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UNIVERSIDADE PAULISTA SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO SISTEMA CONSTRUTIVO – TAIPA SOROCABA, SP 2017 Alisson Pires da cruz C10619-4 Anderson Key Watanabe C07BAJ-3 Cesar Aparecido Arf da Silva T415837 Felipe Conti Nunes B338EB-6 Jeferson Cristiano Morais C62FEC-0 Larissa Sales da Silva C146BI-9 Lazaro de Castro Filho C08527-8 Luana Rodrigues Santana B244G-7 Marissa Lorena Lataliza A685FG-2 Mauro Fernando Nunes B89IHH-0 Wellington Rodrigues de Araújo C27993-5 SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO SISTEMA CONSTRUTIVO – TAIPA Seminário de Tecnologia da Construção – Sistema Construtivo para obtenção de parte da nota do Primeiro Bimestre de 2017. Orientadora: Prof.ª Sandra Lanças SOROCABA, SP 2017 Alisson Pires da cruz C106194 Anderson Key Watanabe C07baj3 Cesar Aparecido Arf da Silva T415837 Felipe Conti Nunes B338eb6 Jeferson Cristiano Morais C62fec-0 Larissa Sales da Silva C146BI9 Lazaro de Castro Filho C08527-8 Luana Rodrigues B244G-7 Marissa Lorena Lataliza A685FG2 Mauro Fernando Nunes B89IHH0 Wellington Rodrigues de Araújo C279935 SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO SISTEMA CONSTRUTIVO – TAIPA Seminário de Tecnologia da Construção – Sistema Construtivo para obtenção de parte da nota do Primeiro Bimestre de 2017. Orientadora: Prof.ª Sandra Lanças BANCA EXAMINADORA _______________________/__/___ Prof.ª Sandra Lanças Universidade Paulista – UNIP SOROCABA, SP 2017 RESUMO A terra crua, enquanto material de construção, é utilizada pelos homens há milhares de anos, continuando hoje em dia a ser uma das formas mais disseminadas de edificar habitações a nível Mundial. A construção em taipa, tendo sido utilizada ao longo dos séculos em construções militares e em habitações. Face à necessidade da preservação e reabilitação do património construído, quer ao nível monumental, quer de simples domicílios particulares, e a necessidade de garantir a segurança da construção nova, como eventual alternativa ecologicamente responsável ao uso dos materiais atualmente hegemónicos, urge caracterizar o comportamento estrutural da taipa. Com este trabalho, pretendemos de forma simples apresentar a historia e o sistema construtivo do tipo Taipa, certos de que a construção em terra, ao permitir despertar conhecimentos vernaculares, enriquecendo-os com saberes e tecnologias atuais, pode proporcionar uma construção ecologicamente mais sustentável, respeitadora dos valores socioculturais e com uma dimensão verdadeiramente humana. Palavra Chave: Técnicas construtivas, arquitetura de terra, taipas, Construção, pau a pique ABSTRACT Crude earth, as building material, has been used by men for thousands of years, continuing today to be one of the most widespread ways of building housing worldwide. The construction in taipa has been used throughout the centuries in military constructions and in dwellings. Given the need for preservation and rehabilitation of the built heritage, both monumental and simple private homes, and the need to ensure the safety of new construction, as an alternative ecologically responsible to the use of currently hegemonic materials, it is urgent to characterize structural behavior Of the mud. With this work, we intend in a simple way to present the history and the constructive system of the Taipa type, certain that construction on land, by allowing awakening vernacular knowledge, enriching them with current knowledge and technologies, can provide an ecologically more sustainable construction, Respectful of sociocultural values and with a truly human dimension. Key-Words: Constructive techniques, earth architecture, taipas, Construction, stick to the heap SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................07 2. TAIPAS: A ARQUITETURA DE TERRA...............................................................08 3. CARACTERÍSTICAS DA TERRA EMPREGADA EM CONSTRUÇÕES DE TAIPA...................................................................................................................09 3.1 Vantagens...........................................................................................................09 3.2 Desvantagens.....................................................................................................09 4. SISTEMA CONSTRUTIVO....................................................................................11 4.1 Taipa de Mão.......................................................................................................11 4.2 Taipa de Pilão.....................................................................................................13 5. - MOSTEIRO DE SÃO BENTO (SOROCABA).....................................................17 5.1 - Restauração Mosteiro de São Bento..............................................................18 6. CONCLUSÃO........................................................................................................21 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................22 7 1. INTRODUÇÃO Atualmente são encontradas técnicas construtivas utilizando a terra como matéria prima principal em várias regiões do Brasil. Nas regiões Nordeste e Norte as taipas de mão são empregadas nas habitações para a população de baixa renda. Apresentam características diferentes, em função das especificidades locais, mas há muito preconceito contra essa técnica, devido à forma rudimentar como é edificada. Essas paredes acabam apresentando muitas trincas e rachaduras e abrigam insetos, como o barbeiro, que é o responsável pela proliferação do mal de Chagas. Outras técnicas construtivas à base da terra são utilizadas atualmente no Brasil, como o adobe (tijolo cru) e os blocos ou tijolos de solo cimento, porém essas técnicas não são abordadas neste trabalho. 8 2. TAIPAS: A ARQUITETURA DE TERRA A terra como matéria-prima na elevação de alvenarias, de abóbadas e de outros elementos construtivos tem sido empregada desde o período pré-histórico. Na Turquia, na Assíria e em outros lugares no Oriente Médio foram encontradas construções com terra apiloada ou moldada, datando de entre 9000 e 5000 a.C. (Minke, 2001). No Egito antigo os adobes de terra crua, assentados com finas camadas de areia, eram utilizados na edificação de fortificações e residências, e uma espécie de argamassa feita de argila e areia era material de preenchimento de lajes de cobertura estruturadas com troncos roliços. As muralhas da China também foram edificadas com argila apiloada entre alvenarias duplas de pedra. O termo taipa, genericamente empregado, significa a utilização de solo, argila ou terra como matéria-prima básica de construção. A origem, provavelmente árabe do vocábulo, entrou para a língua portuguesa por influência mourisca. As referências do uso das taipas em Portugal são registradas pelos escritores desde a presença romana e traduz sempre o uso da terra como o componente mais importante. A região de Portugal que mais utilizou a taipa é a do Algarve. Na França o processo construtivo que utilizou terra é conhecido como "maçonnerie de pisé" ou "pisé" ou "terrepisé" que se assemelha à taipa de pilão e uma outra técnica que emprega solo e palha seca é denominada de "torchis" e resiste mais a rachaduras por conter uma trama que dá maior resistência contra movimentações. Os negros trazidos ao Brasil também conheciam processos construtivos que utilizavam a terra, algumas tribos empregavam estruturas preenchidas com barro, que apresentavam similaridades com as técnicas de algumas tribos brasileiras. O adobe também era conhecido dos africanos. Portanto, durante o início da colonização brasileira, todas as culturas componentes dominavam técnicas construtivas que utilizavam a terra como matéria-prima. A taipa executada no Brasil Colonial pode ser dividida em dois grandes grupos: a de pilão e a demão. 9 3. CARACTERÍSTICAS DA TERRA EMPREGADA EM CONSTRUÇÕES DE TAIPA São empregados vários termos na língua portuguesa, como argila, barro, terra e solo, mas todos como sinônimos. Como material de construção, a terra apresenta algumas características que todo construtor tem que conhecer antes de iniciar qualquer estudo ou mesmo ensaio, para utilizá-lo. Baseado em Minke (2001). Pode-se observar que as construções com a terra como a matéria-prima básica apresentam vantagens e desvantagens em relação a outros materiais clássicos de construção: 3.1 Vantagens: A terra crua regula a umidade ambiental: o barro possui a capacidade de absorver e perder mais rapidamente a umidade que os demais materiais de construção; A terra armazena calor: como outros materiais densos como as alvenarias de pedra, o barro armazena o calor durante sua exposição aos raios solares e perde-o lentamente quando a temperatura externa estiver baixa; As construções com terra crua economizam muita energia e diminuem a contaminação ambiental. As construções com terra praticamente não contaminam o ambiente, pois para prepará-Ias necessita-se de 1 a 2% da energia despendida com uma construção similar com concreto armado ou tijolos cozidos; O processo é totalmente reciclável: as construções com solo podem ser demolidas e reaproveitadas múltiplas vezes. Basta fragmentar e voltar ao processo de preparo da massa de terra. 3.2 Desvantagens: Não é um material de construção padronizado: sua composição depende das características geológicas e climáticas da região. Podem variar composição, resistências mecânicas, cores, texturas e comportamento. Para avaliar essas características são necessários ensaios que indicam as providências corretivas para corrigi-Ias com aditivos. 10 É permeável: as construções com terra crua são permeáveis e estão mais suscetíveis às águas, sejam pluviais, do solo ou de instalações. Para sanar esse problema é necessária a proteção dos elementos construtivos: seja com detalhes arquitetônicos ou com materiais e camadas impermeáveis. Há retração: o solo sofre deformações significativas durante a secagem, gerando fissuras e trincas. 11 4. SISTEMA CONSTRUTIVO 4.1 – Taipa de Mão Pau-a-pique, taipa de sebe, taipa de mão, barro armado ou taipa de sopapo, são diversos nomes para um dos sistemas mais utilizados tanto nos tempos da colônia como ainda hoje em construções rurais, devido a suas qualidades – baixíssimo custo (todos os materiais são naturais), resistência e durabilidade. Conhecido dos indígenas e dos negros africanos, utilizado no Nordeste, nos Massapés e em Minas. Fig. 01 - Construção em pau-a-pique rustica. Na sua versão mais depurada, consiste em uma estrutura mestra de peças de madeira, cuja seção pode variar 50 x 50 cm, 40 x 40 cm até 20 x 20 cm composta de esteios – peças verticais enterradas no solo, baldrames – peças horizontais inferiores, e frechais – peças horizontais superiores. Os esteios tem comprimento de até 15 m, dos quais 2 a 4 m são enterrados. 12 Fig. 02 – Construção em pau-a-pique apurada. Detalhe. Imagem SANTOS, 1951 A parte extrema dos esteios, que ficava enterrada não era afeiçoada em seção quadrada, mantendo a forma roliça das árvores. Era popularmente denominada nabo. As madeiras preferidas era a Aroeira ou Braúna. Os baldrames era ligados aos esteios por sambladuras tipo rabo-de-andorinha. Entre os esteios e os frechais eram então colocados paus roliços verticais (paus-a-pique), de aproximadamente 10 cm de diâmetro. A este eram ligados horizontalmente outros mais finos, compondo uma malha quadrangular, em apenas um dos lados ou nos dois lados. Esta trama era amarrada com cordões de seda, linho, cânhamo ou buriti. Feita a trama, o barro era jogado e apertado com as mãos, daí o nome de sopapo. Fig. 03 – Elementos de estrutura em pau-a-pique apurada. Imagem SANTOS, 1951 13 No caso de paredes muito altas, utilizam-se peças intermediárias entre o baldrame e o frechal, denominadas madres. Sob os baldrames estão os socos, o espaço preenchido com alvenaria, funcionando apenas para vedação. Para reforço do baldrame, entre este e o solo, pode-se colocar peças de madeira, denominadas burros. Paulo Santos nos informa de diversas igrejas de Minas construídas por esta técnica: Santa Rita e Nossa Senhora do Ó, em Sabará, Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Catas Altas, Nossa Senhora das Mercês, em Mariana, Nossa Senhora das Mercês e Perdões em Ouro Preto. Era a técnica muito utilizada também para divisórias internas, sobretudo nos pavimentos elevados, em construções cujas paredes externas eram de taipa de pilão. 4.2 – Taipa de Pilão A taipa de pilão foi o material mais empregado nas construções coloniais no Brasil, devido, sobretudo à abundância de matéria prima – o barro vermelho, à relativa facilidade de execução, à satisfatória durabilidade e às excelentes condições de proteção que oferece quando recebem manutenção adequada. É uma técnica de origem mourisca praticada pelos portugueses e espanhóis desde tempos imemoriais, conhecida também pelos negros africanos. Era de uso comum na Europa, até meados do século XIX. Na França recebia o nome de pisé. Fig. 04 – Taipal e pilão. Imagem BARDOU, 1981, p. 19 14 A técnica consiste em amassar com um pilão o barro colocado em formas de madeira, os taipais, semelhantes às formas de concreto utilizadas hoje. Os taipais têm somente os elementos laterais, e são estruturados por tábuas e montantes de madeira, fixados por meio de cunhas, em baixo, e um torniquete em cima. Suas dimensões são de aproximadamente 1,0 m de altura por 3,0 a 4,0 m lateralmente, e têm a espessura final da parede, 0,6 m a 1 m. Após a secagem, o taipal é desmontado e deslocado para a posição vizinha. E assim sucessivamente. Fig. 05 – Execução da taipa de pilão. Imagem BARDOU, 1981, p. 20. Os critérios de escolha do barro não se conservaram plenamente, de vez que dependia de tradição oral e ficou perdida no tempo. Sabe-se que, semelhante ao adobe, deve ser uma mistura bem dosada de argila e areia e alguma fibra vegetal, crina de animal ou mesmo estrume. Podia-se também misturar óleo de baleia, que “conferia uma resistência extraordinária”. O barro é colocado em pequenas quantidades, em camadas sucessivas de aproximadamente 20 cm, que se reduzem a 10 ou 15 cm depois de comprimidas. A secagem durava de 4 a 6 meses, findos os quais as paredes poderiam receber revestimento, geralmente argamassa de cal e areia, que lhe aumentava a resistência. A esta argamassa era, às vezes acrescentada “bosta de vaca”. O resultado era uma argamassa capaz de resistir “à mais forte e duradoura chuva”. Como a parede nãopodia receber água de chuva, alguma providências eram tomadas, entre elas o uso de grandes beirais e a elevação acima do terreno com alvenaria de pedra. Paulo Santos nos fala de “uma construção existente em Cabo Frio, datando de pelo menos três séculos”, de taipa de pilão, cuja resistência é tão grande, “a ponto de se assemelhar ao nosso concreto” Uma variante do sistema, 15 chamado formigão, consiste em misturar à massa de barro pedras miúdas e pedras maiores (pedras de mão). A taipa de pilão foi mais utilizada nas regiões de São Paulo e Goiás. Em Minas, a encontramos em igrejas mais antigas e em residências. Nas cadeias, quando não era possível sua execução com pedra e cal, a taipa era reforçada com engradamento de madeira, nas paredes e nos pisos. Fig. 06 – Taipa de pilão reforçada com madeira, utilizada nas cadeias. Fonte BARRETO, P. Um dos maiores problemas detectados com as construções em taipa é a erosão que elas apresentam na presença de água tanto do subsolo quanto da superfície ou da chuva. Quando protegida contra as intempéries, a taipa possui muita durabilidade, que pode ultrapassar três séculos, como, por exemplo, a das casas bandeiristas paulistas. Uma das patologias mais presentes nestas construções é o sulco, acompanhando o nível do solo externo, deixado pelo escoamento de águas pluviais. Esse fato justifica a utilização de grandes beirais na arquitetura tradicional de taipa. Pelo mesmo motivo, as construções em taipa costumavam ser edificadas sobre um patamar, o que impedia a agressão das águas oriundas de enxurradas. Após a execução da cobertura e com a taipa se apresentando seca o suficiente para aderência, executavam-se os revestimentos com terra, areia e estrume de animais, e quando possível com a cal (antes das construções de caieiras a cal mais empregada no Brasil era a cal de sambaquis ou de ostreiras). Essa técnica predominou na arquitetura paulista do período colonial devido à dificuldade de obtenção de pedra nos campos de Piratininga, pois as jazidas se encontram a profundidades que só por meio de sondagens são detectadas. Mas as 16 taipas também são encontradas em outras regiões, como, por exemplo, em Goiás e Minas Gerais. A partir de 1850 os tijolos maciços começam a aparecer em construções paulistas, e no município de São Paulo foi criada uma campanha pública para se evitar as construções de taipa devido às constantes enchentes que a cidade sofria e ao risco de desmoronamentos das construções de terra. Segundo Schmidt (1946), a taipa de pilão entrou em decadência a partir de 1940, porque o tijolo maciço comum apresenta maior rapidez de construção e é executado a custos menores. A mão-de-obra, formada por taipeiros, começa a desaparecer, dando lugar aos pedreiros, cuja formação profissional é mais rápida. 17 5. - MOSTEIRO DE SÃO BENTO (SOROCABA) O Mosteiro de São Bento de Sorocaba foi fundado em 21 de abril de 1660, por doação de sesmaria efetuada pelo bandeirante Baltasar Fernandes, fundador de Sorocaba, à Ordem Beneditina do Mosteiro de Parnaíba. Antes mesmo que Sorocaba fosse elevada à categoria de Vila, em 3 de março de 1661, os Beneditinos já estavam presentes na região. Vieram para tomar posse o Frei Anselmo da Anunciação e Frei Mauro. Baltazar Fernandes queria um progresso rápido para a nascente Vila e para isso trouxe os beneditinos. Eles então teriam terras e poderiam distribuir aos pobres. Os Beneditinos seriam os professores de seus filhos, ensinando-lhes canto e latim, permitindo-lhes a ser 'Homens Bons'. Também prestariam assistência religiosa tal como casamentos, batizados, assistência a moribundos, além doze missas anuais e mais uma no dia do orago, como exigência de Baltasar Fernandes em troca da doação. Fig. 07 - Mosteiro de São Bento de Sorocaba - Fotografia de 1924 A cidade de Sorocaba teve sua fundação em 1654, e cresceu a partir do entorno do Mosteiro de São Bento e sua Igreja. Sorocaba é a única localidade do Brasil que nasceu e se desenvolveu em torno de um mosteiro, isso na Europa e no oriente não era algo de raro. O mosteiro situa-se no Largo de São Bento, no início da Rua de São Bento, no centro de Sorocaba. No portal de entrada da igreja há a seguinte inscrição: Operi Dei Nihil Praeponatur, ou seja, "Nada se anteponha à obra de Deus”. 18 O Mosteiro de São Bento representa um marco histórico dos mais importantes ao Município de Sorocaba, e também à comunidade Beneditina, ao Estado de São Paulo, ao Brasil, e à história monástica e patrimonial mundial. Trata-se de um dos poucos exemplares de edificação monástica, ainda original, em todo o mundo e, desde sua fundação, em 1660, com a presença ininterrupta de monges beneditinos. Vem sendo totalmente restaurado e com a manutenção da presença beneditina, nunca interrompida. O pai do Bandeirante sorocabano Pascoal Moreira Cabral está sepultado no Mosteiro de São Bento. No mosteiro também residiu inicialmente o empreendedor europeu Luís Mateus Maylasky, fundador da Estrada de Ferro Sorocabana. O prédio é um dos bens tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico – CONDEPHAAT. 5.1 - Restauração Mosteiro de São Bento A igreja de Santana foi erguida em taipa de pilão, em 1660, foi a primeira de Sorocaba. Durante o processo de restauração, algumas descobertas surpreenderam. Enquanto retiravam o reboco de uma parede, os pedreiros notaram que o material era diferente nesse trecho. O chão de pedra fóssil será coberto com madeira. A pedido do monge, eles continuaram a remover o barro da parede, até que encontraram um buraco. Era o respiro da igreja, uma espécie de ar condicionado do século 21. Fig. 08 - Arquitetos Wilma e Paulo do escritório Vila Nova Artigas, responsáveis pelo trabalho de restauro da Taipa de Pilão. 19 Figura 09 - Trabalho de restauro da Taipa de Pilão Figura 10 - Trabalho de restauro da Taipa de Pilão A obra de restauro depende sempre, porém, da ajuda da comunidade e dos fiéis. A Associação Amigos de São Bento, formada por um grupo de voluntários interessados na restauração, ano a ano vem lutando para dar continuidade ao minucioso trabalho. Na realidade, antes que ela começasse efetivamente, houve necessidade de se construir aos fundos do Complexo uma nova Hospedaria, para que os dormitórios e a parte residencial do velho Mosteiro pudesse ser liberada para as obras. Em 2005, foi concluída também a restauração do casarão da esquina do largo de São Bento com a rua Dr. Artur Martins, por muitos anos ocupado pela Polícia Militar, hoje abrigando o Espaço São Bento, centro cultural do Mosteiro. "Mantemos o restauro com doações, inclusive por captação através de incentivos 20 fiscais através da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura", comenta dom José Carlos, lembrando que essa lei beneficia pessoas físicas e jurídicas, tanto pela perspectiva do Programa Nacional de Apoio à Cultura, quanto pela perspectiva do incentivo fiscal. Figura 11 – Faixada em Restauro do Mosteiro de São Bento em Sorocaba 21 6. CONCLUSÃO A utilização da terra como matéria-prima existe há mais de cinco mil anos e com tendências diferentes, dependendo das condicionantes locais e históricas, e continuará sendo, devido ao baixo impacto ambiental provocado por esse material, que consegue ser abundante e nobre ao mesmo tempo. O lar feito de terra, como se formasse uma caverna que brota do chão,resiste ao tempo, mantido mais pela condição de pobreza do que como alternativa arquitetônica. O saber fazer, que um dia foi transmitido para as varias gerações pela oralidade, está se perdendo com o tempo. A falta de técnica está fazendo dessas construções a moradia temporária que ficou tão permanente quanto a condição de pobreza. O mais que se quer é erradicar, mudar para uma casa de tijolo, sustentável e limpa. Para pessoas pobres que moram no mesmo chão de onde brota riqueza traduzida em frutas, é sinal de redenção e principalmente, dignidade. 22 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SCHMIDT, Carlos Borges. Construções de taipa: alguns aspectos de seu emprego e da sua técnica. São Paulo: Secretaria da Agricultura, 1946. PISANI, Maria Augusta Justi. Taipas: a arquitetura de terra. Sinergia-Revista do Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo, São Paulo, v. 5, n. 1, 2004. http://historiaartebrasileira.blogspot.com.br/2009/08/tecnicas-construtivas-taipa-e- adobe.html Acesso em: 15/03/2017. http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/casa-de-taipa- expressa-cultura-1.58511- Acesso em 16/03/2017. https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do- periodo-colonial-i/ - Acesso em 16/03/2017. https://www.mosteirosaobentodesorocaba.com.br/index.php?option=com_zoom&Ite mid=40 - Acesso em 26/03/2017
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