Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS II JOÃO PESSOA – PB 2016.2 Danieli Cristina Schabo Enzimas que catalisam a reação de hidrólise das ligações peptídicas das proteínas Aminoácido Dividem-se em: CARACTERÍSTICAS E MODO DE AÇÃO EXOPEPTIDASES Aminopeptidases Carboxipeptidases EXOPEPTIDASES Classificadas pela natureza química de seu sítio ativo e por seu mecanismo de ação em 4 grupos distintos: ENDOPEPTIDASES ENDOPEPTIDASES CARACTERÍSTICAS E MODO DE AÇÃO Possuem o aminoácido no sítio ativo Ativas em pH neutro e alcalino: 7,0 a 11,0 Serina-proteases alcalinas: Serina-proteases Tripsina Quimotripsina Subtilisina Quimotripsina Serina-protease Apresentam em seu sítio ativo conjugada com Mais ativas em pH neutro (7,0), podendo apresentar atividade em pH ácido Cisteína-proteases ou proteases sulfidrílicas Papaína Bromelina Ficina Papaína Cisteína-protease Asp158 Contêm em seu sítio ativo Maior atividade em pH ácido (até 6,0) Proteases aspárticas ou ácidas Pepsina Renina Microbianas Pepsina Protease aspártica Precisam de íons metálicos divalentes para sua atividade Podem ser neutras ou alcalinas Íons cálcio – estabilizam estas enzimas Agentes quelantes (EDTA) - inibem Metalo-proteases Colagenases Elastases Termolisinas Neutras Alcalinas (pH 7,0-9,0): gêneros Serratia e Myxobacter Clostridium hystoliticum Pseudomonas aeruginosas Geobacillus stearothermophilus Metalo-protease Íon metálico Fontes: Vegetal Animal Microbiana • Mais empregada na indústria de alimentos • Vegetais verdes Vegetal Papaína Cisteína-protease Látex dos frutos, caule ou folhas do mamoeiro (Carica papaya) Comercialização: extrato bruto (papaína e quimopapaína) pH: neutro à ácido - 5,0 a 9,0 (caseína e albumina – ótimo 7,0) Temperatura ótima: 60 a 70°C (estável até 90°C) Baixa especificidade de substrato (fenilalanina, valina e leucina) Bromelina Cisteína-protease Pedúnculo ou do fruto do abacaxizeiro (Ananas comosus) pH: neutro à ácido ótimo: 6,0 a 8,0 Perde atividade em temperaturas > 70°C Ficina Cisteína-protease Látex resultante de incisões feitas nas cascas de figueiras tropicais de espécies do gênero Ficus (Ficus glabrata, Ficus carica) pH: neutro à ácido 6,0 a 8,0 Temperatura: 60°C Baixa especificidade - diversos aminoácidos • Mais importantes: proteases gástricas (renina e pepsina) e pancreáticas (tripsina e quimotripsina) Animal Renina ou quimosina Protease aspártica – pH ácido Extraída do quarto estômago de bezerros desmamados Pró-renina inativa – hidrólise parcial = renina Inativada em pH neutro ou alcalino Perde gradualmente a atividade em pH de 3,5 a 4,5 Pepsina Protease aspártica: pH ácido Produzida pela mucosa do estômago na forma inativa de pepsinogênio Maior atividade na faixa de pH de 1,0 a 4,0 pH ótimo é 1,8 Inativada completamente em pH superior a 6,0 Baixa especificidade pH abaixo de 5,0 Inibidores em pH acima de 5,0 Pepsina Tripsina Serina-protease: pH neutro e alcalino Sintetizada pelo pâncreas na forma inativa de tripsinogênio – ativada por hidrólise no duodeno Altamente específicas – só hidrolisam ligações que envolvem o grupo carboxílico da lisina e da arginina Estáveis em pH abaixo de 6,0 e sofrem autólise a partir desse valor Atividade ótima em pH de 7,0 a 9,0 Inibidores de tripsina: alimentos à base de soja, trigo Tripsina Quimotripsina Serina-protease: pH neutro e alcalino Secretada pelo pâncreas Hidrolisa preferencialmente ligações que envolvem aminoácidos aromáticos (tirosina, fenilalanina e triptofano) Estável em pH ácido e neutro pH ótimo de atividade de 7,0 a 9,0 Quimotripsina Catepsinas e calpaínas Cisteína-proteases: pH neutro à ácido Intracelulares – relacionadas à resolução do rigor mortis • Excelentes fontes de enzima • Representam 40% do total Microbiana Origem bacteriana Bacillus e Geobacillus Proteases bacterianas neutras: termolisina - ativas em pH de 5,0 a 8,0 – baixa estabilidade térmica Proteases bacterianas alcalinas: lisina - maior atividade em pH de 8,0 a 11,0 e em temperaturas de 50 a 60°C Têm baixa especificidade Utilizadas na indústria de detergentes Origem fúngica Aspergillus oryzae Produz proteases alcalinas, neutras e ácidas Apresenta atividade em pH de 4,0 a 11,0 – em geral: 4,0 a 5,0; neutras: 7,0 (metalo-proteases) Temperatura ótima em torno de 40°C Inativadas em temperatura acima de 50°C • Biscoitaria: como possível substituinte de agentes redutores; • Panificação: a partir de farinha dura, isto é, com alto teor de proteína de glúten; • Laticínios: na hidrólise da caseína para a fabricação de queijos, produção de queijos enzimaticamente modificados (sabores); • Cervejaria: na hidrólise da proteína do malte (complementação e/ou substituição do malte de cevada), solubilização das proteínas para o levedo, prevenção da turbidez da cerveja; • Carnes e rações: no amaciamento da carne e ração Clarificação da cerveja Clarificação de cerveja Fermentação alcoólica • Leveduras produzem álcool e CO2 Maturação •Finalidade: destruição do diacetil - acetoína • Turvação: interação de compostos fenólicos e polipeptídios que se insolubilizam em baixa temperatura •Proteases (papaína) - hidrolisam os peptídios e impedem que se insolubilizem Clarificação de cerveja Papaína: Alta estabilidade = ativa na pasteurização e ao longo da vida de prateleira do produto Não afeta a formação de espuma Amaciamento da carne (tenderização enzimática) Aplicação de proteases – hidrólise das proteínas da carne = maciez Proteases vegetais: papaína = alta afinidade pela actina e boa atividade pelo colágeno desnaturado pelo calor Temperatura de atividade entre 60-70°C – evita hidrólise a frio Alta estabilidade térmica – amaciamento durante o cozimento Amaciamento da carne (tenderização enzimática) Dosagem: Peças assadas: mais tempo na temperatura de atividade da enzima – menor quantidade de enzima Cortes para fritura: temperaturas mais altas em menor tempo – maior quantidade de enzima Carnes para restaurantes: longo tempo de aquecimento – papaína + bromelina (menos resistente = inativada evitando a hidrólise excessiva) Método clássico: aplicação superficial da enzima em veículo de sal Imersão: os cortes de carne são submersos em solução de enzima Injeção: uso de seringas ou pistolas para aplicação de solução enzimática na peça de carne Injeção no animal vivo: pré-tenderização – injeção feita na jugular do animal, 10-30 minutos antes do abate Amaciamento da carne (tenderização enzimática) Metodologia de aplicação Coagulação do leite • Produção de queijo: separação de caseínas e gordura do leite da fração que constitui o soro Representação esquemática da caseína Precipitação isoelétrica = coagulação ácida Proteólise limitada = coagulação enzimática Proteólise limitada = coagulação enzimática Proteólise limitada =coagulação enzimática Micela Ação da renina Coágulo Proteólise limitada = coagulação enzimática Renina: custo alto e oferta insuficiente Pepsina suína: misturada com renina – sabor amargo indesejado Proteases ácidas de Rhizomucor miebei, Rhizomucor pusillus, Aspergillus oryzae e Endothia parasitica – especificidade semelhante à da renina = renina microbiana Resistentes a diferentes temperaturas e pH Provocam proteólise excessiva Sabor amargo durante maturação Tratamento com H2O2 = < estabilidade térmica Maturação acelerada de queijos Temperatura e umidade controladas Decomposição de gorduras, proteínas e carboidratos na massa do queijo Coalho Cultura starter (bactérias lácticas) Microbiota secundária Maturação acelerada de queijos Aminopeptidases Renina Reações bioquímicas: desanimação, transaminação e descarboxilação Maturação acelerada de queijos Aplicação Cheddar Massa de queijo (slurry) - Fabricação de biscoitos - Molhos - Sopas - Snacks Sabor amargo e colapso da estrutura Proteases neutras (vida curta) + Exopeptidases (textura) Aroma Panificação Massa viscoelástica e com capacidade de reter ar Fração protéica do trigo Força do glúten = [ptn] Complexo protéico formado quando a água é combinada com farinha Extensibilidade Viscosidade Tenacidade Elasticidade Panificação Mais ligações – mais difícil trabalhar a massa Panificação Quantidade de proteína na farinha e a proporção dos seus constiuíntes = extensibilidade e elasticidade da massa e do produto final Massa de pão com pouco glúten – pegajosa e grudenta Massa de bolo com muito glúten – produto pouco macio, incapaz de se expandir pela ação do gás produzido pelo fermento Panificação Metabissulfito de sódio Como modificar as propriedades do glúten e reduzir sua força????? Proteases = modificam a rede protéica pela quebra de ligações peptídicas Produtos mais macios, de menor densidade e de aparência e sabor agradável Biscoitos tipo cracker – abertura homogênea da massa e evita a deformação no forno Panificação Proteases: papaína e bromelina Causam a quebra das ligações peptídicas na estrutura do glúten Inicia-se na mistura e continua na fermentação até o cozimento Proteases de Aspergillus oryzae e A. niger – seguras para consumo e baixa especificidade Liberação de grupos de -NH2 e -COOH – reação de Maillard Papaína e Bromelina Redução do tempo de mistura Aumento da extensibilidade da massa Aumento da vida útil Melhoria do aroma e produtos mais macios M o d if ic aç ão d as p ro te ín as Hidrólise Síntese Reestruturação • Uso: ingredientes de alimentos • Objetivo: sabor característico, alterar textura, emulsificar, produzir espuma ou aumentar valor nutricional • Obtenção: hidrólise química ou enzimática • Produtos: Hidrolisados de carne bovina e peixe: flavorizantes Hidrólise das proteínas insolúveis de soja: missô e shoyu (Aspergillus oryzae e A. sayae) Hidrolisados de glúten: substituir sólidos do leite em produtos de panificação (aroma e características do miolo) Hidrolisados de caseína: produtos antialérgicos Hidrolisados de albumina do ovo: emulsificantes e enriquecimento • Realizada de 3 formas: Síntese química Síntese enzimática Síntese via DNA recombinante Plasteína = moléculas semelhantes às proteínas naturais cuja origem é a síntese catalisada por protease • Método enzimático: formação da ligação peptídica mediada por enzima - Hidrolases: reação inversa à hidrólise, em baixa atividade de água – síntese favorecida por alta concentração de substrato - Protease mais estudas para esse fim: origem microbiana - termolisina (Bacillus thermoproteoliticus) e subtilisina (B. subtilis); origem vegetal: papaína origem animal: pepsina • Uso: incorporação de aminoácidos essenciais a proteínas de baixo valor nutricional, na remoção de sabor amargo de peptídeos com aminoácidos hidrofóbico C-terminal na modificação de proteínas com o objetivo de melhorar propriedades funcionais • Transglutaminase (TG): enzima que atua sobre as proteínas, transformando suas características e resultando em benefícios tecnológicos • Permitida pela legislação para utilização na indústria de alimentos • Obtida apenas dos microrganismos Streptomyces mobaraense ou Streptoverticillium mobaraense. Transglutaminase Maior aproveitamento das matérias- primas Melhoria de qualidade (textura) Saudabilidade (redução de sódio e gordura) Diminuição de custos • Transferase: formando ligações cruzadas entre resíduos de lisina e glutamina • Resultado: formação de grandes redes proteicas que modificam as características dos alimentos. • Benefícios tecnológicos: Reestruturação de carnes: aproveitamento das aparas. Redução da perda no fatiamento: melhora da textura. Redução da perda no cozimento: retenção de água. Redução de sódio: diminui sabor e resulta em problemas de retenção de água, perda de fatiabilidade e textura característica – reestruturação: produtos com mais elasticidade, firmeza e suculência. Benefícios para lácteos: fortalecimento da rede protéica = aumenta a viscosidade. Benefícios panificação: redução do tempo de batimento da massa de pães, aumento da produtividade, e aumento do crescimento da massa com uma quantidade menor de fermento = redução de custo. JOÃO PESSOA – PB 2016.2 Danieli Cristina Schabo
Compartilhar