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PROJETO FINAL ABANDONO AFETIVO

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Curso de Direito
Geanne Cerqueira
Jaqueline Coimbra Vale
Joana E. L. Amorim
Livia J. Silva
ABANDONO AFETIVO
Salvador
2017
Curso de Direito
Geanne Cerqueira
Jaqueline Coimbra Vale
Joana E. L. Amorim
Livia J. Silva
ABANDONO AFETIVO
 
Projeto apresentado à disciplina Metodologia da Pesquisa, sob orientação da Prof.ª Ana Amélia De Sousa Magalhães como requisito parcial de avaliação.
Salvador
2017
"Um filho faz o amor mais forte, os dias mais curtos, as noites mais longas, a conta bancária menor, a casa mais feliz, as roupas mais largas (ou mais apertadas), o passado esquecido e o futuro digno de ser vivido”.
Autor Desconhecido
RESUMO
Neste projeto serão identificados os bens jurídicos afetados por não observância do dever de cuidado. Quem é o garantidor estabelecido pela lei segundo o Código Civil de 2002, que são os possíveis sujeitos passivos e ativos desta relação jurídica. Neste âmbito, desenvolveremos uma análise com casos concretos desde a sua observância mais recente.
Neste aspecto analisaremos as decisões que estão viabilizando o ressarcimento pecuniário por abandono de descendentes e ascendentes legais. O projeto visa abordar e esclarecer de forma crítica o assunto proposto. 
Palavras-chave: Abandono Afetivo. Danos Morais. Família. Ressarcimento. 
SUMÁRIO
	1
	INTRODUÇÃO
	6
	2
	INTERVENÇÃO MIDIÁTICA
	8
	3
	METODOLOGIA
	11
	4
	CRONOGRAMA 
	12
	
	REFERÊNCIAS
	12
INTRODUÇÃO
Quais os argumentos atualmente utilizados pelo Poder Judiciário brasileiro para deferir ou indeferir pedidos de ressarcimento pecuniário a um parente que alega ter traumas ocasionados pelo abandonado de quem, segundo o Código Civil tem o dever de zelo? 
Amar não é obrigatório, mais abandono afetivo pode gerar dano moral. Alguns doutrinadores se embasam nesta assertiva, pois o princípio atribuído ao abandono afetivo possui os mesmos pressupostos da responsabilidade do poder familiar, pois para o abandonado é satisfatória a sensação de saber que quem lhe causou danos morais e material está sofrendo, de certo modo, uma punição.
Segundo parte da doutrina, é sim um ilícito penal, que tem raízes semelhantes a dos “Danos Morais”, uma vez que a mesma tem por objetivo lesar de maneira pecuniária o infrator por gerar com sua conduta danos a moral ou até mesmo material ao sujeito passivo da relação.
Cuidar bem de seus descendentes é uma obrigação constitucional, para alguns doutrinadores a sua inobservância implicaria em ilicitude civil. A doutrina vem caracterizando o abandono afetivo junto aos mesmos princípios de danos morais, pois o prejuízo causado por tal se confundem com danos materiais e morais, e a lei prevê indenização a esta ilicitude.
Parte minoritária da doutrina julga inconsistente o dever de indenizar alguém por não julgar pretensioso o desafeto ou inaptidão afetiva de um individuo a outrem, ainda que este alguém seja sua própria prole. Para um entendimento claro, boa parte da doutrina nutriu a ideia de não ser cabível punir uma pessoa por não demonstrar amor à outra, pois o amor é um sentimento próprio do ser humano gratuito, incondicional, não sendo passível de aluguel, compra muito menos imposição do mesmo, ou ainda ser considerado um ilícito civil.
Cabe salientar que não é a falta de afeto que causa dano, não por si só, mais o que se pode compreender como dano moral é a ausência de amparo, assistência psíquica e moral quais são necessárias na formação do caráter de uma criança/adolescente, e muitas vezes esta inobservância esta atrelada aos descumprimentos obrigatórios do dever familiar. A própria Constituição, em seu texto, caracteriza o cuidado como um valor jurídico junto ao dever de criar, educar, acompanhar, assegurar a dignidade da pessoa humana, a proteção dos interesses do mesmo, quando ignorado deve ser considerado descumprimento da lei, e, portanto um ilícito civil.
Não será qualquer caso atribuído como processo e por conseguinte julgado a indenização, será pois, analisados a prerrogativas do possível distanciamento familiar e se ocorreu negligencia por parte do mesmo em arcar com seus deveres familiares, e por tal comprometeu o desenvolvimento da formação intelectual, afetiva e moral, causando dor, ou ate mesmo submetendo a dor, sofrimento, humilhações e angústia por parte do sujeito passivo deste ilícito (assim podendo ser chamado).
O ajuizamento de uma taxa pecuniária simbólica a estes casos não gerara apenas um conforto a vitima, mais a mesma se configura em uma consequência atuante e, por fim é entendido que gere uma minimização de suas ocorrências. 
A obrigação que sustenta a tese não esta incumbida apenas aos genitores biológicos de maneira isolada, mais a família em seu contexto amplo, incluído pais adotivos, padrasto, madrasta, avos, tios, todos aqueles quem mantém um convívio extenso com a criança/adolescente.
A veracidade destas alegações pode ser confirmada na própria lei, onde os fatos que constroem a causa de pedido de eventual ação indenizatória por abandono afetivo são os mesmos fatos que implicam na perda do poder familiar, nos termos do art. 1.638, II, do Código Civil e art. 24 do Estatuto da Criança e Adolescente, a qual, se decretada, não absolve o réu da ação indenizatória.
É inevitável a conclusão que existe uma necessidade de tutela por parte do Estado em relação aos direitos de personalidade da criança e adolescente, com mais cuidado e observância a dignidade da pessoa humana, com imposições de consequências, inclusive de ordem patrimonial/pecuniária, para quem se abster de tal, submetendo-se a um comportamento negligente que importe em prejuízo para o desenvolvimento moral, intelectual e psicológico de uma crianças, contudo, com a cautela de prestigiar as consequências de ordem pedagógicas, sem que haja um redução de pecúlio de todo e qualquer parente quem tem o dever de cuidado total, qual implica em circunstâncias configuradas aqui como abandono afetivo, sob pena de ser punido de uma forma de lucro justificável e que haja a solução do problema.
De acordo com esse entendimento, PEREIRA, 2014 afirma que:
(…) não é possível obrigar ninguém a amar. No entanto, a esta desatenção e a este desafeto devem corresponder uma sanção, sob pena de termos um direito acéfalo, um direito vazio, um direito inexigível. Se um pai ou uma mãe não quiserem dar atenção, carinho e afeto àqueles que trouxeram ao mundo, ninguém pode obrigá-los, mas a sociedade cumpre o papel solidário de lhes dizer, de alguma forma, que isso não está certo e que tal atitude pode comprometer a formação e o caráter dessas pessoas abandonadas, afetivamente. (PEREIRA, 2014). 
Diante do exposto, recopila-se que a recusa dos pais em prestar assistência moral, afetiva e psíquica aos seus descendentes, configura o abuso de direito primário que, por sua vez, equivale a um ato ilícito sujeito à indenização, por violação aos direitos próprios da moral e personalidade humana.
Essa indenização é simbólica, uma vez que os danos muitas vezes são de fato irreparáveis, acima de qualquer coisa, visa não só punir os pais, pelo abandono praticado, como constranger, ainda, outros pais a manifestarem condutas semelhantes.
Evidente que, a simples desamparo do pátrio poder, como defende parte da doutrina, não pode ser tratada como punição se considerar que os pais, além de deixar de prestar assistência emocional/afetivo ao seu filho, deixarão de suprimir ainda suas necessidades materiais, por muitas vezes.
INTERVENÇÃO MIDIÁTICA
 Existe um processo litigioso em andamento no Ministério Público de São Paulo (o mesmo corre em segredo de justiça), qual se tornou midiático em relação á abandono afetivo, o caso da jovem publicitária Renata Guimarães Archilla que vive em Florianópolis. O pai e avô da mesma são acusados de contratar um policial militar paramatar a jovem.
O homicídio tentado ocorreu numa manhã de 17 de Dezembro de 2001. A jovem, que na época morava em São Paulo, encontrava-se em direção do trabalho, na Rua Professor José Leite Oiticica, região do bairro Morumbi, quando foi abordada por um policial militar transvestido de “Papai Noel”, o mesmo efetuou três disparos em direção do carro da moça, a atingindo no rosto e na região do tórax. O atirador de nome José Benedito da Silva fora preso em flagrante.
Segundo a Justiça Paulista, o atentado fora planejado pelo avô da jovem, Nicolau Archilla, juntamente com o seu pai, Renato Archilla, uma vez que a mesma fora reconhecida como filha por meio judiciário (atestado de paternidade) como única herdeira legal.
Os pais da publicitária tiveram um breve relacionamento no período da faculdade, interrompido por seu avô assim que a mãe da jovem engravidou. A família paterna de Renata fez um império capital em agronegócios, e por possui um poder aquisitivo alto não queria ter envolvimento com outras famílias, que no presente caso a família materna de Renata é de classe média. 
Após sete anos de investigações, o pai e avô da publicitária foram presos, a demora decorreu da morosidade no julgamento do policial e a confirmação de provas junto aos peritos, quais confirmavam o envolvimento dos acusados como mandantes do crime. Temendo pela própria vida, Renata se mudou para Santa Catarina. Ela passou por oito cirurgias para reconstituir a face danificada pelos disparos de arma de fogo. Hoje a publicitária alega permanecer com o processo apenas para restituir parte de seus bens, qual gastou muito com a solicitação e exames comprobatórios e com o processo. 
No Código Civil de 2002 encontram-se elencados, alguns artigos referentes a quem é a responsabilidade do poder familiar, como também na Constituição Federal de 1988. Assim a luz do artigo 1630 do CC/02: Os filhos estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores (Brasil, Código Civil, 2002).
Ao analisar esse artigo é constatado que cabe aos pais a responsabilidade do poder familiar, isso tanto do homem como da mulher, ou seja, ambos, os cônjuges. Havendo a falta de um, caberá ao outro o dever de cuidar da prole. Nesse contexto pode-se perceber que apenas os filhos menores de 18 anos, estão enquadrados nessa responsabilidade, excluem-se os maiores e os emancipados, como também os incapazes.
Para reforçar a tese do Código Civil encontramos também na Carta Magna da nossa Constituição Brasileira de 1988 o seguinte artigo 226 § 5º: Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (Brasil, CF/1988). 
Esse artigo reforça ainda mais a percepção de que a responsabilidade do poder familiar é dos cônjuges, cabe a eles o dever de cuidado, de zelo, de afeto, de atenção, todas as obrigações familiares devem ser partilhadas pelo casal, independentemente do tipo de vínculo civil que ainda mantenham com a finalidade de prestar sempre a melhor assistência a prole. O art. 1.631, assim discorre: “Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade” (Brasil, CC/2002). Reforça a ideia de que a responsabilidade da prole é dos pais, independentes do tipo de convivência que tenham, a eles cabem o dever de cuidado de garantidor, pois advindo a separação ou divórcio dos cônjuges, pode-se admitir a possibilidade ex-cônjuge no ordenamento jurídico de ex-filhos. Ideia reforçada com o parágrafo único: “Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo” (art. 1.631, parágrafo único, Brasil, CC/2002). Que neste caso os pais não cheguem a um consenso ainda poderá recorrer ao Estado, provoca-lo, para resolver o conflito.
Ao analisar o art.1.632: “A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos” (Brasil, CC/2002). Assim ao analisar criteriosamente este artigo, entende-se que independentemente do tipo de convivência que mantém os pais, cabe a eles a direito de ter a companhia dos filhos, caso tenha, seus direitos cerceados por um dos consortes, poderá acionar o outro, requerendo a solução do conflito, garantindo assim a tutela jurisdicional da criança ou adolescentes.
Os artigos seguintes, apenas reforçam a ideia da responsabilidade dos pais sobre a prole, explicitando de forma clara o poder familiar e as consequências do mesmo no ordenamento. A tentativa do Estado de controlar a vida civil, principalmente nas questões familiares. 
Baseando-se nesses artigos entende-se que as relações familiares é o bem jurídico tutelado em nosso ordenamento. Aos pais cabe o dever de cuidado, zelo, educação, proteção. Quando essas obrigações são negligenciadas por um deles ou por ambos cabe o abandono afetivo, ou seja, podem ser responsabilizados civilmente, inclusive cabendo até mesmo indenização pecuniária para ressarcir o dano. 
 A formação de qualquer criança tem início na família, no lar os pais transmitem valores éticos, morais moldando assim o caráter dos filhos. Os pais são os responsáveis legais pela formação dos filhos, sendo necessário que ambos, prestem condições suficientes que garantam a criança um desenvolvimento sadio e educação adequada.
 Amor não é obrigatório, mas abandono afetivo de criança ou adolescente pode gerar dano moral. Cuidar da prole é uma obrigação constitucional, a parte da doutrina entende que negligenciar essa obrigação de cuidado, é algo que ocasiona prejuízo, cabendo assim indenização como restituição dos danos causados pelos pais que negligenciaram suas obrigações familiares. O amor, o carinho, o afeto, é um consenso entre toda a doutrina que é algo que não pode ser comprado, pois se trata de sentimentos ao qual o Direito Civil não tutela e ainda que quisesse não poderia. Sentimento se constrói vínculos também, mais a falta de sentimentos pode ocasionar danos irreversíveis. Quando os pais negligenciam suas obrigações estão praticando ilícito civil, ao qual podem ser punidos, e a saída encontrada em nosso ordenamento foi à indenização monetária. É admissível a reparação por danos morais aos pais que deixam seus filhos em abandono emocional e moral. Não se pode obrigar alguém a amar outra pessoa, mesmo sendo relações entre pais e filhos, mas é possível exigir que os pais sejam responsáveis em relação aos seus filhos, prestando todo o auxílio moral e ético para um bom desenvolvimento e sobrevivência.
METODOLOGIA
Este trabalho tem abordagem discursiva, utilizando de dados secundários para a conclusão do trabalho, onde se trata de uma pesquisa bibliográfica tendo como referencias algumas decisões judiciais, monografias, jurisprudências e também os artigos 1.630 a 1.632 presentes no Código Civil de 2002, juntamente com o artigo 1.226 inciso 5º da Constituição Federal, onde ambos mencionam a responsabilidade civil da família como base na formação e garantia da intimidade pessoal, do nome, da imagem e dos sentimentos, assegurando a integridade física e psicológica da criança ou adolescente. 
CRONOGRAMA
	ATIVIDADES
	MAR
	ABR
	MAI
	JUN
	JUL
	Escolha do tema e do orientador
	
	
	
	
	
	Encontros com o orientador
	
	
	
	
	
	Pesquisa bibliográfica preliminar
	
	
	
	
	
	Leituras e elaboração de resumos
	
	
	
	
	
	Elaboração do projeto
	
	
	
	
	
	Entrega do projeto de pesquisa
	
	
	
	
	
	Revisão bibliográfica complementar
	
	
	
	
	
	Coleta de dados complementares
	
	
	
	
	
	Redação da monografia
	
	
	
	
	
	Revisão e entrega oficial do trabalho
	
	
	
	
	
	Apresentação do trabalho em banca
	
	
	
	
	
REFERÊNCIAS 
ALHEIROS, Danielle Diniz: A impossibilidade de responsabilização civil dos pais por abandono afetivo. Texto publicado no sítio Jus Navigandi: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12987.Segundo texto decisão proferida pela na 2ª Vara da Comarca de Capão da Canoa – RS (Processo nº 141/1030012032-0).
ANGELUCI, Cleber Affonso. Abandono Afetivo: Considerações para a constituição da dignidade da pessoa humana. Revista CEJ, Brasília, nº 3, p43-53, abril/jun. 2006.
AZEVÊDO, Eliane Elisa de Souza e. O direito de vir-a-ser após o nascimento. 2ed. Porto Alegre: Edipucrs, 2002. 
BERENICE, Maria Dias. Manual de direitos das famílias. 4ª. ed. São Paulo: RT-Revista dos Tribunais, 2007. 
BRASIL, Código Civil Brasileiro, 2002.
MARTINS, André. Quando a razão pode ajudar a potência de nossos afetos?, 2014, São Paulo, Disponível em: <http://era.org.br/2012/12/como-definir-o-efetivo-abandono-afetivo/> Acesso: 14 de abril de 2017.
SINAY, Sérgio. Sociedade dos Filhos Órfãos (Em Português do Brasil) 2012, Argentina, 1ed. Best Seller, 2012.

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