. Apesar de seus conteúdos serem quase todos inconscientes, o Id tem o poder de 
agir na vida mental de um indivíduo. 
Características do Id 
• Caótico e Desorganizado. As leis lógicas do pensamento não se aplicam a ele. 
Impulsos contraditórios coexistem lado a lado, sem que um anule ou diminua o 
outro. 
• Atemporal: Fatos que ocorreram no passado convivem paralelamente e sem 
desvantagem de intensidade, com relação a fatos que ocorreram recentemente. 
• É orientado pelo princípio do prazer, isto é, seu objetivo é reduzir a tensão sem 
levar em consideração os atrasos, adiamentos e o outro. Não leva em conta a 
realidade. Assim é regido pelo processo primário, em que as satisfações são 
obtidas por meio de atos reflexos e fantasias. 
Ego: Segundo Freud, o Ego é desenvolvido com o passar da vida do indivíduo. Parte do 
ID que passa a ser influenciada pelo mundo externo, e que passa a funcionar como uma 
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defesa protetora contra o que ameaça a vida psíquica. É regido segundo o processo 
secundário, onde predominam a realidade e a razão. Tem por objetivo ajudar o Id a 
satisfazer suas pulsões, porém de forma racional, planejada, escolhendo lugares, objetos 
e momentos socialmente aceitos. 
É receptivo tanto às excitações internas quanto externas ao indivíduo. Os investimentos 
libidinais, embora oriundos do Id passam necessariamente pelo Ego. 
Embora muitas características do Ego coincidam com o consciente muitos conteúdos 
inconscientes também o compõe. É o caso dos mecanismos de defesa, instrumentos do 
Ego para lidar com a tensão emanada pelo Id. 
O ego portanto exerce função de síntese, contato e defesa. 
Superego (Ideal do Ego e Ego-Ideal): Forma-se a partir do Ego. Exerce função crítica e 
normativa e também de formação de ideais. Forma-se a partir do declínio do Complexo de 
Édipo, a partir da interiorização das imagens idealizadas dos pais. Age conscientemente e 
também inconscientemente. Restrições inconscientes são indiretas podendo aparecer sob 
a forma de compulsões e proibições. É o responsável pela auto-estima, consciência moral 
e sentimentos de culpa. Em relação ao Ego pode-se dizer que o superego age como 
modelo e obstáculo. Modelo com relação ao ideal, obstáculo, com relação ao proibido. 
Ansiedade: Provocada por um aumento de tensão ou desprazer desencadeado por um 
evento real ou imaginário. Traz uma ameaça para o Ego. Exemplo de estressores que 
podem levar à ansiedade: perda de um objeto desejado, perda de amor (rejeição), perda 
de identidade (prestígio), perda da auto-estima (desaprovação do superego que resultam 
em culpa ou ódio em relação a si mesmo). 
Mecanismos de defesa do Ego: O ego muitas vezes não consegue lidar com as 
demandas do Id e com a cobranças do superego. Quando isto acontece, provocando 
ansiedade, alguns mecanismos de defesa aparecem. 
Vejamos agora alguns mecanismos de defesa: 
Sublimação: Defesa bem sucedida contra a ansiedade, pois ele diminui a tensão. O 
aumento de tensão ou desprazer é desviado para outros canais de expressão 
socialmente aceitáveis como, por exemplo, a criação artística. 
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Mecanismos de defesa patogênicos: Defesas que não eliminam a tensão apenas a 
encobrem. O ego protege o indivíduo inconscientemente, através de distorções da 
realidade. Por outro lado não possibilitam um conhecimento real sobre os desejos, 
medos e necessidades. São eles: 
Recalcamento: Por força de um contra-investimento, um ato psíquico ou uma idéia é 
excluído da consciência e jogado para o inconsciente. Por exemplo, esquecimento de 
fatos traumáticos acontecidos na infância (ato violência, acidente, entre outros). Fatos 
que só são acessados através da análise ou sonhos.Repressão: Mecanismo consciente, que atua como censura. A moral do sujeito está 
ligada a este mecanismo. Envolve a não-percepção, a consciência de algo que traz 
constrangimento ou sofrimento. Pode atuar nas lembranças, na percepção do presente 
(p. ex. não percebendo algo da realidade: no caso da morte de alguém pelo qual um 
sujeito tinha sentimentos de amor e ódio. Na ocasião de seu falecimento os sentimentos 
tanto de hostilidade quanto de perda podem não ser percebidos e este sujeito pode 
mostrar-se indiferente.) e até mesmo no funcionamento do corpo ( p. ex.: Uma mulher 
pode reprimir tanto um desejo sexual que pode chagar a tornar-se frígida). 
Negação: Está relacionado à repressão. O sujeito nega a existência de alguma ameaça 
ou evento traumático ocorrido. Por exemplo: negação de um diagnóstico grave, negação 
da iminência de morte de um ente querido, negação de algo que aconteceu no passado, 
fantasia de que alguns fatos não ocorreram ou não “foi bem assim”. 
Racionalização: Redefinição da realidade. Processo de colocar motivos aceitáveis para 
atos ou idéias inaceitáveis. Culpar um objeto por falhas pessoais ao invés de culpar-se a 
si mesmo. Por exemplo: dar explicações racionais para a perda de um emprego ou 
relacionamento convencendo-se de que estes objetos perdidos possuíam defeitos. 
Formação Reativa: Inversão da realidade. O impulso é cada vez mais ocultado. Um 
sentimento contrário é colocado no lugar de outro para disfarçá-lo. Por exemplo, atribuir 
repugnância e nojo ao sexo, quando os impulsos sexuais não podem ser satisfeitos. 
Impulsos agressivos podem dar lugar a comportamentos solícitos e amigáveis. 
Isolamento: Uma idéia ou ato sofre o rompimento de suas conexões com outras idéias e 
pensamentos. O fato isolado passa a receber pouca ou nenhuma reação emocional, 
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como se eles tivessem relacionados a outro sujeito. Fatos podem ser relatados sem 
sentimento quando um sujeito fala de conteúdos que foram isolados de sua 
personalidade. P. ex.: um sujeito fala sobre traição conjugal, demonstrando compreensão 
e indiferença ao assunto, enquanto no passado este sujeito já passou por uma situação 
de traição conjugal, na qual houve sofrimento. 
Projeção: Colocar algo do mundo interno no mundo externo. Desejos, intenções e 
sentimentos que são ignorados em si mesmo são atribuídos a outras pessoas, objetos ou 
animais. P. ex.: Um pai pode dizer ao seu filho que este não cumpre suas tarefas, que 
este não será bem-sucedido, que este não tem aprovação dos outros, quando na verdade 
este sentimento é para com ele mesmo. 
Regressão: Escapar da realidade. Retorno do sujeito a etapas de desenvolvimento 
anterior, que foram mais agradáveis, com menos frustração e ansiedade. Exemplo: falar 
como criança, destruir propriedades, roer unhas, por o dedo no nariz, vestir-se como 
criança, dirigir rápida e imprudentemente, entre outros. 
Deslocamento: Acontece quando o objeto que satisfazia um impulso do Id não está 
presente. A pessoa então desloca este impulso para outro objeto. Por exemplo: gritar com 
um cachorro, quando a tensão foi provocada por um outro estressor, ou bater numa 
criança quando uma agressividade não pode ser expressada em direção ao fator 
desencadeante. 
Neurose: Os mecanismos de defesa contra a ansiedade podem ser encontrados em 
indivíduos saudáveis, porém quando estão fortemente associados e trazem dificuldades 
sociais caracterizam-se enquanto neuroses. Por exemplo: fobias, transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC), histeria, entre outros. 
Freud revelou a presença de uma sexualidade infantil. Seria esta a responsável 
pela compreensão de toda a vida psíquica posterior na fase adulta. Através de suas 
observações ele categorizou o desenvolvimento infantil em fases psicossexuais do 
desenvolvimento. 
O corpo é cercado de regiões (zonas) erógenas que sob estimulação provocam 
sensações prazerosas. Ao nascer o bebê vai descobrindo tais áreas através da 
estimulação. Freud associou a satisfação através desta estimulação à fases de 
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desenvolvimento infantil. São elas: fase oral, fase anal, fase fálica, fase genital, período 
de latência e fase genital. 
O termo fixação foi designado para descrever um estado em que parte da libido 
permanece investida em uma das fases psicossexuais, devido à uma frustração na fase 
atual ou satisfação excessiva na fase anterior. 
Fase Oral: A primeira zona erógena é a boca, língua e mais tarde dentes, estimulada 
através da amamentação e do seio materno. Além disso, ao ser amamentada, a criança é 
também confortada, acalentada e acariciada. A boca neste momento é a única parte do 
corpo que a criança pode controlar. A fase oral desenvolvida tardiamente pode incluir a 
gratificação de instintos agressivos com o uso dos dentes para morder o seio. 
Fase Anal: Por volta dos dois anos de idade a criança aprende a controlar os esfíncteres 
anais e a bexiga. A obtenção deste controle fisiológico provoca sensações de prazer. 
Além disso, as crianças vão percebendo que este controle pode ser alvo de elogios e 
atenção por parte dos pais. Acontece, porém, que a criança pode perceber que ir ao 
banheiro é algo “sujo” e traz repugnância, uma vez que hábitos de higiene são treinados 
cercando esta zona erógena de tabus e proibições. 
Fase Fálica: Acontece quando as crianças se dão conta da diferença sexual. As meninas 
se dão conta da falta de um pênis, enquanto os meninos se dão conta da presença de 
um. O foco do prazer deixa de ser o ânus e passa a ser o genital. As crianças 
demonstram interesse em explorar e manipular esses genitais. Dúvidas e fantasias 
aparecem, como por exemplo, por que as meninas não tem pênis, se elas conseguem 
urinar, etc. O pai e a mãe passam a ser objetos de curiosidade e interesse também. 
Podem manifestar ciúmes da atenção dada um pelo outro no casal, é comum que 
brinquem ou perguntar se podem se casar com os pais. Neste momento, frente aos 
desejos incestuosos e à masturbação, a realidade e a moral colocada pelos pais entram 
em conflito com os impulsos do Id. Nesta fase aparece o conflito de substituir os pais e a 
rivalidade contra aquele que “está tomando o seu lugar”. Este conflito foi denominado por 
Freud de Complexo de Édipo, inspirado no mito grego do Édipo Rei, de Sófocles no séc. 
V antes de Cristo. O jovem Édipo, sem saber de quem era filho realmente, mata o pai e se 
casa com a mãe, mais tarde quando descobre a verdade, ele próprio arranca seus dois 
olhos. 
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Complexo de Édipo – A Lei, a Castração: 
O Complexo de Édipo acontece diferentemente para as meninas e meninos. Freud 
explicou o Complexo de Édipo masculino mais detalhamente, de forma parecida com oque acontece no mito do Édipo rei. Para o menino, que deseja estar próximo de sua mãe, 
o pai aparece como um rival. Ao mesmo tempo ele também deseja o amor e afeição de 
seu pai e desta forma ele vive um conflito de desejar o amor dos pais e ao mesmo tempo 
temê-los. Junto com o desejo de tomar o lugar do pai está o medo de ser machucado. Ele 
interpreta este anseio como um temor de que seu pênis seja cortado, que é nesta época o 
órgão de sua satisfação de prazer. Este é o chamado temor de castração. Esse complexo 
acaba sendo reprimido, permanece inconsciente. É tarefa do superego (que está em 
desenvolvimento) impedi-lo de aparecer ou até mesmo que haja uma reflexão sobre ele. 
Para as meninas o complexo foi chamado de Complexo de Electra. Assim como 
para os meninos, para as meninas o primeiro objeto de amor é a mãe, uma vez que ela é 
a fonte de alimento, afeto e segurança. Mas ela perceberá que a mãe não pode lhe dar 
aquilo que lhe falta: um pênis. Surge aí uma hostilidade frente à mãe e seu interesse será 
destinado ao pai, aquele que pode lhe dar um pênis ou um substituto deste. No conflito 
das meninas, parece haver uma menor repressão e o que foi observado é que elas 
permanecem nesta situação edipiana por mais tempo e até mesmo a resolução pode ser 
incompleta. 
Para os meninos é a castração que os faz superar o complexo de Édipo. É 
instaurada a lei da proibição, a interdição paterna. Para as meninas é justamente a 
castração que faz iniciar Complexo de Édipo. 
A resolução do Complexo: a ansiedade de castração nos meninos fará com que 
eles abandonem seus desejos incestuosos pela mãe e superem o complexo identificando-
se ao pai. As meninas também passam a identificar-se com a mãe e assumem uma 
identidade feminina. Passa a buscar nos homens similaridades do pai. 
Período de latência: Independentemente de como se dará a resolução deste conflito 
com os pais, a maioria das crianças por volta dos 5 anos de idade passam a demonstrar 
interesse em outros relacionamentos, como nas amizades, esportes, entre outros. A 
repressão feita pelo superego neste momento é bem sucedida e os desejos não 
resolvidos da fase fálica não perturbam mais. A sexualidade não avança mais e os 
anseios sexuais até diminuem. 
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Fase Genital: Nesta fase final do desenvolvimento psicossexual meninos e meninas, 
conscientes de suas identidades sexuais distintas começam a buscar formas de satisfazer 
suas necessidades eróticas e interpessoais. Os impulsos sexuais pré-genitais que 
acabem não tendo êxito na sexualidade genital podem então ser recalcados ou 
sublimados, isto é, transformados em atividades socialmente produtivas. 
Narcisismo: 
Narcisismo primário: 
Em 1914, Freud diferenciou a libido do ego da libido do objeto. Pode-se falar 
também em auto-erotismo e amor objetal. Durante as primeiras experiências do bebê o 
ego ainda não está formado, e o auto-erotismo (satisfação pelo e no próprio corpo: chupar 
o dedo, morder o pé...) vem como uma forma de satisfação libidinal. Depois, na 
impossibilidade de manter-se como seu próprio objeto de amor, este indivíduo volta-se 
finalmente para um objeto externo, desenvolvendo o que Freud chamou de amor objetal. 
Neste amor objetal o sujeito deve fazer escolhas e para que isto ocorra o indivíduo deve 
ter percorrido os estágios psicossexuais do desenvolvimento e até mesmo elaborado o 
complexo de Édipo. O narcisismo primário termina quando o desenvolvimento 
psicossexual se completa. 
Narcisismo secundário: 
A escolha objetal pode dar-se de duas maneiras. Existe a escolha anaclítica e a 
escolha narcisista. Na escolha anaclítica, o indivíduo busca no objeto de amor por 
exemplo, a mulher ou o homem que uma vez o protegeu, há portanto uma renúncia ao 
próprio narcisismo que ele já viveu. Já na escolha narcisista, o indivíduo busca no amor 
objetal por exemplo a sua própria imagem, ele ama alguém que apresenta características 
bem semelhantes às que ele próprio possui ou possuiu, ou gostaria de possuir. 
Manifestações do Inconsciente: Freud percebeu, através do método da associação-livre 
e a partir dos relatos de sonhos de seus pacientes que o inconsciente não se revela 
diretamente, através da consciência e sim de forma encoberta. O inconsciente aparece 
então nos sonhos, aparentemente sem nexo e sentido, nas chistes e atos-falhos. 
Sonhos e elaboração onírica: Forma de satisfação de desejos que não foram ou não 
puderam ser realizados. Os conteúdos do sonho são conteúdos manifestos, isto é, são 
manifestados, diferentemente de conteúdos latentes, que não conseguem aparecer. Nos 
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sonhos, embora apareçam de maneira não clara, os conteúdos aparecem disfarçados, 
distorcidos pelos mecanismos de deslocamento e da condensação. Esta distorção 
permite que o desejo seja aceitável ao ego, uma vez que no estado de vigília muitas 
ações são inaceitáveis devido à repressão e moral, não temendo punições. 
Fisiologicamente a função do sonho é manter o sono, proporcionar um momento 
de satisfação para que o indivíduo não desperte. Assim, durante o sonho há uma 
satisfação adicional ou uma redução da tensão, pois energias acumuladas são 
descarregadas, mesmo que não tenha havido uma realização na realidade físico-sensorial 
dos desejos. 
Nos sonhos traumáticos, nos pesadelos, também há redução de tensão e 
produção de prazer. Muitos sonhos traumáticos de guerra que aconteciam repetidamente 
durante o sono de alguns indivíduos que viveram situações de guerra, foram interpretados 
por Freud como uma necessidade de elaboração da situação traumática. Essas 
repetições podem ajudar o indivíduo de alguma forma a elaborar suas angústias, temores 
e ódio. 
A interpretação de um sonho para Freud só terá sentido no próprio discurso do 
indivíduo. Regras gerais podem não ser válidas. É trabalho do analista ajudar o paciente a 
interpretar o sonho. 
O livro de Freud publicado em 1900, “A interpretação dos Sonhos” é considerado 
dentro de sua obra, um dos livros mais importantes. 
Chistes, ato falhos: assim como nos sonhos o inconsciente se manifesta nos chistes 
(brincadeiras, piadas) e atos falhos (troca de nome aparentemente acidental, erro de 
endereço, entre outros). Esta aparição do inconsciente é dada através dos mecanismos 
de condensação e deslocamento. 
 
No decorrer de seus atendimentos e a partir de alguns casos de abandono de 
tratamento, Freud percebeu a importância de analisar e perceber a expectativa projetada 
e sentimentos, tanto negativos quanto positivos, do paciente para com seu analista e do 
analista para com seu paciente. Tais sentimentos estariam contribuindo para o sucesso 
do tratamento ou fracasso, dependendo de como fossem manejados. A partir daí, ele 
criou o conceito de transferência e contra-transferência. 
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Transferência: Transferência é um fenômeno na psicologia, caracterizado pelo 
direcionamento inconsciente de sentimentos de uma pessoa para outra. Foi 
primeiramente descrita por Freud, quem reconheceu sua importância para a psicanálise 
para uma melhor compreensão dos sentimentos dos pacientes. A relação paciente-
terapeuta sob o contexto da livre-associação, sem risco de juízos alheios, permite a 
construção de um relacionamento inédito para o paciente. A transferência que surge 
nesta relação torna-se, então, o instrumento terapêutico principal, na medida em que 
permite a atualização dos conteúdos inconscientes que permeiam as relações 
interpessoais do paciente. 
Contra-transferência: O analista deve tomar cuidado com a contra-transferência, isto é, 
com o processo contrário em que afetos do analista são transferidos para o paciente, o 
que pode dificultar a relação terapêutica. 
JACQUES LACAN 
“Sou onde não penso, penso onde não sou” 
Lacan 
 Marie Émile Lacan (1901-1981), foi um psicanalista francês. Formou-se em 
Medicina e especializou-se em Psiquiatria. Trabalha como interno da Enfermaria Especial 
para alienados da Chefatura de Polícia. Interesse-se pelo estudo das psicoses e em toda 
sua obra haverá um aprofundamento sobre tratamento de psicóticos. Estuda literatura e 
filosofia e aproxima-se dos surrealistas. Num primeiro momento faz parte da IPA 
(International Psicoanalises Association) mas depois acaba saindo e afirmando que os 
pós-freudianos haviam se desviado da proposta Freudiana. Propõe então um “Retorno a 
Freud” . Estuda lingüística e antropologia estrutural (Levi-Strauss) e incorpora esses 
conhecimentos em sua teoria. Fica assim sendo representante importante do 
Estruturalismo. Para Lacan há três registros psíquicos: o registro no Campo Imaginário, o 
registro no Campo Simbólico e o Registro no Campo do Real. É a partir do campo 
simbólico, através da fala, da linguagem é possível que haja o acesso ao inconsciente, 
que foi definido pelo autor como “estruturado como uma linguagem”. Seu ensino deu-se 
primordialmente através de seminários e conferências. 
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REGISTROS: 
Imaginário: 
Forma-se a partir do Estádio do Espelho: 
• Descrito como o momento em que a criança descobre, constrói uma imagem de si. 
Pode prescindir de um espelho, onde uma imagem é projetada ou não 
necessariamente, pois o outro também faz a função de espelho. No caso de uma 
pessoa cega, por exemplo. 
• Ponto decisivo na origem do ser, momento de constituição do ser. Antes há a 
noção de um corpo despedaçado. No estádio do espelho este corpo dá lugar a 
uma imagem totalizada do corpo. Passa a haver uma divisão entre um mundo 
interno e externo. Não há um eu antes do estádio do espelho. A brecha, a hiância 
que havia antes entre o corpo e sua imagem é então preenchida. 
• Uma unidade e uma subjetivação e também alienação, subjugação da criança à 
sua imagem, aos seus semelhantes, ao desejo de sua mãe. 
• Lacan descreve uma identificação primária da criança com a sua própria 
imagem e a qualifica de imaginária, uma vez que a criança identifica-se com algo 
que não é ela própria mas que lhe permite reconhecer-se. 
 
1ª etapa: a criança reconhece na imagem do espelho uma realidade ou pelo menos a 
imagem de um outro. 
2ª etapa: A criança não mais tenta pegar este objeto real, este outro que estaria detrás do 
espelho. 
3ª etapa: A criança reconhece este outro como sendo sua própria imagem. 
• Esta relação com o espelho, ou relação especular, tem traços em comum com a 
relação da criança com sua mãe. Traços imaginários, cujas características são: 
relação imediata, indistinção, identificação narcísica, alienação. A criança deseja 
não só receber os cuidados e afeto de sua mãe, mas também que seja o que falta 
a essa mãe, deseja ser um todo, um complemento. Há uma indistinção da criança 
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com a mãe. Em termos lacanianos esta criança deseja ser o Falo desta mãe, 
aquele que detém o poder de possuir o que falta ao outro. Falo não deve se 
confundido, portanto, com o órgão sexual, com o pênis. 
• O indivíduo tem por desejo ser o desejo de sua mãe. E é por isto que a definição 
de desejo na teoria lacaniana é: “o desejo é o desejo do outro”. 
Simbólico: 
Acesso à ordem simbólica: a partir do Complexo de Édipo. 
1º tempo do Édipo: Coincide com a 3ª etapa do Estádio do espelho. 
A criança que queria ser o falo da mãe, onde havia uma indistinção dela com esta própria 
mãe, é privada disto pelo pai. Este priva a mãe de um Falo, uma vez que a criança 
percebe que este pai é desejo da mãe. O pai portanto, é quem tem o falo. Acontece aí o 
encontro com a Lei do Pai. 
2º tempo do Édipo: interdição do pai; castração (ser castrado significando não ter o 
Falo). 
Esta castração mostra ao sujeito que há uma FALTA , uma falta de ser. 
Passagem do ser ao ter. 
Se a mãe aceita a lei do paterna, a função paterna a criança então se identificará ao pai, 
aquele quem tem o falo e haverá a entrada na ordem simbólica. A criança sai da relação 
dual com a mãe para entrar então em na tríade familiar. 
O simbólico traz consigo a cultura, a linguagem e a civilização. 
3º tempo do Édipo: acesso ao Nome-do-Pai e à ordem simbólica. 
O inconsciente é estruturado como linguagem: ao aceder à linguagem o sujeito é 
dominado e constituído pela ordem simbólica. O sujeito entra na trama da linguagem. 
Lacan enquanto pesquisador no campo da lingüística, traz a contribuição de F. de 
Saussure sobre significantes e significados, inerentes a esta trama da linguagem. 
A língua, o código, refere-se aos significantes. Significantes são desde oposições 
fonemáticas até locuções compostas (frases...) –( Semiologia) 
O discurso pronunciado refere-se aos significados. – (Semântica). 
Supremacia do significante: “Os significados são apenas variações individuais e só 
ganham coerência dentro da coerência da rede significante.” 
Rede ou cadeia significante: significantes expressos possuem outros significantes 
associados, muitos inconscientes. Por exemplo: as inscrições : Homem / Mulher nas 
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portas de banheiros públicos, tem por traz destes significantes muitos outros relativos à 
cultura da segregação dos sexos. 
Há leis que regem a linguagem e o inconsciente: a metáfora e a metonímia. 
Metáfora : correspondente do termo Freudiano de condensação. Parte pelo todo. Há 
uma substituição. Sincronia. Por exemplo, dizer a um homem: “ Você é um touro”. O 
significante Touro engloba outros: força, resistência , braveza ....” 
Metonímia: correspondente do termo Freudiano de deslocamento. Todo pela parte. Há 
uma combinação. Diacronia. Exemplo: “Sou Estagiário”. Estesignificante esconde outros 
tantos como, “ainda não possuo um título”, “minha responsabilidade ainda não é a de um 
profissional”, “Estou numa fase de transição, um estágio pelo qual devo passar para 
alcançar algo” . 
Real 
 Toca naquilo que no sujeito é o "improdutivo", resto inassimilável, aquilo que se passa no 
corpo mas não consegue ser totalmente simbolizado. 
Estruturas clínicas: Neurose, Psicose, Perversão. 
Dependem principalmente do que se passou durante as fases inicias: Estádio do Espelho 
e vivência do Édipo. 
Perversão: No Édipo só aceitará a castração se houver a possibilidade de transgredi-la. 
Frente à angústia de castração há a mobilização de recursos defensivos para contorná-la. 
Defesas: fixação e a regressão, e denegação da realidade. Dificuldade de perceber a 
ausência do pênis na mãe. Mecanismos constitutivos da homossexualidade e do 
fetichismo. Perversão feminina traz uma discussão problemática. Perversão descrita e 
percebida nos homens. 
Traços: desafio e transgressão. Não consegue assumir a sua parte perdedora. 
Desejo: orientado pela questão da castração. Não há o desejo do desejo do outro. Não há 
a renúncia ao objeto primordial. A única lei do desejo é a sua e não do outro. 
Neurose: Aceita a obrigatoriedade da castração, se submetendo a ela de bom ou mal 
grado, mas desenvolve uma nostalgia sintomática diante da perda sofrida. 
Neurose Obsessiva: Nostálgicos do ser. Sentem-se amados demais pela mãe. A mãe 
poderia encontrar nesta criança o que supostamente espera do pai. Criança se coloca 
numa posição de suplência à satisfação do desejo materno. Como se esta satisfação lhe 
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tivesse sido uma falha. Quer assegurar o controle onipotente do objeto. Ocupa o lugar de 
gozo do outro. Competição e rivalidade. 
Traços: economia obsessiva do desejo. Caráter imperioso da necessidade e do dever. 
Obstinação. Organização obcecante do prazer. Ambivalência. Isolamento, Anulação 
Retroativa. 
Neurose Histérica: Questão do passo a dar na assunção da conquista do falo, que se dá 
no declínio do Complexo de Édipo. O pai tem direito ao falo e é por isso que a mãe o 
deseja. Mas acredita que o pai só o tem porque tirou da mãe, que é quem o possuía 
anteriormente. Há assim uma reivindicação permanente pelo fato de a mãe também poder 
tê-lo e o próprio sujeito também poder tê-lo. Implicitamente há uma sensação no histérico 
de que ele não pode ter o falo. 
Traços: reivindicação do ter. Sedução: mais colocada a serviço do falo do que de seu 
desejo. Evita o encontro com a falta. Indecisão permanente. No desejo histérico há uma 
constante: permanecer insatisfeita. 
Psicose: A psicose está relacionada com uma passagem mal sucedida pelo estádio do 
espelho. O estádio do espelho é responsável pela estruturação do sujeito humano. Os 
psicóticos estariam presos ao corpo despedaçado, que existe antes da identificação do 
corpo à imagem especular. Há, portanto, nos psicóticos uma falha na dinâmica 
imaginária, marcada pelas identificações com o outro, com o semelhante. 
Há um acidente na organização de seu psiquismo, que é formado a partir da linguagem. 
Os fenômenos elementares da psicose são: alucinações auditivas ou visuais, 
interpretações delirantes, afrouxamento dos elos associativos, e alterações diversas de 
linguagem. 
JUNG 
“Somente nela poderiam confluir os dois rios do meu interesse, cavando seu leito num 
único percurso. Lá estava o campo comum da experiência dos dados biológicos e dos 
dados espirituais” (JUNG, 1981, p.104). 
Carl Gustav Jung nasceu em 1875 na Suíça, cursou Medicina e especializou-se 
em Psiquiatria. Ingressou nas Universidades de Basiléia e Zurique para estudar medicina, 
já tinha noções de Kant e Goethe. Depois teve interesse pelas idéias de Schopenhauer e 
Nietzsche, idéias que influenciaram a construção de sua Psicologia Analítica. Então, com 
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tal interesse pelo homem, tanto biológica como espiritualmente, a Psicologia entra na sua 
vida. 
Em 1900, Jung conclui a faculdade de medicina e saiu da Basiléia para ser o 
segundo assistente no Hospital Psiquiátrico Burgholzli em Zurique. O hospital era dirigido 
por Eugen Bleuler, que utilizava a teoria do associacionismo, que tem como base 
experiências de associação verbal. Bleuler também trazia à Psiquiatria uma base 
psicológica. Os estudos de Bleuler e seus colaboradores, como Jung, voltam-se à 
esquizofrenia. 
Neste modelo havia uma pessoa, o experimentador, que dizia palavras isoladas, 
chamadas palavras indutoras. Este pedia que o sujeito do experimento respondesse com 
a primeira palavra que viesse a sua mente, a chamada palavra induzida, a cada palavra 
indutora. Era medido o tempo de resposta entre dizer a palavra indutora e responder a 
palavra induzida. 
Com suas experiência, Jung observou as diferentes reações nos sujeitos, e com 
isso veio a hipótese de que essas palavras deveriam atingir conteúdos emocionais das 
pessoas, ou ainda áreas de bloqueio afetivo de que os sujeito não tinham consciência. 
Jung se interessava pelos estudos feitos por Freud. Notando uma proximidade 
entre seus estudos e aqueles feitos por Freud. Dessa maneira, aproxima-se da 
Psicanálise. 
Desde então, essas experiências tornaram-se uma forma de explorar o 
inconsciente. Buscava com palavras indutoras descobrir os conteúdos inconscientes que 
estavam sendo alcançados e denominou-os “complexo psíquico”, ou seja, idéias ou 
representações afetivamente carregadas e autônomas da psique consciente. 
 A origem do complexo é uma situação psíquica considerada incompatível tanto 
com a atitude como com a atmosfera consciente de costume, pois, há um núcleo que 
possui alta carga afetiva. Este passa a estabelecer associações com outros elementos, 
formando assim a chamada “psique parcelada”. 
A afinidade entre as idéias de Freud e Jung deteriorou-se com a publicação da 
Psicologia do Inconsciente, em 1912 (revista em 1916), em que Jung apresenta noções 
parecidas entre as fantasias psicóticas e os mitos antigos. Nisso, incentivado por colegas, 
amigos e pacientes cria sua Escola. Para o desenvolvimento de suas teorias Jung utilizou 
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conhecimento de mitologia (trabalhos em colaboração com Kerensky) e História e culturas 
de países como México, Índia e Quênia 
Jung adoeceu e faleceu em 06 de junho de 1961, em Kusnacht. Criou a Psicologia 
Analítica e é visto como um dos grandes expoentes do século XX. Deixa contribuições 
científicas importantes para o estudo e compreensão da alma humana. Em sua obra 
constam as questões espirituais, enquanto fenômenos psíquicos. 
Inconsciente Coletivo. 
O inconsciente coletivo são sensações, pensamentos e memórias compartilhadaspor todos os seres humanos, independente das diferenças de raça, cultura e individuais. 
O inconsciente coletivo se compõe do que ele chamou de arquétipos, ou imagens 
primordiais, ou seja, são experiências comuns a toda humanidade, tais como: enfrentar a 
morte de um ente e cuja manifestação simbólica encontra-se nos mitos, nas grandes 
religiões, nas fantasias, na Alquimia, nos contos de fadas e outros. 
O arquétipo traduz-se, então, em imagens formadas a partir da interação com 
ambiente, sendo assim, preenchidas por materiais da realidade. 
“A noção de arquétipo, postulando a existência de uma base 
psíquica comum a todos os humanos, permite compreender por que 
em lugares e épocas distantes aparecem temas idênticos, nos 
contos de fadas, nos mitos nos dogmas e ritos das religiões, nas 
artes, na filosofia, nas produções do inconsciente de modo geral- 
seja nos sonhos de pessoas normais, sejam em delírios dos loucos” 
(SILVEIRA, 1971). 
 
Para Jung os arquétipos são elementos necessários para a auto-regulação da 
psique. 
Processo de Individuação e os Arquétipos. 
Através do processo de individuação o homem realiza sua potencialidade ou auto 
desenvolvimento, ou seja, tornar-se um ser único. Os principais arquétipos descritos no 
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processo de individuação são: a Persona, a Sombra, a Anima, o Animus e o Self. Abaixo 
descrevemos cada um desses arquétipos. 
- Persona: é a forma que nos apresentamos ao mundo. É o nosso caráter; através dela 
nos relacionamos com as outras pessoas. 
A Persona inclui nossos papéis familiares, profissionais e nossa expressão 
pessoal. O termo Persona é derivado da palavra latina equivalente à máscara. Então, 
para se adaptar ao ambiente em que vive, o indivíduo assume os papéis que lhe cabem 
nas diferentes situações em que se encontra, tentando preenchê-los e corresponder às 
expectativas. 
O Ego identifica-se com a Persona em maior ou menor grau, isto se torna, então, 
uma fonte de neuroses, pois, ninguém vive inteiramente dentro dos moldes que são 
determinados pela consciência coletiva. 
- Sombra: é o centro do inconsciente pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da 
consciência. À medida que o Ego rejeita a imagem ideal que tem de si, o indivíduo passa 
a se defrontar com um outro lado, dos seus defeitos e impulsos contrários aos padrões e 
ideais sociais. Este outro lado foi chamado de Sombra, ou seja, a Sombra é aquilo que 
consideramos inferior em nossa personalidade, aquilo que descuidamos e nunca 
desenvolvemos em nós mesmos. 
- Anima e Animus: são os arquétipos feminino e masculino. São componentes contra-
sexuais inconscientes, ou seja, à medida que a consciência do homem é masculina, 
haverá uma outra parte feminina em seu inconsciente e vice-versa para a mulher. 
A Anima geralmente é representada por princesa, fada, sereia etc. Já o Animus é 
representado como príncipe, herói, feiticeiro etc. Para Jung, a Anima é a personificação 
das tendências psicológicas femininas na psique do homem, tais como: sentimentos, 
estados de humor, sensibilidade e outros Já na mulher o Animus personifica as 
características masculinas, como pensamentos rígidos. Estes são arquétipos que 
determinam o encontro do eu com o outro. 
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 - Self: é chamado por Jung de arquétipo central, ou seja, o arquétipo da ordem, da 
totalidade da personalidade, é organizador e determina o desenvolvimento psíquico. O 
processo de individuação tem como meta o Self. 
Como o processo de individuação é uma aproximação entre consciente e 
inconsciente, ou seja, eles se complementam, o Ego não será mais o centro. Este centro 
se constituirá num ponto de equilíbrio que garante uma base sólida para a personalidade. 
O Self é simbolizado em sonhos ou imagens de forma impessoal, como um círculo 
ou quadrado, ou de forma pessoal como um velho ou uma velha sábia, uma criança 
divina, ou na forma de outro símbolo de divindade. Todos estes são símbolos da 
totalidade, unificação, ou equilíbrio dinâmico, os objetivos do processo de individuação. 
Introversão e Extroversão. 
. Para Jung cada indivíduo se caracteriza de acordo com como é voltado para seu 
interior ou para o exterior. A energia daqueles que são introvertidos se direciona para seu 
mundo interno, enquanto a energia do extrovertido se direciona mais para seu mundo 
externo. 
Mas, nenhum indivíduo é apenas introvertido ou extrovertido, muda de acordo com 
a ocasião em que algumas vezes a introversão é mais apropriada e, em outras situações 
a extroversão é mais adequada. Uma exclui a outra, portanto não se pode manter ambas 
ao mesmo tempo e uma não é melhor do que a outra. 
Os dois tipos de pessoas são necessários no mundo. Mas, o ideal é que cada 
indivíduo seja flexível e possa adotar uma das duas de acordo com o que for necessário, 
e que haja um equilíbrio. 
 
a) Introvertidos 
Os introvertidos estão ligados em seus próprios pensamentos e sentimentos, em 
seu mundo interior, com tendência à introspecção. Mas, tem que se tomar cuidado para 
que estas pessoas não mergulhem de forma excessiva em seu mundo interior, tornando 
raro seu contato com o ambiente externo. 
b) Extrovertidos 
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Já os extrovertidos estão ligados ao mundo externo das pessoas e dos objetos. 
São pessoas sociáveis e conscientes do que acontece à sua volta. São pessoas que têm 
como base as idéias de outros, e acabam não desenvolvendo suas próprias idéias e 
opiniões. Têm que se proteger para que não sejam englobados pelo mundo externo. 
Pensamento; Intuição; Sensação e Sentimento 
Para Jung, confrontando-se o inconsciente pessoal e integrando-o com o 
inconsciente coletivo, representado no arquétipo da sombra coletiva, um paciente pode 
alcançar um estado de individuação, ou a integridade, através da reconciliação dos 
diversos estados da personalidade, que é dividido também nas subvariáveis, tais como, 
pensamento, intuição, sensação e percepção. 
- Pensamento: é uma maneira diferente de preparar julgamentos e tomar decisões. As 
pessoas em que predomina o pensamento são consideradas reflexivas e, têm como 
característica fazer grandes planos. O pensamento está relacionado com a verdade e 
com julgamentos. 
- Intuição: é uma forma de acionar informações das experiências passadas, objetivos 
futuros e processos inconscientes. Os intuitivos dão mais importância ao que poderia vir a 
acontecer, ou que seria possível, que às vivências. Eles relacionam prontamente as 
experiências passadas complacentes e as experiências relevantes atuais. 
- Sensação: é classificada junto com a intuição, pois, são formas de adquirir informações 
e não formas de tomar decisões. A Sensação está ligada à experiência direta,

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